Meu nome é Diogo, moro com meus pais no Distrito 7 eu participei da 98ª edição dos Jogos Vorazes, fui sorteado para os Jogos, venci, juntamente com um garoto do Distrito 4, Patrick. Não teria sobrevivido a tudo sem ele. Somos de distritos diferentes, vencemos os Jogos à dois anos, desde então eu não o vejo espero que ele esteja bem, de verdade. Esse ano terá o grande Massacre Quaternário, e alguma coisa me diz que iremos nos ver novamente, espero que seja em alguma situação boa. Não suportaria ir de novo para a arena com ele.

Desde que venci os Jogos, não há um dia em que eu não sonhe com a arena, com os tributos mortos, os tributos que matei, são pesadelos horríveis, muitas das noites acordo gritando, queria poder não sonhar com isso, mas ainda não sei como. A falta que Patrick faz é imensa, ele saberia como me ajudar, sinto por não poder ter contato com ele, se tivemos algum tipo de contato eu não estaria tão mal.

Não sei realmente o que eu sinto por Patrick, sei que não é só um lance de amizade, creio que seja algo a mais; Patrick deve sentir a mesma coisa. Isso não seria aceito muito bem em Panem, digo: um relacionamento entre dois vencedores ‘homens’ ainda por cima, mas que seja, se o sentimento for totalmente reciproco sei que daremos um jeito de ficarmos juntos.

Como venci os jogos não preciso mais trabalhar, fico em casa praticamente o dia todo, saio raramente. Quando saio é para ir a floresta que tem nos redores do 7, a floresta me lembra os momentos em que estive entre a vida e a morte, me lembra Patrick. Lembro como nos conhecemos.

Estávamos no centro de treinamento era o primeiro dia de treino, eu não conhecia ninguém. Estava pensando por onde começar o treinamento, não queria começar pelas armas não tinha experiência nenhuma com nenhum tipo de arma, até que vi o Patrick todo concentrando, em uma tentativa totalmente falha e errada de se acender uma fogueira, resolvo ir até ele e ensina-lo.

“Cara, você não vai conseguir acender nem dez fogueiras desse jeito, você tem que girar o graveto levando sua mão para cima e para baixo com bastante força gerando atrito, só assim você vai conseguir acender a sua fogueirinha.” digo.

“Como que eu faço então, Capitão?” Patrick responde debochando.

“Se me permite, darei a você uma das melhores aulas, com o melhor e mais lindo professor de Panem.”

“Acho que você esqueceu-se de dizer, o mais convencido também.”

“Ah, claro, isso também.”

Como prometido, ensino a Patrick como que se faz uma fogueira em poucos minutos, então debocho:

“É assim que se acende uma fogueira!”

“Muito obrigado pela aula, querido professor.”

Desse dia em diante não nos largamos mais, mesmo não sendo do mesmo distrito treinamos todos os dias juntos, Patrick me ensinou a atirar com arco e flecha a manejar uma espada a lançar facas, sei que não teria sobrevivido sem a ajuda dele, nos tornamos aliados na arena e vencemos os jogos, como vencemos? Nem eu sei responder a essa pergunta.

Recordo-me todos os dias de como foi bom eu ter conhecido o Patrick, ficaria imensamente feliz em saber se ele esta bem, uma das coisas que eu mais quero agora é receber um abraço apertado o mesmo abraço que ele me dava na arena. Se um dia voltarmos à nos ver essa será a primeira coisa que farei.

Faltam apenas quatro dias para o anuncio de como será o grande Massacre Quaternário e a ansiedade e o medo estão começando a me dominar por completo. Algo de muito grande vai acontecer nesse Massacre. Espero sobreviver a tudo.