Immortal Star escrita por Sandaishiro


Capítulo 16
Guerra em menor escala - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Começa um evento que mudaria o mundo para sempre.



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Eu não sei você... Mas essa batalha foi uma das mais empolgantes que eu pude testemunhar daquele Torneio. Os dois membros da Immortal Star conseguiram empatar com a melhor dupla de combate já conhecida do mundo. Isso era algo que ficaria para a história deles e seria lembrado como um grande feito mais tarde. Foi naquela luta também que podemos perceber os poderes latentes de Mulkior e de Kula.

Mas não se desempolgue ainda. Aquele era só uma breve "demonstração" do que eles eram realmente capazes. "Eles podem ficar mais fortes do que aquilo?" você pergunta? Hahaha! Você vai se surpreender logo.

Mas como eu disse, nem tudo naquela época eram rosas. O Torneio ia conforme o planejado, mantendo os horários rígidos e a equipe médica trabalhando sem parar. Só até aquele dia, eles já tinham batidos vários recordes pessoais e havia mais gente animada para trabalhar do que para ir lá assistir.

Mas havia um grande problema preste a acontecer. E não, não tinha muito a ver com o Coliseu. Mas mexeu com a cidade inteira e foi o verdadeiro estopim para o povo começar a desconfiar de algumas certas decisões do Reino. Se prepare para ouvir sobre algo que começou pequeno e cresceu em uma escala mundial em torno de uma hora.

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Já passava de meio dia e o calor estava de matar. A cidade de Riven não parava nunca para nada, e naquela temperatura, as lojas que vendiam sorvetes ou coisas congeladas estavam tendo uma boa quantidade de clientela.

Havia uma comoção no Castelo Real da maior Capital do mundo. Não que isso fosse lá grande novidade. Aquele lugar sempre era cheio de pessoas correndo para lá e pra cá. Soldados nunca paravam de fazer rondas, empregadas nunca paravam de atender seus senhores, faxineiros nunca paravam de lavar cada centímetro do chão e das paredes do local.

E por mais incrível que pareça, aquele caos conseguia ficar PIOR quando eram realizadas as grandes festas reais. Para todos os empregados, aquilo virava um Inferno. Os cozinheiros quase morriam por falta de forças de tanto correrem e mexerem nos caldeirões. Os lavadores de pratos saiam com as mãos cortadas e cheias de bolhas, já que eles tinham que fazer tudo na pressa.

Tudo era feito na pressa, na verdade. Não existia coisa pior do que deixar um nobre esperando. Era mais fácil você chegar em um General de um exército, dar-lhe um tapa na cara e declarar guerra do que fazer um Nobre da Alta Realeza querer te dar um sermão. Sério, você se machucaria menos com a guerra.

Nesse dia, era assim que todos os empregados do castelo estavam se sentindo. Mas não havia nenhuma festa. Muito pelo contrário. O que estava tendo no Grande Salão Real era uma reunião séria, e todos os convidados estavam com uma cara de medo, como se estivessem esperando um Juiz declarar se eles morreriam por enforcamento ou como comida para os tubarões.

Também não era de se espantar. Todos os presentes ali receberam um chamado urgente vindo diretamente do Rei, o grande Senhor de todas aquelas terras gigantescas, para que estivessem no castelo exatamente naquela hora, e que não seria tolerado atrasos e muito menos faltas. Não foi dito o motivo do chamado. Era exatamente isso que estava fazendo os nobres tremerem como vara verde.

Alguns Senhores Feudais chegaram a receber o aviso diretamente de um membro da Guarda Real, um dia antes de hoje. É preciso admitir que ver um cara desses ir bater na sua porta faria você se arrepender de um dia ter feito qualquer coisa ruim na sua vida, inclusive aquela pedra que você atirou sem querer na janela do vizinho.

Não eram só os nobres menores e donos de terras que estavam marcando presença no Salão. Haviam pessoas muito mais importantes que estavam ali, bebendo um doce vinho confortavelmente, como se já soubessem que eles eram os tais vizinhos que tiveram a janela quebrada. Nenhum deles parecia estar com medo de algo, o que dava impressão que eles eram os únicos que sabiam ou que faziam ideia do porque foram chamados ali. Ou pelo menos, eles não sabiam, mas tinham um "status" tão alto, que nem se importavam.

O mais engraçado era ver como era fácil de identificar um desses nobres. Eles eram mais gordos e com muito mais cristais ao redor do corpo, para poderem mostrar o tamanho de sua riqueza ou ganância. Ricos esnobes, como todos os nobres sempre foram.

E pela roupa, também era possível identificar pessoas que não eram nobres, mas faziam parte do Conselho Real do Reino. Esses eram os conselheiros diretos do Rei e os Generais do Exército Real. Haviam três deles ali e eram as únicas pessoas que carregavam armas consigo.

Era estritamente proibido que QUALQUER pessoa adentrasse o Salão Real com qualquer arma. Antes de entrar, todas as pessoas passavam por uma dura vistoria, para maior cuidado do próprio Rei. Nem mesmo aqueles ricos engraçadinhos se safavam dessa.

Os Generais eram as únicas pessoas que não se incluíam nesse quesito. Eles tinham passe livre pra usarem suas armaduras e armas em qualquer lugar da cidade. Não era pra menos. Eles eram os "escudos" que guardavam a paz de todo o reino.

Mesmo que muitos estavam acuados, eles ainda conversavam uns com os outros para diminuir a tensão que sentiam. Eram quase todos conhecidos uns dos outros, já que eles sempre se viam nas grandes reuniões ou grandes festas.

O barulho das falas só foi encerrado quando a porta dupla no canto superior direito do Salão foi aberto escandalosamente. Todos engoliram saliva ao mesmo tempo. Era por ali que vinha o Rei. O soberano. Aquele com um poder tão inimaginável que até suas palavras tinham poder mais grandioso do que as lâminas de seu próprio exército.

Seu nome era Julius Ferdinand Di Solter XII. Ele era provavelmente o rei com mais tempo em cargo da história desse reino. Ele não estava tão velho quanto parecia, com apenas cinquenta e nove anos. Mas algo tinha feito com que sua aparência fosse morrendo aos poucos, o deixando com uma face mais enrugada e com cabelos totalmente brancos.

Todos sabiam que o Rei sempre foi uma pessoa que lutava diariamente contra o estresse acumulado, principalmente nesses últimos meses. Sem uma esposa para lhe dar apoio e com seu único filho e herdeiro estando de cama, com uma doença mortífera e incurável, sua sanidade estava caindo a cada dia que passava. Por mais que ele parecesse ranzinza, ele continuava sendo um pai terrivelmente preocupado. Nesses dois últimos meses, que foi o tempo que seu filho esteve de cama, o Rei passou mais tempo no quarto do garoto adoecido no que em sua própria cama ou até mesmo no Trono.

A força de sua vida só era demonstrada quando ele precisava se apresentar ao público. Parecia outra pessoa. Sua voz ficava mais grossa e sua memória nunca falhava.

Julius, vestindo sua muito bem conhecida vestimenta real vermelha com preto e sua rica coroa esculpida em rubi, andou medianamente até seu trono, que ficava no alto meio do Salão. Antes mesmo de se sentar, todos os membros e convidados começaram a se arrumar.

