Um lugar onde não existissem as palpitações de nervosismo, o rubor de vergonha e a expressão de alegria. Seria muito difícil encontrá-lo? Talvez sim, talvez não. Mas certamente faria uma grande diferença na vida de ambos.

A plateia em divisões. Metade a torcer por ela e metade (Composta em sua maioria por garotas) por ele. A apresentadora narrava cada detalhe e o público assistia-os. Nada disso, porém, notavam. As únicas importâncias que reinavam nas duas mentes eram movimento, sorriso, olhar. Os dois, vis-à-vis, percebiam tudo um no outro, como se houvesse um elo em cujos.

A contagem iniciou-se. Seus companheiros foram libertos e até mesmo eles sentiam a pressão que rondava o campo de última batalha. Não que fosse uma pressão ruim, pelo contrário. A confiança que jorrava das palavras e ações de seus mestres, fortalecia-os. Havia outra coisa além disto, contudo resolveram deixar de lado em momento tão precioso.

Pétalas giraram no ar na frente da garota; Assim como finas labaredas de fogo em frente ao seu rival. Mesmo notando, ele nada demonstrou ao ver o quão bela ficara a morena de olhos azuis em meio aquilo. Tampouco a cuja escapara disto, ao ver o reflexo ardente nas madeixas e íris esverdeadas. A contrariedade. Fogo contra planta, havia desvantagem: O Pokémon Buquê contra o inicial de fogo em sua última evolução. O antigo rival estava difícil de ser derrotado, mas a jovem também havia se fortalecido.

O contador chegou ao zero e todos ficaram em expectativa. Quem haveria de levar a tão aclamada Taça da Fita do Grande Festival de Johto? A fumaça de folhas em chamas dissipou-se, dando a visão do contador. Era sim, um sonho para ambos os coordenadores, prestes a concretizar-se. Então... Por quê por um breve momento, quando seus olhos encontraram-se, nada daquilo parecia importar-lhes? Os dois sorriam um para outro, o elo de rivalidade e outro a mais, nada mudara.

Se vós olhásseis para o reflexo da lua naquelas águas calmas, afirmaríeis que eram como um espelho partido em milhares de cacos tentando, com uma grandiosa paciência, transparecer toda beleza que jazia no espaço superior a si. As areias brancas de Olivine City faziam jus à descrição da cidade, com as ondas quebrando-se em si e trazendo a doce e misteriosa melodia marinha, o que na concepção momentânea da morena deveria ser um fundo natural para agradar os visitantes.

Enquanto os outros divertiam-se na festa, ela preferia ficar ali em pleno devaneio. A festividade beira-mar recordava-a de outro Grande Festival, no qual ainda seguia jornada com Ash, Brock e Max. Assim como o caminho árduo que percorrera para chegar até ali. Seus Pokémon mereciam maiores créditos, com certeza. Fora inerte ao redor, que assustou-se ao sentir o toque no ombro, após ser chamada e não perceber.

E lá estava ele, junto à belíssima rosa rubra na mão a oferecer para ela, como sempre. E tal como sempre, aceitou com um agradecimento. O Pokémon planta não estava ao lado do mesmo, estranhou. O de cabelos verdes começara a conversa, sendo respondido. Falavam de seus desempenhos até banalidades que ora enfurecia um, ora tirava risadas do outro. E quão bom não pode ser o som do riso para a pessoa que já amas? O silêncio prosseguiu-se ao redor dos dois, dando presença a outros sons. O caule da flor fora apertado entre os dedos, e as águas marinhas refletiram cintilantes em íris verdes.

E vieram as palpitações, rubores e sorrisos; Olhares fixos nas expressões perdidas em meio a um mar de sentimentos pouco diferentes de quando batalharam, mas iguais ao elo que juntava-os. Pouco demorara para a deixa de palavras tímidas, demonstrações de carinho e um último olhar antes de deixarem seus corações falarem por si, inertes ao redor, a tudo que não fosse a pessoa amada próxima demasiado e dona de um calor familiar e distante, tão bom de ser sentido.

Em meio as perdas ou vitórias, sós ou reparados por uma multidão, com brigas ou reconciliações: Certamente, nada romperia o elo que unia estas almas.

Fim~