Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 29
Matrimonio




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Giulia Farnese ajudou-me a colocar o espartilho, e depois, o meu vestido de noiva, era da cor mais intensa que poderia existir; roxo. Ele era ricamente bordado, com várias pérolas em torno da gola e na barra; quando o coloquei, senti-me uma verdadeira princesa. Giulia sorriu e deixou-me sozinha, dizendo que os cabelos e os mínimos detalhes — colares, brincos, etc. — deveriam ser escolhidos por mim somente, sem nenhuma interrupção.

Peguei meu pequeno baú de jóias preto que tinha as iniciais "GM" gravados em sua base, e o abri cuidadosamente. Lá, tinham vários brincos de todas as pedras, formatos e tamanhos, mas a que me chamou mais atenção fora uma de ametista; em um pequeno formato rodeado de pérolas. O coloquei rapidamente, e fui procurar um colar que combinasse com o mesmo. Achei um crucifixo preto rodeado de pequenas pérolas, o segurei e fiquei pensando em meu noivo.

Deixei-o em cima da escrivaninha, e caminhei até o espelho. Meu cabelo tinha deixado de ser até a cintura, passando a ser maior ainda. Prendi minha franja, e o deixei solto. Coloquei o batom — mistura de corante com cochonilha — ele era vermelho, combinando com minhas bochechas vermelhas. Os olhos não poderiam ser pintados, pois não era aceitável esconder as janelas de sua alma.

Uma sombra preta materializou-se atrás de mim, e virei rapidamente meu corpo a fim de encará-la. Não era nada menos que Cesare Borgia.

— Tinha medo disso.

— Medo de quê? — Perguntei, olhando em seus olhos.

— De você ficar mais bonita ainda. Está magnífica! — Ele sorriu. — O casamento vai começar em menos de cinco minutos... Bartolomeo já está na igreja a esperando. Você nega a legitimidade dos rumores que assombram esta casa?

— Do que estais a falar, meu senhor?

— Sobre Bartolomeo querer assumir meu filho. É verdade?

— Se vossa senhoria não o fizer, tem quem o faça. — Peguei rapidamente meu colar e o entreguei. — Ajude-me, por favor.

Com as mãos pesadas, ele o pegou e passou entre meus ombros. O duque Valentino beijou meu pescoço antes de colocá-lo em seu devido lugar. Quando a fechadura cedeu e meu crucifixo ficou preso, Cesare me virou brutalmente.

— Não estais a pensar que vai encerrar nosso caso de amor tão cedo, não é? — Neguei com a cabeça. — Seu noivo nada és, Dannata! Eu assumirei meu filho á qualquer custo, e o amarei da mesma intensidade se for menino ou menina. Afinal, será um Borgia! — Ele riu e pegou a minha mão. — Agora vamos descer, não queremos atrasar mais a felicidade dos noivos, não é?

~[]~

A Basílica de São Pedro parecia mágica naquele momento; as portas grandes estavam fechadas e meu pai me esperava lá. A viagem da casa dos Borgia até então tinha sido tensa; com Cesare Borgia me encarando e não dizendo o por quê de tal ação. Meu pai, — assim como Cesare Borgia — estava vestido de preto, o que eu estranhei, mas logo o aceitei. O abracei com o buquê de rosas vermelhas em mãos, e sorri.

— Que saudade que eu estava de vossa senhoria! — Nicolau Machiavelli sorriu para mim. — Onde está Cesare? Ele estava aqui agora á pouco...

— Ele já deve estar dentro da igreja, meu amor. Eu recebi sua carta, minha filha, e quero que saiba que hoje, nada mais me dá orgulho no mundo do que vossa senhora. Certamente, assim como eu, Cecília o estaria também, com lágrimas nos olhos eu pressuponho. Ela a amava mais do que sua própria vida, meu amor, espero que saiba disso. Cecília sempre falava-me sobre o quanto a vida é linda, e o quanto ela era feliz com nossa companhia. — Senti uma lágrima quente inundar meu rosto. — Vamos, sem choro. Não quero estragar sua maquiagem num dia tão especial quanto esse. Vossa senhoria está pronta?

Concordei com a cabeça, meu pai acenou para os guardas que seguravam a porta e a abriram com a maior facilidade do mundo. Vários nobres lá dentro me olhavam sorrindo á cada passo que eu dava, e eu não sabia nem quem eram. Reconheci a família Medici no meio da multidão, e percebi que reviraram os olhos quando passamos por eles.

Na primeira fileira estava toda a família Borgia; sem medir esforços, Giulia sorria para mim junto á Lucrezia, enquanto Cesare estava sentado cabisbaixo, pensando em algo, eu suponho. Finalmente, meu pai deixara-me sozinha com Bartolomeo depois de um sorriso compartilhado, nós encaramos o papa.

— Estamos aqui para celebrar o casamento de Giovanni Bartolomeo Benedetto di Medici e de sua honrosa senhora, Giorgia di Maria Machiavelli. Que este casamento os dê frutos e toda a felicidade do mundo! — O papa fingia um sorriso descaradamente. — Antes que eu prossiga; Há alguém, porventura, que não concorde com a união desses jovens? Fale agora, ou cale-se para sempre!

O silêncio era arrebatador. Olhei para Cesare e ele continuava quieto, pensativo. O papa Alexandre VI começou á tagarelar várias coisas em latim, aí passava para o italiano e de lá, confundia-se tudo.

— Giorgia, óh nobre dama, tu aceitas Giovanni como seu legítimo esposo?

— S-S-S-Sim. — Eu sorri, tímida.

— E tu, Giovanni, honroso duque, aceita Giorgia como tua legítima e única esposa?

— Sim.

— Então os declaro; marido e mulher. Pode beijar a noiva. — O papa disse aquilo com pudor.

Bartolomeo pegou-me pela nuca e beijou as duas faces de meu rosto, e depois, deu-me um breve selinho. Ele sorriu para mim e saímos em direção as portas. Todos sorriam e acenavam, desejando-nos felicidades.

— Você está linda, meu amor.

— És com um enorme prazer que reafirmo o contrário.

— Seja bem-vinda, Giorgia Medici. — Ambos sorrimos.


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