Os conselheiros se dirigiram para trás do trono, tomando seus já conhecidos lugares. Os três generais tomaram a dianteira e ficaram do lado esquerdo do trono, em fila. Os nobres das Famílias Reais ficaram mais à frente do trono, mas não passando da linha que era marcada com o grande e longo tapete vermelho que corria de uma ponta a outra do Salão. O resto do pessoal ficou atrás desses nobres, espalhados aleatoriamente pelo local.

Quando o Rei se sentou em seu devido lugar, os três generais bateram continência, demonstrando seu respeito pelo seu Senhor. Foi para eles que o rei olhou primeiro.

— Minha visão está me enganando. Eu não vejo um de meus Generais aqui presente. — disse Lorde Julius, com sua já conhecida voz relampejante. Mesmo não tendo lhe dirigido a voz, muitas pessoas tiveram um ataque espontâneo de suor.

— Senhor! — disse Arian Kalask, o General mais alto entre os três. Arian era conhecido como o "Grande General do Oeste", não só por sua altura, mas sim, por sua competência em levar suas tropas sempre para uma vitória com o menor número de baixas possível. O alto homem saiu da linha dos generais e se dirigiu até a frente do trono, se ajoelhando perante o Rei. — O General Berul não poderá estar presente nessa Reunião devido ao início dos conflitos em Semangard.

— Então ele foi mesmo obrigado a tomar uma posição defensiva. — disse o Rei, fechando os olhos e abaixando levemente a cabeça. Era claro para todos que o lorde não tinha gostado de ouvir aquilo, mas era por total preocupação com seus homens que estariam no campo de batalha arriscando suas vidas. Julius era uma pessoa rigorosa, como já dito, mas se preocupava com seu povo tanto quanto sua família.

Arian se levantou e bateu continência mais uma vez, voltando ao seu lugar de origem. Houve um mortal silêncio enquanto o rei engolia a nova informação. Ele já estava cansado demais de tudo aquilo. De uns tempos para cá, o sul e o leste estavam bem movimentados. Perigosos. Reinos declarando guerra e roubos de terras tinham tirado muito do sono de descanso das tropas de seu exército.

Ele levantou a cabeça lentamente, olhando para todos os nobres reunidos. Ele percebeu o medo estampado na face de muitos deles. "Fracos", pensou o lorde. Eles não tinham o que temer, mas estavam ali tremendo de medo de algo que nem existia. Julius odiava aquilo mais do que seus próprios inimigos.

O cansaço lhe bateu novamente. Ele não tinha dormido direito nos últimos três dias e isso estava fazendo sua cabeça entrar em colapso. Quanto tempo mais ele conseguiria ficar são? Uma hora? Talvez menos. Ele precisava acabar com aquilo. Ele mesmo chamou toda aquela gente e pediu urgência. Havia realmente algo muito importante a ser dito.

— Eu vou ser breve. — começou o rei, fazendo todas as pessoas presentes se enrijecerem e aumentarem sua percepção auditiva. — Todos aqui sabem que o Herdeiro Real de Riven, ou seja, meu único e amado filho... — nesse momento, todos no Salão ficaram de olhos arregalados, pois o Rei tinha começado a derramar lágrimas. — Meu amado filho estava muito doente. Tentamos de tudo para curá-lo. Curandeiros das mais distantes vilas. Magias e rituais que nem eu gostei de ver sendo praticado em solo sagrado do meu reino. TUDO! — Julius bateu com a mão no braço do trono, fazendo algumas pessoas darem um salto com o susto. A voz do Senhor tinha diminuído de intensidade. Os conselheiros estavam todos de cabeça baixa e os Generais eram os únicos que mantinham sua posição ereta e disciplinar. Isso não quer dizer que eles não eram tocados pelas palavras de seu Rei. — Mas foi me provado de que a doença de meu filho era incurável.

Esse foi um dos momentos de maior terror que já se passou por aquele lugar. Uns chegaram a dar um passo para trás. Até mesmo os nobres da realeza de Riven, que estavam mais à frente, mudaram a expressão em seus rostos quando prestaram atenção nas palavras de seu Rei. O discurso do lorde era tocante, mas uma só palavra que ele disse tinha feito toda a diferença. A palavra "era".

— Membros da nossa alta sociedade. Amigos queridos. Líderes das Famílias Reais. Meus conselheiros. Meus mais bravos Generais. — o Rei fez uma pausa para se levantar do trono. — Eu aqui, lhes comunico que meu filho faleceu ontem a noite, exatamente as dez da noite, em sua cama não aguentando mais a doença. — foi por puro respeito que o silêncio das pessoas teve continuidade, porque o que eles realmente queriam fazer era gritar de desespero. Nem todos, claro. Em alguns, uma certa "ideia" surgiu, mas ela precisava ser disfarçada agora. — Meu filho se provou digno de ter meu sangue. Ele aguentou terríveis sessenta dias tendo que enfrentar dores e desmaios. Todos os dias acordar gritando e dormir gritando. Ele lutou até o fim, esperando com que eu encontrasse um jeito de curá-lo. Mas eu falhei. — Julius levou a mão até sua coroa e a retirou da cabeça, como se fosse um chapéu suado. — Que tipo de Rei eu sou? Eu não consegui nem salvar uma pessoa! Como eu conseguiria salvar um reino inteiro? Eu sou um fracasso como Pai e não deveria estar aqui, sentado nesse trono!

As palavras do lorde entravam na mente das pessoas como facas recém afiadas. Inclusive alguns estavam acompanhando o choro silencioso do rei, e limpavam as lágrimas com seus lenços de seda.

Arian se virou e pretendia ir até o lado do rei com a intenção de confortá-lo. Mas foi parado por alguém lhe segurando o ombro. Virou a cabeça e encontrou com o rosto sereno de seu amigo Raziel, o General do Leste. Raziel balançou a cabeça negativamente, dizendo só com aquela ação de que era inútil falar qualquer coisa para o Rei naquele momento.

Os dois voltaram aos seus lugares e mantiveram a posição ereta. Eles eram os Generais do Reino. Eram as pessoas que mantinham a ordem e a paz dentro de cada muro e de cada casa. Logo, eles não poderiam demonstrar qualquer hesitação ou fraqueza perante tantos rostos importantes ali naquele Salão.

Raziel sabia bem que existia outro motivo para todas aquelas pessoas terem sido chamadas, e era exatamente isso que ele mais temia. Por algum motivo, ele já estava prevendo um certo caos surgindo daquela reunião.

— Eu estou oficialmente abandonando o trono. — disse Julius, colocando a coroa em cima do trono. Mais uma vez, todas as pessoas presentes mudaram suas expressões para a de mais puro terror. — Essa reunião servirá para discutimos a Família que tomará conta do Reino de agora em diante. Espero que consigamos chegar em uma solução pacifica e que o novo Rei ganhe todo o respeito que vocês tem por mim. — ele se virou e começou a andar em direção à porta por onde tinha entrado primeiramente. — Eu só lhes peço uns minutos de espera, pois eu irei retomar o alívio de minha mente. Ah sim... O enterro de meu filho será feito amanhã de manhã. Se possível, eu gostaria que todos os presentes aqui fossem dar um último adeus a ele. E... Orxan!

