Blue Jeans escrita por Larissa Verlindo


Capítulo 1
Único: You fit me better than my favourite sweater


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Eu deveria estar postando nas minhas duas outras fics (se bem que logo, logo sai capítulo novo nas duas huhuhu), mas cá estou. Adoro falar isso em notas iniciais. Ok.

No momento, está meio difícil de escrever porque tem UM GATO subindo em cima das minhas mãos pra dormir, mas eu vou tentar. (Ele não desiste, socorro!)

Vou ser sincera: não revisei o texto, então deve ter uns erros muuuuuito loucos. Peço que, por favorzinho, avisem-me para que eu possa corrigi-los depois. Sendo sincera mais uma vez: não ficou a melhor one do mundo. Ficou, na verdade, uma coisa besta e sem sentido, mas eu que ando chata comigo mesma (ou talvez seja só a realidade, vai saber e.e'), então não deem bola para isso e tirem suas próprias conclusões.

Aconselho a ler ouvindo a música Blue Jeans - Lana Del Rey. E, bem, eu não botei os trecos da música, não sei se tem problema, mas gostei mais assim. hehehe'

Espero que gostem e perdão pelos erros!

LEGENDA, caso contrário vocês vão boiar um pouquinho...:
Normal - o que aconteceu no passado, conta como tudo ocorreu para que os fatos do presente de desenrolem.
Itálico - acontecimentos no presente.



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Arrasto a cadeira para trás e me sento. Encaro seus olhos negros como a escuridão, e meu coração palpita forte. Os cantos do seu lábio sobem, formando um pequeno sorriso.

Ele não me agrada. É um sorriso de culpa.

Apoio um de meus cotovelos na superfície fria e de metal da mesa que nos separa e estico minha mão direita até ela tocar seu rosto. Faço um carinho de leve e vejo seus olhos se fecharem, apreciando o ato.

Porque nosso tempo é curto e ele passa tão rápido...

— Eu sinto tanto, Thalia.

Seus olhos me olham, eles suplicam por perdão.

Suspiro pesado. Se tivesse sido diferente...

**

Estava sentada à mesa junto de outras duas amigas, Annabeth e Reyna, cada uma com uma bebida em mãos. Meu olhar passeou por todo o estabelecimento, tentando gravar cada pequeno detalhe em minha mente. Cadeiras altas de estofado dourado, mesas de metal com uma pegada vintage, lâmpadas amarelas em luminárias e lustres de cristal deixando o ambiente mais escuro, pequenos arranjos de margaridas sobre as mesas, um balcão de mogno escuro cheio de bebidas e os mais variados tipos de pessoas.

Era minha primeira vez no bar – minhas amigas eram 1 ano mais velhas que eu e já eram clientes assíduas –, estava comemorando meu aniversário de dezoito anos. Minha liberdade. Esperávamos o resto de nossos amigos e meu irmão, ele traria um bolo para cantar os parabéns embora eu tenha falado que não era necessário.

Jason nunca dá ouvido para as coisas que eu digo, de qualquer jeito.

Esperamos por mais dez minutos até os rostos conhecidos passarem pela porta de entrada, fazendo o sino tocar. Caminharam até nossa mesa assim que nos viram, todos com embalagens nas mãos.

— Eu disse que não precisava de presentes! — reclamei, incomodada pelo fato de eles terem gastado tempo e dinheiro comigo.

— Normalmente as pessoas ficam felizes por ganharem presentes — Percy, namorado de Annabeth e meu primo, disse.

Reviro os olhos e aceito os presentes que compraram para mim, colocando-os empilhados com cuidado em cima de outra cadeira. Abracei e agradeci a todos, não apenas pela presença ou pelos presentes, mas por tudo: sei que minha vida seria uma porcaria sem eles.

— Então, vamos começar a festa! — Leo grita, trazendo uma bandeja cheia de pequenos shots.

Nós damos risada e começamos a beber realmente; alguns com calma, outros engolindo bebida de dois copos. Eu fui com calma, não queria que a noite terminasse tão rápida e comigo passando mal de tanto beber. Até porque queria ir até a praia mais tarde e se eu ficasse mal não poderia ir.

Jogamos conversa fora, comemos besteiras e tomamos mais shots. O aniversário de dezoito anos que qualquer adolescente deseja ter: com bebidas, amigos, música em um bar e com presentes.

Eu tinha tudo isso. Principalmente os presentes, visto que meus amigos me encheram deles.

