Black Beauty escrita por Bueno


Capítulo 3
Call Your Girlfriend!




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Iniciamos nossa turnê por uma pequena lanchonete que ficava perto do hotel, um lugar agradavelmente pequeno e simples. Uma moça magra e alta anotava os pedidos e ela mesma os servia. Ali a especialidade eram bolinhos doces, de cores e sabores variados; havia certos sabores que eu nem sequer havia experimentado antes, então comecei a provar por esses. Escolhi um bolinho esverdeado que pareceu saboroso, porém, era agridoce e não me agradou tanto quanto os outros. Sasuke provava dois ao mesmo tempo, estava um pouco indeciso entre qual era o melhor entre aqueles. Adotamos a estratégia de ir aos lugares em que o número de pessoas era grande, dessa forma conhecíamos os lugares mais frequentados do centro da cidade. Fomos à lanchonetes, restaurantes e bares. O que mais gostei de ir foi em um pequeno bar de aparência bem exótica, lá os clientes podiam cantar karaokê ou registrar os momentos de bebedeira em uma cabine fotográfica. As bebidas que eram vendidas lá tinham como base algas marinhas, variavam de gostos, cores e teor alcoólico. Pedimos de entrada uma bebida vermelha afrodisíaca. Estávamos sentados em uma mesa para dois, Sasuke de frente para mim. Nossas pernas estavam coladas por baixo da mesa, o espaço lá embaixo não era o suficiente para pessoas com pernas tão grandes. Ele contava-me uma história sobre seu irmão Itachi ao mesmo tempo em que tirava de seu rosto uma mecha de cabelo que insistia em cair sobre seus olhos. Eu estava prestando atenção em como os traços de seu rosto se completavam. Impressionante como as linhas da sobrancelha desciam suavemente até o nariz e daí espalhavam-se pelos olhos e pela boca. Seus olhos eram bem marcados por cílios negros e densos, dando-lhe uma expressão bem mais cruel do que realmente era. Seu nariz era fino e levemente pontudo parecendo ter sido esculpido em mármore grego. Seus lábios, porém, eram finos e frágeis podendo rachar a qualquer momento. Sua pele era branca, limpa e sem marcas. Seu rosto havia sido composto pela mais complexa e bela harmonia que poderia ter sido inventada.
Estava um pouco tarde e ainda nem estávamos na metade da bebida. Comprei a garrafa para bebermos em outra ocasião e fomos para o hotel caminhando, ficava perto dali. Estávamos em silêncio observando as pessoas passarem por nós rindo ou conversando.
Nos deitamos pouco depois de termos chegado, mas não dormimos imediatamente. Eu fitava o teto, com o pensamento em algum lugar muito longe. Sasuke estava deitado perto de mim, de bruços, sua respiração aquecia meu braço. Ele estava descamisado. O quarto estava à meia luz, havia um pequeno abajur perto da entrada do banheiro. Sua pele refletia um hipnotizante brilho meio prateado que lembrava o brilho que a lua refletia quando estava em sua forma cheia. Toquei em sua pele levemente não sei por qual motivo, apenas fui atraído pelo brilho.
— Está tudo bem com você? — perguntei, queria saber se o toque o havia incomodado.
— Estou e você? — deu uma risada meio abafada.
Aproximei-me um pouco mais, podia sentir os pelos de seu braço em mim. Permiti que ficasse onde estava pelo motivo de quê, talvez, se imaginasse que eu fosse Sakura seu sono pudesse chegar e ser melhor.
— Quer cafuné? — brinquei com ele.
— Se você conseguir não bagunçar meu cabelo — deu uma pequena risada abafada.
Bati em seu ombro de leve para que o álcool não tomasse o controle de sua língua.
Eu estava quase dormindo quando ele levantou-se abruptamente, ficou de joelhos na cama me encarando e em silêncio. Fiquei apavorado pensando que algo nele doía ou que não se sentia bem. Todavia, sua expressão era de dúvida ou receio, algo dentro de sua mente fazia seus neurônios se retorcerem. Eu permaneci deitado, esperando algum movimento que pudesse esclarecer as coisas.
— Está tudo bem? — perguntei.
— Sim — respondeu ele. — Estou apenas pensando sobre uma coisa que pretendo fazer. Tentando imaginar as consequências.
— Preciso dizer que estou confuso, Sasuke — precisei falar. — E sem mencionar no medo que estou sentindo.
— Você jura por nossa amizade e por nossa irmandade que tudo o que acontecer aqui será mantido em segredo?
— Sasuke, o quê...
— Você jura? — alterou o tom, com uma expressão séria.
— Juro! — respondi no mesmo tom e tentando reproduzir a mesma expressão.
Tão inesperadamente quanto o salto, ele deitou onde estava bem mais quieto que antes.
— Naruto?
— Ainda estou acordado.

