– Alô.

– Alô.

– Sakura...

– Sasuke-kun?! É você?

– Sim.

– O que foi, Sasuke-kun? Aconteceu alguma coisa? Desta vez você não demorou a ligar, desde a última vez que nos falamos.

Sasuke suspirou, já que não sabia como continuar. Nunca foi bom nisso, mas precisava tentar.

– Você está no hospital?

– Não, acabei de chegar em casa. Sarada já está dormindo.

Ele ficou mudo alguns instantes, até conseguir falar de novo.

– Você sabe que dia é hoje?

– Pra falar a verdade não. Estava tão ocupada esses últimos dias, estamos no meio do Chunnin Shiken e toda hora chegam alunos eliminados no hospital para cuidar, e estamos com pouca gente, acabo saindo de lá esgotada e sem chakra. Mas por que a pergunta?

Ouvir a voz dela era sempre reconfortante. Quando a propôs em casamento, Sasuke idealizava ter uma vida tranquilas ao lado dela, mas ele era um Uchiha, e como um bom Uchiha parecia que uma paz completa era impossível para ele e quem carregasse aquele sobrenome. Lamentava ter arrastado Sakura consigo, mas ousava admitir para si mesmo que somente ela poderia lhe trazer um pouco de luz à sua vida.

– Bem, é que... hoje é dia dos namorados e eu pensei que você poderia estar esperando algum sinal meu.

Sakura puxou o ar assustada.

– Kami-sama, Sasuke-kun. Eu me esqueci.

Sasuke não poderia culpá-la, afinal ele não estava lá. Mas, no fundo sentiu-se levemente desapontado.

– Bem, tudo bem então. Até...

– Sasuke-kun - ela o interrompeu - eu amo você. Não importa o que aconteça, meu coração sempre será seu, meu danna-sama.

Sakura pôde ouvir um suspirar fundo do outro lado da linha. Ela sabia que ele se sentia sozinho, vagando pelo mundo naquela missão que atormentava suas vidas. Ela nunca achou que fosse culpa dele, mas conhecia-o suficiente para saber que ele não ficaria em paz se assim não fosse.

– Sakura, obrigada por tudo. - puxou o ar para continuar - eu... Eu quero te dizer que talvez nem sempre eu me expresse como você merece, mas você é a luz que me guia, minha companheira, minha força. Eu sinto tanto a sua falta, sua e da nossa filha. Todos esses anos, tem sido difíceis para nós, mas eu preciso continuar. Me perdoe.

– Sasuke-kun... - Sakura já não segurava as lágrimas.

– Eu só quero dizer que não passo um segundo do meu dia que não penso em vocês duas. Meu coração também é seu. Assim como meu corpo e minha alma. Nunca duvide disso.

Talvez fosse o dia, e o clima, além do bosque de cerejeiras pela qual Sasuke passava aquela noite, mas apesar de envergonhado, sentia-se feliz em reforçar seus sentimentos à sua eleita.

Não sentia obrigação em dizer, mas vontade em dizer.

Sakura, parou de soluçar e conseguiu responder.

– Sasuke-kun, eu sei disso tudo. Eu sei e tenho certeza que nossos sentimentos são mútuos, mas, foi o melhor presente que você poderia me dar. Eu amo você.

Sasuke sorriu. Adorava ouvir isso.

– Eu só queria poder te dar chocolates. - disse ela tentando brincar.

– Não precisa. A bateria do meu celular já está quase acabando, então só me fale de você, do seu dia, da nossa filha. Como ela está? Só me faça me sentir em casa, e esse será meu presente.

– Sim. Eu te direi.

O resto do tempo que lhes faltava, Sakura tagarelava como a velha Sakura de sempre, preenchendo o espaço vazio que Sasuke tanto odiava.

Ele ouvia, sorria, fazia algum breve comentário, até que a bateria finalmente acabasse.

Guardou o celular preparando-se para dormir. Repassou toda a conversa na mente, guardando a voz de Sakura em sua memória.

– Um dia estaremos juntos - ele levantou a mão e colocou dois dedos na testa – minha tsuma, minha Sakura...