Blank Space escrita por Hurricane


Capítulo 1
Prologue




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PROLOGUE

As folhas caíam do outro lado da rua, amareladas e secas, o vento balançava lhe os cabelos ruivos. Apertou forte o casaco que envolvia os ombros. Olhou para grande casa vermelha na sua frente e suspirou. A fumaça que saía pela chaminé fazia com que tudo ficasse reconfortante.

Ela finalmente estava de volta. As malas em sua volta fazia com que aquilo tivesse cara de despedida, as lágrimas ameaçaram rolar, mas a garota aprendera com o tempo a chorar para dentro, não demonstrar as angústias.

Quando entrou pela porta principal sentiu o calor que tanta saudade tinha. Nada havia mudado naquele local, porém era exatamente isso com que a fazia se sentir deslocada. Eram tempos difíceis, desde a grande perda, ela ficara tempo demais fora.

A avó se encontrava na cozinha, à beira do fogão. Assim que a senhora dos cabelos mais brancos que a neve viu a jovem menina a afagou com seus abraços e beijos, dessa forma, choraram juntas. Pela primeira vez.

Lily Evans não era mais a mesma garota de treze anos que, por conta do acidente dos pais, tivera que sair de sua casa. Não tinha mais os cabelos crespos e nem usava mais o óculos torto de sua avó, assim como a rosa do campo, que no começo da primeira se desabrocha, ela era outra.

Juntas subiram as malas que não eram poucas. A temporada na França rendeu o suficiente para completar um guarda-roupa. As escadas eram as mesmas, o terceiro degrau ainda fazia um rangido quando se pisava nele. Na parede os quadros da família. A porta no fim do corredor, no segundo andar, não mudara nada.

Era como se o tempo tivesse parado. Como se a qualquer sua mãe fosse aparecer na porta e lhe dar um beijo, que sua irmã iria entrar e a obrigar a devolver o sutiã roubado do seu armário na calada da noite. Memórias enlouquecem, ela conhecia muito bem o poder que elas tinham. O cheiro deles ainda era tão presente, como se eles ainda estivessem vivos, como se nada tivesse acontecido.

Chorou mais uma vez, deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, o manchando. Limpou-as e deu um alto suspiro, as lembranças ainda doíam. Caminhou até a cama de madeira e sentou nela. Alisou o lençol. Passou a mãos nos cabelos e suspirou. Não iria surtar, muito menos se desesperar, já fazia tempo suficiente para que tudo fosse superado.

Fez um rabo alto de cavalo e arregaçou as mangas da camiseta branca que usava. Tirou os sapatos vermelhos ficando descalça. Colocou mala por mala em cima da cama e aos poucos foi as desocupando. Desenvolvera uma mania um tanto quanto irritante, extrema organização.

Separava por grupos, cujo ordem dependia das cores, e subgrupos, que se classificavam em regatas, camisas e camisetas. Colocava os pijamas na ordem em que seriam usados. Os sapatos sempre na última prateleira. Bolsas e cintos iam para o cabideiro ao lado da porta. As jóias na caixinha que ganhara de sua mãe. A penteadeira extremamente limpa recebia o pequeno porta retrato da antiga família. Os pôsteres e o quadro de aviso iam para a parede do outro lado.

Após horas tentando fazer com que tudo ficasse em sua mais perfeita ordem sentiu fome, parecia que um grande buraco negro invadira o local do seu estômago. Sabia que a hora do jantar já havia passado a tempo. Que sua vó já havia ido dormir, mas conhecia a velha senhora, sabia que ela sempre deixava um prato feito no microondas.

Amanhã seria o primeiro dia na escola nova, a ansiedade gritava em seu peito, estava com medo, já estudaram nos EUA e não gostara nem um pouco, não era o seu estilo. Uniformes demonstravam padronização, as matérias eram mais puxadas. Parecia um regime semi-militar comparado às líderes de torcida quase nuas.

Subiu as escadas novamente, foi até o banheiro e tomou uma longa ducha, secou os cabelos com cuidado e foi até o quarto enrolada na toalha felpuda. Acendeu a luz e caminhou até a cômoda que ficava em baixo da janela. Quando a voz grossa invadiu os seus ouvidos sem ao menos pedir licença:

­- Ei ruiva, que tal você tirar essa toalha e vir fazer a festa na minha cama? - quando levantou os olhos a única coisa que conseguiu ver antes gritar que nem uma louca foi um belo par de olhos cinza. Enquanto isso do outro lado da janela havia um garoto com os cabelos negros grossos e longos, que mordiscava o lábio e tentava reduzir a distância de meio metro.

- Quem. Diabos. É. Você? - foi o máximo que Lily Evans conseguiu falar enquanto segurava a toalha com força em torno do próprio corpo. Seus olhos estavam arregalados, quase sentia o coração sair de seu próprio corpo. Estava vermelha, tinha certeza que as bochechas coravam.

- Sirius Black. Eu diria que é um prazer conhecê-la, mas, prazer só na minha cama mesmo - O moreno disse enquanto piscava com um olho e umedecia os lábios com a língua. Aquilo era o fim. Fechou a cortina com força e logo após a janela, trancando-a, para evitar qualquer visita inesperada no meio da noite.

Enquanto isso, do outro lado do pequeno gramado com uma frágil cerca branca que separava os sobrados, Sirius Black ria da própria noite. Jogou-se na cama de James Potter enquanto via o amigo tentar esconder a discussão com a namorada no banheiro.

Nunca namoraria, nunca se apaixonaria e muito menos nunca se casaria. Era um lobo solitário que ás vezes gostava de uivar em dupla, um conquistador nato e barato, mas com um charme tão invejável que ninguém em sã consciência resistiria. Afinal, era Sirius Black e aquela ruiva de toalha ainda ouviria muito dele, isso ele tinha certeza.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem ♥