Senti os dedos dele deslizando por entre meus cabelos em movimentos circulares. Seus dedos eram ágeis e não chegaram nem a tocar meu couro cabeludo. Escorregou suavemente da cabeça até minha orelha, ficou brincando com ela. Fazia cócegas e estava me incomodando, mas seu toque era bom. Sasuke mudou sua posição virando sua cabeça para cima, assim como eu estava. Desceu seus ágeis dedos da minha orelha até meu pulso, segurou-o firmemente como se tivesse a intenção de rompê-lo. Reclamei, estava me machucando. Em um giro furtivo ele estava sobre mim, pegou minha outra mão que ainda estava livre e juntou à outra sobre minha cabeça. Era como se eu fosse um prisioneiro erguido pelos punhos de forma que a dor me fizesse refletir sobre meus crimes. Naquele quarto eu não era um criminoso e sim uma vítima. Eu não sabia o que ele estava tentando fazer além de ter total controle sobre mim. Tentei reagir diversas vezes, sem sucesso. Desde nossa última batalha no Vale do Fim prometi para mim mesmo que nunca mais ousaria usar força bruta contra Sasuke, por mais que minha vida estivesse em jogo. Balancei minhas pernas e tentei girar meu quadril para que ele caísse, porém, Sasuke estava bem localizado em cima do meu quadril.
— O que você está tentando fazer? — tentei ser duro para que ele percebesse que eu não estava gostando da brincadeira.
— Eu não sairei de cima, mesmo que você grite feito uma menininha. — debochou de mim. Podia ver algo queimando em seus olhos. Imaginei que Orochimaru estivesse controlando seu corpo ou algo assim.
— Estou fazendo algo que deveria ter sido feito há algum tempo — sua voz era suave, ouvi perfeitamente cada letra escorregando da sua língua e sumindo no ar. — Não minta para si mesmo! Sei que esse é seu desejo assim como é o meu.
Senti suas pernas se fechando ainda mais. Ele queria ter total controle sobre a situação e sobre mim.
— Não sei do que está falando! — gritei para ele.
Inclinou seu rosto até que a ponta gelada de seu nariz encostou o meu, olhou dentro de meus olhos como se procurasse algo que tivesse deixado cair.
— Por que está excitado se não faz ideia do que estou falando? — questionou-me. Eu dei o que ele mais queria que era a confirmação de que o que quer que ele tivesse dito ao longo daquela situação era verdade. — Eu posso senti-lo! — senti meu rosto derreter — Parabéns!
Meu único desejo era afundar naquele colchão e ser levado para outro lugar, bem longe. Em 15 minutos eu pude ver do que um Uchiha era capaz, o quão seu poder é ampliado quando sua alma sente desejo por algo. Naquela batalha ele estava ganhando porque ele conseguia ler meus movimentos e meus desejos; sabia que por mais que eu negasse, eu estava sentindo-me realizado com ele sobre mim.
Ele me deixou livre, caindo para o lado e mergulhado em seu sono. Os minutos se passaram lentamente até que eu pude recuperar os sentidos e entender o que havia acontecido. Chorei em silêncio durante um longo tempo querendo esquecer o que havia acontecido ali. Parte de mim morreu ali sobre aquela cama sem nem ao menos poder se defender. A outra metade queria morrer por saber que as coisas seriam complicadas dali para frente. A crise que haveria dentro de mim pela existência de sentimentos por duas pessoas acabaria me matando.
Ouvi dizer que a pior guerra é a que travamos com nossos sentimentos, disse Kurama.
Se eu o amasse com todas as minhas forças, seria um pecado? Seria possivelmente um pecado ainda maior que iniciar um namoro com Hinata mesmo amando outra pessoa? Eu amo Hinata, sim, mas as coisas não eram assim quando iniciamos a nossa relação. Mas eu aprendi a gostar e cuidar dela logo depois que o Sasuke deixou Konoha para valer. O amor que eu nutria por Sasuke esteve durante muitos anos guardado sob todos os segredos que tenho em meu coração, sob todas as prioridades.
Naruto..., chamou Kurama.
O que quer de mim?, eu não estava em condições de manter um diálogo.
Se queres minha opinião, Sasuke e você formam um belo casal, brincou comigo.


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