Fate/Desperato & Debilitas escrita por Starlight


Capítulo 1
Capítulo 0: Sinal de juramento.


Notas iniciais do capítulo

Eh, esse capítulo ficou maior do que imaginei, mas serve para demonstrar todos os mestres e suas motivações para participar da guerra. Não se preocupem, irei tomar cuidado para que os próximos não fiquem tão grandes, mas agora falando da história em si... Criei essa fic com o intuito de fazer uma guerra mais ao estilo de Fate/Zero, e decidi fazer fora da cronologia principal de Fate para não ter que ficar preso por certas limitações. Espero que gostem e comentem, então... Boa leitura. ~



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Capítulo 0: Sinal de Juramento.

O Santo Graal. O famoso cálice que o filho de Deus tomou o vinho, e que dizem ser onipotente e capaz de realizar qualquer desejo que lhe seja dado.

O verdadeiro objeto jamais foi visto pelos olhos de qualquer mago, sendo ele o sonho de qualquer um que tenha relação com o mundo mágico.

Mas mesmo sendo “impossível” de alcança-lo por métodos normais, três castas em especial conseguiram criar uma “cópia” quase que perfeita do tão falado Graal, um que mesmo não sendo aquele tocado pelos lábios do Messias, ainda fosse capaz de realizar os pedidos que lhe eram entregues.

Só que independente de terem feito isso, a regra de que apenas um poderia desfrutar de seus poderes permanecia, o que fez com que o trio que antes juntou suas forças para cria-lo, agora se matassem por ele.

Para impedir que os derramamentos de sangue fossem em vão, a ideia de criarem um combate entre eles para ver quem seria o merecedor daquela habilidade divina veio à tona.

Uma guerra. A palavra usada para denominar conflitos entre países, estados ou simplesmente crenças era o que seria usado como pontapé para definir os verdadeiros escolhidos pelo cálice.

Tal evento iria unir um total de sete participantes – sejam magos ou não – e os lhe entregariam um número igual de servos que agiriam como suas lanças e escudos para abrir caminho até seus sonhos.

E antes mesmo de poderem perceber, as três famílias principais do mundo mágico começaram um ciclo vicioso que se estende até os dias atuais, no qual a cada 30 anos, uma nova batalha para ver em que mãos o santo Graal irá cair é travada.

Sangues de várias pessoas encontram-se nessa rota linear que segue em direção ao objeto divino, e por mais que saibam disso, a ganância daqueles que buscam seu poder não se amedrontam perante o cheiro dos cadáveres dos antigos participantes.

Com o tempo de preparação chegando ao fim, novamente ordinários que buscam realizar seus sonhos se preparam e tentam serem escolhidos para travar esse conflito tão especial.

Um total de quatorze peças serão postas sobre um tabuleiro, seus movimentos serão traçados pelas mãos do destino ou por suas vontades egoístas? Nesse jogo de vida ou morte, escapar não é uma opção.

~ Japão, Cidade de Tokyo, Casa dos Kurou, 8:30 AM, 4 dias para a guerra. ~

Um rapaz de cabelos pretos arrumava uma mochila em seu quarto, nela ele levava seu celular, um notebook, comidas, bebidas, frascos e alguns livros que tiveram seus nomes esquecidos no passado.

O último objeto que suas mãos pegavam e provavelmente colocariam dentro da onde os demais estavam era um retrato. Uma foto que demonstrava uma família feliz podia ser vista nele, porém que depois daquele diz, talvez não existisse mais.

Com um suspiro, ele terminou de guardar as coisas. Colocou sua mochila nas costas e dirigiu-se até a porta, e dando uma última observação no quarto que viveu durante tanto tempo, seu adeus saiu como um frio silêncio.

O único som que ecoava por aquela casa vazia era o de seus passos que demonstravam estarem em dúvida, mesmo sabendo para onde ir.

Seus olhos castanhos carregavam uma melancolia que não conseguia ser descrita, e talvez só pudesse ser compreendida por aqueles que soubessem olhar através da íris que escondiam o motivo de estar desse jeito.

Ao tocar na maçaneta que o levaria em direção a uma vida completamente diferente da sua de agora, o garoto ouvia o telefone fixo tocar. Aquele som que na maioria das vezes era irritante para ele, dessa vez soava de uma forma que alivia seus nervos.

Afastou-se da saída e seguiu até os toques incessantes, mesmo recuando de início, ele terminou atendendo mesmo assim a chamada.

– Alô? – Tentou manter um tom ambíguo para não demonstrar sua ansiedade.

