Fallin' For You escrita por BecaM


Capítulo 2
B.i.o.l.o.g.i.a


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários :)

Boa leitura!



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**Semanas depois**

Jesse se recusou a me dizer o motivo de Ally estar tão na defensiva, se assim podemos dizer.

Os dias foram passando, os treinos ficando mais puxados e as provas passando. Faltava cerca de um mês e meio para o Natal, ou seja, férias limitadas daqui um mês! Assim que o professor de biologia chegou na sala, o mesmo jogou suas coisas em cima da mesa e disse :

– Pois bem, eu estava conversando com a vice diretora, e agora posso dizer com toda a certeza que: Iremos fazer o primeiro passeio do ano!

Grande parte da turma comemorou, mas a outra ficou desconfiada. Normalmente os passeios de biologia não tem nada de interessante... Até porque, é um passeio de B.I.O.L.O.G.I.A

– Mas afinal, onde nós vamos? - perguntou Dallas.

– Boa pergunta. - disse Sr.Howard - Vamos para uma reserva florestal da cidade vizinha. Eles possuem muitas coisas interessantes, por exemplo...

Para falar a verdade, não prestei a mínima atenção no resto da aula. O máximo que eu iria fazer no passeio é ficar no fundo, ouvindo música e assentindo sempre que o professor me perguntasse alguma coisa.

– O passeio está marcado para o fim desta semana, ou seja, quero estas autorizações assinadas até quinta feira. Após o aviso, Sr.Howard prosseguiu com a aula.

Quando o sinal da aula seguinte tocou, Sr.Howard nos entregou os papéis das autorizações para o passeio. Em vez de guardar, apenas amassei e enfiei dentro de minha mochila. Nem morto eu vou neste passeio.

POV Ally

Sr.Howard planejou um passeio para o fim desta semana. Ao contrário dos outros alunos, Dallas e eu achamos muito interessante, ou pelo menos eu achei.

Assim que todos saíram da sala, Sr.Howard veio conversar comigo.

– Allycia, tem um minuto? - disse ele.

– Tenho sim, professor. Aconteceu alguma coisa?

– Eu não sei ao certo. Recebi um recado da diretora pedindo que você comparecesse na sala dela. Ela disse algo sobre sua mãe…

– Obrigada, professor. - falei tentando disfarçar minha surpresa.

Peguei minhas coisas e saí correndo pelo corredor. Ao chegar na diretoria, a secretária pediu que eu esperasse um pouco.

Sentei em uma das cadeiras de couro marrom enquanto observava os ponteiros do relógio se moverem.

– Allycia. - disse a secretária - Pode entrar.

Levantei da cadeira e entrei na sala da diretora, sentei na cadeira em frente a sua mesa e escutei o que ela tinha a me dizer.

– Sua mãe nos ligou.

– C-Como assim? - gaguejei.

– Foi uma ligação curta. Ela disse que sabia sobre o atual estado de seu pai e que se você quiser, ela está à disposição para ajudar.

Fiquei praticamente paralisada. Minha mãe oferecendo ajuda? O que aconteceu com ela a ponto de fazer isso?

Respirei fundo para segurar as lágrimas e disse:

– Ahn… Obrigada diretora. Pelo recado.

– Allycia, tem algo que gostaria de me contar?

– Não. - menti - Está tudo certo.

– Certo, mas… Por qual razão ela ligou para o colégio e não para sua casa?

– Trocamos de número. - falei mantendo a calma.

– Tudo bem… Então, pode ir para o almoço.

Assenti e saí da sala.

Ao atravessar a porta da diretoria, senti minhas lágrimas descendo a tona. Pus as mãos no rosto, cobrindo meu nariz e boca e saí correndo até o banheiro.

POV Trish

Não vi Ally a manhã inteira, tive a esperança de encontrá-la no almoço, mas ela não apareceu no refeitório.

Sentei na nossa mesa de costume e esperei que ela chegasse. Kyle, o assistente do treinador Hall veio até mim como um foguete e disse, aparentemente apressado:

– Hey, Trish! - disse ele.

– Oi Kyle.

– Já ta sabendo da novidade?

– O que?

– Austin Moon convidou a sua amiga pra sair.

– Ally?

– Ela mesma.

– Quem te falou isso?

– Jason contou para todos durante o treino de ontem, Austin não disse nada e Jesse muito menos.

Senti meu rosto queimar de raiva. O que passou pela cabeça do Austin em chamar a Ally para um encontro? Era isso o que eu iria saber agora mesmo.

Levantei da cadeira e andei até a mesa dos jogadores de futebol. Parei ao lado de Austin e disse com atitude.

– Moon! - chamei-o.

Austin me olhou dos pés a cabeça e disse:

– Ah, oi Patricia.

– Temos que conversar.

– Ahn… Desculpa mas, eu estou ocupado. - disse ele.

