As portas automáticas se abriram e Dylan pôde, finalmente, respirar aliviado. Desde que saíra do seu apartamento dividido com Tyler, ele tinha uma ideia fixa em sua cabeça que sua fantasia estava ridícula e que ninguém conseguiria reconhece-lo, ou pior, iriam reconhecê-lo e rir dele.

–- Relaxa, Dyl. – Tyler falou, passando as mãos nos ombros tensos do amigo. – Tudo vai dar certo, você vai ver.

–- Só diz isso porque sua fantasia tem presas e todo mundo sabe que, não importa o personagem, você é um lobisomem. Além do mais, apenas fãs da série é que poderão me reconhecer e eu não estou vendo ninguém assim aqui...

Os olhos de Dylan começaram a percorrer o local e ele virou para o amigo, satisfeito consigo mesmo ao notar que tinha razão. De repente, um mar de cabelos vermelhos bloqueou sua visão e ele deu de cara com uma garota sorridente e com lindos olhos verdes na sua frente.

–- Stiles.

–- O que disse? – Tyler perguntou, já que Dylan estava ocupado demais observando a ruivinha que tanto parecia com Lydia Martin, uma das personagens da série que tanto adorava.

–- Ele está vestido de Stiles, certo? – Quando Dylan assentiu, a menina também mexeu a cabeça. – Eu sei porque só o Stiles poderia ser idiota o suficiente ao achar que calça jeans azul e camisa quadriculada laranja formariam uma boa combinação.

Dylan olhou para os seus trajes e, assim que levantou a cabeça, a garota tinha uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados.

–- Ei, não é assim que se trata um companheiro de cosplay! – Ele resmungou e a menina, junto com Tyler, reviraram os olhos, com ela puxando os dois pelas mangas das camisas até uma espécie de praça de alimentação, com várias mesas e barracas de comida por todo o lado.

O cheiro de batata frita estava no ar e na mesma hora, o estômago de Dylan roncou. Tyler conseguiu escutar e disse ao amigo que iria comprar algo pra comerem enquanto ele ia com Holland – que tinha se apresentado em algum momento entre seu discurso introdutório e a crítica fashionista sobre suas roupas – pegar uma mesa.

Assim que sentaram, uma garota sentou em sua frente e começou à digitar em seu celular. Ela tinha cabelo castanho curto e tinha um arco pendurado em suas costas. Assim que terminou de digitar, bloqueou o celular e virou-se para os dois, mostrando um lindo sorriso de covinhas.

–- Oi! Sou a Crystal.

–- Dylan.

–- Holland.

–- Vocês estão fantasiados de...

–- Yep. – Os dois responderam ao mesmo tempo e Crystal sorriu. Na mesma hora, Tyler chegou com uma bandeja com sanduíches, batatas e milk-shakes e parou assim que viu Crystal, que deu mais um de seus “sorrisos doces e fatais” na direção do moreno. – Olá!

–- O-Oi! – Tyler conseguiu falar e sentou-se, quase deixando a bandeja de comida cair. – Você é...

–- Crystal. – A garota estendeu a mão e ele a apertou, um olhar meio bobo no rosto que fez Dylan rir baixo e Holland balançar a cabeça em desaprovação.

–- Tyler.

Ao notar que o amigo estava fazendo uma péssima imagem de si mesmo, Dylan resolveu agir e procurar algo pra fazer. Despediu-se dos amigos (bom, pelo menos de Holland, já que Crystal e Tyler estavam presos em um mundinho só deles) e saiu, pelos corredores da convenção, atrás de algo divertido pra fazer.

Ele estava tão absorto no que fazia que nem prestou atenção quando esbarrou em alguém, fazendo com que um copo de café quente fosse caído aos seus pés.

–- Oh... M-Me desculpe... – Dylan abaixou-se, constrangido o suficiente para não olhar nos olhos do estranho. Céus, como ele iria pagar o café dele sem dinheiro algum?

–- Não tem problema. Na verdade, eu já ia jogar no lixo. – O estranho falou e Dylan levantou-se, assustando-se um pouco ao ver quem era. O que mais lhe chamou a atenção foram os olhos. Verdes, com mesclados de marrom, mel e amarelo. Logo depois, as sobrancelhas grossas que complementavam o visual da barba grossa e bem feita do sujeito. Ele tinha cabelo curto preto e usava jeans e uma camiseta branca por baixo da jaqueta de couro. Uau. – Uau.

O estranho arqueou a sobrancelha grossa e Dylan percebeu o que tinha falado, ficando vermelho em seguida.

