Crystal havia criado uma nova rotina para si mesma desde que trouxera o desconhecido para Attilan: acordava, fazia sua higiene pessoal e saia para os jardins do palácio; nos jardins, colhia flores brancas, tão brancas quanto os cabelos daquele que salvara, para colocar no vaso que se encontrava na pequena mesa de cabeçeira do leito do desconhecido. Passava seus dias inteiros ao lado dele, lendo, escrevendo, desenhando. Sentia uma estranha vontade de estar próxima a ele.

- Alteza - disse Lethon, a curandeira, com uma pequena reverência.

- Bom dia, Lethon. Como está nosso desconhecido hoje?

- Ele começou a responder ao tratamento das últimas semanas, e as feridas das balas estão cicatrizando, mas ele continua inconsciente. O quadro dele está melhorando, mas devagar.

- Um passo de cada vez, minha cara Lethon. Se ele está respondendo ao tratamento, significa que a situação dele já não é tão crítica.

- Estou tentando, Alteza, mas, como eu já disse, o organismo dele é alienígena para mim.

- Wanda…

- O que disse, Alteza?

- Não fui eu; foi o desconhecido!

Ambas correram para o leito, se apoiando em suas barras laterais para ouvir melhor o que o homem dizia. Ele murmurava, sua voz não mais que um sussurro, ele estava chamando por alguém. Wanda.

- É a primeira vez que ele fala, Alteza? A senhorita sabe quem é essa Wanda?

- Nunca o ouvi falar; quanto a esta mulher, talvez seja uma irmã ou namorada, algo assim. Devemos focar no fato de que ele falou, não no que falou.

- Vou avisar Sua Majestade; tenho certeza de que sua irmã, a Rainha vai querer saber a novidade.

- Sim, Lethon, agradeço.

- Permanecerá com o desconhecido como de costume, Alteza?

- Permanecerei. Ele pode acordar e precisar de ajuda.

- Como quiser, Alteza. Boa estadia - Lethon se retirou sorrindo; sabia que a princesa sentia algo pelo desconhecido, mesmo que ela própria não soubesse.

- Assim espero - Crystal sentou-se na cadeira ao lado do leito, fitando o desconhecido. Quanto tempo ainda levaria para que pudesse falar com ele?