Fator Gama escrita por Enki


Capítulo 1
Prólogo




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Um cachorro furioso de seis patas me seguia pelo deserto. Eu corri pela areia, mas o exterior é um local traiçoeiro. E aquele bicho maldito era incrivelmente rápido. Não conseguia correr mais rápido que ele, se não encontrasse um jeito, logo me alcançaria. Meu nome é Susana... eu acho. Não sei de muito mais sobre quem eu sou ou o que aconteceu comigo. Na verdade, estou pouco interessada nisso. O que eu quero saber mesmo é o que aconteceu com o mundo.

Eu acordei duas horas atrás no deserto e comecei a andar por lá. Estive caminhando desde então, procurando outra pessoa que pudesse explicar alguma coisa sobre mim. Minutos mais cedo, deparei-me com uma cidade em ruínas. Tudo estava aos pedaços. Os prédios pela metade, as casas desabadas, o asfalto revirado, o chão forrado com cacos de vidro, madeira, fuligem, pó de alvenaria e canos soltos. Estava deserto. Eu temia que fosse a última pessoa naquela maldito planeta, mas não desisti. Eu precisava encontrar alguma coisa. Fui atrás de comida.

Não havia água, nem alimento. Nada. Após poucos minutos caminhando pela cidade em ruínas, eu encontro um cachorro. Tinha noção do tempo porque tudo que eu tinha junto de mim desde que acordei era um relógio Fossil e um mp3 player no bolso. Procuro me aproximar com cuidado, mas assim que o animal se vira, ele me vê. Ele não parecia mais um canino. Era uma coisa atroz e bizarra, saída possivelmente de meus piores pesadelos, com metade do rosto em carne viva. Ele corre atrás de mim e eu fujo como eu posso. Corro e subo pelas placas de asfalto acidentadas. O cão feroz me segue, latindo e rosnando. Subo o capô de um carro e salto contra uma vidraça do prédio. Caio rolando no chão. Sei que o animal vai me seguir, então trato de me levantar e disparo para a vidraça lateral. A merda daquele mundo pelo menos já despedaçara esse outro vidro para mim, então não precisei rolar outra vez nos cacos e rasgar minha pele. Corro para fora do prédio e me encontro em um beco. Na outra ponta uma grade, minha chance. Os latidos se aproximando atrás de mim. Corro para o fim da esquina e ao olhar para trás, vejo o cachorro a menos de três metros atrás de mim. Pulo sobre o latão de lixo e salto torcendo para ir alto o suficiente e passar por cima da grade. Meu pé esbarra no ferro e eu caio de mal jeito contra o chão. Acho que quebrei o braço com a queda pois escutei o som dos meus ossos quebrando.

Corro para a saída do estreito e, na rua, encontro outra vez, não um, mas seis cães atrozes rosnando para mim. Porra.

Fecho os olhos sabendo que não tenho como escapar. Então escuto sons de explosões e os latidos se interrompem. Abro os olhos receosa. Uma figura humana está me encarando, com o rifle ainda apontando para os cães abatidos. O homem tira a mascara de gás que usa e me pergunta:

"Que merda você está fazendo aqui?"


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