Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 15
I want be a queen


Notas iniciais do capítulo

Olá amores de toda minha vida!
Como estão?
Espero que bem, sério!
Consegui terminar esse capítulo hoje, yeah!
Bom. Preciso dizer que foi difícil e ao mesmo tempo divertido escrevê-lo e sei que terá um bocado de gente reclamando da falta de diálogos, mas foi necessário.
Agora começaremos a "correr" pelo tempo na fanfic, pois afinal de contas Ignis passou 1000 anos em Asgard. Se eu fosse escrever todos os 1000 anos, levaríamos uma eternidade para acabar essa temporada. E não é isso o que eu quero.
Espero que gostem do capítulo e não me matem quando chegarem ao final.



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─ Ouvi falar que uma das novas damas de Ilidia está muito interessada naquele amigo de Thor, Frandal.

─ Todas elas são.

─ Mas ao que tudo indica, ele também está interessado, querida.

─ Ele sempre está interessado quando se trata de uma mulher.

─ Você está tão bruta hoje. Acordou de mau humor, foi?

Deixei de lado as páginas do livro em que estava tentando me concentrar para focar-me em mamãe, sentada a minha frente, apreciando mais uma de suas xícaras de chá.

─ Eu estou tentando ler em paz, apenas isso.

─ Claro que sim. ─ minha mãe retribuiu minha cara emburrada com um sorriso gentil, possuindo uma leve pitada de ironia ─ E isso não tem nada haver com o fato dele estar atrasado, não é mesmo? ─ uma de suas sobrancelhas se ergueu.

─ Ele não vem hoje. ─ voltei-me para o livro, tentando ignorar a ardência em minhas bochechas por ter sido finalmente descoberta por minha mãe.

Ela passara a tarde inteira ao meu lado, pois sabia da exímia possibilidade de meu rotineiro amigo faltar ao nosso encontro mais uma vez. Não que eu me importasse, claro. O Sol asgardiano já estava se pondo, finalizando então o meu último horário de descanso antes de voltar-me para mais uma tarefa pré-selecionada pela rainha Frigga.

Há alguns anos eu havia chegado a Asgard com o único propósito: de me casar com o príncipe Thor. No início meu convívio com Thor era insuportável ao ponto dele quase ter forçado a me deitar com ele. Porém, ao longo dos anos, Thor foi sendo moldado por Odin ─ enquanto eu era moldada por minha mãe e Frigga ─ e nossa relação tornou-se suportável de modo que eu até conseguia sorrir amigavelmente em sua presença.

Apesar de suportar Thor, ainda não me sentia preparada o suficiente para assumir um compromisso com alguém que não amava. E, por sorte ou não, acabei descobrindo que um casamento de tal efeito social e político poderia levar anos para ser consumado, então anos após o meu noivado, eu ainda não era, de fato, uma asgardiana completa... Mas caminhava em passos lentos nesta direção.

Com esses anos, pude cativar uma grande amizade com Loki, que mostrou-se um ótimo amigo e confidente. Era com ele que compartilhava todos meus segredos, pensamentos, anseios e desejos.

Aos olhos dos outros, Loki e eu éramos inseparáveis ─ o que era quase sempre verdade. Sempre que alguém nos encontrava, estávamos provavelmente rindo de alguma história boba ou alguma piada que ele fazia que conseguia me acarretar risadas. Ás vezes eu gostava de acreditar que ao lado de Loki todos os problemas simplesmente eram solucionados e eu poderia ficar ali, rindo, divertindo-me e passeando pela Asgard para todo o sempre. O que, infelizmente, nunca poderia acontecer.

Apesar de viver em Asgard, ainda era princesa regente, herdeira de Surt. Portanto, meu cargo acarretava imensas responsabilidades, onde uma delas era de tempos em tempos fornecer serviços a algumas damas que vivem em Muspelheim ou até mesmo de Niflheim. E era sobre isso que minha mãe falava naquele instante.

Sobre como todas as damas que eu havia de convocar para minha irmã, apaixonavam-se por Frandal ─ um dos melhores amigos de meu noivo ─ e voltavam para sua terra completamente magoada.