Mas eu ainda não sabia: meu maior presente passaria pela porta em alguns instantes.

Conversava com Piper, a ficante fixa/namorado do meu irmão, quando escutei o sino da porta de entrada soar. Desviei meu olhar até lá, como se movida por alguma força, e procurei pela pessoa que entrou.

Meus olhos se transformaram em brasa. Havia um deus, e ele se encaminhava para nossa mesa.

Seus cabelos pretos faziam contraste com sua pele pálida assim como sua jaqueta de couro preta fazia com a camisa branca que usava. Vestia um jeans azul, um pouco rasgado nos joelhos, e calçava um all star nos pés.

Meu corpo esquentou apenas de olhá-lo. E eu gostei disso.

— Hey, Jason. — A voz levemente rouca chamou meu irmão.

— Ei, Nico, achei que você não vinha — disse meu irmão.

O garoto riu e se sentou a mesa. Meus olhos seguiam cada ato seu.

— Não ia, mas sinto que se não viesse perderia algo bom. Acho que estava certo. — Seus olhos pousaram em mim; sorri de canto e voltei a beber. — Hey, caras. Vocês eu conheço, mas as damas não.

Eles riram, mas acabei me mantendo quieta, apenas observando enquanto entornava o quinto copo de tequila. Todas as garotas se apresentaram, menos eu.

E então ele me olha novamente. Maroto. Instigante. Penetrante.

Eu mal o conhecia, entretanto já tinha certeza de que gostaria de todos seus olhares.

— E você, qual seu nome? — perguntou-me.

Mostro meus dentes em um sorriso que Annabeth diz ser provocante – não que eu concorde com isso, acho-o normal.

— Thalia.

— Eu sou Nico. — Estende a mão.

— É, eu sei — digo, mas aperto a mão dele, que praticamente engole a minha. Seus dedos são frios, mas confortáveis.

**

Meus dedos continuam fazendo carinho em seu rosto, tentando aplacar seu sentimento ruim.

Não, Nico...

Eu sinto tanto, tanto, tanto, tanto. Sua voz sai meio falha, como se estivesse segurando as lágrimas.

E eu tenho medo de isso ser verdade. Se ele chorar eu não vou conseguir me segurar. Sei disso.

**

Meus pés nus tocaram a areia gelada da praia e eu apreciei a sensação. A brisa da noite soprou em meu rosto e bagunçou meus cabelos, jogando-os para todos os lados, contudo eu não me importei: fazia-me sentir bem.

Encarei a praia parcialmente escura, visto que os postes de luz não iluminavam muito bem o local, e guardei-a em minha memória como havia feito no bar mais cedo. Aprendi desde cedo que devemos sempre lembrar as coisas que nos fazem bem. E ir a praia de noite me fazia muito mais que bem, assim como estar com meus amigos.

— É bonito, não? — Assustei-me com a voz repentina, mas não virei para ver quem era. Eu já sabia, afinal.

Assenti com a cabeça e continuei:

— Essa paisagem me passa um sentimento bom. Você tem algo do tipo, Nico? Algo que apenas olhar te faça sentir bem?

Vir-me-ei para ele quando terminei de fazer a pergunta; Nico tem seu olhar sob as ondas calmas do mar. Ele se vira, então, para mim e sorri.

— Acho que acabei de encontrar.

Meu rosto tornou-se rubro e ri nervosamente, tentando disfarçar meu constrangimento. Senti meu corpo se agitar e eu já não sei mais como agir ou o que falar.

Ele se aproximou de mim, parando ao meu lado, e estendeu um pequeno pacote. Franzi as sobrancelhas e o olhei confusa.

— É seu aniversário, não é? — perguntou. Maneei a cabeça em afirmativa. — Então. Eu não tinha levado nenhum presente antes porque não sabia, mas quando todos se foram eu estava andando por aí e vi isso. Sei lá, achei que combinaria com você.

Chocada” era a única coisa que poderia me descrever. Abri calmamente o pacote e tirei de dentro dele um colar de dois pingentes: em um havia uma gaiola aberta, e em outro, um pássaro voando.

— É simplesmente lindo... — falei, ainda em choque. Sorri para ele e virei de costas. — Pode colocar?

Nico pegou o colar da minha mão e o passou envolta do meu pescoço. Arrepiei-me ao sentir seus dedos frios em minha nuca, entretanto nada comparado às séries de arrepios que acometeram meu corpo quando senti seus lábios, diferentemente dos dedos, quentes em minha pele pálida.

