'Você vai casar!' Cragen disse com surpresa enquanto segurava a mão de Olivia, por cima da mesa, com o lindo anel de noivado que Hank havia lhe dado.

'E você quer que eu entre com você na Igreja?'

'Sim.' Olivia sorriu-lhe timidamente e bebericou do seu café, ela ainda não acreditava que um dia sua vida iria dar uma reviravolta tão grande.

'Eu estou feliz que você encontrou alguém.' Don bebericou o seu próprio café também, dando-lhe um aperto na mão.

'Eu também.' Olivia sorriu e deixou-se devagar. 'Ele é bruto às vezes e estressado e apressado também mas ele é um ótimo homem e um ótimo pai.'

'E você o ama!' Ele não fez uma pergunta, ele não insinuou, ele apenas afirmou! A cara de boba apaixonada de Olivia não negava o quanto ela amava aquele homem.

'Sim.' Ela sorriu timidamente e suas bochechas automaticamente ficaram vermelhas.

'Você vai ter filhos com ele?' Era uma pergunta simples, sobre o futuro, mas que ela não

'O quê?' Ela cuspiu o líquido quente pra fora de sua boca. 'Nós vamos ter uma conversa papai e filhinha a essa altura do campeonato?' Eles sorriram. 'Eu quero e eu tenho Noah, ele cuida e ama como se fosse dele e Meredith que me chama de Tia Livvie e ela é tão fofa, você tem que conhecer ela. Tem também Erin já é uma mulher adulta mas ele ainda a trata como se ela ainda tivesse 15 anos e Justin eu ainda não conheci porque ele está no exército mas sei que ele deve ser bem educado também. Eu já tenho filhos com ele, e eu quero mais mas eu estou ficando velha.' Ela deu-lhe um sorriso brincalhão que logo sumiu quando ela disse tão baixo que ela mesma mal podia se escutar. 'E eu não quero passar pela mesma coisa da outra vez.'

'Outra vez?' Mas Cragen ouviu, e ele tinha que fazer perguntas.
Ela suspirou e começou a rodar o anel em sua mão em um claro sinal de fraqueza e nervosismo.

'Eu estive grávida, sim. Eu não sabia disso então eu fui resolver um caso e no meio disso eu acabei levando um tiro e perdi o meu bebê.'

'Eu sinto muito!' Cragen puxou sua cadeira até a dela e tentou lhe consolar e desculpar-se pela pergunta, ele só estava eufórico demais naquele momento, se alguém lhe dissesse que Olivia Benson iria casar, ele claramente iria rir até ficar com dor de barriga mas agora estava ela, ali bem na sua frente lhe contando as histórias boas e ruins sobre o seu amor.

'Foi a pior noite da minha vida, não tem um dia sequer que eu não reze pelo bebê.' Uma lágrima solitária escorreu pelo seu olho direito e ela passou a mão para limpar.

'Venha aqui.' Ele puxou ela até a sala onde sentou-se e ela pôde esticar seu corpo cansado pelo sofá e encostou a cabeça no colo do homem mais velho.

'Você sabe que você pode vir conversar comigo sobre qualquer coisa, porque você não veio?'

'Eu estava ocupada demais culpando a mim mesma.'

'Não é sua culpa.'

'Eu já perdi as contas de quantas vezes eu ouvi isso.' Ela fungou e sentou-se no sofá, encarando o seu antigo chefe. 'Nós podemos mudar de assunto? Por favor.'

'Ok. Vamos falar sobre quando você casar, onde você vai morar? Porque vocês não podem viver toda a vida viajando pra cima e pra baixo pra ver o outro.'

'Certo, eu não sei e não conversamos sobre isso.' Olivia respondeu-lhe e honestamente ela não fazia a mínima ideia do que iria fazer. Era um problema a mais para colocar em sua lista para que pudesse resolver. 'Mas eu acho que vou ter que ir pra Chicago, visto que Hank ainda tem que cumprir sua pena lá.' Ela deixou escapar e pragejou-se rapidamente. Merda, Olivia. Que boca grande que você tem.

