E a noite caiu... escrita por Lil Pound Cake
– E se eu quiser?
Minha perguntou o deixou surpreso. Percebi, pois ele outra vez, sem me dizer nada, me beijou vorazmente. Eu não sabia se estava fazendo o certo, mas sentia que havia acabado de me entregar para ele. Eu estava em seus braços para que ele fizesse o que quisesse comigo. Mas ele me deu uma prova não só do quanto me queria, mas uma incontestável prova de amor.
– Se eu... Te pedisse para dormir comigo hoje... – Ele parou de me beijar e ficou falando ainda com o corpo colado ao meu. – Você aceitaria?
– Eu... – Minha razão me dizia para falar um não sei, mas meu coração falou mais alto: - Acho que... Sim. Eu aceitaria.
– Confia tanto em mim a ponto de me permitir ser o primeiro homem em sua vida?
– Confio. Nem sei como confio tanto.
A minha afirmação nos fez nos aproximarmos de novo, agora trocando um beijo mais calmo, mas não menos quente. Mas, Lysandre, ao cessar o beijo, me disse sinceramente:
– Mesmo que você queira... E eu também queira muito isso... Não podemos. Não ainda.
Fiquei confusa. Ele não queria? Então...
– P-por quê?
– Por que, por mais que eu queira satisfazer meus desejos... Eu não vim para cá para passar uma noite contigo. Não dessa maneira. ... – Ele me soltou descolando seu corpo do meu, mas ainda segurava em meu rosto me olhando nos olhos. – Já te disse que sou diferente, penso diferente. Podem dizer que sou ultrapassado, mas é assim que sou. E por mais que eu esteja loucamente apaixonado por você, eu quero que minha primeira vez e sua seja fazendo amor, não apenas sexo. E para fazer amor, temos que ter certeza de que o que sentimos é amor.
O que mais eu poderia fazer senão ficar boquiaberta com suas palavras? Lysandre provou que não era só o garoto mais charmoso e apaixonante da Sweet Amoris, como também era um verdadeiro homem. Um homem sem igual.
Naquela noite ele me deixou imensamente feliz e realizada. Eu estava emocionada, com os olhos marejados, ao falar:
– Eu entendo o que quer dizer. E não sabe como me faz feliz você ser assim. ... Eu te amo, Lysandre.
E ele, me olhando nos olhos, com toda verdade do mundo, me respondeu:
– Também te amo, Rachel.
Por fim, fizemos amor. Mas, não aquele fazer amor que é sinônimo de relação sexual. Fizemos amor de outra maneira. O amor foi feito naquela floresta, naquela noite, à base da mistura da confiança com a paixão que vivemos. Passamos as horas, madrugada à dentro, agarradinhos, embaixo da copa daquela árvore, trocando beijos, carinhos, confidências. Se o mundo acabasse ao amanhecer, acabaria da melhor maneira possível para nós dois.
Mas, após o amanhecer seria um novo dia para nós. Um dia totalmente novo para nossas vidas. O primeiro de muitos dias juntos até provarmos que estávamos preparados para o amor, e que era mesmo amor o que sentíamos um pelo outro.
Amor... Aquele sentimento incondicional e inexplicável. Combinamos que só dormiríamos juntos de novo, ou melhor, faríamos algo mais que só dormir juntos, quando estivéssemos prontos para esse sentimento único.
O tempo passou até que Morfeo, senhor dos sono, nos venceu, e dormimos agarradinhos ao pé da árvore que foi testemunha daquela noite cheia de surpresas.
Pela manhã, porém... Fomos acordados bem cedo...
...
– Mas onde eles se meteram? Que droga!
– Pare de reclamar, Castiel. Não sei por que quis vir nessa equipe de buscas.
– Grande equipe, eu, você, e o Faraize.
– Também estão o Bóris e o sobrinho dele, um tal de Dake. Ah, e o Jade do clube de jardinagem. Eles vieram ajudar.
– Obrigado pela explanação, querido representante.
– Não seja irônico!
– Ah, cala a boca, Nathaniel!
– Repito que não sei por que você veio.
– Porque o Lysandre é meu amigo e eu quero ver se ele e aquela louca da Rachel, que é outra cabeça de vento igual a ele, não se mataram por aqui.
– Você pensa cada coisa. Só podia vir de você mesmo.
– Dane-se! Vamos nos separar pra procurar. Já fui obrigado a fazer dupla com você ontem, não tô a fim de ficar vendo sua cara hoje de novo. Fui.
– Cuidado para não se perder também.
– Ai, tá preocupadinho comigo, Nath. Que coisa...
