Lucy olhava pela janela e divagava sobre o que poderia fazer à tarde, talvez fosse fazer compras com a Eadlyn, Amy e a Nath. Com toda a certeza elas não iriam recusar, fazer compras era o passatempo preferido delas, perdendo, talvez, para fofocar. Eadlyn era a pessoa mais bem informada sobre a escola que Lucy conhecia.

Por causa dela, Lucy já sabia de tudo o que acontecia na escola. Sabia dos casais não assumidos (héteros e homos), e o seu preferido era Max&Vassoura, Lucy rira tanto quando as meninas contaram, e disseram que tinham até uma foto para provar, a loira dispensara a visão da foto, sabia dos casos que aconteciam na direção da escola, como quando o diretor Makarov havia “acidentalmente” pego nos peitos de uma aluna, ou que o professor Gildarts tinha uma filha e ele próprio não sabia. Mas as fofocas que Lucy gostava mesmo eram as do grupo conhecido como Fadas, as Fadas eram o grupo de delinquentes da escola, e todos os temiam, eram intocáveis, Lucy tinha alguns amigos que eram colegas das Fadas, e diziam que eram muito animados, e por animados queriam dizer violentos, o líder deles havia sido expulso fazia um ano, Lucy nunca havia o visto, mas corriam histórias sobre ele pela escola inteira, como quando ele arranjou briga com um de seus próprios colegas, e o pobre colega faltou na escola por uma semana, ou quando ele invadiu o banheiro feminino, até mesmo quando ele botou fogo em um dos dormitórios. Mas a razão dele ter sido expulso era desconhecida por todos, nem mesmo Eadlyn, a mestre das fofocas, tinha conseguido uma pista sequer sobre isso.

Na frente da sala, o professor Gildarts explicava sobre o uso da magia pelo mundo. Em alguns reinos ao Norte, era tratada como divina, um presente dos deuses, em reinos do Sul, era uma maldição, e muitas vezes os magos eram tratados como uma peste. Era apenas no reino de Fiore que a magia era dividida e classificada. Existiam 3 grandes classificações, Criadores, Transformadores e Invocadores. Os Invocadores eram capazes de invocar algo, Lucy era uma Invocadora tipo Maga Celestial, era capaz de invocar espíritos, e havia uma maga, Erza Scarlet, que invocava armaduras, cada armadura tinha um poder diferente, velocidade, força, eletricidade, agilidade... Os Transformadores eram capazes de transformar seus próprios corpos, animais, monstros, móveis, outras pessoas, o Transformador mais forte era uma aluna chamada Mirajane, ela se transformava em demônios, com cada demônio que ela lutava e derrotava, assumia o poder dele. E os Criadores criavam algo, como fogo, luz, metal, pinturas, e um tipo de “vida”. Algumas pessoas possuem um poder latente dentro de si, e apenas precisava ser moldado, você podia aprender uma determinada magiaA lendo alguns livros, ou tendo um professor que possuisse esse poder. Apenas alguns magos já vinham com uma magia definida, e a maioria era um Transformador. Lucy achava tudo isso muito entediante, e pela cara dos colegas eles achavam o mesmo, ela podia jurar que estava na aula a pelo menos uma semana, mas o relógio dizia que estava lá há apenas 50min, ainda faltavam 10 malditos minutos para o fim das aulas do dia, 10 malditos minutos para sair da sala abafada e ir para as compras (provavelmente), 10 min para o final de semana começar. Lucy correu o olhar pela sala, Amy olhava encantada o professor, ela era a mais estudiosa do grupo, e tinha uma queda pelo professor, Lucy a encarava na esperança que ela a notasse. Mas a traidora nem dava bola. Eadlyn trocava mensagens mágicas com algum boy, e Nath dormia. Suspirando, deitou a cabeça na carteira.

Haviam se passado 3 horas, mas quando Lucy olhou no relógio, ele dizia que havia se passado apenas 5 min.

-Ok, alunos, faltando 5min para a aula acabar, eu vou anunciar os grupos do trabalho – Lucy quase caiu da cadeira. “Trabalho?? Mas qual trabalho?”. Olhou para o lado, e o resto da turma olhava para o professor sem surpresa. Amy ainda olhava sonhadora para o professor, Eadlyn estava corada, Lucy ia interroga-la sobre isso depois, e Nath, bom, Nath quase babava na mesa.

- Os grupos são: Levy, Erza, Gajeel, Lucy e Natsu. - Natsu? Pensou Lucy Quem era Natsu? A sala inteira parecia fazer a mesma pergunta, com a exceção dos membros das Fadas, à menção do nome Natsu, um burburinho correu pelo grupo.

