Heartless Brigde escrita por Dane Martins


Capítulo 3
Máscara


Notas iniciais do capítulo

-Marint: você pediu um personagem baseado em vc no momento que precisava caracterizar uma :v Macumba? Maybe. Espero que goste da Ada, mozi sz (kokoro old but gold)

—Oilar leitores, espero que gostem :)

—Listei algumas músicas que ouvi enquanto escrevia o capítulo:
*Friction - Imagine Dragons;
*L'Assasymphonie - Mozart L'Opèra Rock;
*Only Hope - Suzy (Dream High OST);
*Falling In Love (Will Kill You) - Wrongchilde ft. Gerard Way;
*You Walking Toward Me - JinWoon;
*Promise - EXO [Para quem gosta de músicas mais emotivas, recomendo ler a letra e ouvir, é tão linda que é umas das minhas preferidas].

—Links das músicas citadas no capítulo nas notas finais



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KOUL ENGASGOU AO OUVIR A NOTÍCIA. Ficou uns minutos tossindo e então me olhou incrédulo.

–Isso é verdade? – Perguntou um pouco alto de mais.

–Grita mesmo, Koul.

–Responde, caramba! – Ele nem se esforçou para disfarçar. Também está ansioso.

–Sim, a Ada acabou de me contar pelo telefone.

–Nossa ,quanto tempo não víamos ela! – Exclamou – Deu até uma nostalgia aqui.

–Que saudades! Mês que vem veremos ela! – Sorrio.

Ada é uma versão quase nada asiática de Koul. Afinal, melhores amigos não são apenas um só. Ela teve que se mudar para a Califórnia com os pais ano passado, mas eles finalmente a deixaram voltar para ficar na casa dos avós (que no caso, são os melhores do mundo). No próximo mês ela chegará e não consigo segurar a ansiedade direito.

Ada é um amor de pessoa... Às vezes. Alta, de pele morena, um cabelo castanho escuro quase indomável e o que mais me chama a atenção em sua aparência: seus olhos mostrando uma leve descendência asiática de cílios retos e longos, olhos pequenos e castanhos. Gosta muito de ler, assistir séries e tem um dom incrível de falar alto. Depois que você acostuma com a sua presença, é meio difícil acostumar que ela não está aqui.

Faz três semanas que eu estou “namorando” Eric. Todo recreio fugimos para um lugar quieto (somos dois antissociais) em busca de paz. Eric acaba sendo ele mesmo quando está comigo, talvez por eu for a única garota que não pulou em cima dele, o que me fez descobri um pouco mais sobre sua personalidade, por mais que ele não queria revelar.

Por termos muitos gostos musicais em comum, acabamos dividindo o fone de ouvido toda a vez que ele esquece o dele. Eric é frio (e chato), observador (e chato), calculista (já falei chato?). Adora dormir e lê muito mais do que se é esperado.

Em plenos 14 anos já tem que usar óculos de leitura. Gosta de ler clássicos da literatura mundial (acabei recomendando um dos meus livros favoritos, Os Miseráveis) romances, ficção-científica, romance policial entre outros gêneros literários.

É viciado em doces (outra coisa em comum, não sei como não somos gordos!), sempre tem um chocolate no bolso. Pensa em respostas rapidamente, tendo uma memória infalível. Gosta de olhar nos olhos das pessoas quando conversa. Para ele, é fácil identificar uma mentira pelos olhos do indivíduo.

É quase invencível numa discutição. Uma vez perguntei sobre o mito do QI 199, ele quase saiu rolando de tanto rir e falou que era 138. Sendo 121-130 a média de QI de uma pessoa superdotada, fico impressionada. Quanto era o de Einstein mesmo? 158? Bem próximo.

Dificilmente consegue domar seu cabelo loiro escuro quase castanho claro. De certo modo, sua palidez lhe da um charme á mais. É alto para a idade, não muito forte, mas também não muito magrela. Como Matheus diria, tem corpo de dançarino.

O que continua me intrigando é por que ele não é verdadeiro na frente dos outros. Por simplesmente querer, por achar interessante ou um trauma talvez... Provavelmente será uma dúvida que sempre vou ter na cabeça.