–- Quer dizer... Uau, eu... Você tem certeza de que não quer que eu compre outro?

–- Não, eu estou bem. Na verdade, só comprei aquele porque não havia outras cafeterias abertas aqui perto. Ainda vou descobrir o que a Starbucks tem de tão especial, eu não consigo ver diferença alguma em relação ás outras do ramo.

Dylan sentiu seu coração palpitar ao ouvir o que o gatinho desconhecido tinha acabado de falar. Como ele poderia ser assim, tão sortudo, em encontrar mais uma pessoa que não gostava da Starbucks? Só faltava ele dizer que era gay e o mais novo já estaria de joelhos, pedindo a mão do outro em casamento ali e agora.

–- Meu nome é Dylan. – Ele falou, interrompendo o que o gatinho misterioso dizia, e arrependendo-se amargamente depois.

–- Tyler.

Dylan riu.

–- Sério?

–- Sim. Por quê?

–- Meu amigo e companheiro de quarto também se chama Tyler.

–- Oh. Tyler é um nome bem comum. – O outro deu de ombros e Dylan sorriu.

Os dois começaram a engatar uma conversa, na qual Tyler confessou que tinha vindo como Derek Hale e Dylan quase teve um infarto, dizendo que ele estava ali como Stiles, até que foram surpreendidos por risinhos de um grupo de quatro adolescentes que não paravam de olhar para eles.

Dylan e Tyler trocaram olhares e o mais novo suspirou.

–- O que vocês querem, meninas?

–- Vocês são Stiles e Derek, certo? – Uma das meninas falou. Tinha cabelo castanho longo e liso, com uma franja que cobria boa parte de sua testa. Em seu passe, estava escrito o nome STEPHANIE.

–- Hã... Somos...

–- Podemos tirar uma foto de vocês? – Outra menina perguntou. Ela tinha cabelos longos e cacheados e seu nome era LILY, pelo o que o passe dizia. – É que... Ai, Mary, fala você. – Ela empurrou uma menina mais baixa, com cabelos também castanhos e lisos, com ondulações nas pontas. Ela usava óculos e segurava uma das alças da mochila com a mão desocupada pelo celular.

–- Nós somos fãs de Teen Wolf e somos... – A tal Mary olhou para cada uma das amigas e bufou, antes de continuar. – Bom, nós somos shippers de um casal. Vocês sabem o que é ship, né?

Tanto Dylan quanto Tyler assentiram.

–- Nós shippamos Sterek e queremos saber se podemos tirar uma foto para postar em nossas contas no tumblr ou twitter. Nossa, vocês fazer=m muito drama! – A quarta, e última, menina falou. Essa tinha cabelo curto e também usava óculos, só que era mais “cheinha”. Seu nome era Leslie.

Foi só depois que as meninas falaram que ele notou que havia um grande “STEREK ALL THE WAY” escrito, com letras garrafais vermelhas, nas blusas que as meninas usavam. Dylan se surpreendeu quando Tyler concordou com o que as meninas pediram e virou-se para ele.

–- Mas o que...

–- Me beija.

–- Espera, o que disse?

–- Me beija e elas vão embora.

Sem precisar ser pedido duas vezes, Dylan lançou-se contra Tyler, fazendo com que o contato de corpos fosse um pouco mais forte do que o esperado. De início, o beijo foi “calmo”. Os dois conseguiram manter suas línguas para si e apenas giravam os rostos de acordo com o passar do tempo e os flashes das câmeras. Assim que pararam de ouvir os aparelhos e as meninas, que estavam tão animadas que saíram gritando, falando algo sobre seguidores e curtidas, os dois separaram-se para recuperar o fôlego e voltaram, de novo, aos beijos.

Minutos se passaram até que as bocas ficasse dormentes e as respirações, entrecortadas. Tyler ofegava com os lábios à centímetros do pescoço de Dylan, enquanto este brincava com a gola da jaqueta daquele.

–- Ei?

–- O quê?

–- Sobre aquele café...

–- O que tem ele?

–- O que me diz se eu convidar você para ir tomar um comigo? Agora?

–- Eu topo. Mas tem que ser na Starbucks.

Na mesma hora, o sorriso de Tyler caiu um pouco e Dylan gargalhou.

–- Calma, grandão. Eu também detesto a Starbucks.

Os dois sorriram um pro outro e levantaram-se, com Tyler agarrando a mão de Dylan enquanto eles saiam pelos portões da convenção enquanto ouviam gritinhos histéricos como música de fundo.