-Natsu?

-Ele está de volta?

-Será que o encontrou?

-Mas já?

-Só agora? - O professor tentava sem sucesso esconder um leve sorriso.

- A essa hora ele já deve estar de volta. Provavelmente ele deve aparecer para o almoço.- A escola oferecia café da manhã, almoço e jantar, mas os alunos podem sair para comer no lugar que quiserem. Desde que voltassem até as 21:00 em dias letivos e em finais de semana e feriados não tinha limite, desde que no próximo dia letivo estivessem na escola, os alunos tinham liberdade de faltar a aula caso quisessem, mas com muitas faltas, o direito a sair era negado.

-Acalmem-se, acalmem-se. Os outros grupos são: Nath, Arthur, Ichinose, Yuka, Yuki; Eadlyn, Josiah, Sophia, Haru, Gray; Alice, Evan, Peter, Becca, Lauren; Juvia, Vicent, Judyth, Helena, Troscky; Guillis, James, Thorn, Kinana, Alec; Robert, Charlie, Licia, Renan, Maurice; Rogue, Sonia, Katherine, Sage, Lyssa; Lily, Sphintus, Haku, Ian, e Yukino.

A sala se encheu de burburinhos de desaprovação, ninguém havia gostado de seu grupo.

- Sinto muito, mas não haverá mudanças de grupos. -Antes que qualquer um pudesse reclamar, o sinal tocou, e o professor sabiamente retirou-se da sala. As amigas de Lucy vieram correndo, juntando-se a ela.

- Luuccyy! - Mas não foi uma voz feminina que a chamou, Lucy se virou e viu Loke. As garotas lançaram um sorriso malicioso à loira e foram embora, Lucy suspirou mensalmente, “vadias traidoras” pensou ela.

-Oi, Loke.

-Você ouviu sobre a Luxury?? - A Luxury era um tipo de festa que Loke dava pelo menos uma vez por mês, e costumava ser regada à muito álcool. Cada vez tinha um nome diferente, Sensations, Cherry Bomb... Lucy já tinha ido a muitas quando namorara com Loke, mas tinham terminado fazia quase um mês.

- O que tem ela? -Respondeu com indiferença.

- Eu 'tava pensando se você vai.

-Não

-Por queeeee???? -Respondeu com uma voz manhosa, definitivamente feita para convencer meninas inocentes e puras a irem em festas como essas, porém Lucy não era inocente e pura, o jovem botão já havia criado espinhos fazia muito tempo.

-Porque eu tenho que estudar.

-Vamos, Lucy, eu te conheço, não precisa tentar me enganar, ambos sabemos que você não precisa estudar para nada.

-Ok, eu não vou porque eu não quero, Loke.

- Mas a Eadlyn vai. -Disse ele com um sorriso malicioso no rosto, o tom manhoso já havia sumido. Lucy gelou, Eadlyn em festas como essa, mais bebidas, não era a melhor combinação. Da última vez que tinha ido, tinha voltado desmaiada, com Arthur a carregando, ele contou que a havia encontrado com uns garotos tentando convencê-la a ir para algum lugar, e a menina havia desmaiado no caminho, e Lucy tinha medo de pensar no que teria acontecido se Arthur não tivesse encontrado a amiga.

-Isso foi golpe baixo!- Disse a menina revoltada.

-Sempre há a chance dela mudar de ideia.

-Claro, afinal milagres acontecem, não é mesmo? - Disse com sarcasmo. Ele continuou a observando, esperando a confirmação que com toda a certeza iria vir. Com um suspiro de derrota disse:

- Ok, ok, eu vou. -Com um sorriso convencido no rosto, se virou e foi embora. Lucy o observou ir, os cabelos ruivos alaranjados se destacando na multidão. Antes, Lucy tinha achado a combinação de cabelos laranjas e olhos negros sedutora, mas agora não mais. Se virou e foi à procura das meninas.

Lucy procurava as amigas fazia 1h, mas parecia que elas haviam desaparecido. Não estavam no dormitório, nem na biblioteca, muito menos nos refeitórios, e Lucy considerava seriamente ir fazer compras sozinha. Isso. Ela ia sair, e as amigas dela que se ferrassem. Quando estava prestes a sair, uma voz sedutora a chamou:

-Lucy?? -Ela se virou ao ter seu nome chamado, o dono da voz era um menino de cabelos loiros quase brancos, olhos praticamente brancos, usava um óculos quadrado preto, com uma camisa social, cuja os primeiros botões estavam desabotoados, e uma calça jeans. Lucy não pode acreditar.