– Não seja cínico! Se você se perder também, serão três alunos perdidos e você tem ideia das consequências disso?
– Tô nem aí. Mas não se preocupe, meu senso de direção é ótimo.
– Se fosse ótimo nós teríamos ganhado a corrida ontem...
– Olha aqui, se não existisse você ou sua querida irmãzinha eu teria ganhado sim essa baboseira! Agora vou ver se acho o Lysandre e a Rachel.
– Está bem. Vá pelo caminho das rochas, o que acaba naquela árvore gigante. Eu vou pelo córrego. Os professores e os outros já foram pelas outras áreas.
– Ok.
Foi assim que Castiel e Nathaniel se separaram, e Castiel foi em direção à grande árvore. Ao chegar lá, logo viu algo que chamou sua atenção. Ele chegou perto devagarzinho, balançando a cabeça e rindo baixinho para não acordá-los. Lysandre e Rachel dormiam ao pé da árvore. Ela por cima dele. A jaqueta de Lysandre estava aberta e Rachel dormia sobre seu peito. Castiel também notou outros detalhes. A jaqueta de Rachel tinha alguns rasgões e arranhões leves nas costas. As roupas de Lysandre estavam mais inteiras, só sua jaqueta parecia estar mais suja. Castiel chegou mais perto e viu uma marca no pescoço de Rachel que ele logo deduziu o que havia sido um chupão. Como não deixa passar nada, riu já imaginando coisas naquela sua mente maliciosa.
– Ah ah, eu não acredito! Mas que safados! – Castiel olhou para os lados para ver se os outros não estavam por perto. Como havia acabado de amanhecer, ele estava com uma lanterna que usara durante a noite. Pegou a mesma e mirou nos olhos do amigo adormecido. Então o chamou:
– Lysandre! Ei... Lysandre!
– Hum... Quê? – Quando Lysandre começou a acordar, Castiel ligou a lanterna assim que ele abriu os olhos, fazendo o amigo levar um susto.
– Ah, que é isso? – Lysandre se assustou batendo a mão na lanterna e acordando Rachel ao mesmo tempo, fazendo Castiel cair na gargalhada.
Quando Lysandre gritou de repente ele me assustou, mas quando ouvi a risada de Castiel logo vi que ele havia nos achado. Nós dois levantamos muito rápido.
– C-Castiel? O que faz aqui? Já vieram? – Lys perguntou meio afobado.
– Ah ah... Não, cara, ainda estamos na escola. Você está tendo alucinações! – Ele continuou a rir, mas logo parou e ficou com um sorriso malicioso. Eu não gostei nada da sua cara. – Hum...
– Que foi esse “hum”?
– Nada, nada não...
Lysandre e eu nos olhamos e entendemos tudo. Eu fui logo dizendo: - Ei, Castiel, não é nada disso que você tá pensando!
– Você não sabe o que eu tô pensando...
– Castiel... – Lysandre reclamou com ele. – Não faça essa cara. Não houve nada aqui. ... Nada do que você está pensando.
– Sei... Acredito. – Ele foi irônico. Não estava acreditando em nada.
– É sério, Castiel. – Lysandre tentou convencê-lo, mas não seria fácil.
– Claro que houve, cara! Vocês se perderam, passaram a noite toda na floresta... Mas tudo bem. Vocês não me devem satisfações. Depois me contam tudo... Quer dizer, sem muitos detalhes claro. Não tô a fim de um conto pornô.
– Castiel! – Lysandre e eu reclamamos quase ao mesmo tempo.
– Ok, ok... Pelo menos me digam... Já é namoro, ou ainda é amizade?
Lysandre e eu nos olhamos e sorrimos. Lys respondeu ao amigo:
– Sim, Castiel, Rachel e eu estamos namorando.
– Ah! Eu sabia!
Aposto que ele já sabia mesmo que Lysandre e eu estávamos apaixonados.
– Já era hora, Lysandre. Pelo menos seguiu meu conselho de parar de escrever músicas pra ela e tomar a iniciativa de uma vez.
– Então foi você que o aconselhou, Castiel? – Perguntei.
– Digamos que dei um empurrãozinho. Ele precisava.
Lysandre lhe respondeu: – Precisava mesmo. Obrigado, Castiel. Graças aos conselhos seus, do Leigh e da Rosa, eu tomei a decisão de me perder na floresta de propósito para ficar a sós com a Rachel... E foi muito bom.
– Hum... Foi bom é? – Fiquei morta quando vi Castiel com seu sorriso “mais cínico impossível”.
– Castiel, não pense besteiras, por favor... – Lys pediu, mas não adiantou muito não.
