Pov. Kyle

— Está de TPM, querida? — pergunto à Holly, que está sentada emburrada ao meu lado.

Ela me olha feio.

— Não sou sua querida! Aliás, era sobre isso mesmo que eu queria falar, está tudo terminado! — ela grita, se levantando.

— Você está terminando comigo? Não pode terminar comigo, eu é que termino com as garotas! — digo, também me levantando.

— Deixe de ser um bebê chorão e aceite que não há mais nada entre nós — Holly responde. — Eu não preciso mais de você.

Ela sai andando pelo refeitório até sumir da minha vista, os outros alunos olham para mim curiosos.

— Não tem mais nada para fazer, não?

(https://www.youtube.com/watch?v=2OIRvrgm_wU)

Esse foi o namoro mais longo da minha vida, três meses. Também foi a primeira vez que eu realmente fiquei apaixonado. Droga! No começo era só uma aposta, sexo, mas depois começou a ficar mais sério, comecei a sentir algo por ela. Bosta! Por que tive que me apaixonar?

Saio empurrando todos no corredor, trancando quem se atreve a falar comigo no armário, todas aquelas coisas que só o velho Kyle faria.

— Hey, cara, também levou um fora? — Samwell pergunta. Seguro meu impulso de empurrá-lo, mas a palavra também me segura. — Sim, a Lucy terminou comigo porque eu nunca a beijei.

— Espera ai, vocês ainda não transaram? — pergunto.

— Nem beijo cara! — responde Samwell. — Vou lhe contar um segredo, só porque vejo que você está mal e não vai poder me zuar. Eu nunca beijei ninguém, nenhuma das garotas, nunca!

Rio da cara dele.

— Então você me enganou esse tempo todo? Aquelas apostas, você me deve uma grana preta e as humilhações do perdedor — digo.

— Quer ir ao Starbucks invés de ir ao clube do coral encarar nossas ex’s? — ele me convida.

— To dentro! Ouvi falar que agora eles tem bebidas alcoólicas — respondo. —, mas antes vou passar no meu armário, pode ir na frente que eu te alcanço.

Samwell aceita e me deixa sozinho, neste momento Katherine se aproxima.

— Eu sei porquê Holly terminou com você do nada — ela diz. — Holly me conta tudo.

— Então desembucha.

— Ela descobriu que você é um alienígena — conta Kath. Bem que eu desconfiava que não fosse nada sério. — Mas também tem a ver com os pais dela terem descoberto sobre a gravidez de Halley, que por sua vez, fugiu de casa e não veio para a escola hoje.

Acho que essa é a primeira vez que Katherine diz algo que faz sentido. Então o problema não sou eu, e sim ela.

— Eu tenho que ir — despeço-me e vou atrás de Samwell.

Pov. Katherine

Tentei contar nos dedos de minha mão quantos namorados já tive esse ano, mas meus dedos acabaram. Ninguém gosta de mim, todos me chamam de burra e eu estou cansada disso.

— Onde estão Halley, Holly, Kyle e Samwell? — pergunta Jay, enquanto eu espio pela porta.

— A Halley faltou hoje — informa Matt, meio triste.

— O Sammy deve estar chateado porque nós terminamos — diz Lucy em um tom arrogante.

— Holly e Kyle terminaram também — conta a menina francesa que eu não sei o nome.

— Droga! Bem agora, com uma semana para as seletivas, se algum deles desistir, não teremos como participar — reclama Jay.

— Eu quero entrar para o Glee — digo, entrando na sala. — Vou cantar uma música que me representa.

(https://www.youtube.com/watch?v=E80kYswNxSE)

— Parabéns, você está dentro, pode se sentar.

— Dentro do quê? — pergunto confusa.

— Você vai fazer parte do Glee — explica Jay.

— Ah, tá — digo, me sentando.

— Ok, vamos aprender as músicas para as seletivas.

No meio da música, alguém recebe uma mensagem e ouvimos o som alto do alarme. Matt pega o celular e faz cara de preocupado.

— Halley está no hospital!

Pov. Halley

Dói. Dói saber que além de perder minha vida, ainda vou perdê-lo. Perdi meu corpo, minha família, meu futuro, mas não posso perder Matt também, ele é tudo o que me resta.

Palavras simplesmente saem, mesmo que não seja nossa intenção, elas machucam. Hoje de manhã, quando Matt me ligou, as palavras saíram mais ou menos assim:

— Por que não veio à escola? Aconteceu alguma coisa? Você e o bebê, digo, os bebês, estão bem?

Expliquei para ele tudo o que tinha acontecido e que estava na casa de Quinn.

— Não é justo com sua família, eles compreenderam bem o que aconteceu, você não precisava ter saído de casa — diz Matt.

— Sabe o que não é justo? Nós dois termos a mesma parcela de culpa, mas eu que sofro as consequências, eu que fico gorda, eu sou julgada pela sociedade, pela minha família. Eu que vou ter que abandonar meus sonhos, eu que vou sentir as dores do parto e eu que vou ter que cuidar dos bebês. Isso não é justo! — quando termino de falar, desligo o telefone com força e logo me sinto culpada.

Matt vem me ajudando de todas as maneiras possíveis, claro que eu que sou a grávida, mas isso não é culpa dele, malditos hormônios, eu não era assim!

O telefone toca novamente, mas para antes do segundo toque, olho para o lado e vejo que Quinn o desconectou.

— Precisamos conversar — diz Quinn, puxando-me para um dos sofás. — Eu lhe admiro muito por estar considerando ficar com dois bebês, eu nem pensei em ficar com a Beth, mas queria saber como você pretende fazer isso, sabe, eu não iria ter conseguido me formar em Yale se eu tivesse a Beth.

Penso no assunto. Acho que não vou aguentar deixar meus filhos em um orfanato, parece crueldade. Se fosse um bebê só, eu ficaria com certeza, mas agora que são dois, eu não faço a mínima ideia do que fazer.

— Meus filhos vêm em primeiro lugar, depois meus planos, sei que em último caso posso trabalhar na empresa do meu pai ou na escola de dança da minha mãe — respondo.

— Entendo, mas você tem que pensar que deixará sua adolescência para trás se resolver ficar com eles — diz Quinn.

Sento uma dor em minha barriga, a princípio ignoro, depois ela vai ficando cada vez mais forte.

— Quinn...