-Morfeu?! -Morfeu tinha sido o melhor amigo de Lucy, e após ter arrumado briga com um outro garoto e ter ido parar no hospital, o pai resolveu sair com ele pelo mundo para ensiná-lo a lutar fazia 5 anos.

- Meus Deuses!! Quanto tempo! Como você mudou, Mor!

- Posso dizer o mesmo, Loirinha.

-O que você está fazendo aqui??- Perguntou Lucy, totalmente empolgada.

-Eu vou estudar aqui.

-Sério?!Mas é tipo, meio do ano, será que você consegue entrar? -Ele lhe lançou um sorriso brincalhão.

- Eu já consegui entrar.

-Como?

-Contatos -Disse ele com um sorriso perverso. Lucy lhe deu um tapa brincalhão no braço.

-Mas a cinco anos você não era um mago. Ou era?

- Na verdade eu sempre fui, mas pelo jeito meu pai tinha colocado um bloqueador em mim, impedindo o poder.

- Mas como esse bloqueador foi retirado?- Perguntou a menina, Morfeu colocou as mãos na nuca, e Lucy notou uma certa tristeza vinda dele.

-Ah, se for muito pessoal, não precisa me contar. -Disse a loira. Morfeu negou com a cabeça.

-Não. É que eu ainda não me acostumei com a ideia. - Ele deu uma pausa, respirando fundo.- Meu pai morreu, há uns dois meses. -Lucy ficou sem saber o que fazer.

-Ah, Mor. E-eu sinto muito. O que aconteceu? -Ele deu um sorriso triste.

-Um dia eu te conto, eu te prometo, mas não hoje ok?

-Tudo bem, mas é uma promessa.- Disse ela. E após uma pausa:

-Mas, Mor, você já decidiu a sua magia?

-Na verdade eu não decidi.

-Você é um Transformador?

-Não, na verdade eu não pertenço a uma categoria, eu simplesmente tenho o dom incrível de copiar as magias que eu vejo.

-Como assim?

-Quando eu vejo uma magia, eu consigo copiá-la e aperfeiçoá-la. Mas só posso copiar magias que estejam dentro do meu nível de poder.

-Entendo. Mas tipo, e uma magia do tipo Maga Celestial, como a minha?

-Caso eu tenha a chave, eu consigo.

-E uma transformação? Tipo, mudar o seu corpo.

-Consigo também. -Disse ele com um sorriso no rosto. - Sabe, depois daquele incidente 5 anos atrás eu fiquei mais forte, Loirinha. -Disse ele com um sorriso no rosto. -Se eu pudesse pedir revanche para aquele garoto, e com toda certeza ganharia. .

Lucy sorriu:

-Ahã, ate parece. Mas você nunca me contou por que você começou a brigar com o outro menino.

-Ah, isso, não foi por nada não, coisa de moleque.- Disse ele em tom de indiferença, mas por dentro, queimava de raiva, não tinha conseguido acertar as coisas com o outro menino, Morfeu ainda se lembrava do olhar zombador que o outro lhe lançara, e da raiva que sentiu quando não pôde fazer nada, se lembrava da vergonha e humilhação que sentiu. Ele achava que o menino era seu amigo, mas após o incidente, descobrira que não, daquela noite, ele se lembrava apenas dos olhos negros e dos cabelos rosas, que se destacavam em meio a escuridão da noite, se uma oportunidade de revanche surgisse novamente, Morfeu a agarraria com toda a sua força.

Natsu acabara de voltar de viagem e estava em seu quarto. Não havia ido para o salão para almoçar, não havia passado para cumprimentar seus amigos, não havia feito nada senão passar na diretoria para avisar Velho sobre o seu retorno, ir para o quarto e se jogar na cama tão desejada. Salamander estava fora fazia um ano, graças a uma busca que parecia que nunca teria fim, ele procurava por um dragão, considerado o “Rei dos Dragões de Fogo”, chamado Igneel. Ele tinha desaparecido fazia 7 anos, sumido, sem deixar nenhuma pista, assim como outros dragões pelo mundo. Mas a viagem não tinha sido um total desperdício, apesar de Natsu não ter descoberto nenhuma pista sobre Igneel, havia descoberto alguns boatos sobre a volta de um mago extremamente poderoso, Zeref. Haviam lendas que diziam que Zeref havia criado inúmeros demônios, e omais poderoso deles era o E.N.D. Porém Natsu não tinha conseguido descobrir se Zeref realmente estava retornando, ou se eram apenas boatos originados por alguns grupos seguidores de magia negra.

