Acordei de um pesadelo. Tinha que ser mais um pesadelo? É sempre a mesma coisa: Diogo e eu na arena tentando sobreviver, uma tarefa meio difícil quando se esta em um lugar junto com 24 jovens querendo te matar. Já que acordei, vou levantar da cama e tomar um banho gelado pra ver se tiro as imagens da minha cabeça, preciso tirá-las, tento não pensar muito em Diogo, espero que ele esteja bem.

No banho relembro como que Diogo e eu nos conhecemos. Estávamos no centro de treinamento, no segundo dia de treinamento se eu não me engano, estava tentando acender uma fogueira, não estava conseguindo, é claro, até que um garoto, forte, corpulento para na minha frente e diz:

“Cara, você não vai conseguir acender nem dez fogueiras desse jeito, você tem que girar o graveto levando sua mão para cima e para baixo com bastante força, só assim você vai conseguir acender a sua fogueirinha.”

“Como que eu faço então, Capitão?” debochei.

“Se me permite, darei a você uma das melhores aulas, com o melhor e mais lindo professor de Panem.”

“Acho que você esqueceu-se de dizer, o mais convencido também.”

“Ah, claro, isso também.”

E com a maior destreza e agilidade em poucos minutos ele fez a fogueira pegar fogo. “É assim que se acende uma fogueira!” – Diogo debochou.

“Muito obrigado pela aula, querido professor.”

É não foi um primeiro encontro muito interessante, eu sei disso. Depois disso, fizemos o resto do treinamento completamente juntos, prometemos uns aos outros que iríamos ser aliados na arena e que íamos viver a tudo aquilo, como amigos, creio que foi como amigos, pelo menos para mim, ou não, afinal nem eu sei.

Saio do banho, visto uma roupa leve, aqui no Distrito 4 faz muito calor não vejo meus pais nem irmãos. Como sou vencedor dos jogos não posso mais trabalhar, para não ficar em casa sozinho resolvo sair um pouco, andar por ai, espairecer. Venci os jogos há dois anos, ou seja, sou um à-toa desde então.

Em dias como o de hoje gosto de ir à praia, tem um praia deserta aqui no 4 que só eu e meus irmãos sabemos dela. Usamos a praia para treinarmos, como meus irmãos ainda estão em idade para serem sorteados nos Jogos eles treinam alguns dias da semana para que possam sobreviver na arena. Eu treino às vezes, para não perder a pratica e a forma, afinal já faz quase dois anos que venci os jogos e esse ano temos o Massacra Quaternário, para quem não sabe o Massacre Quaternário acontece a cada vinte e cinco anos de Jogos Vorazes, e em cada Massacre uma coisa diferente acontece, a Capital não poupará esforços para fazer com que esse Massacre seja um dos maiores shows, ela fara de tudo para garantir que esse seja o melhor e mais marcante Massacre Quaternário, temo que algo de ruim possa acontecer. O anúncio para o Massacre Quaternário será daqui a cinco dias, estou ansioso.

Resolvo treinar um pouco, temos armas e kits de sobrevivência escondidos na praia, quando treinamos, eu e meus irmãos, bolamos estratégias de sobrevivência e tudo o mais, mostro para eles tudo o que aprendi nos dias de treinamento antes dos jogos e o que aprendi na pratica na arena. Treino na maioria das vezes com as armas que tenho mais feitio que no caso são: arco e flecha e facas, como sou muito bom – diga-se de passagem – em arco e flecha e facas, comecei a treinar com espadas e tridentes é sempre bom saber usar mais de uma arma, aprendi isso nos jogos. Meus irmãos chegam para o treinamento, Piper tem 15 anos e Gus tem 16 anos. Aproveitamos para treinarmos juntos, as armas que Piper usa são: lanças e machados, Gus também usa espadas e arco e flecha. Como faltam poucos dias para o anúncio do Massacre Quaternário, resolvemos treinar com nossas armas, bolamos a estratégia e como seria o nosso treinamento. Treinamos intensamente até o final do dia, quando terminamos vamos direto para casa.

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Nossa casa fica um pouco longe da praia, a Vila dos Vitoriosos mais especificamente. Não divido o quarto com nenhum dos meus irmãos, nossa casa é grande o suficiente para cada um de nos termos quartos separados.

Entro no meu quarto, tiro minhas roupas e entro no banho. Tomo um banho gelado, penso em Diego, como eu queria que ele estivesse aqui agora, queria tanto compartilhar com ele o que me preocupa tenho certeza que ele saberia me ajudar, infelizmente ele mora no Distrito 7 e não podemos ter contato, isso é um saco. Quando saio do banho Gus esta sentado em minha cama.

“O que aconteceu?” – pergunta.

“Comigo? Nada, por quê?”

“Não minta Patrick. Você não abriu a boca para nada hoje, estava inquieto no treinamento, com uma cara de preocupado. O que aconteceu?” – insistiu.

“Não vai adiantar de nada eu ficar escondendo as coisas de você mesmo, vou contar.” – conto sobre o pesadelo, minha preocupação com o Massacre Quaternário etc. Quando termino, ele não parece surpreso, nem muito menos chocado.

“Imaginei que fosse algo relacionado ao Diogo mesmo, vocês são muito próximos um do outro, e é horrível o que a Capital faz com vocês, já sobre o Massacre eu não tenho muito o que falar para você, porque estou com o mesmo medo. Tenho medo de que eles façam alguma coisa para colocar você de novo na arena e de que eu e Piper possamos ser sorteados e irmos parar todos naquela maldita arena. Eu também estou com medo.”

“Nossa, eu não tinha pensado nisso, obrigado por me dar mais uma coisa com o que me preocupar, lindinho.” – ironizo.

“Vamos prometer que não vamos mais pensar nisso? E que vamos acreditar que isso não vai acontecer? Na verdade, isso não pode acontecer. Vamos, mamãe esta chamando para jantarmos.”

“Ok, eu prometo” – digo e saímos do quarto e vamos para a sala de jantar onde meus pais e minha irmã estão nos esperando para jantarmos.

Terminamos o jantar, subo para meu quarto e deito, fico olhando para o teto pensando em tudo que conversei com Gus, pensando no Diogo, espero não ter pesadelos essa noite.