Heartless Brigde escrita por Dane Martins


Capítulo 1
Problemas.


Notas iniciais do capítulo

-Primeiro capítulo gente, espero que gostem
—Músicas e links nas notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621261/chapter/1

Old Bridge, 17/06/20--:

ESSA MANHÃ ESTÁ ESPECIALMENTE FRIA, mesmo no inverno. Mas eu gosto do frio e da neve, então é um ótimo dia para tirar fotos de paisagem. Eu costumo a fazer isso quando não há nada para fazer durante as férias.

A ponte do Old Brigde Park fica com um charme á mais no inverno: a madeira numa paisagem quase branca e o rio quase congelado faz a paisagem bonita. Essa ponte foi a primeira coisa construída aqui, por isso ganhou o nome da cidade.

Tudo que tenho comigo é meu celular, meus fones de ouvido e a câmera. Não tem nada melhor do que ouvir Crying Out, do C.N.BLUE enquanto caminho em direção á ponte.

Chegando perto da ponte, paro abruptamente. Tem alguém lá. O rapaz estava ouvindo música e lendo um livro estava sentado num banco próximo. Usava um óculos de leitura e parecia bastante concentrado.

Não pude deixar de ficar perplexa pela sua aparência: olhos cinzentos (que ficavam muito vibrantes com o blusão preto que ele estava usando) chegando a um tom violeta. Cílios longos, a boca com lábios levemente rachados um pouco roxos pelo frio. Cabelo loiro escuro bagunçado. O nariz um pouco arrebitado e uma pinta pequena quase imperceptível perto do olho esquerdo... Acho que estou observando-o demais (Nada que um zoom de câmera profissional me faça parecer uma stalker).

Espera! Uma foto desse rapaz ficaria ótima! Acho que ele não acharia ruim, até por que nem vou sair mostrando por aí... Peguei a câmera.

Procurei um ângulo legal e rezei para ele não perceber enquanto eu tirava a foto. Nem desviou o olhar do livro. Ótimo! Resolvi não incomodá-lo e fui embora.

Não pude deixar de continuar pensando sobre o intrigante tom dos seus olhos. Gostaria que a minha íris fosse dessa cor, mas já estou satisfeita com a cor que é. Enquanto ando, um floco de neve cai no meu nariz. Sorrio com o a sensação gelada.

***

Old Brigde, 12/07/20--:

DORMIR COM FONE DE OUVIDO É UMA MERDA. Boy Division, a única música no mundo que consegue me acordar, quase explode meus tímpanos. Olho para o “calendário” (que na verdade é um quadro branco onde cada mês tenho que reescrever os dias): dia 12. Primeiro dia de aula para mim e para muitos no Colégio Winston, um dos maiores de Old Brigde.

Duas batidas na porta e ela é aberta, uma cabeça ruiva esgueirando por trás dela.

–Kaya? – Era Carlos, filho do meu padrasto.

–Sim?

–Você está dez minutos atrasada.

–Nani?! –(“O quê” em japonês) Pulo da cama.

Sou Kaya Walker. Só Walker mesmo, já que minha mãe não se casou com Paul ainda. Apesar de ter nascido em Old Bridge, sempre morei numa casa de campo á caminho da cidade. Depois que ela começou a namorar Paul, decidiu mudar-nos para cá. Eu e Carlos fomos então matriculados no Colégio Winston, onde Koul (meu melhor amigo) estuda.

Hoje não vou fazer café da manhã, já que estou atrasada. Como a maioria das vezes eu acordo antes do meu despertador (chupa Boy Division), ajudo as cozinheiras. Sempre procuro algo para fazer. Esse é meu hobby: estudo quatro idiomas (japonês, francês, português e coreano), faço aula de dança (o meu favorito) e faço música (quem não adora violão e guitarra?).

Todos sempre falam que eu sou talentosa, mas só levo jeito para duas coisas: artes em geral e matérias de humanas. Sou péssima em ciências. Abomino matemática mais do que tudo. Estou prevendo não gostar de química, física e biologia, que provavelmente estudarei no próximo ano letivo. Se tiver uma matéria que eu amo, com certeza é história.

Saio do banho correndo e procuro minha camiseta de uniforme. O uniforme do colégio é uma camiseta branca de abotoar com o brasão dos Winston, só isso. Pelo menos não nos obrigam a usar aqueles uniformes do tipo japonês, com saia, meia calça ¾ e tudo.

