A história de duas vidas. escrita por Juliana Rosa


Capítulo 11
O céu está caindo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Em primeiro lugar peço desculpas pela demora, esse capítulo deu um trabalho. Espero que vocês gostem ou então no mínimo vão me estrangular. Bjos e boa leitura.



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O céu está caindo.

Posso sentir pedaços incandescentes caindo a minha volta e não consigo me mover.

Meu cérebro está lento e repassa os acontecimentos como se fosse um filme pausado...

Estamos na praia, outros competidores chegam lá também, saindo desorientados da floresta. Eles se tornam nossos aliados, Beetee e Johanna.

– Olha só que maravilha. - ela diz irritada. - Quase viramos pó no calor daquela maldita floresta e vocês estão aqui curtindo uma praia.

– Chegamos aqui agora também Johanna. - respondo na defensiva. - E e vim para a arena não é o que eu chamaria de curtição.

Ela nos olha. Peeta e eu estamos de mãos dadas.

– Que saber? Snow é um filho da mãe. Foi a maior sacanagem o que ele fez com vocês.

Engulo em seco. Por que ela está certa e eu não pude lutar contra isso, acabei arrastando Peeta junto para o inferno de novo.

– Somos uma ameaça para ele.- diz Peeta. - E ele não vai parar até conseguir o que quer.

Aperto sua mão.

– Mas não é da nossa natureza cair sem lutar.

– Falou a garota em chamas. - diz Johanna.

Estamos todos famintos e eu mais do que todos preciso comer. Tenho certeza de que Snow deve estar se deleitando com meu desespero. Então, Finnick e Peeta decidem pescar e voltam com peixes pequenos e algumas ostras.

Nos sentamos na areia e comemos os peixes crus mesmo. A fome é muito e o importante é colocar algo no estômago. Peeta briga por um pedaço maior de peixe para mim .Me fez comer os olhos e outras partes nojentas que segundo ele contém água e nutrientes que são bons para o bebê.

– Isso tem uma aparência horrível . - digo pegando um olho.

Ele ri.

– Não banque a criança. Vai fazer bem para você e a criança, amor.

Nos entreolhamos. É a primeira vez que ele me chama de amor na frente de outras pessoas. Mesmo quando tudo era encenação, ele nunca me chamou de amor. Mas agora eu vejo a verdade dos sentimentos em seus olhos e isso me enche de esperança. Dou um selinho nele. Johanna revira os olhos, Finck faz um gesto com o dedo na boca como se fosse vomitar, Beetee come em silêncio e observa tudo, é só o que ele faz. Me levanto para lavar as mãos e Peeta me acompanha. Passo água no rosto e na nuca, estou exausta. Ele me faz recostar em seu peito para descansar. Minha base firme estava ali, sempre que eu precisasse, e de repente, me dou conta que preciso muito dele.

– Está cansada. - diz ele acariciando meu rosto. É mais uma afirmação do que uma pergunta.

– Um pouco. - respondo e ele coloca algo em minha mão.

– Pra você.

Abro a mão e vejo uma pérola negra, reluzente e perfeita.

– Obrigada, é linda. - digo e mesmo no meio desse pesadelo, consigo sorrir.

Peeta se inclina e me beija. É um beijo lento, suave. Seus lábios se movem delicados sobres os meu, e sinto uma ternura que me faz derreter ao sentir sua língua quentinha, seus braços me envolvendo. Mas quando ele se afasta, sinto um aperto no peito, uma sensação nada boa. No fundo de seus olhos há uma tristeza profunda.

– Peeta...

– Ei pombinhos? - a voz de Johanna me interrompe. - Venham aqui.

Nos levantamos e nos juntamos a eles.

Eles tem um plano.Beetee descobriu que as coisas que acontecia na arena começavam com uma nuvem vindo sobre o grande carvalho e funcionava como um relógio.Decidimos ir até lá com um cabo de energia que ele preparou, subir naquela coisa e explodi-la.

Parecia um bom plano...

Até forçaram Peeta e eu a nos separarmos.

Ainda sinto seu beijo doce e relutante.

– Tome cuidado.

– Você também.

Olho para trás e vejo os olhos de Peeta sobre mim, preocupados. Meu coração doí e tenho vontade de correr de volta pra ele, mas continuo andando.

Esse foi o meu erro. Nunca deveria ter saindo do lado dele.

Então acontece...

Gritos, correria, gente morta. Cheiro de sangue. A nuvem está chegando e de repente o canhão soa . Meu coração dá um baque e corro desesperada.

– Peeta! Peeta! - grito.

Ele não responde nem o vejo. Tudo que vejo é Finnick ali parado como se nunca tivesse saído do lugar."Peeta e eu fomos traídos?"Minha mente grita. Johanna e Beetee sumiram. A nuvem chegou e o céu escurece, será uma chuva ácida, não há tempo, a morte é certa. Pego o cabo de energia que Beetee deixou preparado, amarro numa flecha e atiro para o alto.

Alguém grita para eu não fazer aquilo, e tudo explode. Eu apago com o impacto.

E agora que abri os olhos novamente, vejo o céu caindo. Pois tudo era uma ilusão e com minha flecha destruí o sistema deles. Sinto o cheiro de mato verde queimando, dor por todo o meu corpo e o calor aumenta.Sinto o calor do sol em meu rosto, "meu bebê". Uma grande sombra me cobre e vejo um planador, mas não ouvi o canhão, não estou morta. Tenho que sair rápido dali, mas corpo não obedece nenhum comando.O planador me apanha e começa a me erguer. Meus braços estão frouxos e sem força. Vejo o azul do céu e sorrio me lembrando dos olhos de Peeta e fico feliz que essa será a ultima visão que terei, a lembrança dele. Então minha mente afunda numa escuridão relaxante e silenciosa.