'O que?' Cragen quase deu um pulo do sofá, com a mão no peito ele ousou lhe perguntar: 'Olivia, com quem você foi se meter?'

'Digamos que ele era um policial corrupto.' Ela fez uma careta fofa que ele seria capaz de notar se não fosse o grande fato de que o noivo de Olivia era um ex-atual-presidiário.

'Ele era? Olivia...' Ele tentou dizer mas ela interrompeu-o.

'Sim, ele era. Mas ele é diferente agora, ele mudou, todo mundo muda.'

'Ele não é homem pra você, eu não gosto mais dele, cancele o casamento.'

'Sério Papai?' A ironia vazando entre os dentes e ela sorriu. 'Eu não posso cancelar o que ainda não foi marcado, e fique tranquilo porque você vai gostar dele e você vai se julgar muito por isso. E além do mais você está sendo preconceituoso.'

'Ok, desculpe.'

'Cadê a sua namorada?' Ela tentou mudar de assunto.

'Ela saiu com algumas amigas.' Ele respondeu-lhe. 'E desde quando você usa a palavra 'namorada' comigo? Eu achei que pessoas velhas não namoravam.'

'Oh, eu namorei.'

'Eca! Você não é velha.'

'Digamos que eu seja mais velha que a Britney e mais nova que a Madonna.' Eles sorriram alto antes que o telefone de Olivia tocasse, o toque diferente denunciava aos seus ouvidos que era uma pessoa especial que ligava. Ela tomou o telefone em mãos e deslizou a tela pra atender.

'Oi, Olivia?' A voz do outro lado não era a de Hank, porque Erin estava ligando do celular dele e não do seu próprio?

'Oi, Erin. Aconteceu alguma coisa?'

'Sim, eu preciso que você venha para cá agora.'

'O que realmente aconteceu, Erin?'

'Meredith sumiu.'

'O QUÊ?'
xXx

Era terça-feira e ela deveria estar animada para a escola, visto que todas as terças ela teria aula com Julie, a melhor professora que ela tinha. Mas ela não sentia nem um pingo de vontade de ir a escola hoje. Julie era sempre gentil e deixava os alunos brincarem depois da aula e quase nunca passava dever de casa, o que era bom, muito bom! Meredith odiava dever de casa, ela odiava ter que se sentar depois do jantar e ter que calcular coisas que ela nunca iria usar na vida, ela odiava ter que estudar ao invés de brincar. Não era isso que as crianças deveriam fazer sempre e a qualquer momento? Brincar, brincar, brincar até cansar e desmaiar em qualquer lugar da sala enquanto o papai a pegava no braço e a levava pra sua cama. Na sua humilde e pequena opinião, a escola não servia para nada mas seu pai discordava. 'Você tem que ir para a escola para aprender sobre várias coisas.' ele sempre lhe disse aquilo mas a única coisa que ela gostava da escola até agora era das tias da limpeza, dos amiguinhos que fez, e claro, das professoras Julie e Maria.

Meredith remexeu-se no assento do carro, ela estava atribuindo a sua falta de ar pelo o cinto de segurança apertando-lhe o ombro e a barriga mas ela sabia que não era exatamente assim. A menina estava com uma sensação estranha e ela não queria distanciar-se do seu pai nesse momento, ela só queria estar em casa deitada no sofá da sala, comendo pipoca e assistindo Mulan pela milésima vez.

A menina de oito anos pulou para fora do carro quando seu pai parou em frente a escola, ele desceu do carro e ficou do lado dela e deu-lhe a mão para ela agarrar mas ela não agarrou. Ela não iria. Ela estava perdida demais em seus pensamentos para poder ver a mão estendida ao seu lado.

'O que está acontecendo?' Hank perguntou quando percebeu o choro que se formava nos pequenos olhos da menina.