– Sei! – A resposta que veio era animada e aconchegante, algo que só poderia pertencer à uma pessoa conhecida pelo jovem.

– Ruko... – Dizer o nome de sua melhor amiga antes de sua partida era doloroso para Sei, por isso permaneceu quieto por um momento até voltar a falar. – O que houve?

– Você não vem para a escola hoje? O pessoal está perguntando por ti. – Simples e direta, bem como o rapaz se lembrava.

– Eu irei viajar hoje.... Não sei quando voltarei. – Ele não queria dar uma garantia falsa para sua conhecida, então optou por uma frase que pudesse esclarecer um pouco o quanto demoraria.

– O que?! Você? Viajar? Irá para onde? – Nunca sabendo como manter sua curiosidade, aquilo era outra das qualidades que Ruko tinha, e que o garoto adorava.

– Sinto muito, creio que não possa lhe contar para onde irei... – Seu coração doía com aquela resposta, era como se o órgão implorasse para que ela viesse junto, no entanto, sua mente recusava tal possibilidade.

– Poxa! Por que não? Sabe que posso guardar segredos! Ok.... Apenas um pouco, talvez. – Sei conseguiu imaginar facilmente a face emburrada de sua amiga no final do que falou, o que acabou arrancando um riso dele, algo que achou que não teria nesse dia.

– Eu prometo lhe trazer um souvenir do local para onde irei. Então poderia ficar calma? – A partir desse momento, o pedido que Sei fez carregava um calor que até agora não tinha sido demonstrado em suas falas.

– Acho que se for mesmo trazer um, acho que posso deixar passar..., mas não demore muito! Suas notas já não lá grandes coisas, então ter muitas faltas só irá piorar ainda mais sua situação. – Ele sabia disso, só que a certeza de que provavelmente não voltaria o deixava incapaz de ligar para como ficaria seu status no instituto. De fato... A única coisa com a qual estava se preocupando era essa última conversa com a garota que amava.

– Ruko... – Seu chamado continha pesar, sua vontade de chorar era visível pela forma como a voz tinha saído, porém era seguro deduzir que a menina não perceberia.

Sua amiga permaneceu em silêncio esperando o resto do que ele falaria, enquanto a insegurança e a coragem do jovem pareciam brigar dentro de si para decidir como formulariam sua próxima frase.

Só que no fim...

– Quando eu voltar, quero lhe falar uma coisa.... Certo? – Sua fala soou como mais uma aposta do que uma promessa, e sem permitir-se ouvir a resposta, colocou o telefone no gancho, encerrando a conversa.

Uma lágrima silenciosa deslizava de seu olho direito pela bochecha, mas Sei continuou seu caminho até a saída, onde novamente pôs sua mão sob a maçaneta, essa que o levaria para o tabuleiro onde seu destino estaria jogado.

A vitória soava mais como uma miragem para ele. Os selos de comando que se encontravam seu punho direito pareciam falsos no começo, só que pelas suas pesquisas, provavelmente tal coisa não poderia existir.

O rapaz tinha sido escolhido como um dos participantes da guerra pelo Santo Graal, o evento de matança entre magos que tomaria conta da Transilvânia, uma cidade localizada em Romênia na Europa Central.

As únicas informações que sabia sobre esse lugar eram as famosas histórias do vampiro que dizem ter vivido lá um dia: Drácula. Considerando a existência do mundo mágico, ele não tinha total certeza que aquilo era uma mentira ou uma falácia.

O fato era que não poderia fugir, pois o destino da linha sanguínea de magos de sua família encontrava-se na palma de suas mãos, e ele aceitou isso.

Os últimos momentos que esteva ao lado de seus familiares jamais seriam esquecidos pela mente do jovem, aqueles que tanto cuidaram dele agora precisavam de sua ajuda para ficarem aliviados.

Mesmo que significasse um adeus mais do que provável à sua vida, casa, cidade e principalmente à Ruko.... Sei venderia sua alma para alcançar seu desejo que se encontra no fundo do cálice sagrado.

~ França, Cidade de Paris, Torre Eiffel, 12:30 AM, 6 dias antes da guerra. ~

Em frente à famosa torre de Paris, um famoso filantropo participava de uma entrevista com uma das repórteres mais famosas da cidade.

O belo cabelo castanho claro e de tamanho mediano do rapaz – que tinha um rabo de cavalo na parte direita – era movimentado pelas leves e repentinas brisas do lugar.

