Yong - 永 escrita por Mint Boy


Capítulo 1
Capítulo 1 - 我会永远爱你


Notas iniciais do capítulo

Eu simplesmente senti necessidade de fazer alguns pensamentos finais para a Mulan durante as cenas finais. E eu estou chorando muito enquanto escrevo isso.

(No título do capítulo = "Eu te amarei para sempre")



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Era a primeira vez em doze anos em que eu podia cavalgar sem medo. O vento que batia contra o meu rosto parecia levar o resto do peso que veio junto à guerra, e que impregnou em meu corpo mesmo após ter saído do campo de batalha.

Em meu pequeno vilarejo as pessoas vinham aos montes, apenas deixando espaço para que eu passasse. Todos me cumprimentavam e sorriam, dizendo coisas como “Estamos orgulhosos de você” e “Você nos trouxe honra”.

Nada disso me parecia realmente grandioso comparado ao número de vidas que tirei, mas não esperava receber mais por isso.

Desci do cavalo, perguntando a um velho onde estava o meu pai. Este apontou para o homem que andava levemente curvado apoiado em sua bengala velha de bambu. Eu o segui.

Meu velho pai andou até um monte de feno onde, antes de se virar para mim, tossiu um pouco e sorriu orgulhoso da única filha ter se tornado um grande e bem sucedido general nesta guerra.

Eu entrei, vendo cada móvel e cada roupa exatamente no mesmo lugar em que eu havia deixado. Nada havia mudado.

Eu havia voltado para casa.

Caminhei até meu pequeno quarto e me olhei no espelho, onde retirei a armadura que pesava sobre meus ombros e pude, depois de anos, ver o estado de meu corpo.

A pele amarelada com vários cortes e cicatrizes ainda recentes da última batalha, os cabelos mal cuidados por falta de recursos para cuidá-los e as olheiras, juntamente com algumas rugas.

Então aquela era a mulher que eu havia me tornado.

Vesti um de meus velhos vestidos, dos quais fiquei feliz em saber que ainda servia. Penteei os cabelos, desembaraçando-os cuidadosamente com minhas mãos calejadas e machucadas.

Olhei-me no espelho novamente e vi um pequeno resquício do que era Mulan. Ou o que sobrara dela.

Andei de volta ao cômodo central da sala, onde pude ouvir meu pai me elogiando para alguém.

Wentai.

Assim como eu, estava devidamente vestido com roupas apresentáveis de um imperador. Bem como deveria ser.

A cicatriz em seu rosto dava-lhe um ar mais sério do que o que realmente era.

Ele não demorou muito para se levantar e me cumprimentar, dando um de seus belos sorrisos ao me ver vestida como a mulher que eu deveria ser.

A verdade era que, durante todos esses longos doze anos de guerra, eu não parei de pensar um segundo em seu sorriso. Era ele que me dava forças para levantar todas as manhãs para juntar as tropas e marchar mais e mais até estarmos completamente exaustos. Era ele.

Era a ele que meu coração pertencia.

Andamos até a beira de um rio, perto de uma antiga árvore. Ele se aproximou de mim e tocou meu rosto com suas mãos quentes. Fechei os olhos apenas para senti-las.

– Vamos fugir juntos para bem longe daqui. – ele disse.

Eu queria ir. Deus sabe como eu queria ir.

– Uma vez alguém me disse que “se pudesse dar sua vida para por fim à guerra, então certamente o faria”. Você se casou para evitar que mais sangue de nossos irmãos fosse derramado. Não podemos ignorar isso. – Eu disse, tentando demonstrar o mínimo de sentimentalismo possível.

Durante o tempo em que Wentai fingiu estar morto, eu de fato deixei todos os sentimentos para trás.

Como meu velho pai havia me dito: “Não se pode manter sentimentos em um campo de batalha”.

“Mas não estávamos mais em campo de batalha”, algo bem no interior de minha mente pensou. “Estou fazendo isso para evitar voltar para ele”, respondi à mim mesma, esperando qualquer reação de Wentai.

Ele me abraçou.

E então pude sentir seu corpo quente, mesmo que envolto em tecidos caros, apertar o meu corpo levemente musculoso contra o seu. Pude sentir o nosso calor.

Assim como pude sentir o calor de nossas lágrimas encharcando nossos rostos, cujas bochechas estavam encostadas uma na outra.

Deves me esquecer. – Ele disse, ainda sem se separar.

Durante todos esses anos em que estivemos em campo – comecei a sussurrar em seu ouvido – eu não parei para pensar em você sequer um dia, nem mesmo quando você havia supostamente morrido. Você era o motivo pelo qual eu me levantava todas as manhãs e continuava a lutar e continuará assim pelo resto de minha vida.

Não soluçamos.

Não nos despedimos.

Não nos beijamos.

Eu apenas senti o enorme aperto em meu peito ao vê-lo partir sem minha companhia.

Mas tudo bem, afinal eu já estava acostumada com a dor.

E mais um pesadelo não iria fazer diferença.


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Notas finais do capítulo

Obrigada de você leu até aqui.
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Até logo~



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