***

Eric boceja pela terceira vez. Estamos num banco afastado na hora do lanche. Como nos disponibilizam a cantina e os jardins, ficamos onde tinha menos concentração de gente. Tinha alguns grupos conversando e um casal escondido atrás de uma árvore. Aprecia seu chocolate devagar, como qualquer viciado em doces faria.

–Não quer tirar um cochilo até o recreio acabar? – Pergunto, pegando um bloquinho de chocolate do pacote.

–Provavelmente não acordarei se eu dormir agora – Responde parecendo segurar para não dar o quarto bocejo.

–É só faltar às outras aulas – Sugiro – Já fizeram a chamada de qualquer jeito.

Eric me encarou por alguns instantes.

–Se descobrirem – Falou – Não vou me fuder sozinho.

–Isso é um pedido pra eu ficar? – Perguntei, achando graça.

–Interprete como preferir – Deu de ombros. Sempre deixava as pessoas interpretarem seus atos como quiser. Isso é irritante e intrigante ao mesmo tempo.

O sinal tocou e nenhum de nós levantou do banco. Eric já estava fechando os olhos pesadamente quando lembrei que a sala de dança que Matheus usa tem um colchão.

–Eric – Abriu os olhos rapidamente, recompondo a postura. O que o sono não faz... – Se ficarmos aqui vamos ser pegos. Tem uma sala de música que tem um colchão.

Ergueu as sobrancelhas. A palavra “colchão” realmente o interessou.

–É só me guiar.

Com cuidado para os funcionários da escola não nos verem, chegamos até a sala. Eric encarou o colchão como se fosse um mashmallow gigante. Sono pode tornar qualquer um... fofo.

Nem deu outra, quase mergulhou no colchão e fechou os olhos. Sentei na ponta do colchão de pernas cruzadas e comecei a ouvir música novamente. Escolhi ouvir alguma música do My Chemical Romance, depois de terminar de ouvir Dream.

My Chemical Romance é uma das bandas que está na categoria “favoritas” (só perde para Imagine Dragons e EXO). O que me fez gostar deles não foi só a voz diferente do vocalista (Gerard Way), ou os solos de guitarra do Ray Toro, nem a beleza do Frank Iero, Nem o “poker face” do Mikey Way, mas as letras que os quatro, juntos escreviam, sempre criticando algum contexto. Bom, nem todas as letras eram críticas, mas Sing, Teenegers, The World Is Ugly, Planetary (Go!) e Cancer foram as criticas que me amarraram á banda.

Selecionei Surrender The Night. Eric pareceu ter escutado e reconhecido, pois abriu os olhos e encarou meus fones.

–MCR? – (Sigla de My Chemical Romance) Perguntou.

Acenei a cabeça.

–Gosta?

–Sim – Respondeu.

Como pensei que iria fazer, puxou um dos lados do meu fone, se sentou e aproximou mais para poder ouvir. Esses momentos de silêncio estavam se tornando cada vez mais comuns. Somos dois que não querem se relacionar muito, mas faz isso para ter momentos de paz.

Pouco tempo depois, Eric apoiava a cabeça com a mão, seus olhos estavam fechados. Dessa vez realmente iria dormir. Passaram-se alguns minutos e seu corpo caiu de lado, sua cabeça bem do meu lado. Abriu os olhos bem devagar e fechou-os novamente.

Sentindo sono, apoio a cabeça com as duas mãos. Lembro-me de umas quatro músicas, depois de mais nada. Quando acordei (nossa, eu dormi?), Eric estava sentado no colchão, lendo Os Miseráveis de Victor Hugo (Olha só quem acolheu minha recomendação) enquanto ouvia música com o meu celular (quando ele pegou?).

–Dormi muito? – Pergunto enquanto esfrego o rosto.

–Duas aulas inteiras e mais da metade da terceira.

–Nossa – Comentei, espantada. Dormi mais do que ele, sendo que quem estava morrendo de sono era ele.

Eric continuava a ler enquanto eu procurava alguma coisa para fazer. Resolvi observá-lo, já que ele não se importava muito com ser constantemente olhado por mim (também, já acostumou com meus hábitos de observação).