Em frente ao espelho, vejo uma menina que faltava crescer um pouco. Olhos verdes, cabelo castanho tamanho médio, sardas que só dava para enxergar de perto, nada especial. Só uma coisa que se destacava: desde pequena, elogiavam minha boca. Bem, alguém com aparência simples tem que ter algo de destaque e para mim era isso. A boca era avermelhada naturalmente, lábios grandes e “redondos”.

–KAYA VEM LOGO! – Carlos gritou do primeiro andar.

Desço as escadas rapidamente, corro para a sala de jantar e pego um misto quente da mesa.

–Bom dia – Paul me cumprimenta com um sorriso. Tanto ele como o filho são ruivos de olhos azuis. Entendo por que a eomeoni (mãe em coreano) se apaixonou por ele.

–Bom dia Paul, bom dia eomeoni. – Ajeito a mochila nas costas.

–Para de me chamar em outros idiomas, Kaya – Kate, minha mãe reclama. Sou um clone dela, mas a diferença é que ela tem lábios pequenos.

–Foi mal, influência dos cinco idiomas – E é verdade. Tem hora que começo a conversar em francês com as pessoas. Falo vários palavrões em outros idiomas para não me olharem torto por xingar e sim por falar uma palavra estranha.

Falar em japonês com Koul é normal, já que ele é japonês mesmo. Na verdade foi a mãe dele que me ensinou sua língua.

Eu e Carlos fomos correndo para a entrada, onde um carro nos aguardava. Coloquei meu fone nas orelhas e dei play na música. Meu gosto musical é muito variado: tem música coreana, brasileira, francesa, americana, japonesa e chinesa. Escuto o que eu achar bom, não importa se for clássico, indie ou até k-pop.

Cinco músicas e já estávamos na entrada do colégio. Era um lugar gigante (e com uma sala de dança, espero) com três prédios e dois ginásios poliesportivos. Como viemos fazer a matrícula com nossos pais, exploramos muitas partes, apesar de já termos esquecido tudo e nem chegado a ver metade da escola.

Recebo uma mensagem do Koul falando em que sala eu estava. Ele é tão rápido que nem eu verifiquei ainda meu nome no painel perto do edifício 1. Sala 3-B.

–Estou na 3-B também – Carlos anuncia. Ótimo, mesma sala que essa praga.

–Não estou muito feliz com isso também, mas fazer o quê? – Ele começa a andar em direção ao edifício.

Depois de um tempo, achamos nossa sala. Recebemos vários olhares de “olha, novatos” e Carlos já começou a ser assediado por meninas. Praga muito bonita, eu admito.

–Ei, Kaya – Carlos me chama – Vou sentar do seu lado hoje.

–Quê?

–Por favor, não tô aguentando essas meninas em cima de mim – Sussurrou.

–Tá bom – Digo, revirando os olhos.

Humm ... yeogi 3-B bang eun?... – (Aqui é a sala 3-B?) Escuto uma voz masculina falando em coreano e viro-me rapidamente para a porta – Oh, Chincha? –(Sério?) Voltou a falar com o telefone.

O garoto segurava o telefone com a cabeça e o ombro enquanto entrava na sala. Era coreano até na aparência: cabelo liso e preto, olhos num “puxadinho” tão bonito que parecia ser desenhado á mão. Sentou na cadeira á frente da minha e desligou a ligação.

Annyeonghaseyo! – (Olá em coreano)

–Eh? – Virou-se para trás – Você sabe coreano?

–Sim.

Annyeon – (Versão mais curta de olá) Respondeu com um sorriso.

Descobri que o nome dele é Baek Hyun-Su (sobrenome vem antes do nome na Coréia do Sul). Se mudou da Coréia ano passado e ainda estava costumando a falar inglês toda hora, apesar de ter dificuldade apenas para falar.

A conversa foi mais a fundo e foi se revelando mais coisas: ele é um ótimo dançarino, gosta de EXO e BTS (um coreano dançarino que não gosta de k-pop é um crime, afinal), seus pais são separados e ele vive com o pai.

Nem percebemos o alvoroço na sala com a chegada de um sujeito.

–Mizushima, o que veio fazer aqui?

–Koul!

–Bom dia Koul!

–Olá, Mizushima!

–O Koul na nossa sala? Hein?!

Eu e Hyun-Su continuávamos conversando até ele levantar o olhar e alguém apertar a minha cintura.