— Obrigada — sussurrei de olhos fechados.

— Sempre que precisar, Thalia — sussurrou de volta ao pé de meu ouvido.

Eu nunca havia me sentindo tão livre com tão pouco.

**

— Nós poderíamos ter tudo... eu... fungou eu sou tão idiota. Eu só queria uma vida melhor. Pra nós. Pra família que sonhamos em construir.

Eu sei disso, Nico. Você errou, sim, entretanto suas intenções foram as melhores e eu me orgulho disso.

Ele ri amargamente, mas sua mão aperta a minha, reconfortando-me e reconfortando a si próprio.

Seu rosto está deprimido e ainda que seus olhos também estejam, consigo ver a faísca de determinação que eles possuíam antes de tudo ocorrer.

Você sabe começo, chamando sua atenção que havia se perdido na superfície da mesa desde a primeira vez que te vi, sabia que seria diferente. Você tinha e tem esse jeito misterioso que cativa a todos, que os atiça para que tentem descobrir seus segredos, mas você nunca os revela...

Apenas para você, meu amor. Meus segredos são revelados apenas para você.

**

Era dia dos namorados. Eu estava sentada na praia, vestia a minha blusa preta preferida que continha os dizeres “I only date badboys” em branco e um short jeans azul; estava sentada em cima de uma toalha velha para não sujar minha roupa com a areia, e esperava por Nico. O dia estava com um tempo bom, agradável, e o sol batia em minha pele pálida esquentando-me. Virei meu rosto para o céu e fechei os olhos, apenas apreciando a sensação.

— Você fica linda assim. — A voz de Nico me fez abrir os olhos. Sorri para ele, que sentou ao meu lado e passou seu braço sobre meus ombros, levando-me para mais perto de seu corpo.

Recostei minha cabeça em seu ombro e respirei fundo para gravar seu cheiro em minha memória. Nós dois já estávamos há quatro meses juntos, no inicio Jason implicou, mas logo gostou da ideia de ter seu amigo como cunhado e de me ver com um sorriso frequente no rosto. Nico me fazia tão bem que eu me beslicava todos os dias para ter certeza de que não estava em um sonho.

Felizmente, era real. Nós éramos reais.

Ainda somos reais.

— Esse é o primeiro dia dos namorados que passo com alguém e não tinha muita certeza do que comprar para você — falei me separando dele e virando para alcançar a pequena sacola que tinha atrás de mim —, então eu comprei algo para nós dois. É brega, mas o que posso fazer se você me deixa assim?

Ele abriu o pacote e tirou de dentro dele um colar que possuía a letra T como pingente. Eu tremia um pouco, estava nervosa e com medo de ele não gostar ou achar idiota demais. Nico sorriu ainda olhando para o presente.

— Eu achei que seria um daqueles colares em que metade do coração fica comigo e a outra com você. Mas vou ser sincero: fico feliz que seja a sua inicial, pois não é brega e terei você comigo sempre.

— Droga, você acabou de estragar meu discurso. Não é justo, eu que deveria dizer isso! — Fiz bico.

Nico riu e beijou minha boca, um selinho rápido apenas para desfazer o bico que eu havia feito.

— Mas você disse que era um presente para os dois. Então você tem uma colar com minha inicial também?

Anui, puxando o cordão para fora da minha blusa e mostrando para ele. Sentei-me em seu colo e o abracei.

— Estaremos sempre juntos.

Sua boca avançou contra a minha e nos beijamos apaixonadamente. Ouvimos alguns protestos das outras pessoas que estavam na praia, mas ignoramos. Era dia dos namorados, afinal, as pessoas deveriam prever coisas desse tipo.

Você combina mais comigo do que minha blusa favorita — disse, fazendo-o rir.

— Pode ser meio cedo para dizer isso, mas eu te amo, Thalia Grace.

Levei minha mão ao seu rosto e fiz carinho em sua bochecha.

— Eu te amo, Nico di Ângelo. Muito.

**

Quanto tempo exatamente, Nico? pergunto, ainda que tivesse medo de fazê-lo.

O tempo diminuiu, baixou para um ano e meio responde-me. Você não deve chorar por mim, ouviu? Quero que viva sua vida. Que seja alguém feliz. Que ame outra pessoa. Quero que você supere essa parte infeliz.

Aperto os olhos, brava. Ele acha que é fácil assim? Mesmo se eu tentasse, tenho certeza de que jamais conseguiria superá-lo. Porque Nico foi meu primeiro amor e eu continuo amando-o da mesma maneira que amava no inicio.