─ Já pensou o que fará a respeito dessa nova dama? ─ mamãe insistia no assunto, mas no fundo eu tinha consciência de que em sua cabeça aquilo iria ajudar-me a esquecer a mágoa que me afligia por passar mais uma tarde longe de Loki.

─ O que posso fazer? ─ meu tom era desdenhoso, e eu tinha noção de que minha mãe não merecia aquilo, mas ainda sim... ─ Mandá-la de volta para casa com esperanças no coração? Mamãe, não seja tola. Ela vem da mesma cidade da última dama de Ilidia e por lá os boatos já devem ter se espalhado. Por isso convoquei-a, acreditando que ao menos essa não seria estúpida o suficiente para cair nos encantos de um asgardiano. Se ela sente o que sente por Frandal, obviamente é algo que ele cultivou nela e ela permitiu.

─ Ary é uma boa moça, Ignis, não seja tão dura. ─ rebateu mamãe, defendendo a imagem da nova dama.

─ Não estou sendo dura. Estou sendo realista. ─ finalizei o assunto olhando-a de forma fria e calculista.

Não havia coisa que odiava mais, se não discutir com minha mãe sobre esses assuntos do coração. Já haviam se passado anos e eu nunca apresentara nenhum interesse em adiantar o casamento. O que a preocupava muito, afinal, que mulher não sonharia em casar-se depressa com o tão maravilhoso, lindo e poderoso Thor?

Pois é. Eu não sonhava.

Senti um movimento de minha mãe e desviei novamente o olhar em sua direção. Ela estava se erguendo, deixando a xícara de lado e se afastando de mim, caminhando até o o outro lado do salão das mulheres.

Uma rápida pontada de arrependimento fincou em meu coração uma farpa, mas eu a ignorei, pois agira exatamente como meu pai havia me ordenado nos últimos anos.

Eu precisava ser firme em minhas decisões. Sem arrependimentos, coerente e coesiva. Não poderia adicionar ao meu vocabulário o termo voltar atrás. Logo, logo eu seria rainha e uma rainha deveria ser sábia em suas escolhas e fazer de tudo para que jamais se arrependa delas.

Não era fácil carregar o fardo que me fora entregue. Era cansativo, desgastante, pesado... era destrutivo. Mas ainda sim, eu gostava de me imaginar andando por aí com uma coroa no topo da cabeça, finalmente acatando ordens e mudando o que pudesse mudar.

Meu pai voltara para casa pouco mais de uma lua após a confirmação de meu noivado com Thor, pois o caos já havia se formado, graças a falta de autoridade que meu tio, irmão de minha mãe, possuía. Todas as vezes que ele conseguia uma folga, enviava-me mensagens através de Heimdall que eram retribuídas no mesmo instante.

Eu sentia falta dele, sentia falta da nossa conexão e da segurança que ele me passava... Sentia falta de possuir um líder olhando por nós em Asgard, já que meu tio realmente não surtia efeito algum por aqui.

↜❁↝

─ Eu me casaria com Hogun. ─ Clodha gritava animada enquanto ela e Rodha corriam pelo quarto com minha mais nova tarefa. Vários vestidos, sapatos e joias chegaram para que eu escolhesse algo descente para o Sarau surpresa que Odin marcara.

─ Eu não me sentiria uma total usada se Frandal, me pedisse em casamento. ─ Rodha gargalhava enquanto relatava seus mais profundos sonhos.

Não era novidade que Rodha escondia uma paixão não correspondida por Frandal, mas ainda sim, eu me sentia mal todas as vezes em que ela brincava com os próprios sentimentos, fazendo piada de si mesma.

─ Imaginem só? Um casamento triplo! Thor, Hogun e Frandal nos aguardando no altar e nós três entrando ao mesmo tempo, com os mais lindos vestidos dos nove reinos e as joias mais brilhantes de todas! ─ Clodha continuava com seu sonho enquanto lançava mais um dos vestidos ao ar indicando que aquela não seria uma boa escolha.

Eu estava sentada na sacada de mármore de meu quarto, com os joelhos encolhidos e abraçados por meus braços revestidos e protegidos por um manto. Apesar de ter me esforçado para achar incrível a ideia do sarau, uma pontada de desgosto ainda estava brincando em meu coração lembrando-me o início da noite inteira que se passara mais um dia em que não pude ficar ao lado de Loki.

