A história de duas vidas. escrita por Juliana Rosa


Capítulo 30
O Tordo canta


Notas iniciais do capítulo

Desculpe meus amores. Atrasei de novo, mas consegui. Não vou comentar nenhuma frase para não dar spoiler. Bjos e boa leitura.



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O som da gargalhada de Snow me faz abrir os olhos. Peeta está com o rosto contraído de dor, mas não ouço qualquer som de seus lábios, embora seu corpo esteja todo tencionado. Ah um rasgo diagonal em suas costas e através da roupa rasgada da para ver um vergão avermelhado com uma risca de sangue no meio. Pisco, tento engolir, mas as lágrimas saem.

– Por que você não o enfrenta como homem? - cuspo as palavras para Snow como se fossem marimbondos.

Ele sorri me ignorando e se volta para Peeta.

– Oh! Não estou ouvindo nada. Será que não coloquei força o suficiente? - zomba.

O chicote vibra mais uma vez e não ouço nada, além do meu grito. A respiração de Peeta é rápida, suportando a dor. O sorriso de Snow se desmancha, seu rosto vira uma máscara de gelo.

– Você vai gritar. - diz para Peeta.

Ele olha para mim com o rosto tensionado, sofrido. Sei que a dor é imensa.

– Feche os olhos Katniss.

Mas dessa vez eu não grito e nem fecho os olhos quando o chicote acerta Peeta mais uma vez. Minha voz sai calma, firme, como um líder deve ser. Altiva como o Tordo, com todos os sentimentos vindo à tona.

– Continue, covarde. - digo a Snow. - Mostre a única arma que você tem. O medo e covardia.

Snow para. Por um segundo me olha com dúvidas e então sorri sarcástico.

– Sou um governante Katniss. Um líder. O povo me respeita. - O chicote estala mais uma vez.

Peeta aguenta sem emitir um único som. Meus lábios tremem, mas mesmo assim sorrio irônica balançando a cabeça.

– Não. - minha voz é ferina. - Você não é respeitado, é temido. É um covarde que atira crianças numa arena para vê-las sendo massacrada e se diverte com isso.

– A Capital adora os jogos.

– A Capital tem medo de que você jogue suas crianças na arena.

Seu sorriso cruel tem o cheiro de suas rosas malditas.

– E o que você vai fazer? Salvar o mundo com o seu tordo? Ele parece meio... preso.

Olho para ele sem nem um pouco de medo do que irá acontecer. Me sinto preparada. Há um momento em que você percebe que é o fim, e quando ele chega, te dá tamanha tranquilidade.

– Mesmo que mate. Que mate Peeta. Que queime nossos distritos. O Tordo continuará vivo em cada um de nós. A luta nunca vai acabar, você nunca vai vencer. E antes de morrer vai ver o fim do seu precioso sistema. Você vai cair. - e sem poder fazer com a mão a símbolo do 12. Assobio o canto do Tordo.

Enfurecido, Snow açoita Peeta descontando nele toda a raiva.

– Grite!

– Você é louco!

Ele solta uma gargalhada e continua. Peeta suporta o quanto pode, as correntes tinem até seus braços ficarem relaxados e sua cabeça cai para frente. Ele desmaio.

Snow para. Um pesado silêncio cai e só se ouve a respiração dele, ofegante e a minha, assistindo aquele espetáculo de horror. Sinto o cheiro do sangue fresco. As costas de Peeta estão dilaceradas com rasgões enormes na pele e o sangue pinga manchando o chão, que só agora, vejo que é branco. É lógico, tinha que ser como as suas malditas rosas.

Então penso que estou alucinando pois acho que ouvi um tordo cantando.

A princípio muito baixinho. E então aumenta um pouco mais. E agora parecem ser mais de um.

Dois... três... Vários...

Snow me olha intrigado, espremendo os olhos sagazes.

Há barulho lá fora. Correria, gritos, tiros. A Capital deve estar aniquilando o que sobrou dos rebeldes. Penso em Pérola e rezo a Deus para que ela não veja as cabeças de seus pais exibidas pela TV da Capital.

E como se fosse um louco pesadelo, as portas da sala onde estamos são escancaradas. Os guardas de Snow entram e olho uma ultima vez para Peeta, certa do nosso fim. Sinto alívio por ele estar inconsciente e não ver nada e nem sentir o que vai acontecer. E só nesse momento percebo que os guardas estão... desarmados e rendidos...?

A sala é invadida por um número enorme de pessoas. Do nosso exército, de todos os distritos, da própria Capital.

Snow é encurralado e não entende como isso aconteceu. Está respirando rápido e vejo uma mistura de medo e surpresa nos olhos dele. Gale me me solta cortando as corda com uma faca, meus pulsos estão esfolados. Finnich e Johanna tiram Peeta das corrente e ele cai de costas assim que se solta. Corro até ele, ainda está desmaiado, seu corpo, mole e exaurido por causa da dor suportada. Apoio sua cabeça em meu colo numa tentativa de amenizar um pouco a dor.

– Peeta. - minha voz é um sopro.

Ele solta um gemido e abre os olhos. Apesar do que ele está sentindo, vejo serenidade e esperança em seus olhos.

Flashes de luzes dançam pela sala. São familiares. São luzes de iluminação.

Olho confusa e homens com câmeras de filmagem estão entrando e filmando tudo. Focalizam Peeta e eu. Estamos confusos, atordoados e Peeta senti muita dor, mas tenta não demonstrar.

– O que está acontecendo? - pergunto piscando, pois as luzes fortes ferem meus olhos.

As câmeras se viram para a porta e a presidenta Coin entra. Imponente, soberana.

Snow está chocado. E aos poucos sua expressão vai mudando. Chocado, desconfiado, desafiador, até assumir uma irônica compreensão.

– Seu reino de terror acabou presidente Snow. - diz ela. Séria. Com raiva nos olhos. As câmeras filmando. Ela se volta para mim, as câmeras a seguem. - O Tordo venceu Katniss, você e Peeta libertaram o povo.

Os homens nos filmam novamente.A interrogação no meu rosto e no dele, é evidente.


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Notas finais do capítulo

Eu quero cuidar dele gente. Depois que eu matar o Snow é claro.
Por favor, me digam o que acharam e o que deve ser mudado. Bjos e desde já agradeço a atenção de todos.