O Livro dos Cavaleiros Parte I escrita por MagicPencil


Capítulo 6
V Jake: A Rebeldia Prevalecerá


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo possui mais críticas sociais do que os outros. Isto não irá mudar o rumo da história, mas digamos que a narrativa terá um ar mais emocional...



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Pelo menos os guardas os tratavam um pouco melhor agora. Por algum motivo, Chaos sorria para eles. Os guardas só ficavam mais fulos da vida, olhavam-nos com ódio por não terem sido executados logo de uma vez. A misericórdia da rainha devia ser algo raro e bem valioso, como ter um monte de ouro embaixo de casa, e os dois casos são motivos de grande inveja.

Tem muitos caras aqui em volta...E um monte armas e decorações devem ser feitas de cristálida! Pensou Jake. É melhor não lutar agora...

–Me sigam, garotos. –Disse Chaos, indo na frente.

Nesse tempo todo eles haviam estado presos em uma masmorra, pois subiram vários degraus para chegarem até ao piso térreo do castelo. Assim, perceberam que o castelo dela com certeza não devia ser originalmente seu. Baseando-se do estilo sombrio de Chaos, lá não tinha que ter várias janelas com vitrais coloridos, paredes de cores claras e muito menos vasos de flores a cada 2 metros (que não eram cuidados faz muito tempo). Pode-se deduzir que ela teria tomado o castelo, ou herdado de alguém, e tendo preguiça de reformá-lo.

À medida que chegavam às portas que davam para o pátio de trás, ouviam vozes de crianças e adolescentes. Ou seja, um monte de gritaria.

–Oras. -Resmungou Brian. –Suponho que não devam estar se exercitando como eu havia mandado.

Abrindo as portas, depararam algo que parecia um festival de luta livre: todos estavam brigando entre si, seja com duas pessoas ou muito mais. Se socando, chutando e aplicando outros golpes muito baixos. Os mais fracos e menores se escondiam nos cantos do pátio para não apanharem.

Brian ficou mais irritado do que já estava. Quem estava brigando não tinha percebido sua presença, e quem não estava logo quis cobrir o rosto. Ele gritou com a voz autoritária:

–Que palhaçada é essa?! Eu mandei vocês ficarem se matando?! Parem com isso já!

Tirou o capacete, revelando uma face grotesca de orc, com pele esvedearda e feia, dentes tortos e pontiagudos. Exibia várias cicatrizes, que ele bem queria esconder. A única coisa bonita eram seus olhos: obscuros e que exibiam um tom singular de castanho.

Eles obedeceram, mesmo muitos sangrando e às vezes até com os ossos quebrados. Todos se calaram.

–Quem que começou essa... essa treta?!

Com medo, todos apontaram para dois meninos. Um deles era magrinho e pequeno, tinha um dos olhos roxo de inchado e vários hematomas. O segundo era surpreendentemente alto e forte, mas com a boca e nariz sangrando.

–Muito bem... vocês dois, podem ir conversar com o general. Leve-os, Bolly.

Bolly era um soldado baixinho, e que nunca falava muito. Assentiu com a cabeça e mandou que os meninos fossem com ele, nem dando para ouvir sua voz esganiçada. Tristes, bravos e encrencados, os meninos foram com ele; mas agora não com raiva um do outro, e sim de todos que os rodeavam: os soldados, Chaos... Porém, falar não adiantava nada, pois nunca seriam ouvidos e provavelmente morreriam se expressassem suas opiniões.

Pelo menos era o que pensava Jake, já que ele com certeza sentiria a mesma coisa. Agora sabia o que o esperava. Depressão e opressão, várias palavras com “ão”. A falta de liberdade simplesmente o irritava, e mais profundamente do que se podia imaginar.

...

–Acho que os caras se ferraram, isso sim. –Argumentou Dipper sobre a briga de mais cedo, enquanto corria.