– Hoje nós estamos na presença de Frey Berholz, um dos filantropos mais famosos da atualidade! Nascido na França, ele retornou à sua cidade natal depois de outra de suas viagens em busca de acabar com os problemas atuais que nosso mundo sofre. – Conforme falava, era possível ver que a mulher fazia o possível para demonstrar sua beleza, sempre fazendo poses para realçar sua face ou seus seios. – Então, poderia nos dizer como anda sua missão? Acha que suas ações têm ajudado os necessitados?

O entrevistado suspirava, um movimento que não só exalava tédio, mas decepção ao ver o desespero que aquela que o entrevistava tinha no momento por atenção.

A verdadeira resposta que ele desejava entregar não podia ser dita, seria hipócrita da parte dele falar algo tão pesado em uma transmissão que seus fãs esperaram tanto.

Dando seu máximo para forçar um sorriso, que por mais que carregasse falsidade, ele demonstrava uma gentileza que muitos não têm hoje em dia.

– Creio que ela esteja seguindo da forma como desejo, mesmo não podendo dar a certeza absoluta de minha ajuda ser útil ou não, fico contente em ver o júbilo daqueles que ajudei. – Sua voz parecia melódica e a sedução que suas palavras demonstravam não era simples, esse jeito de se comunicar era um dos porquês de ele ser tão famoso.

– Que palavras bonitas, Freyzinho! Mas podemos ver que claramente pouca coisa muda durante suas visitas aos países que precisam de ajuda.... Alguns estão se perguntando se realmente está dando seu máximo, ou isso é apenas uma fachada para continuar rico? – Veneno era a única coisa que vinha na cabeça do garoto ao ouvir aquilo, não era culpa dessa pessoa, só que ainda assim o deixava irritado e desconfortável saber que alguns necessitavam usar mentiras ou trapaças para conseguir uma boa história.

Sem retirar a felicidade de sua face, Frey simplesmente continuava a conversa, rebatendo aquele envenenamento com palavras que podiam ser igualadas a um remédio.

– De fato meus passos são leves e de tamanho discutível, no entanto creio que é melhor fazer avanços mínimos do que inexistentes, não acha? – Foi claramente notável a face irritada que a moça fez com aquela declaração.

Mais do que contente com o que tinha feito, seus olhos de mel mantinham-se focados na câmera enquanto sua mente continuava preparando e respondendo as demais questões que lhe eram dadas.

Ao fim da entrevista, a irritação da repórter estava clara mesmo na sua despedida. Aliviado com o resultado, o rapaz voltou a seguir o caminho que estava tomando antes de ser bruscamente interrompido por aquela entrevista.

De fato, fazia muito tempo que ele não observava e apreciava a paisagem e os pontos turísticos do lugar onde nasceu, aquela caminhada ajudava-o a acalmar seus pensamentos. Mesmo que demorasse para chegar até a casa de sua família, só a calma e a apreciação daquele momento já teriam valido toda aquela demora.

Assim que alcançou a mansão de seus familiares, um semblante indiferente tomou conta daquela face prazerosa que tinha posteriormente. As memórias que eram relembradas por seu cérebro daquele lugar também não ajudavam a melhorar a situação, com um movimento rápido para terminar a repetição de cenas não desejadas, Frey abriu as portas e as deixou fecharem sozinhas quando estava dentro.

Ele ainda lembrava dos cômodos do primeiro andar, para a direita era possível ver a cozinha, para a esquerda tinha a sala de estar – que era complementada por uma biblioteca – e no centro a escada que levava para o andar superior.

Sabia onde ir, e tinha confiança de que aquele que procurava estaria lá, com passos pesados e seus punhos fechados, Frey se pôs na entrada da sala de estar, estando em uma posição perfeita para observar o conhecido que se encontrava sentado em uma poltrona, lendo um livro sem perceber – ou se importar – com o olhar fixo do filantropo.

– Não esperava você por aqui. – O homem parava de ler e olhava na direção do jovem. – Acostumar com sua aparência andrógena ainda é um desafio para mim.

– Corte a conversa desnecessária, ninguém veio comigo até aqui. – A melodia que saiu da sua boca não existia naquele momento, o tom no qual aquelas palavras foram proferidas era simples e pura raiva.

– Não há necessidade em ser tão agressivo com o seu pai, garoto. Achei que nossas diferenças já tinham sido deixadas de lado depois da última conversa que tivemos. – Sem dar muita importância para como fora tratado, o homem seguia com a conversa normalmente.