Sempre amarei.

Você é idiota por proferir essas palavras. Minha voz sai irritada e até mesmo magoada. Acha que eu te esquecerei, Nico? Pois se você acha isso, então você duvida do meu amor. Mas tudo bem, eu entendo que você duvide dele nesse momento, e é por isso que eu vou provar ele todos os dias desse um ano e meio, entendeu?

Ele está prestes a me responder quando uma terceira voz soa, interrompendo-nos.

O horário de visitas acabou.

Assenti para homem e me levantei indo até Nico, abaixei-me um pouco e depositei um beijo casto em seus lábios.

Eu vou sempre voltar para você, meu amor.

**

Nico e eu passamos o dia todo na praia, apreciando o dia bonito e um ao outro também. O sol estava se pondo e nós nos encontrávamos deitados na toalha, seu corpo próximo do meu me passava uma paz enorme.

— O que... — hesitou, mas continuou quando perguntei o que havia acontecido. — O que você acha de uma vida melhor, Thalia?

Franzi a sobrancelha em confusão.

— Vida melhor? — Ele assentiu. — Nós já temos uma vida boa, Nico. Humilde, mas boa.

— Eu sei, é só que... às vezes queria te oferecer mais. Queria poder te dar tudo o que quisesse.

Abracei seu corpo mais forte. Essa conversa não me passava um sentimento bom.

— Sei que digo querer muitas coisas que não posso ter, mas nenhuma delas será tão importante quanto te ter, Nico. Porque elas poderiam me deixar felizes por um curto período de tempo, entretanto é só você que consegue me alegrar a todo o momento.

Inclinei-me sobre seu corpo e segurei seu rosto com minhas mãos. Beijei-lhe os lábios repetidas vezes até engatarmos em um beijo de verdade.

— Você merece mais... — falou, ofegante.

— Sim, concordo: mereço mais dos seus beijos e de você, apenas isso.

Nico riu e voltou a me beijar.

Mas a sensação ruim da conversa não havia deixado meu corpo.

**

Entro na sala tão conhecida e caminho até onde Nico está sentando.

Como estão as coisas? pergunta-me assim que me sento na cadeira.

Bem, todos estão ansiosos para que esses meses restantes passem e você seja solto. Inclusive eu, que estou quase pulando de alegria ao saber que falta apenas três meses — digo-lhe. — Aliás, você acha que sai antes do dia dos namorados?

Ele dá de ombros.

— Provavelmente. Mas se não acontecer, eu faço um dia dos namorados só para a gente.

Nós rimos juntos. Levanto-me da minha cadeira e vou até ele, sentando em seu colo e passando os braços por seu pescoço.

— Não se preocupe com isso, nós teremos vários outros dias dos namorados para aproveitarmos juntos.

**

As coisas passaram a desandar um mês depois, não foi nem nosso relacionamento; Nico e eu continuávamos bem, nossas brigas não eram frequentes e eu tinha certeza de que queria passar o resto da minha vida ao seu lado. O problema foi os lugares que Nico passou a frequentar e as “amizades” feitas lá.

Em uma tarde qualquer, Nico chegou com a noticia de que tinha um meio de nos fazer melhorar de vida. Nesse dia, nós brigamos, mas ele conseguiu me dobrar ainda que eu estivesse receosa com toda esse história.

Jogos em cassinos. Isso era o que Nico estava fazendo. Ele dizia ser muito bom em jogos de cartas e às vezes até arriscava alguns de sorte, saindo-se bem em todos. E com isso não foi difícil ele arranjar um amigo lá.

Ou como agora eu prefiro chamar: cobra venenosa.

Luke Castellan. Alto, forte, bronzeado maneiro, olhos azuis e ostentava uma aura de riqueza. E muito legal também. Até demais.

Nico e ele começaram a fazer uma parceria então. Saiam quase todas as noites para jogar. Claro, eu fiquei brava, mas não por achar que Nico estivesse me traindo, eu sei que ele não seria capaz, e sim porque essa história já estava indo longe demais.

Eu estava certa, no final das contas.

Deixei essa rotina durar quase um mês até que minha paciência se esgotou. Era final de semana, um sábado no fim de tarde. Nico e eu estávamos deitados na cama de casal, meu corpo em cima do dele.

— Você tem que parar com isso, Nico.

Seus olhos fitaram-me interrogativos.

