Post-it escrita por Sneaky Parsley


Capítulo 7
O


Notas iniciais do capítulo

Último dia!

Feliz dia dos namorados!



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Regina não dormira bem aquela noite, sua cabeça não parara de funcionar um segundo depois da conversa com Henry ontem à tarde:

A rainha subira para pegar os bilhetes em seu quarto rapidamente depois do filho ameaçar ir pegar por conta própria, não precisava do quarto destruído muito obrigada, e os levou para o quartel general provisório da operação, a cozinha, onde Henry estava balançando em um dos bancos do balcão.

“Você vai cair.”

“Pegou???” Disse ansioso levantando de seu lugar.

“Estão aqui.” A prefeita arrumou os bilhetes na ordem em que os recebera, um na frente do outro, e olhou para o filho. “E agora?”

Henry analisou-os por alguns segundos “Tá aí!” Apontou para os papeis.

“O que, Henry?”

O garoto olhava boquiaberto para a mãe “Nos bilhetes. Olha eles todos juntos, mãe.”

“É, Henry, é uma mensagem, já vi isso.”

“Então!”

“Então o que?”

Estalou os dedos “Você está olhando para eles errado, não está?”

Regina observava o filho rearrumar os bilhetes um embaixo do outro, dobrando as pontas dos papeis, os alinhando perfeitamente, com uma meticulosidade que a rainha gostaria que ele tivesse com o dever de casa. “Olha agora.”

.

Essa cicatriz no seu lábio mexe comigo

Um sorriso é tudo o que precisa pra me tirar do sério

Também tudo o que diz, e como você diz

E aquele vestido cinza?

Adoro cada parte de você

Minha Rainha que me enlouquece sem tentar,

.

E a prefeita segurou a cabeça nas mãos. Foram poucas as vezes em que Regina Mills se sentira uma completa idiota. Essa situação era uma dessas... Se não estivesse tão ocupada dando uma de adolescente apaixonada teria visto isso logo de cara. E sido poupada da dor de cabeça que esses bilhetes representaram essa semana.

“Claro que eu não teria visto isso... Meu problema de atenção está tão sério que até a Snow já veio falar comigo...”

“Não te culpo, mãe.” Disse entre risadinhas “Mas você sabe o que isso significa, né?”

“Que eu poderia muito bem não ter feito nada a semana inteira.”

“Só mais amanhã e tá tudo certo.”

Foi isso que seu filho dissera ontem... Como se fosse fácil... E, claro, mantém o que disse, poderia não ter feito nada sobre isso a semana toda e só esperado. E quem ela acha que engana?

Regina não teria ficado parada esperando o tal do admirador secreto se mostrar de boa vontade por dois motivos, ok, eram bem mais de dois, mas dois principais: 1) Ela tem uma paciência bem limitada. Especialmente para coisas assim, é de sua vida amorosa que estamos falando aqui! Ou possível vida amorosa, sei lá; e 2) Exatamente por falarmos de sua vida amorosa, ela está extremamente curiosa. Quem em sã consciência se apaixonaria pela rainha má? Regina acredita ser uma pessoa que é difícil ao menos gostar.

E é óbvio que ainda existia a possibilidade de não ser realmente o último dia, nada garantia que esses bilhetes parariam, da mesma forma que nada garantia que esse admirador secreto sequer apareceria... Poderia ser alguém que pode acreditar estar apaixonado por ela, mas não está realmente e não fará nada a respeito... Acontecia com alguma frequência na Floresta Encantada... A menos que fosse algum nobre ganancioso, esses não precisavam de motivo romântico, só queriam tentar ter alguma parte de seu reino, não que ela tivesse caído nesse golpe, mas acontecia...

Foi com esses pensamentos assombrando sua mente que Henry a encontrou deitada em sua cama olhando para o teto.

“Vai ficar aí?”

“Só mais cinco minutos...” Disse se enrolando um pouco mais no cobertor.

Henry ergueu uma sobrancelha para o comportamento da mãe. “Você vai se atrasar, mocinha. Pode ir se trocar agora.”

“Não tenho nada para me atrasar hoje. E eu sou sua mãe, você não manda em mim.”

Regina tentou se esconder mais ainda no cobertor, mas Henry segurou seu braço e começou a tentar fazê-la levantar “Vaaamos, mãe! Eu pensei em algumas coisas pra tirar sua cabeça do seu encontro mais tarde!”