— Sim, Vossa Majestade? — disse um dos Conselheiros Reais. O homem baixo se dirigiu rapidamente à frente do rei, baixando a cabeça e esperando uma óbvia ordem.

— Diga aos empregados para servirem a comida para nossos convidados imediatamente. Eu irei me ausentar por alguns instantes e logo estarei de volta para me juntar à mesa com todos.

O conselheiro confirmou a ordem só dando um rápido afirmo com a cabeça e já disparou para o outro lado do salão, sumindo da vista de todos. Assim fez o Rei, que se virou uma última vez para os convidados, que deram um breve aceno de mão para ele. Julius se retirou do salão não sendo acompanhado por ninguém e foi para os aposentos reais.

O clima que sua saída causou tinha sido quase incontrolável. Todos os convidados começaram a andarilhar para lá e para cá, sem rumo, com as mãos na cabeça. Outros se juntaram em pequenos grupos e começaram a discutir entre si. O assunto não poderia ser outro.

Os três Generais permaneceram no mesmo lugar, tirando o peso dos ombros. Tinha sido um choque para os três. Saber da saída de uma pessoa tão boa quanto ele era desmotivador. Seria muito mais difícil para eles do que para qualquer outra pessoa naquela sala, pois os três seriam obrigados a responderem as ordens de alguém que talvez não confiassem tanto assim.

Mas não havia alternativas. Era o trabalho deles. Não importava quem iria assumir o trono, pois esse alguém iria querer manter a paz de seu povo e continuar fazendo o reino crescer ainda mais. Pelo menos era assim que os reais combatentes esperavam que seu novo Lorde fosse.

— Caralho...

A palavra saiu em um tom bem baixo, mas foi ouvida pelos dois outros companheiros do ninja. Shiro estava naquele Salão, mas não ali junto com a multidão, claro. Ele, Kuro e Ravidel estavam em uma das sacadas internas no alto do Salão, escondidos atrás das grandes e grossas cortinas vermelhas que fechavam o local.

A entrada deles ali era obviamente clandestina. A missão que tinha sido passada para Shiro tinha sido quase suicida. Invadir o Castelo Real de Riven era algo que ninguém no mundo já tinha feito. Bom, já houveram tentativas, claro. Mas nenhum sucesso. Até hoje.

Os três ali presentes eram considerados os Tops em suas áreas, e cada um trabalhava em uma seção diferente da White Lotus. Kuro Satsukoi era da filial da Guilda que ficava no extremo sudoeste. Ela era uma ninja como o parceiro boca suja, mas diferente de Shiro, ela não tinha um Título Único. Isso não queria dizer que ela não era habilidosa. Muito pelo contrário, suas perícias com as nodachis duplas e sua ampla variedade de golpes assassinos tinham feito dela a Líder do Esquadrão de Investigação daquele setor.

No momento, ela usava uma clássica máscara ninja para tampar a cara, mas seu rosto demonstrava uma beleza quase rara. E ao contrário de seu parceiro, Kuro se vestia com um conjunto totalmente e absolutamente negro, fazendo ela conseguir se camuflar facilmente na escuridão.

E que por falar em vestimenta, Shiro também usava sua roupa de invasão da cor negra. Ele não era burro o suficiente pra adentrar o lugar mais perigoso do mundo vestido com algo que faria até mesmo um míope o notar.

O outro membro do trio era Ravidel Gentruk, e diferente de seus dois colegas, ele não era um ninja. Suas habilidades de combate não eram tão grandiosas quanto as dos outros dois, mas no quesito "invasão", ele não poderia ser comparado.

Ravidel era um Espião, e um dos bons. Ele também era líder do Esquadrão de Espionagem e Investigação da filial do norte da White Lotus, e por aquelas bandas, ele era temido como o "Agente Secreto Cinza" devido à sua habilidade especial.

Três elites reunidos em uma só missão. É claro que poderia se esperar grandes sucessos deles, mas pedir para invadir o lugar mais bem protegido do Reino para saber de uma tal reunião importante tinha sido demais.

Só pra começar, a invasão tomou exatas oito horas de planejamento. Eles precisariam entrar rápido e sair rápido. Ser flagrado não era uma opção válida. O que aconteceria a uma Guilda se um de seus membros fosse pego invadindo o Castelo? Só pensar nisso dava calafrios em White. Mas a missão precisaria ser feita, independente do perigo. Foi por isso que eles foram instruídos a não levarem o símbolo da Guilda em suas roupas.

Os três, depois de planejarem tudo, tiveram sérios problemas só para conseguirem passar dos muros do local. Eles analisaram bem e concluíram que "pular por cima" era tecnicamente impossível. Foi preciso armar um disfarce para passar pelos portões, e por muita sorte, eles conseguiram ajuda de um velho conhecido que sempre levava frutas frescas para o castelo em sua velha e guerreira carroça. Os três se meteram debaixo das maçãs e laranjas e foram levados até a entrada dos fundos do Castelo, que era exclusiva dos cozinheiros e empregados que faziam limpeza.

Daí pra frente, suas habilidades de "invisibilidade" foram colocadas à prova. Shiro usou suas magias de entrar pelas sombras e foi avançando de sala em sala até chegar no segundo andar. Kuro se disfarçou como uma das empregadas que levava toalhas para os quartos e banheiros, enquanto Ravidel usou o seu charme e lábia para enganar uma das empregadas, fingindo que era um alto nobre e dizendo que estava perdido, já que era sua primeira vez no Castelo.

Foram de formas diferentes, mas todos os três conseguiram chegar em seu destino quase ao mesmo tempo, sem serem detectados ou levantarem qualquer suspeita. Um trabalho profissional.

— A morte do único herdeiro da Família Solter é uma notícia que iria abalar todos os Reinos envolvidos na Aliança. — disse Kuro, imitando a voz baixa de Shiro. — Não é por menos que essa Reunião trouxe tanto nobre de baixo e alto escalão.

— Vocês dois não estão entendendo o verdadeiro problema aqui. — disse Ravidel, agachado bem próximo a borda da sacada, olhando para o Salão por uma gretinha da cortina. — O filho dele morrer é uma coisa ruim sim, mas o fato mais problemático vai ser a coroação de um novo Rei. Esse reino é cheio de políticos que amam discordar com os outros políticos só pra provarem um ponto de vista. Imaginem o que acontece se eles começarem a discutir sobre quem deveria colocar a coroa?

— As coisas se tornariam perigosas e qualquer coisa mal falada poderia acabar dando início a um conflito interno. — respondeu Shiro, prontamente.

— Exatamente. — continuou o espião do grupo. — Agora considerem que as Tropas Reais estão todas longe daqui, pois em dois pontos específicos, no sul e no leste, estão acontecendo muitas batalhas e guerras civis. Isso deixa a cidade com apenas duas possíveis forças: as Tropas Estacionárias, que cuidam da cidade em si, e os Exércitos Pessoais das Famílias Reais. Entendem onde eu quero chegar?