– Independente de eu desejar participar da guerra pelo Santo Graal ou não, o que você fez com a minha mãe jamais será deixado de lado. – Deixando bem claro que a relação deles não mudaria, o garoto continuou a falar. – Você conseguiu o que pedi?

– Acho que a informação de que ela era minha esposa parece fugir de suas recordações.... De qualquer forma, sim, suas passagens para a Transilvânia estão prontas. – Após um suspiro, uma leve risada seguiu dele. – Ainda estou surpreso que um fracassado como você que nunca usou magia foi capaz de sobreviver à um treino intensivo do feitiço da família Berholz.... Bem, acho que isso se deve aos ótimos circuitos mágicos que eu e sua mãe lhe passamos.

– Se espera algum agradecimento de minha parte, é melhor deixar que suas esperanças morram, “pai”. – Com um aviso áspero, o rapaz forçou para que seu familiar continuasse e esquecesse a ideia daquilo.

– Mas é claro que não.... Já desisti de esperar congratulações vindas de você. – Admitindo isso, o adulto não viu mais necessidade de continuar a falar sobre isso. – Continuando no assunto que importa... Por acaso deseja se matar, Frey? Não consigo imaginar que tenha algum outro motivo além desse para querer participar desse evento que tanto odiava.

Era um fato que Frey nunca chegou a considerar participar desse combate pelo objeto, desde pequeno ele era forçado a escutar baboseiras desse evento, como se fosse a coisa mais importante que faria em toda sua vida, e não só por isso, só que a ideia em si dele é completamente falha no ponto de vista do andrógeno. Matar pessoas só para fazer com que algum tipo de cálice mágico lhe conceda um desejo, sem nem mesmo saberem se é verdade ou mentira? Jamais iria participar, pensava o garoto.

Mas aquilo que a repórter falou no começo da entrevista continha um pouco de sentido, quantos anos se passaram desde que tornou-se um filantropo e tem tentado ajudar o mundo? Independente disso, nada havia realmente mudado.

A fome continuava, as doenças ainda se propagavam e os assassinatos ainda aconteciam em grandes escalas, não havia transformado nem um centímetro.

Do que adiantaria ele ajudar as pessoas se nem mesmo uma pequena porcentagem ficaria segura? O peso pouco a pouco foi se colocando nas costas do rapaz, até finalmente compreender que sozinho, o seu esforço não importava, pois, a realidade continuaria intacta do jeito que é.

Seu único caminho o trouxe de volta até onde tudo começou: A mansão de sua família, e ao destino que tinha sido lhe confiado desde que nasceu... Participar da guerra pelo Santo Graal.

– Para ser sincero, não creio que esteja errado no que falou. – Afirmava Frey, seus olhos mantendo a seriedade e a determinação até agora. – Estou sendo hipócrita, sei muito bem disso, entretanto não tenho outra opção disponível.

– E por estar sem escolhas, você irá tentar alcançar a “paz mundial” que tanto busca através de uma matança? Isso não parece nem um pouco com você, meu filho. – Como se estivesse debochando, risos podiam ser ouvidos entre os intervalos da frase de seu pai.

– Ora, e por acaso não dirá que está preocupado comigo, não é.... Papai? – Seguindo o deboche de seu familiar, um sorriso indiferente se formou nos lábios dele.

– Nem um pouco... Será interessante ver o quanto aguentará antes de ficar louco ou morrer, e independente da sua vitória ou derrota, só tenho o que ganhar nesse “trato”. – Sem ter nada mais a declarar, o homem retornou a sua leitura.

Com um fechar de seus olhos e o silêncio agindo como uma despedida – ou adeus -, o rapaz saiu da sala de estar, dessa vez para voltar ao quarto que não usava a tanto tempo, pois sua mala deveria ser feita, agora que iria de fato participar.

~ Bulgária, Cidade de Sófia, Castelo dos Doromoze – Sala dos Sábios, 15:45 PM, 10 dias antes da guerra. ~

Um homem de idade elevada encontrava-se no centro do que parecia uma sala de reunião, em sua volta havia um triângulo de três altares, onde cada um tinha um senhor de idade vestindo um sobretudo.

A única iluminação que existia naquele cômodo era a de milhares de velas espalhadas por estantes nas paredes, e era o suficiente para os que compareceram à essa reunião.

Aquele que fora convocado era Gainval, um membro renomado dessa casta que atualmente tem trabalhado até demais em nome de sua linhagem, seus olhos demonstravam nem um mínimo de emoção e sua posição estável o fazia parecer uma estátua devido as poucas vezes que respirava.