Agora o diabrete tinha total atenção da rainha “Encontro? Que encontro?”

“O que você vai ter com a pessoa que te manda os bilhetes!”

“Não vai ter encontro algum, Henry! Mesmo se essa pessoa aparecer, o que você acha que vai acontecer? ‘Oh, obrigada por deixar tantos bilhetinhos românticos na minha porta! Não quer entrar e tomar uma xicara de café?’ E aí sairemos correndo pela praia ao pôr do sol?”

“...Não... Não muito... Mas que seja, você ainda vai encontrar essa pessoa hoje, mãe! E eu sei que você está ansiosa – não adianta negar!” Henry apontou o dedo para a mãe, quem fechou a boca que tinha aberto para revidar o filho “E, como o filho exemplar que sou, vou fazer o meu melhor para tirar sua cabeça disso hoje! Pode até ficar de pijama!”

E de pijama nossa rainha permaneceu enquanto foi escoltada à cozinha.

“E o que pretende fazer para amenizar minhas ansiedades, meu príncipe?”

“Pretendo fazer panquecas de morango com a minha mãe.” Olhou para ela com um sorriso “E eu sei que cozinhar também te acalma.”

Regina retornou o sorriso, abraçando o filho. “E por onde começamos, senhor terapeuta?”

“Acho que pelo leite.”

Cozinhar era de fato uma terapia, uma que ela adorava ainda mais quando fazia com Henry. Desde pequeno seu Pequeno Príncipe ajuda na cozinha, e ela sabe que ele também adora, não tem prova maior do que os aventais que combinam que ele a fez comprar quando tinha nove anos.

“Você é o chefe.”

Bagunça, uma hora depois de começarem as panquecas era tudo o que se via na cozinha, bagunça. E Regina não conseguia se importar nem um pouco. Ela disse que Henry era o chefe hoje, então foi tudo do jeito dele, e ela aposta que a bagunça foi proposital.

“Depois eu arrumo, mãe” Disse abraçando a mãe depois de engolir uma garfada do doce “Prometo.”

“Está tudo bem, Henry.” E realmente estava, não é como se ela não tivesse magia para arrumar tudo. E cozinhar com o filho ajudara, bastante... Mas não o suficiente. Os bilhetes continuavam voltando à sua cabeça, assim como seu possível autor. E Henry deve ter percebido.

“Sabe... A gente sempre pode continuar investigando...”

“Pensei que o plano era me fazer parar de pensar nisso?”

“E era... Mas não é como se eu tivesse planejado o dia inteiro... Até porque eu sei que você não vai parar de pensar nisso por nada. Quando coloca algo na cabeça é quase impossível tirar.”

“Bem, tem em lugar que eu gostaria de ir de novo.”

“Vamos então! Operação Camaleão continua!”



Não conversaram no caminho à loja de penhores, cada um com seu próprio pensamento. Não demorou para chegarem lá, mas demorou para Bella perceber que haviam entrado. Ninguém sabe como não roubaram a loja inteira ainda. Henry quebrou o silêncio chamando pela nova proprietária.

“Bella!”

A mulher apareceu depois de algum tempo com um sorriso no rosto “Henry! Que bom, eu já –“ Que vacilou ao ver a prefeita. “R-Regina. Posso ajudar?”

“Você sabe que pode, Srta. French.”

“Regina... Eu procurei... E não achei nada... Que possa te dizer”

“E por que não?”

“Porque não achei nada...”

“Você achou. Só não quer me falar. Por que?”

“Regina, por favor.”

“Não, Bella, quem é tão mais assustador que a rainha má a ponto de você mentir para mim?”

“Eu não tenho medo de você, Regina...” A sinceridade nos olhos da morena mais nova abalou, de uma forma boa, a rainha.

“Mas tem medo dessa pessoa?”

“Não.” A sinceridade ainda estava ali “Mas não posso te dizer.”

“Por que não?”

“Porque eu prometi que não diria nada.” Bella brincava com uma mecha solta de seu cabelo “E eu acho que te contar mata a ideia de tudo...”

Regina cruzou os braços “Não vai mesmo me contar, não é?”

“Desculpa, meus lábios estão selados, Regina.”

A prefeita saiu da loja marrenta com Henry logo atrás.

“Não precisa ficar assim, mãe, vai descobrir quem é mais tarde mesmo.”

“Henry, não tem como ter certeza disso! Como que eu vou saber se ele simplesmente não vai deixar o bilhete lá de novo?”