Ás vezes me surpreendia com esse tipo de pensamento inadequado. Não era certo pensar assim, não era certo pensar em Loki como uma prioridade em minha vida. Ele era apenas um amigo, um bom amigo que possuía o mais incrível dos olhos, o mais gentil dos sorrisos e o melhor abraço de todos os reinos...

─ Ignis, venha escolher logo seu vestido! ─ Clodha surgiu em minha varanda com um manto em torno de seus ombros ─ Desça daí, Iggy! Vai acabar se machucando e nos causando problemas maiores.

Clodha e Rodha são minhas amigas desde que me conheço por gente. E por este grande feito, não poderia escolher outras damas se não elas. Meu desejo interno era levá-las para Asgard como membros da família real, mas Odin não concordou com a ideia, forçando-me a convocá-las como minhas damas. Apesar de ser um posto menor do que estão acostumadas, elas ainda sim conseguem se divertir com a ideia de viverem na terra dos deuses.

Elas passaram boa parte da noite decorando meu cabelo, pintando meu rosto, mas em nenhum momento eu consegui apontar para o vestido de minha escolha. Elas mostraram-me vários modelos.

O tema do sarau seria em homenagem a um dos lordes que viera de Nifheim. Então todos os trajes deveriam ser invernais, o que me causava um leve conforto, entretanto, apesar da boa lembrança de casa, nenhum vestido realmente chamou-me atenção. Eram quase todos iguais: em tecidos claros, floridos, alegres, querendo passar a imagem de uma princesa sensível, amigável e manipulável.

Acredito que era essa a grande jogada de Asgard, no fim das contas. Mostrar a todos o quão manipulável eu era. Principalmente porque não há muito tempo eu havia feito um discurso que quase custara a minha vida.

Em um dos meus primeiros saraus em Asgard, fui convidada a discursar. Apavorada com a ideia fui pedir ajuda ao meu pai, que tudo o que disse foi: "Seja sincera com seu coração."

E eu fui.

Levei pouco mais de cinco minuto, porém eu falei tudo o que realmente sentia. Deixei claro que não confiava em Thor, que Odin era um bom anfitrião, mas sua ideia de casamento estava ultrapassada, que sentia-me como uma prisioneira, rodeada de guardas a todo o tempo e que não tinha liberdade para, nem ao menos, me banhar, sem que um guarda ficasse a postos para qualquer imprevisto. Para finalizar meu discurso, revelei que a todo tempo eu me sentia em um campo de batalha, onde minha raça estava em perigo.

Depois daquela noite, nunca mais fui convidada a discursar, meu pai tornou-se uma fera comigo, demonstrando sua total descrença em mim e deixando a responsabilidade em mãos de meu tio, Setneff, o irmão mais velho de minha mãe, que apesar de ser terrível quando se tratava de política, era ótimo em entretenimento.

Naquela noite eu estava me sentindo diferente. Havia uma pequena fagulha dentro de meu ser que estava disposta a mudar o pensamento de todos em relação a meiga e doce princesa Ignis. Eu queria provar que era séria, centrada, correta, coerente e uma boa líder. Queria mostrar que tudo o que vinha aprendendo nos últimos anos surtiram efeito e que aquela princesa que outrora se quer sabia de suas verdadeiras responsabilidades, agora estava mais do que pronta para governar. Parte de mim chorava só de pensar que teria de me casar com Thor para que isso acontecesse, mas... Uma parte maior gritava decidida, rompendo com as barreiras do medo, mostrando-se potente e voraz. Eu queria ser rainha.

↜❁↝

Quando pisei no salão do sarau, todos os olhos voltaram-se para mim.

Primeiro, porque eu era Ignis, a princesa fênix, então era fato que todos já colocariam sua atenção em mim assim que chegasse. Mas o segundo motivo era maior do que apenas o fato de eu ser uma princesa. Era meu vestido.