– Você sabe por que o chamamos até aqui, certo Gainval? – O primeiro sábio falava, atraindo a atenção da íris vermelha do convocado para sua direção.

– Peço desculpas, mas não me vem à cabeça um motivo. – Uma resposta leve e sem emoção, como esperado daquele que dizem ter perdido sua “essência” desde a morte da sua esposa.

– Faz uns anos que recebemos a confirmação da Associação dos Magos que o Santo Graal irá de fato aparecer na Transilvânia, em Romênia. – O segundo sábio tomou a explicação para si.

– Com Santo Graal você quer dizer aquele que o filho de Deus usou? – Perguntou Gainval sem demonstrar muita dúvida.

– Negativo. Esse que irá aparecer é a cópia que foi criada através do poder das três castas. Mesmo podendo ser visto como apenas uma imitação do verdadeiro, ele ainda contém um grande poder para ser ignorado. – Complementava o terceiro sábio de forma direta.

– Um momento.... Se estou compreendendo o que estão dizendo, desejam que eu vá em busca do cálice? – Questionou, dessa vez de fato estando surpreso.

– Afirmativo. Você tem trabalhado muito por nós, e pensamos que esse seria um trabalho que poderia lhe agradecer por todo o esforço que tem feito. – Respondeu o primeiro sábio com um certo carinho em suas palavras.

– Além disso, você é o único que temos certeza de que irá trazê-lo até nós sem usar o poder dele para objetivos egoístas. – Adicionava o segundo sábio sendo mais áspero.

Apenas dizer que estava contente não seria o suficiente para demonstrar o que Gainval sentia naquele momento. Seu coração batia como não fazia há muito tempo atrás, era como se ele tivesse visto uma chance para que a “essência” de sua vida voltasse.

O motivo para tamanha excitação não estava claro, infelizmente. Talvez fosse por ter recebido um trabalho de alto nível, ou quem sabe, pela possibilidade desse tal poder do objeto divino ser capaz de trazer sua esposa de volta?

Antes que pudesse evoluir ainda mais o turbilhão de pensamento que tinha alcançado sua mente, um dos líderes voltava a falar.

– Nós iremos enviá-lo para a Transilvânia amanhã, por isso sugerimos que se arrume e pegue o que deseja levar. – Avisou o terceiro sábio para que o convocado não esquecesse.

– E lembre-se de não esquecer do seu objetivo.... Isso não é uma viagem para se divertir, entendido? – O segundo sábio fazia questão de enfatizar essa frase.

– Entendido, meus senhores. – Seguindo com uma reverência após o que disse, Gainval retirava-se do lugar.

Depois de sair da sala de seus superiores, conforme andava pelos corredores do castelo Doromoze, o homem voltava a pensar no que tinha sido informado.

– O Santo Graal.... Mesmo ele tendo sido criado usando a magia da minha família, dos Kiravantil e dos Termunicry, esse cálice ainda tem um grande poder. – Seus pensamentos fluíam mais livremente agora que se encontrava fora daquela reunião. – Se ele é tão poderoso assim para os três sábios não quererem que caia em mãos erradas.... Talvez seu poder seja capaz de trazê-la de volta?

Era um sonho distante ou até mesmo uma miragem, o adulto sabia disso. Ainda assim, ele continua a desejar que fosse verdade tal teoria.

Desde que sua esposa faleceu, Gainval compreendia que tinha se afastado de sua filha e focado demais em seu trabalho, contudo sua garota ainda continuava a dar seu máximo para alegrá-lo e mostrar que não se sentia sozinha.

Só que aquilo lhe causava desdém, parecia que ela era a única que estava se esforçando para que a relação dos dois não morresse, e por isso queria ser de fazer algo.

E com a sua querida de volta, a força e a determinação que precisaria para isso estariam de volta, e sua família novamente ficaria unida.

Sim.... Sua esperança de que tudo voltasse a ser como era antes encontrava-se no objeto divino que foi ordenado a pegar. Isso apenas demonstrava que independentemente do quão confiante ele fosse.... Até mesmo Gainval desistiria de tudo para ter seu desejo realizado.

~ Brasil, Cidade de São Paulo - Avenida Paulista, 14:30 PM, 3 dias antes de guerra. ~

O número de pessoas que andavam pelas calçadas era exorbitante, mas para aqueles que moravam na cidade há um tempo e que conheciam o quão famoso aquele ponto era, arriscavam dizer que não se encontrava tão cheio quanto esperado.