Alguns jogadores soltaram risadas abafadas.

– Escuta aqui, seu saquinho de merda! - falei já irritada fazendo com que ele olhasse para mim - Você vai me ouvir, você queira ou não. Caso o contrário…

– O que? - disse ele me interrompendo

Aproximei meu rosto do dele.

– Eu vou fazer com que você tenha sérias dificuldades para ir ao banheiro descartar todo esse refrigerante que você bebeu. Se é que me entende…

Olhei fixamente para ele por alguns segundos.

– Eu te espero lá fora. E é bom que você apareça se não… Você sabe o que vai acontecer.

Afastei-me andei até a saída do refeitório. Encostei em um dos armários, cruzei os braços e esperei pelo loiro. Austin saiu do refeitório com uma expressão de dúvida e insegurança, andou até mim e disse:

– O que você quer?

– Escuta. Eu não sei que tipo de doente mental você é, ou o que se passa na sua mente. Só te digo uma coisa: fica longe da Ally. Ela já tem problemas demais para resolver e se você continuar se metendo onde não deve, vai ter que passar por cima de mim. Ou melhor, eu vou passar por cima de você.

– Então é isso? Sobre a Ally? - disse ele mais aliviado soltando um longo suspiro - Pode ficar tranquila.

– Como assim?

– Eu chamei ela pra sair há semanas, ela recusou o pedido. Não nos falamos desde então. Satisfeita?

– Muito.

Desencostei do armário e dei alguns passos para trás e disse:

– Menos mal. Assim ela evita cometer um erro.

– O que você quis dizer com isso? - perguntou ele.

– Você não merece alguém como a Ally. Ela é boa demais para você. Ela já é rejeitada pela maioria da classe, o dia em que ela se envolver com você ela estará se afundando cada vez mais na bosta.

– Eu não sou como vocês pensam, ok?! - disse ele aumentando o tom de voz - Eu não sou esse cara alpinista social que vocês pensam! Não sou esse idiota que só se importa comigo mesmo! Não sou esse galinha que vocês pensam que eu sou! Não sou esse riquinho que aparento ser! Não sou tão ruim e nem tão bom como imaginam… EU TAMBÉM TENHO SENTIMENTOS! TAMBÉM SOU UM SER HUMANO! TAMBÉM ME IMPORTO COM AS PESSOAS AO MEU REDOR!

Ele estava um pouco vermelho talvez de raiva ou falta de ar. Aproximei-me dele novamente e disse:

– Se você realmente se importa com ela, não a iluda. A única coisa que ainda está intacta nela é o coração. Não brinque com os sentimentos dela, porque ela não merece.

Dei meia volta e saí andando pelo corredor. Andei até o armário de Ally e por fim a encontrei.

– Onde você estava? - perguntei.

– Na diretoria.

– O que aconteceu? Você está bem?

– Mais ou menos... Minha mãe ligou pra escola.

POV Ally

– Como assim ela ligou? - disse Trish sem entender.

– Eu também não sei… Ela disse que sabia sobre o atual estado do meu pai e que estaria à disposição se eu precisar de ajuda.

– Quem ela pensa que é?

– Pensei a mesma coisa. Mas, Trish, ela é minha mãe, ele é meu pai, e achei normal ela se preocupar tanto com a saúde dele quanto com o meu estado emocional nessa história.

– Verdade. Mas não esquece do que ela fez. Eu sei que ela é sua mãe, mas é meu dever como amiga me preocupar com você.

– Eu sei, Trish. E te agradeço por isso, de verdade. Só quero pedir para você não contar isso para mais ninguém, nem pro Dallas. Não quero que ele fique preocupado…

– Tudo bem.

Ela sorriu. Então pensei, é muita sorte ter uma amiga como a Trish nessas horas. Peguei meu diário, fechei meu armário e andamos até o refeitório.

Assim que chegamos na entrada do refeitório, avistei Austin Moon encostado na parede ao lado dos armários. Parecia abalado, pensativo. Quando me viu olhá-lo, pareceu esquecer de tudo, pois sorriu timidamente. Desviei o olhar e voltei a seguir Trish.

Será que ele ainda está pensando naquela noite?

Tenho certeza absoluta que Trish percebeu que eu olhei para Austin, pois ela me parou na entrada e disse em voz baixa para mim:

– Não ligue para o que os outros digam. Você é melhor que isso…

– Do que está falando?

– Você e Austin Moon. Estão começando a comentar...

POV Austin

Ally me olhou pela primeira vez nas últimas semanas. Não demonstrou sentimento algum, mas isso bastava…

Quando ela entrou no refeitório, parei um pouco para pensar. Andei de um lado para o outro diversas vezes, hesitando ir em frente. Até que desisti de resistir e corri até a diretoria.

Chegando lá, andei até a secretária e disse:

– Oi, er… O professor Howard nos entregou as autorizações para um passeio escolar para o fim da semana, será que eu posso assinar no lugar de meus pais?