–Ah! – O único maldito que vive fazendo isso é... – Koul?

–Ohaio, Kaya – (Bom dia em japonês) O japonês mais bonito que já vi na minha vida se sentou na cadeira ao meu lado.

–Ohaio, Koul .

–Kore wa, tamuro shite iru? – (Já se enturmou?) Perguntou.

–Hai. – (Sim)

–Mā, watashi wa atode ohanashi– (Bom, falo com você depois) Disse e se levantou.

–Quantos idiomas você fala? – Perguntou Hyun-Su.

–Cinco.

–Wow.

Ao olhar para a cara que as meninas fizeram para mim, percebi que Koul era bem popular. Algumas cochichavam sobre mim. É, parece que eu me lasquei logo no primeiro dia...

***

Koul mostrou a escola para mim e para Hyun-Su. Que bom que não estava sozinha com ele, poderiam me matar! Começaram a correr rumores de que eu estava dando em cima dos oppas (nesse sentido, é como se fosse os “queridinhos”) da escola. Até me acusaram de dar em cima do Carlos! E como essa praga virou o queridinho da sala de uma hora para outra?!

–Ela é minha irmã, gente – Carlos tentou me ajudar.

–Bom, não é de sangue né?

–...É.

–Ela pode dar em cima mesmo assim!

–Não anda com ela, Carlos!

Apenas terminei de juntar meu material e comecei a me retirar da sala. Se tinha uma coisa que eu não sou obrigada é drama de menina infantil e apaixonada (de dramática já basta eu!).

–Você ainda acha certo ficar dando em cima do seu irmão e do Koul? – Uma menina me perguntou.

Segura a mão Kaya, se não ela vai voar longe... Na cara de alguém.

–Dar em cima dessa praga? Devia ver como Carlos é em casa. – Falei "calmamente".

–Não fala mal dele! – Uma das meninas que grudou nele o dia todo ficou cara a cara comigo.

–Ei Lea, calma... – Carlos não sabia se ficava longe ou intervia. As duas escolhas são péssimas.

Não vou gastar meu tempo brigando com essa garota. Como sair dessa situação o mais rápido possível... Ah!

–Não sei por que vou dar em cima deles sendo que eu tenho namorado – Falei mesmo, na cara dura. Uma mentirinha na vida não faz muito mal, afinal.

–Prova! – Lea exigiu.

Se eu estivesse lendo um livro em que a personagem estivesse nessa mesma situação, eu comentaria: Fudeu. Como eu poderia provar...? Uma foto? Mas eu não tenho foto de rapazes... Ou tenho?

Ah! A foto do rapaz que tirei nas férias! Perfeito. Ainda bem que passei as fotos para o meu celular.

–Aqui – Digo, mostrando a foto.

As meninas começaram a quase subir em cima de mim para ver a foto.

–Wow, ele é bonito!

–Espera, eu o conheço em algum lugar! – Uma delas exclamou. Comentários adicionais: Fudeu/2.

–Deixa eu ver – Lea toma o celular das minhas mãos – Ei, esse não é o Eric, da turma A?

Mais um: Fudeu/3.

–Sério?

–Olha, é ele mesmo!

–Mas... Ele nunca pareceu interessado em garotas!

–Talvez por que já tinha namorada...

Todas me encararam (até mesmo o Carlos, que tinha ficado perplexo demais para falar alguma coisa).

–Não pode ser... – Lea balança a cabeça – Vamos verificar isso com o Eric agora!

Kaya... Parabéns. Fui atrás delas, na esperança de que esse Eric possa me ajudar. A sala era a do lado da nossa. Lea perguntou para um dos alunos se ele ainda estava aqui.

–Eric já saiu.

Meu alívio foi tão grande que quase suspirei. Acabei me safando dessa vez, mas amanhã eu iria chegar cedo e procurar esse Eric. Era melhor contar eu mesma do que ele ficar sabendo pelos rumores.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

-Crying Out - C.N.BLUE: https://www.youtube.com/watch?v=f_1nPsRtYYo

—Boy Division - My Chemical Romance: https://www.youtube.com/watch?v=93C6_X49ZoI

— Exo e BTS (BangTan Boys) são boybands coreanas de K-pop,sendo Exo mais virado para o kpop e BTS mais para o rap.

—Espero que tenham gostado



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heartless Brigde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.