O exercício era correr em torno do pátio, que não era nada pequeno, até se cansarem. Quem ficava por último ganhava sobremesa, uma coisa rara. Aquele que era melhor em um exercício normalmente só não lavava os banheiros junto com os outros. Mais curioso ainda era que tinha sido Chaos que propusera o prêmio.

–Se eles não falarem nada, vão se livrar de algo bem pior. –Opinou Erroria- Mas é claro que vão ganhar um belo castigo de qualquer jeito.

–Eu queria saber mesmo o porquê de terem brigado. –Disse Shasta.

–Era um cara grandão e um magricela. –Explicou Kai- Um zoou o outro, mas o cara revidou com um soco. É a explicação mais válida que tenho.

–Ou não. –Questionou Shasta- Existe mais de uma opção.

–Como assim?

–Ela está certa. –Concordou Jake- Já repararam que aqui parece uma prisão? Devem ter tido a mesma ideia: cometer algo grave para serem expulsos, ou até mortos. Pelo menos parecia ser melhor do que sofrer aqui.

–Que macabro. –Erroria sentiu calafrios.

–Pessoal, eu não quero interromper o assunto. –Intrometeu-se Randy- Mas alguém já reparou que Chaos está nos olhando com uma cara esquisita?

Ao olharem para o lado, repararam que ela ainda não parava encará-los e sorria com muita simpatia. Quem era recruta de Brian também percebia que o comportamento da rainha era muito suspeito.

–Novamente, que macabro. –Repetiu Erroria.

Jake percebeu que Danny se sentia culpado, e ninguém sabia o porquê. O olhar que ele dera à Chaos surtiu efeito, e ele soube. Talvez essa troca de energias, embora imperceptível, significasse algo importante. Enfim, encerrando a parte psicológica da trama...

–Ei vocês, novatos! –Gritou Brian- Parem de fofocar, se não quiserem voltar ao...

Antes que terminasse, viram a rainha o censurando pela bronca. Será que ela estava os protegendo? Sendo assim, seria estranho. Pois, além de estarem fazendo algo errado, eram ex-recrutas de sua pior inimiga e tecnicamente tinham cometido um grande crime.

Quem aguentara a fadiga por mais tempo foi Finn. Não que ele fosse de fato o mais rápido; simplesmente era o mais resistente. Até aquele momento estava empatado com Erroria, que finalmente se cansara. Quando ela saiu e ele percebeu que estava sozinho, sentou lá no chão mesmo de tão cansado que estava.

A ditadora o saudou com uma pequena salva de palmas, e somente ela. O resto, ou achava que não deveria gastar suas últimas forças com isso ou estava desmaiado (culpa de Brian, que obrigou alguns a correrem demais, ameaçando não dar almoço a eles).

...

Depois de um dia muito longo de exercícios torturantes, finalmente chegou o almoço. Não era lá muito legal; só podiam comer e conversar em voz baixa, também eram vigiados por muitos guardas. Ou seja, nada de tentar fugir pela janela ou bater em todo o mundo.

–Eu odeio esse lugar. –Reclamou Kai- Nem almoçar eu consigo.

Dizia isso pela comida, que não parecia nem um pouco apetitosa e era feita de coisas que não conheciam. Shasta podia jurar que viu a dela se movimentando, mas não quis reclamar.

–Nem eu. –Concordou Finn- E olha que fui eu que fiquei com a sobremesa.

–Eu estou pensando em conversar com os garotos daqui, para ver se eles têm a mesma opinião que a nossa. –Disse Danny- Ou talvez a situação e Milana esteja tão ruim que isso pareça normal.

–Se for a segunda opção, -Começou Jake- Eu entendo a raiva da Solaria com essa mulher.

Corria solta a notícia da execução da rebelde Sam, que para os pobres moradores do reino era um exemplo de coragem e valentia. Como Chaos simplesmente adorava leva-los a execuções (provavelmente para mostra-los o que aconteceria se a desobedecessem), não era de se esperar que os levaria nessa também.