— Você está querendo dizer que esses nobres das Famílias Reais poderiam usar suas tropas pessoais como um meio de amedrontar qualquer candidato à coroa, já que as Tropas Reais estão longe demais. — disse Kuro. Ela tinha sido curta e grossa, como sempre foi, mas naquela situação, todas as conversas deveriam ser feitas daquela maneira. Shiro, que estava do lado da mulher, tinha abaixado a cabeça para pensar. Ele não tinha levado isso que ela disse em consideração, então a preocupação começou a aumentar. Por sorte, Kuro tinha dito aquilo agora, pois daria tempo para o ninja bolar qualquer tipo de estratégia caso precisasse agir. Ele olhou para a companheira, que o encarou de volta. Como os dois estavam de máscaras, só os olhos se encontravam. Nenhum dos dois disse nada. Shiro piscou lentamente e engoliu saliva, quase dizendo algo totalmente fora de questão e absolutamente inapropriado para a ocasião. Era Kuro que fazia isso com ele. Tirava a concentração dele. Não era pra menos. Ele gostava dela há mais de um ano, mas nunca tinha dito nada pra ela. Principalmente porque os dois eram de seções diferentes e raramente se viam. Nunca tinha acontecido uma oportunidade boa para contar para ela.

— Sh! — fez Ravidel, colocando o dedo indicador na frente da boca, pedindo silêncio. Quando os dois ninjas olharam para ele, Ravidel apontou para os dois voltarem aos postos de observação. Assim eles fizeram.

O motivo para o espião estar tão alarmado era que a porta do alto à direita tinha voltado a se abrir, sendo claro para todos que o Rei havia retornado de seja lá onde tinha ido. Antes dele ter voltado, os empregados praticamente invadiram o Salão, montando as luxuosas mesas e servindo bebidas finas para os convidados, lhes dizendo que o almoço já estava pronto para ser servido.

Naquele ponto, eram poucos que mantinham a fome. A preocupação deles era tanta que já tinham se esquecido até de irem ao banheiro fazer suas necessidades.

Foi então que o futuro ex rei tinha retornado ao Salão. Ele não estava mais chorando e parecia que havia lavado o rosto. Tinha uma estatura mais ereta também. Sem contar com seu rosto mais fechado e sério. Aquilo não animou nenhum dos nobres amedrontados do local.

Julius acenou para um dos garçons que serviam vinho tinto e lhe pediu por uma taça cheia. O pedido foi atendido mais que imediatamente. Depois de beber meia taça em um só gole, ele se dirigiu até a frente de seu trono, mas não se sentou. Ele se virou para os convidados e levantou a taça, batendo com seu anel no vidro. Isso criou um silêncio instantâneo no Salão, e fez todas as pessoas se virarem para o lorde.

— Eu espero que vocês me desculpem, mas como essa Reunião será longa, as discussões políticas deverão ser feitas durante o almoço, sem interrupções.

— SENHOR!

— Sim... — Lorde Julius se virou para sua esquerda, vendo que quem tinha lhe dirigido a palavra era um de seus Generais. A pessoa andou vigorosamente até sua frente e se ajoelhou. — Diga Raziel.

— Perdão ter interrompido sua palavra, Majestade. — Raziel olhou para cima, tentando encontrar o rosto de seu senhor. Julius não demonstrava nenhuma raiva na ação do General, então Raziel continuou. — Antes que meu Lorde comece as negociações políticas, eu necessito fazer um pedido formal para poder eliminar alguns ratos do nosso Salão.

Aquela conversa gerou uma certa confusão. Raziel tinha falado em alto e bom tom, o que fez ele ser ouvido por todas as pessoas dali. As primeiras pessoas a reagirem com a fala do General tinham sido, obviamente, as mulheres. Algumas delas gritaram, e ficaram olhando para todos os cantos à procura de pequenos roedores. Alguns homens chegaram a olhar debaixo de seus pés e até mesmo debaixo das mesas. Nenhum deles encontrou qualquer tipo de animal comedor de queijo ali naquela área.

Julius apertou ainda mais o olhar, mudando para uma cara de total alerta. Ele era Rei há muito tempo, e conhecia muitos jargões militares ou até mesmo conversas e palavras secretas que os soldados usavam para se comunicar no combate sem dar dicas para os inimigos.

Mas esse não era o motivo que esse Rei deveria ser aplaudido. Foi sua velocidade de percepção e resposta que deveriam valer a coroa que ele usava. "Ratos" tinha sido uma palavra um pouco óbvia para ser usada, mas serviu à necessidade.

Julius movimentou a cabeça verticalmente, dando uma afirmação ao seu homem de confiança. Raziel se levantou, bateu continência e se virou para os outros dois Generais, que já esperavam prontos para agir.

O volume das vozes se levantou quando uma das convidadas deu um grito realmente alto de horror, gritando algo como "ALI TEM UM!", apontando para o canto de uma das mesas. O alvoroço foi o que os três Generais precisavam.

Raziel se virou para o outro General que não era Arian, e fez um sinal de "OK" para o homem. Esse mesmo homem deixou escapar um grande sorriso e no segundo seguinte, desapareceu.

A reação de Shiro e de Ravidel também eram dignas de um prêmio. Como tinham uma audição extremamente bem treinada, eles também ouviram o que o General Campeão do Coliseu tinha dito. Não era preciso ser nenhum gênio para sacar que quando você vai matar um rato, você não fala "eliminar".

Foi por isso que os dois invasores ficaram com um arrepio e deram um passo para trás. Shiro puxou o ombro de Kuro tão fortemente que a garota quase foi ao chão. Em vez disso, ela ficou de pé e se preparou para dar algum tipo de sermão no ninja. Mas ao olhar para Shiro e perceber a clara expressão de pavor em seus olhos, a ninja começou a raciocinar mais rápido.

Ela se virou e viu que Ravidel estava saindo de fininho do seu local de observação, sem fazer nenhum barulho. Eles iriam sair? Agora? Mas a conversa mais séria nem tinha começado ainda! Por que a pressa? O que eles viram que tinha os deixado tão acuados? Visão? Não, não. Eles "ouviram" algo! As palavras do Rei... Não. As palavras de Raziel. Permissão. Alvoroço. Barulho.

Kuro deu um passo para trás, fazendo a mesma expressão que Shirol Era isso! Os ratos eram eles! Foi ao mesmo tempo que eles olharam para a saída e começaram a andar, sem fazer nenhum barulho. Era um corredor único lá, sem janelas. Para trás, tinha uma parede sólida. Para a esquerda, era a sacada onde estavam. E para a frente, era o corredor que dava para mais fundo do castelo, que era por onde eles tinham entrado ali, para começar.

Só havia uma outra coisa a ser comentada e que era deveras importante. No meio desse último corredor comentado, tinha uma outra pessoa, vestindo uma estranha vestimenta com as cores brancas e bege. Parecia algum tipo de roupa para andar no deserto, por causa dos vários panos misturados no peito e ombros. Não usava nenhum chapéu, dando visão para seu cabelo curto e bagunçado da cor branca.

E o mais estranho de tudo: ele estava sorrindo como se acabasse de sair de um show de piadas. Não, mentira. O mais estranho mesmo era o fato dele estar ali, no corredor, onde não estava há dois segundos atrás.

— LEON! — gritou Kuro, levando suas mãos para trás do corpo.