Faltando poucos minutos para que eu tivesse de me apresentar no salão, eu encontrara no meio de tantas opções, escondido entre tantos tecidos, o vestido ideal. Ele possuía um fundo acinzentado, com detalhes em preto que iam do corpete do vestido até o início da saia. O tecido era leve e não atrapalhava meus passos como a maioria dos vestidos de inverno que já usara. No topo de minha cabeça estava uma tiara prateada que destacava-se ainda mais com a luz proporcionada no salão, assim como meu par de brincos e meu colar. Com aquela luz, até mesmo meu anel de noivado era favorecido e irradiava reflexos luminosos destacando-me mais ainda. Meu cabelo preso, pois assim facilitaria minha visão no momento da dança, mas ainda sim todo o seu charme avermelhado estava marcando presença.

Pela primeira vez em anos eu me sentia bem usando roupas feitas por asgardianos, pois no fim das contas, aquela peça de roupas lembrava-me imensamente de meu antigo lar.

Precisei ficar ao lado de Thor durante todo o sarau. Era fato que no início de nosso relacionamento eu não conseguiria passar mais de um minuto ao lado do homem, porém ao longo do tempo fomos conhecendo o limite de cada um e nos tornamos amigos. Não éramos amigos como eu e Loki, mas ainda sim era uma amizade apreciável.

Durante todo o sarau, ele permitiu que eu conversasse com os convidados sobre política e sobre minhas terras antigas. Ele gostou quando eu fiz comentários sobre a neve artificial que caía pelo salão e como agradava-me aquele cenário.

Era apreciável a companhia de Thor, mas suas piadas não tão engraçadas como a de seu irmão. No fim das contas, Thor e eu não tínhamos tantos assuntos em comum. Enquanto ele gostava de contar relatos de guerra, eu preferia conversar sobre um bom livro que havia lido durante a tarde... Por fim, ficamos constrangidos por não termos tanto em comum quanto desejávamos. Havia apenas uma coisa que gostávamos de conversar: sobre nosso futuro juntos. Não eram conversas que podia-se ouvir de casais comuns, mas ainda sim era uma boa conversa. Mas é claro que quando o assunto aproximava-se de herdeiros, logo buscávamos forma de mudar de assunto e acabávamos estagnados e em silêncio.

─ Gostaria de pedir algo a você, Ignis. ─ Thor iniciou um novo assunto enquanto terminávamos de cumprimentar os últimos visitantes de Nifheim que agora despediam-se e seguiam caminho até Bifröst.

─ Hm? ─ esperei pelo pedido.

─ Gostaria de passar a tarde com você amanhã.

O pedido realmente me pegou de surpresa e Thor sabia qual seria minha reação, por isso desviou o olhar e esperou que eu assimilasse a ideia.

Desde sempre as tardes pertenciam a Loki. Apesar dos últimos dias distante, a promessa de esperar todas as tardes por ele ainda existia e ainda acreditava ser verdade. Mas agora... como eu poderia negar um pedido ao meu noivo?

─ Será só por uma tarde. ─ ele esclareceu, finalmente ─ Eu tenho algo a lhe mostrar.

─ Claro. ─ assenti, tentando esconder o máximo que podia minha crescente agonia de falhar com minha promessa ao irmão dele ─ Será divertido.

Clodha aproximou-se de nós, fez uma rápida mesura e pediu que eu a acompanhasse. Thor despediu-se de mim, alegando que já iria para seus aposentos e eu me afastei dele acompanhando os passos rápidos de minha dama.

─ Que foi, Clodha? ─ indaguei, um pouco confusa por toda a exasperação de minha amiga.

─ Eu vou acabar morrendo por causa disso, mas... ─ ela falava sozinha enquanto me guiava entre conhecidos corredores ─ Só me prometa que se alguém pegá-los, não irão dizer que participei disso.

Eu não fazia ideia do que ela estava falando, até que paramos em um corredor sem saída. Não havia percebido que estava sendo direcionada para aquele lugar.

─ Precisa voltar para o quarto antes da noite chegar ao fim. ─ Clodha alertou ─ Me prometa que estará lá, Iggy.

Sorri, começando finalmente a me animar verdadeiramente naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Eu tive de dividir esse capítulo, pois ele está meio extenso... E preciso dizer que não terminei de escrever a parte 2 ainda.
Desculpa! Mas aqui acabou a luz e a bateria do meu notebook foi-se embora também e só pude voltar a escrever recentemente.
Será que eu ainda encontro alguém nos comentários?
Eu espero que sim!
Até breve! õ/