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O mundo ficou cinzento.

Vejo uma grande bola de luz de um cinza claro sobre meu rosto, vultos escuros andando rápido.Ouço suas vozes, mas estão muito distantes e apenas entendo pedaços de frases como ecos.

"Alguma hemorragia? O ombro precisa de sutura... E o bebê? Sangramento... preciso de ajuda aqui... O rosto tem um corte feio. Vai ficar bem... E o bebê...?"

O mundo cinza desaparece de súbito, as coisas começam a tomar forma. A grande bola de luz é uma lâmpada fluorescente redonda e os vultos são uma equipe médica.

Ela está acordando, ainda está em choque preparem-se.

Com se essas palavras apertassem o gatilho me sento na cama com um grito.

– Não.!!!!!

Eles me olham. Estou dentro do planador numa maca hospitalar, tem tubos e agulhas ligados em mim. Finnck está em outra, do outro lado.

– Cadê o Peeta? - gritou não o vendo em lugar algum.

Um médico se aproxima de mim.

– Deixe eu cuidar de você primeiro.

– Não, tira isso de mim. Cadê ele? - começo a arrancar as agulhas e doe.

– Katniss fique calma. - pede um médico.

Eu nem escuto continuo arrancando tudo.Tenho que achar Peeta.

– Vamos sedá-la. - ordena o médico.

Olho apavorada quando dois enfermeiros gigantes se aproximam e me seguram. Eu chuto, grito, me debato.

– Não, me solta. Não me aplica isso...

Mas é em vão. Eles me seguram e uma enfermeira espeta uma agulha de modo bruto na minha veia. Leva só alguns segundos até que eu caia na escuridão novamente.

Quando acordo, estou numa cama estreita e dura, parece de hospital, mas ainda estou dentro do planador. Gale está sentado numa cadeira.

– Olá garota em chamas, finalmente acordou.

Minha garganta fica dolorida e não entendo por que ele está ali.

–Gale? O que faz aqui? Cadê minha mãe e a Prim

– Elas estão bem. consegui tirá-las a tempo.

Franzo o cenho sem entender.

– A tempo de que?

Ele desvia os olhos por um instante e volta a me encarar.

– Quando você destruiu a arena a Capital mandou os bombardeiros arrasar com tudo. O distrito 12 não existe mais.

Meu estômago revira e começo a respirar com dificuldade por causa do nó na garganta que está enorme.

– Onde elas estão?

– Distrito 13. Estão escondidas lá.

Então era tudo um plano. Peeta e eu fomos jogados na arena de novo para morrer, por que juntos dávamos esperança ao povo. E quando não conseguiram nos matar e viram que a esperança renascia, mataram pessoas inocentes para provar o poder da Capital através do medo.Covardes. O medo sempre será a arma dos covardes.

– Cadê o Peeta?

Dessa vez ele não me olha.

Estou zonza, mas desço da cama assim mesmo, cambaleando. Ele me segura.

– Katniss você tem que se deitar.

– Onde ele está?

Vejo uma sombra no rosto dele, ao mesmo tempo que ouço vozes. Me solto dele e vou até a porta abrindo-a. Haymitch, Finnick, Beetee, Johanna e pessoas que não conheço estão conversando e param o assunto, me olhando como se eu fosse um animal estranho.

– Mandei você vigia-la, ela precisa repousar por causa da criança. - Haymitch acusa Gale.

Ignoro o tom ríspido dele e me aproximo.

– Por que não estou vendo Peeta, Haymitch?

– Volte para cama Katniss você quase teve um aborto.

– Você o deixou para trás?

Silêncio. Então estou certa.

– Você o abandonou? - grito. - O deixou lá? Seu canalha, miserável... - o esmurro no peito.

Haymitch segura meus pulsos me olhando nos olhos. Não gosto do que vejo ali.

– A Capital capturou Peeta como refém. - dispara.

Minhas pernas desabam e Gale me ampara até o chão.

– O que? - murmuro com medo, como se não tivesse entendido, mas a verdade é que não quero acreditar.

– Peeta foi levado pela Capital. - Haymitch repete. E suas palavras doem como picadas de teleguiadas em meus ouvidos.

– Não. Não. - minha voz é uma mistura de lamento e um sopro.

Gale ainda me abraça. Não é Peeta é Gale e é tão diferente. Fecho os olhos com uma dor terrível no peito, imaginando Peeta nas mãos da Capital. Teria sido melhor que ele tivesse morrido na arena.

Tento engolir em seco, mas não dá mais. O nó está gigantesco e transborda com os primeiros soluços. Gale me leva de volta para o quarto e lá, ainda abraçada ao meu melhor amigo, choro alto, gritando, soluçando. Colocando tudo que suportei para fora, me sentindo culpada, ferida e com uma dor que talvez nunca passará. Atravesso a mão pelo o meu ventre. Minha pequena criança. Minha e de Peeta. "Você será livre, eu prometo, nem que seja a última coisa que eu faça. Por você e seu pai.". O pensamento grita como o Tordo em minha mente.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de ressaltar que todas as imagens usadas nos finais do capítulos não são de minha autoria e são tiradas da internet.