— Uhuhuhu! — riu o General, estralando os dedos em frente ao corpo. General Leon Kaidan Massahuir era o líder do Exército Real da Brigada do Norte. Ele era, sem nenhuma sombra de dúvida, a pessoa mais bizarra que você poderia conhecer na sua vida. Mesmo entre os soldados, ele era conhecido como estranho. Não só porque ele ia para frente de combate sem usar NENHUMA armadura, e nem porque ele era dono do Título Único mais sinistro que existia. "Espelho do Glamour" era seu título. Talvez o mais sinistro era o fato dele ser apaixonado por... Outros homens. De preferência os altos e morenos. Nunca descartou um loiro também. Nos musculosos, ele chegava a babar. Definitivamente, a palavra estranho lhe caía como uma luva. — São três ratos. E que "ratões", eim? — Leon lambeu o lábio superior quando olhou para Ravidel.

— Mas que porra! Tu tava lá embaixo, cacete! — gritou Shiro, sem saber o que dizer. E ele tinha razão. Em um segundo o General estava lá no Salão e no outro, estava ali no corredor. Teletransporte?

— Você realmente acha que tem tempo o suficiente para se preocupar em como eu cheguei aqui? — perguntou sarcasticamente Leon. Ele deu um passo a frente, fazendo os outros três darem um para trás. — Eu gostaria que vocês jogassem suas armas e se rendessem para evitarmos... — Leon levantou a cabeça bem devagar, tentando lembrar o que diria em seguida. Ele não estava pensando. Estava demorando de propósito para criar desatenção nos inimigos. — Para evitarmos dores desnecessárias. Uhuhuhu!!

Se Kuro tinha um problema, era o de agir impulsivamente. Ao ouvir o comentário do General, ela colocou a mão em sua bolsa de shurikens e retirou cinco deles. Mirou em um segundo e os atirou, todos ao mesmo tempo. Isso era algo simples pra ela.

Além disso, por mais que seu movimento fosse na base do impulso, teoricamente seu ataque era o movimento mais correto que ela poderia fazer. Isso era devido ao local do combate. Um corredor reto, sem saídas, não dava muito espaço para grandes ataques com espadas ou lanças. Fazer um ataque com armas arremessáveis não só lhe pouparia energia mágica quanto faria o oponente entrar em modo de defesa obrigatoriamente. Não foi o que aconteceu.

As shurikens voaram em uma velocidade ligeiramente alta na direção do corpo desprotegido do General. Leon não estava querendo tomar o golpe ou qualquer coisa parecida. Ele levou a sua mão direita para trás, e uns milésimos de segundos depois, fez um movimento brusco para frente, como se estivesse atirando alguma coisa.

E realmente estava. De sua mão, saíram cinco aparatos semi transparentes que voaram na direção das cinco shurikens da ninja. Os aparatos tinham forma estrelar e pareciam pontiagudas. Eram shurikens também!

As dez estrelas ninjas se encontraram em meio ar, mas ao invés de simplesmente se cancelarem, as cinco shurikens de Leon "cortaram" as de Kuro ao meio e depois continuaram voando contra a ninja, sem perder velocidade.

A garota não teve nem sequer o tempo devido para poder reagir. Quatro das armas voadoras atingiram o corpo quase desprotegido dela, a fazendo dar dois passos para trás. Ela queria ter gritado de dor, mas o profissionalismo a impediu. Caiu de joelhos e levou à mão nas estrelas que ainda estavam enterradas em seu corpo.

Foi antes dela se ajoelhar que Shiro atacou. Não tinha sido um ataque normal. O ninja perdeu a compostura quando viu a colega por quem tinha uma pequena queda sofrer o ataque, e nisso, preparou um golpe rápido para contra atacar, esquecendo completamente do seu objetivo.

— MALDITO! — gritou ele, carregando energia no corpo. Ele não viu Ravidel fazer uma cara de "Agora foi tudo por água abaixo". — Quero ver parar essas aqui! SHURIKEN DAS SOMBRAS!

Shiro não carregou apenas uma shuriken. Ele concentrou bastante energia e conseguiu atirar três delas ao mesmo tempo. Em treinamento, o ninja já tinha conseguido invocar cinco de uma vez só, mas em batalha, aquilo era extremamente inapropriado porque consumia uma considerável quantidade de energia mágica. Por isso ele determinou que três seriam o suficiente para equilibrar o dano e o consumo.

As três shurikens negras voaram na direção do General. Ele fez a mesma coisa. Sorriu malevolamente e deixou sua energia fluir. Passou energia para o braço e depois fez um movimento horizontal para frente, da mesma maneira que tinha feito anteriormente.

SHURIKEN DAS SOMBRAS!

Da mesma maneira que as três shurikens de Shiro voaram na direção do oponente, mais três shurikens, feitas exatamente do mesmo jeito do que as do ninja, voaram em direção reta, mirando as armas voadoras do ninja. Não era necessário dizer o quanto Shiro ficou emburrado com aquilo. Seu inimigo tinha usado exatamente a mesma técnica que ele, do mesmo jeito.

E do mesmo poder! As seis estrelas ninjas se encontraram e, diferentemente de antes, explodiram deixando uma leve fumaça mágica no ar. Dessa vez, os dois ataques foram cancelados. A única coisa que restou foi a raiva de Shiro e o sorriso de Leon.

— SHIRO! — gritou Ravidel. Ele não queria ter feito aquilo, mas era a única forma de atrair a atenção do companheiro. Por sorte, o ninja se tocou e virou a cabeça para ele. — Leon tem uma Classe Perdida que faz ele copiar os golpes e movimentos dos oponentes! Não podemos enfrentar esse cara aqui! Temos que fugir desse castelo imediatamente!

Por mais que a raiva tenha vencido Shiro, naquele momento, ele voltou a si e começou a raciocinar mais logicamente. O ninja sabia muito bem do poder dos quatro Generais de Riven, pois eles eram considerados os "Campeões de Guerra" e suas forças eram muito bem conhecidas nos quatro cantos do mundo. "Mímico viadinho!", pensou o ninja, quando deu a mão para Kuro, a ajudando a se levantar.

Shiro achava que não perderia um duelo contra o General, mas Ravidel tinha razão. A missão deles não era enfrentar ninguém. Eles precisavam dar um jeito de sair daquele castelo e se encontrarem mais tarde para passar as notícias para White. A missão deles não tinha sido um sucesso perfeito, mas pelo menos não tinha sido um total desperdício.

Foi naquele mesmo momento, que Shiro ficou se perguntando quem diabos seria o CLIENTE que contratou a Guilda para um trabalho tão absurdo. Para começo de conversa, a pessoa tinha que ser no mínimo milionária, já que o preço dos trabalhos eram definidos pela dificuldade da missão. Sendo assim, as únicas pessoas que poderiam ter essa quantia de dinheiro seriam os nobres. Provavelmente os de Famílias Reais.

Mas quem? Que família se daria o luxo para contratar uma Guilda para invadir aquele local e espionar a reunião? Precisaria ser alguém que não estava ali. Talvez um nobre que tinha ficado furioso por não ser chamado para a reunião? Não, isso seria maluquice demais. Mas ainda sim, provável. Um nobre de outro país com futuras ideias para esse Reino? Ahhhh, isso sim fazia sentido! Agora era só pensar em quem estaria de olho no maior Reino do mundo.