Percebi que Eric parecia olhar para o nada. Não estava realmente lendo, sua cabeça estava em outro lugar. Nunca tinha visto ele tão entorpecido como agora. Fechou o livro e colocou o outro lado do fone no ouvido. Ah, ele estava prestando atenção na música.

Pego o celular para verificar que música ele estava ouvindo. Ele deve ter notado que eu ia fazer isso, pois ele inclinou para o lado a fim de ver também. Nada mais, nada menos que a versão coreana de Miracles In December, uma das músicas mais sentimentais feitas pelo EXO.

Com cuidado, tirei um dos lados do fone de seu ouvido direito para ouvir também. Quando identifiquei em que parte da música estava, comecei a cantar o refrão junto com Chen (vocalista principal do EXO-K que foca nas músicas com versão mandarim).

Fazia tempo que não escutava essa música. Mamãe costumava a tocá-la e eu cantava para ela. Nesse momento senti como se estivesse sentada em cima do piano cantando junto com ela, o que me deu uma saudade dessa época. Quando eu tinha 7, 8 anos talvez? Continuo cantando a música até o último verso.

[Recomendo ouvirem Miracles In December, tem um motivo para o Eric ter prestado atenção na letra]

–Boiji anhneun neol chajeuryeogo aesseuda – (Eu tento te encontrar, você quem eu não consigo ver) – Deulliji anhneun neol deureuryeo aesseuda... –(Eu tento te escutar, você quem eu não consigo ouvir).

Eric estava me encarando novamente. Seria legal se ele pensasse que é embaraçoso ser encarada intensamente, mesmo quando quem encara vive fazendo isso. Estava parecendo a cena de um Dorama (série de gênero drama, sendo coreano, japonês ou chinês), duas pessoas se encarando com uma música de fundo(por mais que W.D.Y.W.F.M. do The Neighbourhood fique estranha para esse tipo de cena).

Ele finalmente desviou o olhar, mas foi por um barulho no corredor. Apesar de estar de costas para o vidro, não virou o rosto para lá. Com o canto do olho, vi três meninas se esgueirando no vidro para nos assistir e não serem percebidas.

–Quanto tempo elas estavam aqui?– Sussurro para ele.

–Uns três minutos mais ou menos – Estimou – Chegou a hora do almoço já.

–O que fazemos? – Pergunto.

–Vamos continuar parados – Sugeriu.

–Elas estão esperando alguma coisa – Comento – Não posso ir brincar com elas?

–Vá em frente.

Levantei-me e ele me olhou incrédulo.

–Você vai mesmo fazer isso? – Eric segurava o riso.

–Sim.

Dei um passo. Ele foi rápido quando ficou de joelhos e segurou meu braço. No meio do segundo passo, puxou-me para trás e fechei os olhos assustada, já achando que eu iria cair. Escutei um baque. Meus joelhos bateram no chão de madeira. Quando abri os olhos, ele estava tão perto que quase pulei para trás se ele não estivesse segurando a minha cintura.

Escutamos alguns gritinhos e as meninas, eufóricas, nem tentaram se esconder após deixar claro que estavam ali.

–Ah, boa ideia – Comentou. O ar que saia a sua boca encostando-se à minha bochecha – Fazer uma cena.

–Você impediu meu divertimento – Reclamei, tentando mudar o assunto. Uma forma de esconder que estava com vergonha. Ele estava perto demais, MUITO para falar a verdade.

–Coisa feia estuprar criancinhas. – Respondeu baixo. Nunca havia reparado na voz dele, que já havia amadurecido. Ficou tão grossa num quase sussurro que pareceu meio sexy.

–Mas elas mereciam... – Pelo canto do olho novamente, noto que elas ainda estavam ali – Ah que droga, elas ainda estão nos observando.

Já estava irritada com isso. Comecei a fazer menção de levantar e Eric, rápido, me segurou mais forte.

–Ei sanguinária fica quieta aí – Chamou-me a atenção e completou num sussurro: – Fica parada.

Sem entender, obedeci. Inclinando a cabeça, encostou seus lábios PRÓXIMO DEMAIS da minha boca.

–Não se mexa.