“Porque eu sei que vai. É minha intuição, lembra? A que nunca falha?” Pegou o braço da mãe no seu “Podemos tomar sorvete?”

“Bem grande, por favor...”



Tomaram sorvete no parque e Regina admite que é ótimo afogar as frustrações no doce gelado e realmente funciona... Até ver Robin passeando com Roland... Ele era bom com crianças, boa pessoa, bonito, forte e tem um sorriso bobo muito fofo... E é sua alma gêmea também... Seria ótimo se fosse ele quem estava deixando os bilhetes. Seria perfeito.

Mas não seria tão ruim se não fosse ele... Não a leve a mal, Regina gosta muito dele, mesmo depois do que aconteceu com Zelena, e ainda cogita um relacionamento com ele; mas... Saber que alguém gosta dela não por causa do que um pouco de pó de fada disse... Seria muito mais que perfeito...



Voltar para casa não foi uma tarefa fácil, Henry quase teve que carregá-la quando começaram a chegar perto da mansão, não estava com medo. Não. Ok... só um pouco, mas quem não estaria? Henry estava tão convencido que esse admirador secreto apareceria que ela mesma estava começando a acreditar.

A mansão da prefeita, seu palácio, sua casa... Passara tanto tempo a criando...Escolhera seu estilo imponente e real, digno de uma rainha, seu jardim grande o suficiente para sua macieira e a cor branca para representar sua nova vida. A maior casa na rua. A maior casa na cidade. E passara o dia pensando em como convidar essa pessoa misteriosa para entrar. O dia todo surtando internamente sem saber o que faria na hora, não tinha um plano.

E nunca quis tanto conhecer alguém de quem não tem nem um pouco de informação. Ok, sabe que esse admirador a ama, ou pelo menos acha que a ama, mas não é o suficiente.

E talvez devesse ter seguido sua filosofia de sempre esperar a pior hipótese. Se tivesse seguido, talvez, o golpe não teria doido tanto. Não havia bilhete algum. A porta estava vazia. E não tinha ninguém por perto também.

Henry apertou o braço da mãe e olhou para ela com um pequeno sorriso que Regina só poderia chamar de triste “Acho que você precisa de um tempinho sozinha.” E a levou para a porta “Vou ficar aqui fora caso precise de alguma coisa, ok?”

Por que precisaria de um tempo sozinha? Mas ao passar pelo espelho em seu corredor soube a resposta, estava devastada, não chorando, nunca uma rainha choraria por um motivo desses, mas desapontada. Muito desapontada. Pensava em como cada pensamento que passou por sua cabeça na última semana poderia estar errado. Como os bilhetes não formavam frase alguma. Como vira demais em mais uma situação... Deitaria, faria isso. Amanhã tudo estaria melhor. Melhor e do jeito que deve ser.

E subia degrau por degrau até o quarto escuro, seu quarto perfeito e impecável, mais uma de suas fortalezas. Foi aí que o viu em sua prateleira: Aquele pedaço de papel amarelo que deveria estar em sua porta colado no meio de seu espelho. O O que faltava. E não sabia se sentia medo ou o que sentia.

Até uma voz que conhece ridiculamente bem leu o bilhete em voz alta ao mesmo tempo em que a prefeita lia para si.

Olhe para trás.



E obedeceu ao papel. E voltou a não saber o que estava sentindo, mas sentiu uma queimação familiar atrás dos olhos ao ver aquela criatura de botas, calça jeans, jaqueta de couro e cabelo loiro, segurando um enorme buquê de rosas coloridas e dando um sorriso bobo e tímido.

“Só precisei ser atacada pela escuridão eterna para perceber isso.”

“Emma!” Regina correu até ela e abraçou-a forte antes de soltá-la e olhá-la como se só a tivesse visto agora “Emma?!” A rainha segurou a loira pela jaqueta e a olhou nos olhos, estava furiosa.

“Você estava bem?! Nem pensou em dizer nada?! Tem noção do que todo mundo está passando?! Pensando que você sumiu ou pior! Quando você voltou?! Aonde estava?! – “

Emma pôs as mãos nos ombros de Regina “Calma, Regina. Não é como se eu tivesse morrido.”

“Nós poderíamos ter te ajudado – “

“Você tenta domar o poder supremo das trevas com a minha mãe em cima de você vinte e quatro horas por dia e depois me fala como foi.”