Kuro foi a primeira a reagir ao novo passo de Leon. Ela tinha entendido que lutar ali naquele espaço apertado só traria problemas para o lado deles. Eles precisavam fugir logo, mas seria impossível passar pelo corredor onde Leon bloqueava.

Tirando aquilo, só haveria mais uma saída: a sacada. Eles estavam a muitos metros do chão e uma queda errada poderia ser fatal. Mas ela era ninja. Pular de lugares altos era como um nadador entrar nas águas da praia. Ela se virou e puxou a cortina vermelha que tampava a sacada, dando vista para todo o salão. Que era importante resaltar que os convidados estavam todos olhando para cima, por causa dos gritos e dos barulhos.

Quando a cortina foi ao chão, Leon parou de sorrir. E também parou de andar. "Eles não querem pular daqui até lá embaixo no salão, não é?", pensava ele. Infelizmente para ele, eles queriam.

A ninja foi a primeira. Pulou na sacada e depois saltou contra o chão, quase sem mirar a queda. Ela caiu em cima de uma das mesas, pisando em um frango assado e em alguns pratos. A imediata aparição da ninja causou um alvoroço imenso dos convidados, dando início a uma gritaria sem precedentes.

Logo depois veio Shiro, também caindo em cima da mesma mesa, mas ele teve menos sorte. Caiu em cima de uma grande taça de vidro com ponche, quebrando-o em pedaços. Isso fez ele cortar o pé levemente e depois xingar a mãe de três pessoas aleatórias.

Ravidel foi mais inteligente que os dois ninjas. ele usou a longa cortina como uma corda de escape, e desceu suavemente pela parede, fazendo as pessoas amontoadas ali, correrem desesperadamente para qualquer outro lugar.

A cena estava caótica. A gritaria e as pessoas correndo para lá e para cá acabariam ajudando os três invasores a se camuflar e fugir. Shiro fez uma rápida analise do local e conseguiu localizar três portas. Na sua extrema direita, era a porta que o Rei tinha entrado e saído duas vezes. O ninja ignorou essa saída, pois ele sabia que aquela porta levaria somente para os quartos da Família Real. A segunda porta era a que estava mais longe dele. Ficava ao extremo noroeste do salão, e dava para os corredores que ligavam as cozinhas e aos quartos dos empregados. Seria uma boa saída... Se não fosse o fato dos outros dois Generais estarem muito próximas à ela.

Então teria que ser a terceira saída. Essa estava localizada à sua esquerda, que era o sul do salão. Era a entrada principal do Salão Real, com duas portas imensas feita na mais resistente madeira e entalhada com uma beleza fenomenal. Ela estava fechada, mas não trancada. Haveria guardas do outro lado dela, mas não seria pior do que dar de cara com um dos Generais.

Com um outro salto, Shiro foi ao chão, com Kuro logo ao lado. Ele olhou para ela, e ela fez a mesma coisa. A troca de olhares foi profunda e imediata. Eles logo se entenderam. Tinham pensado a mesma coisa. Olharam para frente ao mesmo tempo e começaram a correr.

Algumas pessoas se afastaram com medo, achando que os dois ninjas vestindo preto corriam em sua direção. Isso era melhor ainda para os dois, já que agora o caminho tinha ficado livre de qualquer "bloco humano". Mais alguns passos e eles alcançariam a porta.

Foi então que o sexto sentido de Shiro gritou em seu cérebro como se alguém colocasse um alto falante em seu ouvido e gritasse "PERIGO!". Os pelos das costas do ninja se arrepiaram e ele teve a pior sensação de algo extremamente ruim se aproximando em grande velocidade pelas suas costas.

IMPACTO PERFURANTE!

Shiro não precisou ver o que vinha em suas costas para fazer o que tinha feito. Era perigoso e isso foi o suficiente para ele temer pela vida de sua companheira. O ninja se abaixou e ao mesmo tempo, passou a sua perna entre as duas pernas de Kuro, que estavam em movimento naquele instante. A rasteira foi precisa e fez Kuro ir ao chão de cara, criando um tombo bem feio de ser ver.

E foi então que Shiro viu alguém passando em linha reta por onde eles estariam. Era alguém alto, portando uma lança deveras ameaçadora. Arian investiu em um ataque reto, mirando as costas dos dois ninjas. Eles não sobreviveriam ao ataque. A prova disso era que depois de passar pelos dois ninjas, o ataque de Arian continuou até ele encontrar uma parede, batendo com tudo nela. O impacto foi realmente estrondoso e fez sua lança ser enterrada alguns centímetros na parede.

"Que tipo de ataque consegue fazer uma lâmina ultrapassar uma parede de pedra sem quebrar a arma em dois?" foi o que Shiro e Kuro pensaram. Que por falar na ninja, ela já estava se levantando, e por mais que estivesse nervosa de cair, ela não estava em posição de puxar a orelha do aliado, pois aquela rasteira tinha salvado sua vida.

Arian fez força no braço e tirou a lança da parede, a rodando em sua mão logo em seguida.

— Que burrada a de vocês! — gritou Leon, lá de cima, na sacada ainda. Ele não precisava seguir os três. — Vocês pularam da frigideira diretamente para o fogo!

— Tomar no cú, sua bicha! — gritou Shiro, sem olhar para cima. Ele não podia tirar os olhos do seu provável próximo oponente. Parece que ele não tinha escolha a não ser enfrentar um General.

— Eu vou falar isso só uma vez. — começou Arian. Sua voz estava totalmente diferente agora. Havia um tanto de ordem e poder na sua fala, e o fato dele estar claramente exibindo sua energia pelo corpo estava criando um cenário desanimador para os três invasores. — Desistam agora antes que suas vidas sejam perdidas na fútil tentativa de fuga.

— Desculpe, mas ser capturada não está nos meus planos hoje. — respondeu Kuro, dando um passo para trás e levando a mão direita em uma pequena abertura secreta que ficava do lado da fivela de sua cinta de pano.

— Pois é. — dizia Ravidel, estralando os dedos das duas mãos. — Ser capturado por vocês ou morrer tentando fugir seria a mesma coisa, no final das contas. Então é melhor sumir logo daqui.

— Ei, ei! — disse Shiro, se virando para Kuro. — Se vocês tem um plano de fuga, poderiam compartilhar comigo, não acham? Porque eu to me sentindo meio que num beco sem saída, aqui!

— Foi mal Shiro... — disse Kuro, puxando alguma coisa quase invisível daquela abertura em sua cinta. — Mas temos ordens específicas para abandonar uns aos outros caso houvesse alguma falha na missão.

— O QUÊ? — gritou o ninja, que não parecia nada contente. — Quem passou essa ordem?

— Mas que pergunta idiota, Shiro. — disse Ravidel, concentrando uma grande quantidade de energia mágica no braço direito. — É óbvio que foi o "seu" chefe. RITUAL DA CABALA DE PRATA!

A quantidade de energia mágica concentrada por Ravidel tinha sido maior do que todos no salão imaginavam. Claro, nem todo mundo ali conseguia analisar auras, mas todos conseguiram ver o efeito da magia do espião.

Ravidel bateu com a palma da mão direita no chão e bem no meio do Salão, apareceu um enorme círculo mágico, com runas e escrituras misturadas. Esse círculo cresceu imediatamente, englobando todo o local. Foi tão instantâneo que ninguém conseguiu sair do lugar que estava.