Como fazia um ano que estava fora, seu quarto havia mudado. O colega de quarto ainda não havia chego, Natsu nem ao menos sabia o nome dele, torcia para que fosse um de seus amigos, não que não gostasse de fazer novas amizades, mas era sempre melhor dividir o quarto com alguém conhecido, menos Gray, Natsu não suportaria dividir quarto com alguém como ele. Começando a pensar em seus amigos, percebeu que agora deveria estar na mesma turma que eles. Natsu tinha entrado na Academia Fairy Tail um ano antes que a maioria de seus amigos, por isso, na época que partiu, estava um ano na frente, junto com a turma mais velha, como Laxus, Mirajane, e Flare. Mas agora parecia que estava com os membros mais novos das Fadas, como Levy, Erza, e Gajeel. Ele fechou os olhos, cansado, e estava quase dormindo quando alguém abriu a porta abruptamente. Natsu se levantou rapidamente, empalidecendo ao perceber quem era:

-Yo, Natsu. -Cumprimentou Gray, que como resposta recebeu um Natsu pálido.

-Você é meu companheiro de quarto? -Disse o rosado, com receio na voz.

-Não, só passei aqui para dar um oi.

-Ainda bem, não suportaria ter um pervertido como companheiro de quarto.

-Olha só que fala, incendiário.

-Tarado.

-Cabeça quente.

-Picolé

-Quer brigar?

-Estou pegando fogo. -Já iam começar a se atacar quando um vulto bateu na cabeça de ambos:

-Chega vocês dois. -Era Erza, com uma aura pouco amigável a sua volta.

-o Natsu acabou de chegar, -Disse ela olhando para o esquentadinho- e você Gray, - Disse ela se voltando para o outro- parece que a Eadlyn da sala estava de procurando, acho que por causa do trabalho.

-Ah, ok, vou procurar ela. -Ele saiu do quarto com um arrepio “ainda bem que eu consegui sair de lá inteiro, será que ela 'tá naquela fase do mês?” pensou ele.

No quarto, Natsu engolia em seco.

-Né Natsu, você desaparece durante um ano, quando volta, nem se incomoda em dar oi para os seus amigos?? - Diz ela fazendo um biquinho. Ela começa a se inclinar para cima dele, jogando-o na cama.

-Um ano sem nos vermos e você nem me dá um beijo para matar a saudade. - Diz ela, deitando-se em cima dele. “Ué, será que durante esse ano ela mudou de personalidade?” pensou Natsu “Não... Espera, esse cheiro...”

- Paty, eu sei que é você. - A ruiva foi envolvida por uma luz, e após o brilho desaparecer, havia uma menina morena, com um belo corpo, diga-se de passagem, encarando Natsu com um rosto chateado.

-Como você sabia que era eu? -Disse ela com um muxoxo.

-Simples, seu cheiro. -Disse ele sorrindo, enquanto delicadamente tentava tirar a garota de cima de si.

-Neh, Natsu -Chamou a morena- Eu estou com muitas saudades mesmo. -Disse ela se esfregando em cima do mesmo -Você não está? - “Estranho” pensou ele. Natsu já tinha ido várias vezes para a cama com Paty, mas dessa vez, ele não se sentia excitado, mesmo com as provocações da mesma. Talvez se...

-Eu... -Deu um beijo em sua boca, o qual ela retribuiu fervorosamente. -Estou... -Lentamente foi migrando para a orelha -Com... - Ficou brincando com o lóbulo da mesma, enquanto a morena emitia gemidos de prazer. -Muitas saudades. - “Engraçado, normalmente eu já estaria excitado só pelos sons que ela faz. Talvez essa viagem tenha me mudado?”

-Mas sabe, hoje não okay, Paty? - Tirando ela delicadamente de cima dele, ele se levantou e a levou para a porta. -Talvez outra noite. -Dando um selinho nela, ele a empurrou para o corredor e fechou a porta. “Ok, talvez isso tenha sido rude, mas por alguma razão, hoje tudo nela me parece falso. Será que sempre foi assim ou eu só percebi isso agora?” Pensou ele, voltando para a cama ele se lembrou de uma outra garota, uma que ele havia conhecido na viagem, ele não sabia nada sobre ela, mas mesmo assim...

No início do corredor, Morfeu viu uma morena se afastar de um dos quartos, o qual descobriu ser o seu. Pelo jeito, o companheiro de quarto já estava se divertindo. Ao abrir a porta e ver o colega, lembranças e sensações o invadiram, alegria, vergonha, sorrisos, lágrimas, fúria, companheirismo, saudades. Tudo misturado, com apenas um sentimento de destacando, vingança.

- Olá, Natsu.