'Eu não quero ir.'

'Meredith, você nunca quer ir.' Ele respondeu passando as mãos nos cachos da menina. 'Eu prometo que deixo você comer sorvete depois do jantar.' Hank sabia que não deveria negociar nada com Meredith, ela era esperta o suficiente para manipular o seu pai a fazer suas vontades.

'Tudo bem.' A menina não pareceu se animar com o que Hank estava lhe oferecendo mas aceitou-o, pegou a mochila e entrou na escola normalmente.

...

Estava na hora do recreio, Meredith sentou-se próximo ao balanço. Ela não quis comer e por isso deu seu lanche a sua nova amiguinha, Skye. A amiguinha sentou-se ao seu lado e comeu o seu próprio lanche e o da sua amiga, talvez Meredith poderia se identificar com Skye apesar de que o passado de Skye era pior do que o dela, mas as duas cresceram sem tomar conhecimento de onde realmente vieram. Skye era filha adotiva e Meredith, apesar de não ser adotada, viveu a maior parte da sua vida como Skye: sonhando em conhecer o seu verdadeiro pai.

'Você tem certeza que não vai comer? Mamãe diz que se eu não comer nada durante o dia todo a minha pressão pode abaixar e eu posso desmaiar. Eu não sei onde fica essa pressão mas eu como para me preven...' Skye estava divagando de novo e Meredith não estava com paciência então ligeiramente cortou a fala da sua amiga.

'Eu não vou comer.' Disse, decidida.

'Você deveria.'

'Não.'

'Oh, minha querida filhinha. Você deveria escutar mais os seus amigos.' Mamãe! Michelle estava na frente dela e ela deveria fazer alguma coisa, ela não queria voltar para o inferno que sua vida era antes. Agora já faziam quase 2 meses com Hank e tudo estava bem. Até hoje... Ela sabia que aquela sensção estranha era o aviso de que algo ruim iria acontecer, ela só não sabia que iria acontecer com ela.

'Mãe? O que você está fazendo aqui?' Meredith deu vários passos pra trás até que bateu suas costas no ferro do escorrego e teve que parar. Sua mãe cada vez mais se aproximando dela e ela podia sentir o ar esvaindo dos seus pulmões.

'Eu vim buscar o que é meu.' A mulher mais velha com traços latinos puxou a menina pelo braço, Meredith ameaçou gritar mas rapidamente a mulher colocou o pano sobre o rosto da criança e ela se sentiu tonta, o mundo começou a girar mais rápido até que tudo ficou embaçado e depois ficou preto.

Skye continuava assustada de modo que ela mal conseguia falar e respirar, ela sequer se mexeu durante todo o processo maldoso que Michelle estava fazendo. A pequena menina sentia seus olhos encherem-se de lágrimas com medo do que poderia acontecer com sua amiga e com ela mesma. Michelle aproximou-se dela e ela sentiu como se o mundo estivesse cavando um buraco aos seus pés. 'Diga para Olivia que se ela não pode ter os seus próprios filhos, ela não tem o direito de pegar o filho dos outros. E diga para Hank que eu sinto saudades. Tchau, garotinha. Espero que você curta o trauma que eu lhe dei, mas veja bem, pelo menos você vai ter histórias legais para contar aos seus filhos.' A risada da mulher era bastante assustadora e ela parecia uma louca, Skye queria mover suas pernas e correr para longe mas ela não podia. A única coisa que Skye, enquanto via Michelle distanciar-se com Meredith desmaiada em seus braços, entendia naquele momento era de que Michelle era louca e que deveria contar pra alguém que ela estava levando Meredith para longe.

xXx

'Eu estou indo agora.' Olivia disse e desligou o celular, as lágrimas ameaçando escorrer por seus olhos. Ela não poderia se desesperar, não podia...

'O que aconteceu?' Cragen perguntou.

'Meredith sumiu. Eu tenho que ir.' Ela pegou sua bolsa e saiu quase correndo.