E então veio o efeito. Fumaça. Muita fumaça. Surgiu magicamente vinda do chão, como se fosse um buraco vulcânico. A fumaça cinza se espalhou por todos os cantos do Salão, tirando a visão e mais gritaria ainda dos convidados ali presentes.

Arian não perdeu a compostura. Ele não enxergava, mas isso não significava que ele não estava preparado para se defender de qualquer ataque, não importando de qual direção viria. Mas não foi esse o fato que o deixou amedrontado. O real problema foi que ele pensou em encontrar os oponentes só sentindo a aura deles. Foi aí que ele viu que sua percepção espiritual estava totalmente anulada. Ele não conseguia sentir nada além dele mesmo. Nem a aura de Raziel, que ele já conhecia há anos.

Isso era problemático. Aquela fumaça não era tão simples assim. Não servia só para tirar a visão dos oponentes, como também sua percepção. Uma magia suprema de fuga. E realmente era uma das magias mais poderosas que Ravidel tinha em mãos.

Um barulho vindo da esquerda. Arian se virou para o local, mas não sentiu nada. O que tinha ali? Era uma parede, não havia mesas e as pessoas tinham corrido para o outro lado. O que tinha ali era... A porta!

A grande porta dupla que dava acesso aos convidados do Salão Real ficava bem ali. E ela tinha acabado de fazer um barulho característico. Ela bateu uma contra a outra? Se fechou! Outro barulho, agora mais à frente. Uma coisa pesada caiu no chão. Arian se virou e apontou a lança para frente. Se fosse um dos invasores, acabaria sendo atravessado de uma só vez.

— AAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRGGGGGHHHHH!

A voz de Shiro foi o que fez dissipar a grossa fumaça. Do mesmo jeito que veio, a fumaça estava começando a sumir. A visão de Arian estava ficando bem melhor. Ele foi o primeiro a fazer uma rápida observação do cenário e tirar uma imediata conclusão. Era uma das melhores perícias dele.

Os convidados estavam todos acuados perto do trono, sendo protegidos pelo espírito protetor do Rei. Leon tinha acabado de descer lá da sacada, e estava dizendo que lá de cima não dava pra ver nada. Raziel tinha se locomovido. Ele estava bem perto da mesma porta que fez o barulho há uns segundos atrás, em cima do... Ninja?

Sim. Raziel estava em cima de Shiro, com sua espada lhe perfurando o braço e o trancando no chão. O ninja gritava de dor e tinha perdido completamente a concentração para fazer qualquer coisa. Como o General foi parar ali tão rapidamente e tão precisamente era um segredo.

E os outros dois inimigos? Ravidel não foi encontrado por ali. Ele havia desaparecido totalmente, sem deixar rastros. A porta? Foi ele que passou por ela? Como fez isso tão rápido? E a outra ninja? Ah! Lá estava ela! E ela estava... Estrangulando alguém? Um dos convidados!

— PARE! — disse o General lanceiro, levantando a mão na direção da ninja. — O que pensa que está fazendo?

— Eu disse que não estava afim de ser capturada. — respondeu a ninja. Ela estava puxando um homem um pouco maior que ela usando um tipo de fio de ferro que estava em volta do pescoço do nobre. O homem se debatia desesperadamente por ar e agora via toda a sua vida passar pela frente dos olhos. — Ou vocês me deixam sair daqui, ou ele morre!

— Você não está em posição de negociar isso. — disse Raziel, sem alterar sua característica voz imponente. Shiro permanecia gritando com a dor intensa no braço. — Eu estou prendendo seu amigo aqui no chão e para matá-lo, eu só preciso movimentar minha espada alguns centímetros. Desista e poupe a vida de vocês dois.

— Ahahahah! Você realmente acha que eu dou a mínima pra ele? — disse Kuro, mais fazendo uma pergunta do que dando uma resposta. Ela apertou um pouco o fio, fazendo o desespero do nobre crescer ainda mais. — Pode matá-lo. Não vai fazer a menor diferença pra mim. Tudo o que eu preciso é chegar até aquela porta antes que os pulmões desse verme aqui parem de trabalhar.

A intimidação havia falhado. Raziel não se alterou e já estava pensando no que fazer para salvar o nobre que ficava sem ar e ao mesmo tempo, capturar a bendita ninja. Arian não se mexia também. Um passo em falso, e a vida daquela pessoa nos braços da ninja inimiga sumiria. Uma morte de um nobre do alto escalão do Reino trazia uma série de complicações, podendo até resultar em um conflito interno, o que ele precisava admitir, não seria nada bom nessa altura do campeonato.

Shiro poderia estar gritando de dor, mas tinha ouvido cada palavra da ninja companheira. "Eu não dou a mínima pra ele" foi o que mais o chocou. Ele acreditava que ela iria dar algum jeito pra tentar salvá-lo. Ou pelo menos criar uma brecha para que ele pudesse fugir.

Mas não. "Pode matá-lo", ela disse. Que tipo de companheirismo era esse? Eles eram da mesma Guilda! Seções diferentes, sim. Mas ainda sim, trabalhando com a mesma bandeira encravada em seus peitos. Abandonar um camarada em apuros não estava nas leis da White Lotus.

Mas agora que ele estava lembrando... Havia algo parecido com isso na folha que continha a missão. Lá dizia que essa missão teria um perigo incalculável, e que ela deveria ser feita sem deixar nenhum resquício de falhas. Isso significava que se, por qualquer motivo que fosse, houvesse uma falha, os presentes na missão deveriam abandonar seus postos e fugir para o mais longe possível, retornando à suas devidas bases sem serem seguidos.

Era assim que a White Lotus trabalhava. Ou o trabalho era perfeito, ou ele não era feito.

Kuro sorriu por trás da máscara. A intimidação de Raziel nem a tinha afetado, mas a resposta dela parecia ter tido um impacto bem mais profundo nos dois Generais. Ela iria escapar. Shiro teria que perdoá-la, mas ele conhecia as regras. Sucesso ou morte.

A ninja deu um passo para trás, puxando o pobre nobre que não tinha parado de se debater. Ao mesmo tempo, Arian deu um passo a frente. Com o avanço, a garota parou e apertou a linha, fazendo o nobre dar um grito de desespero e chorar por socorro.

— ARIAN! Fique onde está! — esse tinha sido o Rei. Sua voz reverberou por todo o Salão e chegou a fazer muitas pessoas pararem de choramingar. Os dois generais olharam para ele, com respeito. — Essa mulher fala sério em matar o Duque Xandelier. Deixemos ela fazer o que quer. Mulher! — Kuro virou os olhos para o Rei, que permanecia na frente do trono. — Ande até a porta e solte o Duque. Mas saiba que mesmo que você saia desse salão, você não conseguirá escapar das garras desse reino.

A ninja se sentiu oprimida pelo espírito grandioso da Majestade. As palavras dele eram como relâmpagos, e quase faziam ele brilhar como um. Sem responder nada, Kuro foi puxando o Duque até a porta, olhando para os dois Generais que não pareciam querer deixá-la ir tranquilamente. Mas eles nada fariam. Estavam sob ordens diretas do seu Senhor.