Afastando sua mente de notícias ruins, Dipper folheava seu livro antigo. De alguma forma, isso não atrapalhava nem um pouco seu almoço.

O livro de Dipper tinha capa toda vermelha, feita de algo que parecia couro tingido. Ainda nela, uma ilustração: uma mão dourada de seis dedos, com o número 3 em preto nela. Várias páginas estavam rasgadas, e algumas de um assunto em especial tinham sangue borrando-as.

Erroria, que estava do seu lado, achava tudo muito interessante. Assim que ele chegou ao fim, um conjunto de pergaminhos muito velhos que estavam em branco, ela finalmente teve uma ideia:

–Espere! Não feche o livro! –Interrompeu, colocando seu casco entre a capa e as páginas- Acabei de pensar em um plano. Só que temos que ser discretos.

Contou o plano para os outros sete, que o acharam simplesmente brilhante, mas muito arriscado. Pegaram um pedaço de pergaminho velho, e com uma caneta escreveram o seguinte recado:

Recado dos novatos: Vamos começar uma rebelião! Hoje, na execução da Sam! Passe para o amigo do lado ->

Agora era só começar e rezar para que o bilhete não caísse em mãos erradas. E mais: na hora H, todos deveriam contribuir.

Felizmente, agora o assunto era a rebelião. Da mesa dos oito, era possível ouvir “passa para a outra mesa”, “gostei do projeto”, “com certeza vou participar” e outros comentários positivos. O plano já tinha sido aceito, agora era só esperar o momento.

...

A hora tinha chegado. A execução ia ser realizada em um teatro de arena, feito justamente para aquilo. No centro, uma guilhotina; e todos nós sabemos bem para que isso serve.

Chaos estava chegando de carruagem puxada por cavalos negros de olhos em brasa. Logo atrás, os recrutas e os guardas, levados por uma grande carroça.

Assim que chegaram, o público foi obrigado a se afastar para deixar a soberana passar. A arena já possuía um lugar especial para ela: no camarote, que só poderia ser usado pela elite, havia um trono decorado conforme seus gostos.

Os recrutas sentaram-se nos degraus de cima. Os 8 foram convidados pela própria soberana a se colocarem um degrau abaixo do camarote, onde estavam sob seu olhar. Claro que eles não foram loucos de recusar. Mesmo assim, tiveram um pouco de receio, pois Brian e seus colegas nunca estiveram tão furiosos.

Quando todos haviam chegado e todos os lugares estavam ocupados, a convidada de honra finalmente chegou. Sim, era Sam. Exatamente como no dia do julgamento: com os braços mecânicos sem funcionar e focinheira. Assim que pisou lá dentro, foi recebida por uma chuva de gritos. Não era possível saber se era uma vaia ou uma comemoração. A rainha deu um sorriso cruel quando a viu.

Assim que Chaos levantou, começou a discursar:

–Caros cidadãos de Milana: É com honra e felicidade que anuncio que hoje teremos um evento importantíssimo. Como podem observar, estamos diante da rebelde Sam. Nada mais que um símbolo de oposição e ferocidade. Depois de muitas tentativas, finalmente ela está presente para entreter-nos, pela primeira e última vez. E é isso, meus caros, que se ganha quando nos rebelamos com forças superiores à nossa.

E olhou bem para cada um dos oito antes de continuar:

–Se alguém tiver algo contra esse evento que fale agora. Antes que a cabeça comece a rolar...

Todos se entreolharam, em busca de uma resposta. Era a única chance que tinham para começar uma rebelião.

Jake levantou a mão, com atitude e agilidade, de modo que todos percebessem. Claro, também com receio e muito medo. Se fosse o único que se rebelasse, sua cabeça ia rolar também.

E é dessa forma que vemos se as pessoas são leais a você e honestas sobre o que dizem...


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Notas finais do capítulo

Me parece que os capítulos estão ficando cada vez mais curtos... Enfim, no próximo capítulo (ou episódio, como preferirem): altas revelações, luta e muito mais!



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