– Tá bom, depois você me conta o que rolou né?
– Você está parecendo a Peggy.
– Ei, não me xingue. Vamos logo que eu quero ouvir a bronca que vocês vão levar.
Lysandre e eu nos arrumamos um pouco para voltarmos com o Castiel, mas antes de irmos, ele descobriu um segredinho nosso. Meu e do Lys.
– Mas quê que é isso? Olha o que os pombinhos fizeram... – Dizia ele vendo o coração que havíamos desenhado na casca da árvore com nossas iniciais. Tanto eu quanto Lys ficamos ruborizados. – Sério! Coisa mais brega...
– Para, Castiel! Vamos logo! – Eu pedi totalmente sem jeito, e Lysandre, respondeu:
– Não é brega, Castiel, é romântico. E nós gostamos disso, não é meu amor? – Eu não podia não ficar muito contente ouvindo Lys me chamar de meu amor. Castiel, claro, veio com suas brincadeirinhas.
– Hum... Meu amor? Já estão nesse nível? Poxa... Agora eu quero detalhes da noite selvagem...
– Castiel! Por favor! – Lys reclamou, e antes de irmos encontrar com os outros, pediu: - Licença vocês dois, mas eu preciso... É... Eu estou apertado...
– Vai lá, Lys, a gente espera. – Disse Castiel rindo. Lysandre se afastou para fazer xixi e Castiel, ainda rindo, comentou: - Não sei por que ele pediu licença. Eu sou homem, a gente vê isso todo dia no banheiro masculino...
– Acho que foi por causa de mim, né Castiel?
– Sei não... Você já não viu o dele também?
Gelei na hora, mas minhas bochechas queimaram. Não deixava de ser verdade, mas ele não podia saber!
– C-claro que n-não!
– Calma. Não precisa ficar nervosinha. Já volto...
Ele foi para o lado onde Lys tinha ido, mas eu ainda podia ouvi-los e vê-los de costas. Castiel parou um pouco atrás de Lys e cruzou os braços, balançando a cabeça e rindo. Eu me perguntei por que o Castiel estava olhando para a bunda do Lysandre... Mas logo descobri o que ele havia visto.
– Ah não! Essa não! – Fiquei esperando o que ele ia dizer.
– Tsc tsc tsc... Lysandre, Lysandre...
Lysandre acabou e subiu as calças de novo.
– O que você quer, Castiel?
– Me diz... Tem gato selvagem nessa floresta? Ou... Gata selvagem?
– É... Que eu saiba não. Por quê?
– Porque parece que uma gata te atacou e você não viu. Ou será que viu que ela até rasgou sua cueca?
Lysandre girou o corpo e abaixou um pouquinho as calças e viu os rasgões que eu havia feito na cueca dele. Aposto que ele lembrou a hora que os fiz, quando ele me pressionava contra a árvore. Aposto que naquela hora ele me sentiu arranhando sua bunda, mas aposto mais ainda que ele havia esquecido esse detalhe.
Vi que o meu amor olhou de novo para o amigo meio sem jeito, e não soube o que responder. Apenas me olhou rapidamente, arqueou a sobrancelha e disse:
– Vamos de uma vez encontrar os outros. Não quero causar mais problemas. Vamos?
Saiu na frente e foi até mim. Nós dois esperamos Castiel ir na frente para segui-lo até onde os outros estavam.
– Você não me respondeu, Lysandre...
– Responder o quê?
– Sobre a gata selvagem que te atacou...
Lysandre pigarreou e me olhou. Eu tive que falar:
– Depois ele te conta, Castiel.
Castiel riu e não se deu por satisfeito.
– Ah, Rachel, e depois você me conta que bicho te mordeu aí no pescoço tá?
Lys e eu nos olhamos, e ele deu a melhor resposta:
– Quer que eu te conte que bicho a mordeu, Castiel?
– Fala.
– Vem cá... Você é amigo dos animais não é?
– Sei lá... Acho que sim.
– Então... Vamos logo encontrar os outros, meu amigo? – Lys piscou para ele ao enfatizar o “meu amigo”. Claro que Castiel entendeu muito bem a piadinha e continuou indo a nossa frente, sem mais perguntas. Apenas rindo e balançando a cabeça.
Tudo bem se ele estava imaginando que entre mim e Lysandre havia rolado algo mais... Nós não nos importamos. O que valia era o que nós sabíamos que existia entre nós... Um sentimento profundo, grande e bonito. Algo que mudaria nossas vidas. Algo conhecido por poetas como o Lysandre... Algo que não tem explicação, mas que talvez possa ser chamado de... Amor.
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FIM!