— Parar com o quê?

Suspirei forte e tomei coragem para estragar aquele momento calmo que estávamos tendo – eu sabia que iria estragar.

— Com os jogos, se envolver com o Luke... Com tudo isso. Nós não precisamos mais de nada, já guardamos uma boa quantia.

Senti o corpo dele ficar tenso. No fundo, Nico sabia que eu tinha razão, mas o poder e o dinheiro deixam qualquer pessoa cega, e ele não é uma exceção. Perguntei-me por que nós somos tão necessitados de tais coisas. Será que ser feliz não basta?

— Thalia, nós podemos ter mais, eu sei disso. Só quero ter certeza de que quando formamos uma família ela não passe por necessidades, só quero que nós tenhamos uma vida feliz.

— Nós já temos uma vida feliz, Nico. E pode acreditar que se tivermos um filho, também continuaremos o sendo. Dinheiro só traz desgraça, você sabe disso. — Levanto meu rosto para olhá-lo nos olhos e mostrar determinação no que estou dizendo. — Esses jogos e principalmente esse Luke não me passam uma sensação boa.

Ele respirou fundo e concordou. Passou as mãos pelo cabelo, fazendo um cafuné gostoso.

— Desculpe, amor. Eu prometo que vou parar com isso, mas eu realmente preciso ir nesse domingo.

**

Leio pela terceira vez a página do livro. Estou tentando me concentrar, entretanto minha mente se nega e insiste em pensar em Nico.

Dia dos namorados nunca significou muito para mim. Sempre achei algo careta e idiota. O problema é que, quando você começa a amar alguém, esse dia temático – mesmo que só exista pelo capitalismo – se torna algo significativo. Não tem total importância, claro que não, mas você quer passa-lo com a pessoa que ama, presentea-la, homenageá-la e agradecer o fato de ela te amar; agradecer o fato de você amá-la.

E agora eu estou aqui, sozinha, em casa e pensando na pessoa que eu amo. O dia era liberado para visitar nas prisões, entretanto falaram-me que Nico havia se metido em alguma confusão e por isso não poderia me ver. A preocupação percorre meu ser como o sangue em minhas veias.

Suspiro alto. Um suspiro solitário.

Eu só queria abraçá-lo, penso.

Ligo a televisão e me contento em ver uma comédia romântica qualquer.

**

Conferi o relógio mais uma vez e suspirei ao ver os ponteiros indicando três horas da manhã. Meu corpo estava agitado pela preocupação e já havia comido tudo o que vi na geladeira tamanha ansiedade. Nico prometeu-me que pararia de jogar, que hoje seria a última vez. Porém, acordei com uma sensação ruim tomando meu corpo hoje e ela se intensificou assim que Nico beijou-me e disse que estaria de volta às duas da manhã.

Uma hora havia se passado e nada dele.

Eu estava andando pela casa, impossibilitada de ficar parada e quieta. Queria ligar para ele, ver se está tudo bem, mas seu celular ficou em cima da cômoda. Ele poderia ligar também, não é difícil conseguir um celular emprestado. E eu sei que Nico faria isso, pois ele sempre me avisa sobre tudo.

Sentei-me no sofá, fechei os olhos e tentei relaxar. Repeti dezena de vezes para mim mesma que daqui a pouco ele estaria de volta. Como um mantra. Levei a mão à boca e arranquei a pelezinha do dedo, mas me xinguei logo após: havia demorado muito tempo tentando parar de roer as unhas e não seria agora que voltaria a ter esse hábito horrível.

O telefone ao meu lado tocou alto, e eu levantei rapidamente para atendê-lo.

— Nico, é você? Está tudo bem? — perguntei afoita.

— Thalia, eu...

A sensação ruim apareceu forte como nunca.

— O que aconteceu, Nico?

— Eu... — Conseguia ouvir sua respiração pesada do outro lado do telefone. — Eu fui preso.

Fiquei alguns segundos em choque, tentando digerir as palavras que ouvi.

— Como assim?

— Luke. Você tinha razão sobre ele — disse-me. — O cara era metido com algumas coisas ilegais e colocou tudo na minha.

— Mas você não é culpado, eles não têm provas!

— Na verdade, eles têm. Eu estava sempre com o Luke e ele me pediu para deixar uma pasta com algumas coisas no meu carro hoje. Ele armou pra mim, Thalia.

Pela primeira vez, duvidei. Duvidei das palavras de Nico. Mesmo se o Luke tivesse implantado provas, eles não poderiam prender o Nico assim, não é?