A verdade é que o que atraia tanta gente para aquela parte era a aura vivida que carregava consigo, que de alguma forma tinha a capacidade de alegrar aqueles que passeavam por lá.

De fato, era surpreendente que um lugar tão vivaz pudesse acolher um dos participantes da guerra pelo Santo Graal, mesmo que a pessoa em si não soubesse que fazia parte desse evento.

Aquela que era ignorante perante ao destino que a aguardava encontrava-se em frente à um dos milhares barracas que existiam pelo passeio, o que diferenciava essa das demais seria o jogo de sorte nela.

O dono que a havia criado tinha colocado um amontoado de papeis dentro de um cofre de vidro, e cada um que participasse poderia tentar a sorte uma vez com o intuito de conseguirem a passagem com tudo pago para a Transilvânia, casa da famosa lenda do conde Drácula.

E depois de esperar tanto, a vez daquela que acompanhamos no momento tinha chegado, ela passou dentre os demais e ajoelhou-se para ficar de frente com o patrocinador daquela “loteria” e a caixa que continha as folhas.

– Bem-vinda, garotinha! Vai tentar a sorte também? – Perguntava o homem, sorrindo.

Em resposta à aquela frase, a jovem forçava um sorriso, pois mesmo tendo 20 anos, a maioria daqueles que a viam a tratavam como se fosse mais nova, e dessa vez ela simplesmente deixou passar já que não ficaria ali por muito tempo.

– Tentarei sim. Estou me sentindo com sorte hoje. – Garantia a pequena conforme colocava sua mão dentro do cofre.

– Oh, então quem sabe você seja a vencedora? Haha. – Mesmo falando aquilo, o adulto tinha certeza que ninguém seria capaz de vencer, afinal tinha colocado o papel vencedor em uma parte escondida da caixa, a qual seria impossível de ser alcançada, independente do quanto tentassem.

.... Ou ele achava isso.

Em menos de alguns segundos, a jovem retirava a folha dourada que estava escondida e abria um largo sorriso ao ver aquilo, enquanto o moço ficava de boca aberta.

– Bem, parece que ganhei! – Balançando o objeto que demonstrava sua vitória, ela levantava-se. – Mas é estranho.... Pude jurar ouvir algo abrindo conforme estava buscando o que pegar.... Você não teria escondido isso em um local que seria impossível de pegarmos, não é?

Com aquela afirmação, os outros que tinham participado começavam a reclamar com o dono da barraca, e contente com o que tinha feito, a garota retirava-se dali, voltando a andar sem rumo pela calçada.

Aquilo que ela tinha feito um tempo atrás não era apenas um golpe de sorte, na verdade, podia se dizer que era sim, só que um pouco mais sério do que pessoas normais poderiam pensar.

Letícia era uma garota sortuda, só que não de uma forma normal. Seu êxito em coisas que deveriam ser decididas pelo destino tinha uma porcentagem muito alto de sucesso, era quase como se fosse um fenômeno sobrenatural.

Tal habilidade tem a perseguido desde que nasceu e conforme foi crescendo, a jovem foi se acostumando com esse poder, chegando a pensar que por algum motivo, dentre todos, ela havia sido escolhida para carrega-lo.

No entanto, sua pessoa jamais poderia esperar que isso fosse redirecionar seu caminho para algo tão complicado.

– Nossa, eu tenho que usar essa passagem logo, ela vai passar da validade daqui a poucos dias... – Comentava Letícia observando a data de término do papel. – Só espero que essa tatuagem estranha suma logo.

A coisa estranha que a jovem tinha comentado eram os famosos estigmas vermelhos que os mestres escolhidos pelo Graal carregavam, e mesmo sendo totalmente ignorante perante à existência de tal evento, ela fora convocada para participar.

E mesmo sem perceber, ela fora colocada como outra peça no tabuleiro do combate pelas mãos do destino.

~ Itália, Roma – Mansão dos Bonnovi, 21:45 PM, 5 dias antes da guerra. ~

O céu encontrava-se formoso, nenhum sinal de nuvem podia ser visto nele, e a resplandecência das estrelas adicionava ainda mais a aquele belo cenário que se tornava visível na varanda da mansão.

Uma rede de descanso tinha sido acoplada usando as portas como base, e mesmo estando contra a vontade de seus familiares, aquele que havia feito isso não se arrependia nem um pouco.

Seus cabelos verdes escuros balançavam conforme a brisa do vento chegava para dar um olá, e com os olhos que continham íris da mesma cor fechados, sua apreciação por aquele momento era clara e simples.