Sra.Spike - a secretária - puxou os óculos retrô vermelho sangue até a ponta do nariz, arqueou uma sobrancelha e disse:

– Você realmente está me perguntando isso? - disse ela em tom arrogante.

– Sim. Eu sei que pode parecer estúpido, mas pensei que no meu caso talvez…

– Ei, ei, ei. Me poupe das suas desculpinhas esfarrapadas Moon. Eu conheço muito bem o tipo de aluno que você é. Se você acha que só porque está “acima” dos outros estudantes pode se dar bem da melhor maneira, pode tirar seu cavalinho da chuva.

– Mas, eu estou pedindo para ir ao passeio, Jenn. É contra as regras um aluno querer aprender?

– Primeiramente, aqui, meu nome não é Jenn, é Srta.Spike. Segundo, por qual motivo você quer ir ao passeio da aula do professor Howard?

– Eu só…

– Qual foi a aposta desta vez?

– O que?

– Sempre que vai fazer alguma coisa que não gosta é obviamente uma aposta do time.

– Eu não…

– Austin.

– Tia! - reclamei.

– Fala logo.

– Jason e eu apostamos um encontro com Allycia Dawson.

– O que?! Os dois vão tentar conquistá-la?

– Não, não. Apostamos um encontro dela comigo.

– Vocês não tem jeito mesmo. - disse ela esfregando a testa com a ponta dos dedos - Owen bem que me avisou.

– Não envolva ele nesta história. Não faz sentido.

– O que não faz sentido é você sair com a Allycia! Aquela garota está passando por uma fase horrível neste momento.

– Mas que diabos está acontecendo com ela, que eu não sei?

– Eu não posso dizer. Na verdade, nem poderia saber disso.

– Mas como sabe?

– Regina me contou após uma reunião de professores, estávamos sozinhas e ela estava frustada demais, só queria desabafar sua indignação.

– O que aconteceu?

– Eu não posso dizer!

– Pelo menos uma coisa!

– Arg! Como você é insuportável. Ok! Eu falo. Mas você não vai abrir o bico para ninguém.

– Claro que não! Eu prometo que ficarei quieto.

– Certo… Quando Allycia era pequena, a mãe dela abandonou a ela e ao pai.

– E o que mais?

– Não posso dizer mais nada. Se quiser saber, tem que realmente se importar com ela e querer ajudá-la. Qualquer informação a mais saída de mim poderá comprometer a confiança de Regina em mim.

– Tudo bem. Agora… Sobre a autorização.

– Peça para Mike, assinar.

– Ele está viajando, só volta sexta-feira que vem.

Ela coçou a bochecha enquanto pensava, até que disse:

– Me dê a autorização. Vou ver o que posso fazer.

– Obrigada, tia.

Ela apenas sorriu. Peguei o papel amassado da autorização no fundo da mochila e entreguei para ela.

– Você deve querer muito esse dinheiro. - disse ela com um meio sorriso ao ver o papel.

– Na verdade… É mais pela Ally.

– Como assim?

– Não quero falar sobre isso, vou parecer um idiota.

– Se importar com as pessoas não te torna um idiota, muito pelo contrário.

– Ok, eu acho que ela está tanto na defensiva que evita as pessoas na hipótese de que elas só estão lá para atrapalhar. Quero mostrar que não sou assim.

– É por isso que você é meu sobrinho favorito. - disse ela bagunçando meus cabelos

Soltei uma risada abafada e voltei para o corredor. Ally estava saindo do corredor rapidamente, parecia frustrada. Ela passou por mim e me olhou com raiva. Hesitei em seguí-la, mas logo o fiz. Ela andou até o campo de futebol sem perceber minha presença. Ela se sentou em uma das arquibancadas e apoiou os braços nos joelhos.

Andei até a morena e me sentei ao seu lado.

– Por que você? - disse ela sem me olhar.

– O que?

– Por que você espalhou essa história? Eu aceitaria que tivesse sido o Jesse, Kyle…

– Jason e Tristan.

– O que tem eles?!

– Eles espalharam. De alguma forma eles descobriram… Eu contei apenas para Jesse pois ele é meu melhor amigo depois do Dez. E eu queria saber o que você pensava sobre mim…

– Podia ter me perguntado.

– Eu teria, mas você não disse quase duas frases naquele dia. Fiquei com medo que pensasse como os outros.

– Como assim?

– Pensasse que eu sou o senhor-perfeito. O galanteador. O rico. O projeto de propaganda. O… superficial-materealista...

– E você não é?

– Você não entende, não é mesmo? - falo sem olhá-la.

– Não entendo o que? - diz ela.

Ri abafadamente e saí andando. Acho que é definitivo. Nunca vou ser mais que o Austin Moon, o cara que todos querem ser.


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