Suspirei mais uma vez.

— Você não estava ajudando eles nos negócios, Nico? Diga a verdade, não minta para mim.

— O quê? Mas é claro que não! Você sabe que eu não faço essas coisas, que eu abomino isso. Não acredito que v–

Ouço a repetição de “tu tu tu”, a ligação havia caído. Encostei-me a parede e deixei meu corpo deslizar até chegar ao chão. Abracei meus joelhos e chorei. Não conseguia – e não queria – acreditar que isso tivesse acontecido.

Mas aconteceu.

.

.

.

Ultrapassei um portão de ferro e caminhei por um extenso corredor até chegar em uma pequena sala onde tinha algumas mesas distribuídas. O guarda que havia me revistado e dado as instruções, explicando como era a visita, acompanhou-me até ali. Nico estava sentado em uma delas. Só havia ele na sala.

Não me aproximei rapidamente. Fiquei um tempo olhando sua figura encolhida e chateada. Doeu ver isso, porque o Nico que eu conhecia não fazia essa expressão. Se eu estava triste com a situação, ele deveria estar inconsolável.

Fiz meus passos até a mesa onde ele estava sentado. Arrastei a cadeira para trás e me sentei. Encarei seus olhos negros como a escuridão, e meu coração palpitou forte. Os cantos do seu lábio subiram, formando um pequeno sorriso.

Ele não me agrada. É um sorriso de culpa.

Apoiei um de meus cotovelos na superfície fria e de metal da mesa que nos separava e estiquei minha mão direita até ela tocar seu rosto. Fiz um carinho de leve e vi seus olhos se fecharem, apreciando o ato.

Porque nosso tempo é curto e ele passa tão rápido...

— Eu sinto tanto, Thalia.

Seus olhos me olharam, eles suplicavam por perdão.

**

O filme já está na metade e eu como a terceira barra de chocolate. Provavelmente, engordei alguns bons quilos, mas no momento é a única coisa que pode me deixar um pouco melhor.

Penso se Nico está bem e que tipo de confusão ele se meteu para não poder receber minha visita. Tenho medo de ele ter se envolvido em algo ruim, mas logo me alivio um pouco: ele jamais faria isso. Hoje eu tenho certeza.

Continuo encarando a televisão passando imagens sobre um filme onde a mulher viaja para pedir a mão do namorado em casamento. É algo legal, se parar para perceber, ver a mulher tomando esse passo e não o homem. Se minha cabeça não estivesse em outro lugar tenho certeza de que apreciaria muito mais o filme. Quebro mais quatro quadradinhos da barra de chocolate e os boto em minha boca, apreciando o sabor.

Chocolate: a salvação para dias ruins.

Batidas em minha porta desprendem minha atenção da tela e eu franzo as sobrancelhas. Não esperava ninguém, afinal. Annabeth falou que passaria aqui mais tarde, entretanto a esse horário ela está em uma sessão de cinema com seu namorado, Percy. Levanto-me a contragosto do sofá e caminho até a porta, abrindo-a.

Um enorme bouquet de ‘não-me-esqueças’ invade minha visão e eu ofego tamanha surpresa. Suas pétalas são de uma cor azul viva, chamando atenção. O bouquet esconde o rosto da pessoa que o segura, mas não tenho dúvidas de quem seja e isso faz com que meus olhos marejem. Funguei, tentando conter o choro.

— Só você sabe que eu amo essas flores, Nico.

Ele abaixa o bouquet e me olha terno. Não sorri, porém tenho certeza que deseja fazê-lo, seus olhos dizem isso.

— Eu sei que comprar flores é brega, mas como certo alguém me disse uma vez: o que posso fazer se você me deixa assim?

Abraço-o forte, querendo transmitir todos meus sentimentos nesse gesto. Espero que ele perceba, mas em todos os casos...

— Eu definitivamente quero passar o resto da minha vida com você, di Ângelo.

... É bom prevenir.

I will love you until the end of times;
I would wait a million years.

Lana Del Rey


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Notas finais do capítulo

Eu mostrei para uma amiga e ela disse que antes de eu mencionar o fato do Nico estar preso, ela achou que ele estivesse morrendo. Vocês acharam isso também? o_o'

Aliás, quero agradecer a Dama do Poente por colocar essa música maravilhosa na playlist dela. s2

Comentem suas opiniões, é importante para que eu melhore! :3



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