Não havia mais barulho naquele momento. Até Shiro havia parado de gritar, fazendo Raziel achar que ele tinha desmaiado por falta de sangue. Kuro chegou até a porta e a abriu rapidamente. Quando ela passou para o outro lado, deu um chute nas costas do Duque e depois fechou a porta, correndo com tudo o que tinha um segundo depois. Três outros convidados correram até o duque estrangulado, ajudando o respirar e o levantando.

Arian correu para a porta onde Kuro havia saído, a abriu com força e, depois de olhar para os dois lados do corredor, escolheu instintivamente o lado esquerdo e começou a correr também. Infelizmente, seria difícil para o General com armadura pesada alcançar a ninja na corrida. Mas era o duto dele.

Agora no salão, as coisas estavam começando a ficar mais "tranquilas". As pessoas estavam se perguntando como aqueles três conseguiram se infiltrar em tal lugar e outras perguntavam se alguém sabia quem eles eram.

Para Raziel, saber quem eles eram não era problema nenhum, pois ele tinha um prisioneiro bem embaixo dele, que tinha parado de se mover. Ele o analisou de uma distância segura e percebeu que ele estava com os olhos fechados e respiração lenta. Desmaiado.

O General puxou a sua espada rápido, tirando mais sangue do braço do ninja. Puxou um lenço negro do bolso e limpou o líquido vermelho que escorria pela sua espada, embainhando-a logo em seguida. Foi então que aconteceu.

As coisas que acontecem na história dos Reinos muitas vezes eram tão absurdas que ninguém acreditava quando lia os livros. Nobres conseguindo dinheiro o suficiente para levantar um exército para tomar o trono para si. Reis loucos que assassinavam qualquer pessoa que simplesmente os olhassem de cara feia. Mercadores picaretas que vendiam frutas estragadas ou enchiam uma garrafa de leite com água pra poderem vender em maior quantidade. Grandes Capitães de Exércitos Reais cancelando um ataque em certo castelo porque ele tinha se apaixonado pela Princesa e não queria que ela corresse perigo. Traições que criavam disputas tão ridiculamente gigantes que acabavam criando guerras em larga proporção entre dois Reinos que sempre foram aliados.

Tudo isso eram contos absurdos, que ficavam cada vez mais impossíveis na passagem natural do tempo. Só que tinha um fato importante sobre todas essas histórias: elas eram reais. Até o mais absurdo evento. Era tudo real. Lendas sempre são baseados em fatos verídicos. Isso não era exceção. E nem o que tinha acontecido AGORA.

Logo após Raziel se virar de costas para o corpo dormente de Shiro, houve um mini terremoto que foi sentido por todo o castelo. Todos se alarmaram ao mesmo tempo. Depois veio os barulhos. Explosões. Raziel sabia bem daquilo, pois vive em meio de guerras. Aquilo era barulho de bombardeio. Mas o barulho e os tremores... Eles estavam vindo do castelo! Impossível!

Antes mesmo que ele conseguisse falar qualquer coisa, a porta principal do Salão se abriu com um baque, como se alguém tivesse a chutado. Foi imediato. O general desembainhou a espada enquanto se virava, preparando-se para pular em cima de seja lá quem estivesse vindo. Ele não o fez. Viu que era um dos soldados do castelo e ele parecia sujo e suado. Tinha um olhar desesperador e sua boca nem fechava direito, com o tanto que ele puxava o ar para os pulmões. Ele parecia ter corrido por duas horas sem parar.

— SENHOR! ESTAMOS SENDO ATACADOS!

O silêncio se rompeu naquele local. Os convidados se desesperaram, começando a falar sem parar. O caos era pior do que quando os três espiões surgiram do alto. Julius gritou por calma, mas só metade dos nobres conseguiram ouvi-lo e metade disso o obedeceram.

Eles não poderiam ser culpados de nada. O castelo mais rico e bem defendido do mundo sendo atacado? O Reino que está no centro da Aliança mais poderosa do mundo? Quem diabos era burro o suficiente para fazer tal ato? Era isso que o Rei e Raziel pensavam no momento. E foi isso que ele perguntou em seguida, para o soldado cansado.

— Eu não sei senhor! — respondeu o soldado, meio agachado tentando recuperar o fôlego. Houve mais uma explosão e mais um pequeno tremor. — Eles não vestem nenhuma armadura padronizada e não possuem bandeiras!

— Um exército rebelde! — a velocidade de raciocínio de Raziel quando ele estava em "modo de combate" era quase instantânea. Chegava a ser horripilante. — Traga todos os Guardas Reais para cá e protejam esse salão com suas vidas! AGORA!

Com um sonoro "SIM SENHOR!", o soldado deu as costas e voltou a correr. Ele estava cansado e jurava que conseguiria recuperar um pouco do fôlego antes de correr que nem um desesperado outra vez.

Com a porta aberta, o General conseguiu ver o rebuliço que estava acontecendo nos corredores. Havia muita fumaça e algumas cortinas pegavam fogo. Não havia nenhum sinal de luta dentro do castelo, o que era um bom sinal.

E então ele sentiu. Um acumulo rápido de energia, muito próximo a ele. Todos os sentidos de Raziel vieram à tona e ele se virou mais uma vez, no intuito de dar um golpe circular horizontal em alguém que estivesse o atacando pelas costas. Mas a energia vinha mais de baixo. Era do chão. Era do ninja!

MERGULHO DAS SOMBRAS!

Shiro não tinha desmaiado. Ele estava fingindo todo aquele tempo. Ele sabia bem que o dano em seu braço tinha o inutilizado, assim deixando ele com metade do seu poder de luta. Enfrentar um General desses já era quase impossível usando tudo o que você tinha, imagine usar só a metade? Seria babaquice só de pensar nessa possibilidade.

Então o que o ninja fez foi conservar as energias e lutar para ignorar a dor do braço. Isso lhe rendeu valiosos segundos para bolar uma estratégia de fuga. Foi aí que o soldado abriu a porta com tudo e ele viu uma forma de fugir. Concentrou energia o suficiente para usar sua magia padrão. Não. Para ser mais exato, ele tinha concentrando um pouco mais, para poder ir mais longe.

Para que essa magia tivesse efeito, Shiro precisava estar "olhando" para a sombra onde iria sair. O que ele viu foi mais que perfeito: o grande candelabro que ficava logo na saída daquele Salão. O candelabro era cercado de velas e o fogo criava sombras ao seu redor. Era perfeito.

Quando Raziel viu Shiro afundando na própria sombra como se fosse uma areia movediça, o ninja já tinha praticamente desaparecido. O general, abismado, o procurou pelo Salão, usando sua visão melhorada por estar com adrenalina no sangue. Não havia sinais do ninja.

Ele se virou e encarou o enorme corredor que dava pra fora do salão. Haviam alguns soldados correndo para lá e para cá, mas nenhum sinal do ninja. Para onde ele foi? Era impossível ele ter se teletransportado para tão longe! Ainda mais nas condições dele!

Raziel deu um passo para frente, pensando em ir procurá-lo, mas parou logo em seguida. Ele se sentiu num dilema, que foi respondido em um mísero segundo. Ele tinha duas opções: ou ia atrás de um espião ferido ou ficava para proteger seu Lorde. A resposta era óbvia demais.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, o evento acaba "atraindo" mais gente do que deveria.



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