Passados alguns segundos, entendi a jogada. Do ângulo das meninas do espelho, parecia que ele estava realmente me beijando, apesar de não estar. Elas foram á loucura. Eric finalmente olha para elas. Sua expressão mostrava que elas estavam interrompendo e não desejava a presença delas. Ao invés de três garotas, havia três pimentões. Por fim, saíram correndo.

Abaixei a cabeça (ignorando o fato que minha cabeça apoiou-se ao ombro dele) tentando conter o riso. Acabamos caindo na risada.

–Você realmente é um gênio!

Depois que paramos de rir, percebemos que estávamos agarrados até agora. Virei a cara para esconder as bochechas rosadas. Ele limpou a garganta e se levantou.

–É melhor comermos algo antes que o horário do almoço acabe.

–Verdade.

Ainda com vergonha, tive que andar ao lado dele até o refeitório. Nesse momento percebi, que nós dois usamos máscaras. Temos algo a esconder de todos e algo e tenho algo a esconder dele, assim como ele de mim. Só não a tinha vestido até agora. E Eric acabou de ajudar-me a colocar a minha.

***

Sigo fielmente as instruções no papel. Quando a aula acabou, minha mãe pediu para mim e Carlos passarmos no mercado, comprar o que ela mandou anotar e levar até um endereço. Paramos em frente á uma casa de muro verde de número 468.

–Você vai ficar por aqui? – Perguntei a Carlos após ele ter tocado a companhia.

–Acho que vou, e você?

–Vou só cumprimentar os amigos da minha mãe e ir embora, tenho aula de francês.

–Ah sim.

Uma mulher atendeu a porta. Provavelmente a mais bonita que já vi na minha vida: alta, corpo esbelto, cabelos castanhos escuros médios e incríveis olhos cinzas-violeta. Ela me lembra do Eric por causa dos olhos.

–Oh, você é Kaya, não? – Perguntou para mim com um sorriso.

–Sim – Respondo abaixando a cabeça num ato de cumprimento.

–Igualzinha a Kate, hein? – Comenta – E você é o Carlos...?

–Olá – Sorriu.

–Bem vindos! – Fez sinal para a gente entrar – Podem colocar as compras ali naquela mesa.

Era uma casa de estilo um tanto criativo. Cada parede da sala tinha uma cor vibrante, algumas estantes pareciam ser feitas de tijolos e aço (coisas que geralmente sobram em construções). No quintal tinha um conjunto de cadeiras feitas com pneus e uma mesa de livros e listas telefônicas velhas sobre uma placa de vidro.

Minha mãe, sentada em uma das cadeiras, conversava com um homem loiro de olhos castanhos. Pareciam bastante próximos. Depois de um tempo conversando, eles me notam.

–Ah, filha vem cá! – Fui até eles – Essa é a Kaya, lembra-se dela né, Henry?

–E esquecer a garota que vomitou no meu terno? – Disse rindo – Olá Kaya, como vai?

–Vou bem – Digo com um sorriso (Mais pelo comentário. Eu vomitei no terno dele? Meu Deus!).

Depois de algumas conversas, tive que ir para minha aula de francês. Melissa, a professora, não gostou nadinha de eu ter chegado atrasada...

Fui corrigida muitas vezes por não prestar atenção na aula. Por menos que eu queira, volto a pensar sobre o beijo falso. Melissa parecia estar numa guerra para que meu foco seja ela.

O quão longe essa história vai..?


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Notas finais do capítulo

-Sing - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=hTgnDLWeeaM

—Teenagers - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=OzgEg4TvdLQ

—The World Is Ugly - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=Sfmzkj5QSto

—Planetary (Go!) - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=UvfNmXbVHi4

—Cancer - My Chemical Romance (Live in Mexico): https://www.youtube.com/watch?v=X9Mv_QPqwh0

—Surrender The Night - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=6_kCpzMJ1Wo

—Os Miseráveis (Resumo): http://wwwmarcondestorres.blogspot.com.br/2012/01/resumos-de-obras-literarias.html

—Miracles In December - EXO (Corean Version): https://www.youtube.com/watch?v=yVLxRXoLaas

— W.D.Y.W.F.M - The Neighbourhood (Live On Letterman): https://www.youtube.com/watch?v=G0UY0qv-2tY

—Espero que tenham gostado sz



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