Nada para lhe atrapalhar e ninguém por perto, tendo apenas dois vasos de plantas como seus companheiros por lá, Gregory encontrava-se na melhor situação possível.

Sim, aquela tranquilidade e silêncio era tudo que desejava desde que nasceu. Problemas, barulhos, brigas, confusões não eram palavras encontradas em seu dicionário, essas tinham sido trocadas por duas outras que eram bem especiais para ele: Paz e serenidade.

Por mais que o selo carmesim permanecesse em seu punho esquerdo, a forma como ignorava aquilo podia ser visto como uma benção.

O caso desse participante da guerra era algo não muito visto, pois o que o tornava especial era a credulidade que tinha em relação a aquele evento, o que certamente irritava sua família, devido a ele ter sido o primeiro da linhagem sanguínea deles a ser escolhido para participar.

Esse acontecimento fez com que Greg permanecesse curioso sobre o porquê de ter sido elegido, duvidas como porque o Graal fez isso ou se um objeto é realmente capaz de ter um motivo para as ações sem lógica que toma.

O detalhe de que o cálice era onipotente também não podia ser deixado de lado, e pelo mínimo que lhe foi dito, o item busca aqueles que mais o necessitavam.

– Então.... Por que logo eu fui designado? – Com uma frase que levemente fez suas pálpebras abrirem, o italiano tinha um semblante de incredulidade em sua face.

– Gregory. – Uma voz que carregava superioridade em conjunto a uma idade avançada chamava pelo rapaz deitado na rede.

Só de olhar de lado, o jovem podia ver que aquela que o chamou se tratava de sua mãe, a atual líder da família Bonnovi. O motivo dela se encontrar lá era mais do que óbvio, então nem sair da onde estava ele fez.

– Já arrumamos sua mala, e o táxi virá pegá-lo amanhã pela manhã. – Avisava a senhora com certo desgosto na sua frase.

– Bela forma de me dar tchau, mãe. – Ironizava Gregory.

– Um filho meu que não compreenda a importância do Santo Graal não merece uma despedida agradável e muito menos gentileza minha. – Retrucava a moça, virando-se contra a direção de sua cria. – Quem sabe se trouxer o cálice para nós, talvez podemos revisar sua posição nova.

O suspiro de Greg agiu melhor como uma resposta do que qualquer outra palavra dele poderia. Dessa vez, contra a sua vontade, outro peão fora colocado no tabuleiro da guerra.

~ Alemanha, Berlim – Mansão dos Termunicry, 21:30 PM, 4 dias antes da guerra. ~

Gargalhadas ecoavam por toda a construção, elas eram fortes, alegres e também carregavam um certo sentimento de alívio em seu tom. Mesmo aqueles que não entendiam o porquê da risada, era óbvio saber que se tratava de um deboche.

Duas figuras se encontravam no terraço da mansão, a primeira delas tinha uma estatura pequena e uma combinação de cabelos loiro-platinados junto à uma íris que carregava uma coloração azul celeste, sua aparência era deveras deslumbrante para os olhos dos demais.

E o outro era um homem, bem mais alto e com cabelo e globos oculares azulados, seu suspiro agia como uma entrega de que era ele quem tinha causado os risos na pequena garota.

– Espero que engasgue e morra enquanto faz isso. – Resmungava o mais velho, era quase possível ver suas veias pulsando de raiva.

– Desculpe, desculpe..., mas você por um todo parece ter fracassado! Não só virou um criminoso para poder sobreviver, mesmo sua família sendo rica, como também foi aquele escolhido pelo Graal para participar! – Conforme falava, alguns risos apareciam, mas a menina tentava escondê-los.

– Muito bem, que ótimo que é engraçado para ti.... Agora se puder me falar uma forma de sair desse problema, eu agradeceria. – As tentativas do rapaz para voltar ao assunto principal eram notáveis.

– Sinto muito querido irmão, no entanto não há jeito algum de lhe retirar da guerra pelo Santo Graal, exceto mata-lo. – Explicava ela, já cessando suas gargalhadas.

Ouvindo aquilo, o designado para o evento não pode conter-se e acabou soltando uma frase que não era muito dita por aqueles que são considerados “nobres” por serem das castas principais do mundo mágico.

– Depois dessa deveria até lavar sua boca com sabão... – A garota sentiu-se triste por um familiar dela dizer tal coisa, até lembrar-se que era Zaphkiel, e como ele tinha fugido dos Termunicry quando criança, sua educação não foi das melhores.