“Você tem noção de como todo mundo estava preocupado? De como Henry estava preocupado?”

“Na verdade... O moleque já sabe há algum tempo já...”

A prefeita soltou a xerife e ficou ainda mais furiosa do que já estava “Ele sabia. Ele sabia desde o começo e não me falou nada?! Ele sabia desde o começo e me deixou assim a semana inteira?!”

“Ow, ow, calma, Regina. Não, ele não sabia desde o começo. Mas quando ele começo a te ajudar... Bem... Eu sabia que não demoraria muito para que ele descobrisse... Então contei tudo e pedi para ele me ajudar...”

“Ele me enganou... Aquele pequeno... Só pode ser seu filho mesmo!”

Com isso Emma riu “Claro, claro, porque sou eu que tenho ‘bruxa má e dissimulada’ no currículo.”

“Por isso Srta. French estava daquele jeito quando falei com ela.”

“Se acha que aquilo era ruim, devia ter visto ela quando me achou! Nem sei o que ela pensou, mas meu deus, eu deveria ter tirado uma foto!”

“E como pagou a torta no Granny’s? Não tem como simplesmente ter aparecido lá, a cidade inteira já saberia antes mesmo de eu chegar lá. E não tem como você ter controle suficiente sobre essa magia nova ainda para se disfarçar tão bem a ponto de nem a Srta. Lucas te perceber.”

“Ah... A Ruby já sabia àquela altura. Digo, Bella não é idiota a ponto de se aventurar floresta a dentro atrás de um pedaço de papel enfeitiçado sozinha. E como a xerife estava indisponível e ela te prometeu não contar nada para meus pais...”

“Eu disse para ela não contar para ninguém.”

“E isso significa meus pais. Se eles soubessem, a cidade inteira saberia. É assim que funciona.”

“E Ruby deveria ser melhor como?”

“Você ficaria surpresa com os segredos que aquela lobinha guarda.”

“Mas como a Bella conseguiu te achar? Quando eu tentei magia no bilhete, ele só riu de mim!”

“Por que eu sabia que você usaria magia pra rastrear o bilhete assim que pudesse... Mas a magia que Bella usou era do arsenal pessoal do Rumple. Não tem muito o que fazer contra aquilo, especialmente, como você disse, sem controle suficiente da minha magia nova.”

Regina suspirou e olhou para baixo por alguns segundos, antes de olhar novamente nos olhos da loira. “Por que?”

“Porque eu te amo. E acho que você gosta de mim também. Ou não teria surtado atrás de quem escreveu para você.” Disse coçando a cabeça.

“Eu achei que fosse um psicopata!”

“Não errou tão feio assim.” Disse sorrindo.

“O que você faria se eu não quisesse ficar com você?”

“Bem... Isso ainda continuaria sendo o que é: Uma confissão. Eu te amo. E não tem nada que você possa fazer, maçãs que possa envenenar ou maldição que possa lançar que me faça mudar de ideia. Não importa se você quer ou não ficar comigo. Eu te amo e precisava tirar isso do peito.”

“Por que agora?”

“Ficaria surpresa com como esse tanto de escuridão te faz pensar nas coisas. Principalmente nas pessoas.”

“Então isso é só porque a ‘escuridão’ mandou?”

“Não. Ela só me fez pensar melhor nas coisas. Em como você pronuncia cada palavra, como essa cicatriz no seu lábio se move quando fala, como é tão fácil me perder completamente quando me olha nos olhos, como não consigo parar de te olhar quando você usa qualquer roupa, como você fica linda brava... Como você é linda...”

“Emma – “

“Não. É só uma confissão, Regina. Não estou pedindo para você cair de amores por mim do nada. Eu sei que não sou sua alma gêmea, não sou o destino que te mostraram, mas eu faria de tudo pelo seu final feliz, estando na sua vida ou não. Então... Tudo o que peço... É uma chance, Regina. Só uma. Pra tentar te fazer feliz. Nada mais.”

A rainha não conseguia parar de olhar para a mulher a sua frente. Emma. Não era a Salvadora. Não era a xerife de Storybrooke. Não era a nova Dark One. Era só Emma. E Regina fez a única coisa que conseguiu pensar naquele momento.

“Não desperdice, Srta. Swan.”

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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui!

E aí? Era quem você pensava? Decepcionei alguém? kkk Não? O que acham?

E feliz dia dos namorados! õ/