Eu não ligo.

E nada nunca me fez mais feliz, nem nunca me libertou a ponto da minha alma sentir-se mais leve — ainda que massa física nunca houvesse existido. Não ligar deixara de ser uma simples frase, uma simples oração, um simples comentário informal para ser minha carta de alforria. Uma assinatura no ar feita com palavras e me livrei de você.

Nada importa.

Pode ter soado como mentira por mais tempo do que eu gostaria, e ter doído por muito mais tempo ainda por não ser de todo uma verdade… Mas agora é. Agora, o nada havia se tornado a única coisa relevante. O nada, e não você.

Libertação.

Eu sabia que, a partir do momento que meu grilhões e correntes fossem partidos e deixados para trás, nada voltaria ao ponto inicial. Não era uma corrida nula que levava ao ponto de partida, não era uma volta em círculos. Era eu, me soltando de você.

Obrigada.

Agradeço por todo mal que me fez, ainda que talvez não tivesse notado que sua acidez não era um corrosivo superficial. Talvez só precisasse deixá-la queimar sobre essa camada frágil de Mim e passar a seu Eu Mesma. Essa camada que um dia você ousou chamar de Sua, não mais pertence a você.

Minha alma é livre. Meu coração é livre. Minha mente é livre. Posso voar, caso escolha, ou posso descansar e sentir a brisa gostosa me acariciar. Não tem problema mudar de opinião, mudar de ares, mudar de preferências.

Não existe mais nada que me prenda ao céu ou à terra. Quem sabe o Espaço não seja minha casa? Brincar nos anéis dos planetas gasosos, ainda que poeira cósmica talvez me cause um ataque de rinite alérgica. Pular pelos meteoros, desviar de cometas…

E ir aonde quiser, porque a minha casa é o onde eu estou.

Eu não ligo.

E nada nunca me fez tão feliz.