– Tem certeza que não existe outro jeito?! – O jovem estava desesperado, pois ser parte daquele conflito era algo que nunca tinha desejado, ainda mais não tendo nenhum tipo de sonho que queira que o cálice realize.

A negação de seu irmão perante ter que participar daquilo ainda era completamente desconhecida para ela, e como probabilidade de ter uma conversa cara a cara com ele novamente era baixa, a menina decidiu questionar.

– Por que não quer? Quero dizer.... Seu trabalho atual se trata em roubar objetos valiosos e matar aqueles que tentam lhe impedir, certo? Participar de um embate como esse deveria ser algo fácil para você. – Interrogava a irmã, curiosa.

Rafaela tinha feito um ponto válido, eles tinham se visto muito pouco durante a infância, sem considerar que ela era um bebê naquela época, então teoricamente essa conversa seria a primeira entre os dois.

A resposta para aquilo encontrava-se na ponta de sua língua, e mesmo dessa forma achava difícil falar com ela sobre seu verdadeiro motivo. Usando um suspiro para tentar acalmar-se, Zaphkiel pôs-se a explicar.

– Me recuso a deixar que os Termunicry decidam como irei agir, falar e crescer... – Seu tom demonstrava uma convicção que não era esperado dele. – Por isso fugi. Serei e agirei da forma que eu quiser, e não porque alguém me ordenou.

Compreensível. Aquela talvez fosse a melhor – e única – palavra que a menina pode pensar para descrever a decisão de seu familiar.

Por algum motivo, ela parecia sentir-se um pouco culpada de que caso ele participasse, mesmo que fosse de forma indireta, seu irmão iria estar seguindo o caminho traçado para ele desde pequeno.

E foi nesse momento que em um lapso de memória, uma solução apareceu na mente da mais nova.

–.... Tem sim um jeito, para ser sincera. – Rafaela não sabia o quanto se arrependeria de sugerir o que planejava.

– Qual? – Foi possível ver uma das sobrancelhas de Zaphkiel se arquear.

– Entregue-me os selos de comando. – Com sua íris demonstrando uma estranha determinação, ela realmente sugeriu aquilo.

Desse jeito, uma repentina troca de peças acabou por acontecer, mas sinceramente, para as mãos que se preparavam para o jogo, não importava o tamanho ou a cor do peão... Ele seria tratado como todos os outros.

~ França, Versalhes – Castelo dos Kiravantil, 17:00 PM, 20 dias antes da guerra. ~

“Ela” era o que eles chamavam de “duplicata. ”

A “garota” não passava apenas de uma “ambulante. ”

Denominada de uma forma simples e desprezível como apenas “aquela que vaga” ou uma “persona falsa”.

Alguém que de acordo com o que “eles” disseram não merecia uma despedida, muito menos necessitava de um motivo para participar de fato da guerra.

Os estigmas eram a única característica “verdadeira” sobre ela, seu nome também não foi criado com o intuito para ser lembrado ou querido.

Plácida carregava o sobrenome da casta apenas por referência e aparência, e o único sentimento que deveria sentir era a motivação para alcançar o cálice.

Mas tal motivo não fazia parte da “pessoa”, na verdade, “ela” não deveria ser considerada parte de magos e muito menos humanos normais.

Tristeza, mesmo sendo desconhecido para seu coração, era algo que talvez a “menina” pudesse sentir por como fora tratada e criada.

“Um reflexo mal feito” era a frase que poderia definir ela completamente, pensou “aquilo”.

E com esse último peão, feito do mais sujo e frágil dos cristais, o tabuleiro para o conflito estava completo.

Com as mãos do destino prontas para moverem as peças e com cada uma delas tendo feito suas preparações e desejos...

Agora podíamos dar o sinal do juramento que iniciaria a guerra pelo Santo Graal.

Fate/Desperato & Debilitas

Que a guerra comece.


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Notas finais do capítulo

Fate/Desperato & Debilitas - Informação de personagem: Sei Kurou.

Nome japonês: 黒王.

Data de Nascimento: 9 de Outubro; 19 Anos; Libra

Tipo de personagem: Humano, Mago, Mestre.

Sexo: Masculino

Altura: 1,70 cm

Peso: 65 kg

Local de origem: Japão.

Cor do cabelo: Preto

Cor dos olhos: Castanho

Gosta: Ficar sem fazer nada

Não gosta: Trabalhar

Inimigo natural: Gainval Doromoze.

Cor da imagem: Bege.

Linha sanguínea: Kurou.

Afinidade elemental: Relâmpago



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