A volta para casa foi silenciosa, Peter não se atreveu a dizer uma palavra sobre o bebê e eu agradeci por isso, me sentia terrível pelo que havia acontecido e cutucar a ferida seria pior, agora ele parecia realmente chateado.

Eu tinha meus olhos na janela do carro e Peter tinha os seus olhos no volante, quando íamos chegar ele parou o carro e me olhou como se precisasse dizer algo, eu vi seu incômodo e resolvi me adiantar.

— Pode falar! — Anunciei e ele ainda parecia sem expressão, sim, ele estava nervoso.

— Eu não sei como vou te contar isso... — Ele começou e eu formei mil e uma teorias na minha mente sobre alguma notícia ruim.

Talvez nós não pudessemos ficar juntos, talvez ele tivesse perdido o emprego ou talvez Maria tenha percebido que gostava de mulheres e esteja namorando com Kelly ou pior talvez a mãe dele tenha morrido, não pera essa última não seria uma notícia ruim.

— Diga logo! — Exigi e ele mexeu nos seus cabelos castanhos, seu gesto que mostrava seu nervosismo.

— Eu não sei como isso foi acontecer... Mas a Diana insistiu em vir até a minha casa, quer dizer, nossa casa, ela quer te ver, ela disse que está arrependida do que fez e bem, eu não consegui dizer que não porque a Maria estava do meu lado e iria querer saber o porque do meu súbito ódio pela sua mãe. — Ele falou rapidamente como se não tivesse ar e eu revirei os olhos, isso seria no mínimo terrível.

— Oh! Trágico! — Eu disse imitando o seu Omar da série "Todo mundo odeia o Chris", agora eu estava mesmo achando que eu estava em uma série: "Todo mundo odeia a Jade com participação especial de Diana, a vaca leiteira, Lauren, a velhota assanhada e claro, a dona Matilde, a vovó homicida"

— Você é mesmo uma gracinha. — Ele disse apertando as minhas bochechas e eu afastei suas mãos, não estava pra brincadeiras e ele percebeu.

Chegamos à minha nova casa e eu logo saí do carro, esperei por Peter pois não queria enfrentar as bruacas sozinhas, caminhei pelo jardim observando as flores que Maria costumava cuidar, elas ainda pareciam vivas, mas de alguma forma tristes, eu sei, eu sou louca por pensar que plantas possuem sentimentos.

Finalmente ele veio de encontro a mim e entrelaçou nossos dedos, ele era ridiculamente mais alto que eu e quando andavámos lado a lado isso ficava ainda mais evidente.

Ele abriu a porta e eu levei um susto quando Jeremy veio correndo e me abraçou forte, nós mal nos conhecíamos, mas ele já era tão importante na minha vida que eu não conseguia negar o seu afeto, a única coisa que eu não entendia era o porquê dele estar ali.

Eu ainda estava abraçada com Jeremy que não era tão mais alto que eu, e tinha seu cabelo loiro totalmente bagunçado com uma toca verde e uma blusa de moletom rosa choque, não quis, mas eu ri, isso parecia coisa da Maria.

Maria também estava ali e vestia uma calça jeans rasgada e vestia uma blusa negra escrito "Jack Daniels", eu não queria reparar, mas ela também usava uma maquiagem preta e um batom vermelho, aquele não era o estilo dela, nem pensar, aquilo parecia coisa de Jeremy.

Logo que me viu ela se aproximou e para o meu total espanto me abraçou também, de forma ainda tímida e sussurrou no meu ouvido:

— Nós precisamos muito conversar, eu fui uma idiota... — Ela começou a falar e eu sorri por dentro, tudo o que eu queria era retomar a nossa amizade.

— Tudo bem... — Respondi e ela se afastou deixando seu perfume de lavanda em mim.

Maria foi ao encontro de Jeremy e os dois subiram as escadas, parece que a minha ideia de juntar os dois havia dado certo sem que eu movesse um dedo para ajudar, eu sabia que eles fariam um bom par.

Diana vestia uma saia até os joelhos e totalmente colada, usava um batom rosa choque e suas bochechas estavam cheias de blush, ela estava bonita de uma forma estranha.

A vaca leiteira sorriu pra mim e eu revirei os olhos, ela tenta me matar e acha que eu vou esquecer de uma hora pra outra? Não tenho vocação pra otária não.

— Que bom que você está bem... — Diana falou se aproximando, mas eu me afastei em um reflexo.

— Obrigada pela consideração! — Falei imitando a Katniss Everdeen de Jogos Vorazes e fui para perto de Peter, aquela mulher ainda me metia medo.

Lauren estava parada e me olhava detalhadamente, quando ela viu que eu estava a encarando sorriu sem graça e foi em direção a cozinha.

Diana não tirava os olhos de mim e de minha barriga que agora estava sem o meu bebê, o bebê que foi tão rejeitado por minha mãe e tão amado por mim.

— Eu sinto dor de cabeça. — Reclamei e Peter me abraçou.

— Já vamos subir... vou na cozinha buscar um copo d'água para você, tudo bem? — Ele perguntou sereno e eu assenti.

Peter saiu e agora éramos apenas eu e Diana, Diana e eu, a loira veio se aproximando com seu sorriso sínico e quando chegou perto acariciou meu rosto.

— Você já deveria esperar perder o neném. — Ela falou com a voz melosa e eu senti vontade de socá-la ali mesmo, quem era ela pra falar alguma coisa.

— Por que? — Perguntei enquanto mordia os lábios de raiva e me afastava dela, mas foi em vão porque ela voltou a se aproximar.

— O corpo de uma adolescente nem sempre está pronto para receber um bebê querida... — Ela falou e eu perdi toda a minha paciência.

— Para um bebê talvez não, mas para o seu ex marido, eu acho que está sempre muito bem preparado. — Provoquei e ela deu uma exagerada gargalhada.

— Não me provoque menina, sabe do que eu sou capaz. — Ela falou me fuzilando com os olhos, então Peter chegou e ela se afastou.

Peter segurava um copo de água e tinha uma caixa de remédio também, ele se aproximou de mim e disse:

— Vamos subir? — Ele perguntou e eu assenti.

— Claro amor! — Respondi exagerando na melação pois queria provocar Diana.

Me aproximei da loira devagar e quando ela me olhou eu sussurrei:

— Prometo gemer bem baixinho pra não atrapalhar seu soninho. — Falei e pisquei um olho.

Ela me olhou com uma cara tão feia que eu pensei que ela poderia participar de um filme de terror facilmente, ou quem sabe com esses peitos enormes, um filme pornô, de qualquer forma eu sabia que a guerra estava declarada.