Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 12
Vorrei




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Subi para meu quarto o mais rápido que pude, mas não adiantava o quanto eu me esforçava para correr, ele sempre me alcançava; minhas pernas curtas e grossas nada se comparavam á suas pernas musculosas e compridas. Teve uma hora que não me aguentava mais, então eu parei, ofegante, com uma dor quase que insuportável em meu pulmão.

– Nunca vi uma mulher correr tanto assim! Você fez o quê? Curso? - Ele sorriu, ainda mais majestoso do que nunca. Andando vagarosamente em minha direção, parecia que a corrida não tinha o afetado em absolutamente nada. - Você não pode fugir de mim, Dannata.

– Mas eu posso tentar. - Falei, recuperando meu fôlego. Ele estava a poucos centímetros de chegar perto de mim. - Achei que fosse mais rápido, mas vejo que estou enganada. Uma mulher ganhou de você na corrida, Cesare! Uma mulher!

Cesare correu em minha direção e me prendeu na parede, apertando meus pulsos. Eu gritava, mas não importava o quanto eu gritasse, meus gritos eram abafados por sua mão. Ele sorria enquanto eu estava prestes a me entregar para as lágrimas.

– Você se diverte com isso? - Eu perguntei, me forçando á encará-lo.

– Muito mais do que você imagina! - Ele deu um riso satisfatório. E então, ele chegou mais perto do meu rosto, e colocou sua boca contra a minha. Uma mistura de amor e ódio foram sentidos naquele beijo, e a medida que foi ficando mais quente, ele foi me soltando aos poucos, deixando que eu segurasse em sua cabeça e enrolasse seus longos cabelos negros com as pontas de meus dedos. Eu estava quase no meu êxtase.

Cesare se desfez do beijo mais rápido do que tivera começado. Ele me empurrou contra a parede e deixou com que eu caísse no chão, numa tentativa de acalmar seus demônios interiores, passou as mãos sem suas têmporas.

– Foi um erro, eu não deveria ter feito isso com você. Nunca. - Cesare se repetia pra si mesmo.

– Então é assim que você faz, não? - Eu tinha me levantado, e estava encarando suas costas. - Eu deveria ter dito "não" para seu pai quando ele me convidou para morar aqui. No fundo, eu sabia que isso poderia acontecer! Como fui tão tola! Tudo o que dizem por aí sobre o lendário Cesare Borgia eu posso afirmar com toda a certeza do mundo de que é verdade.

– Você não sabe absolutamente nada sobre mim! - Ele rosnou.

– Não preciso te conhecer para saber sobre o que dizem é real. Sua Roma está cercada de miséria e desordem por sua culpa, não vê? Depois que você matou seu irmão, tudo isso se transformou numa baderna, e que vai demorar para se desfazer. Os problemas, as crises, a falta de comida, as guerras, é tudo sua culpa, Cesare. E você sabe disso. Também sabe que eu só estou doente por que você inventou de casar com uma francesa! Faça-me o favor! Todos sabem que vocês estão falidos e que precisam de mais; Dinheiro nunca bastou para vocês, sempre querem mais. - Cesare estava quieto como uma pedra, então decidi continuar. - É por isso que você se diz apaixonado por mim, não?

Pois você sempre soube das grandes riquezas que meu pai adquiriu esse tempo todo, e que não tem herdeiro algum para aquilo, a não ser meu novo marido.

– Não deveria acreditar em tudo que escuta por aí, Dannata. Já ouvi barbaridades sobre o seu pai, e sobre sua empregada... Como é mesmo o nome dela? Sforza. Cecília Sforza. - Ele se virou para me encarar. - Parece que a cortesã de sua mãe não bastou para Nicolau, parece que ele gosta de mulheres inferiores á ele, como Cecília, não é mesmo?

– Não é ele que é conhecido por frequentar bordéis enquanto era cardeal.

– Eu não tive uma filha bastarda, não?! - Cesare passava a mão em meus cabelos, fazendo uma leve massagem. - Não quero inimizade por aqui, por favor, Dannata. Seja boazinha e faça tudo que nós pedimos, senão - Eu o interrompi, ainda bufando de raiva.

– Senão o quê? Vai colocar cantarella na minha comida? Vai mandar Micheletto me matar? Vai mandar sua gangue de bandidos saquear minha casa e matar meu pai? - Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso por eu saber de tudo aquilo. Cesare deu um sorriso de canto, mostrando interesse naquilo que eu falava. - Quem sabe eu deveria acreditar mais nos boatos que rondam Roma do que em você. Pelo menos, até agora, eles não me contaram nada que se possa considerar falso, não é?

– Você é esperta, Dannata. Tenho de me lembrar de tomar cuidado quando for falar algo importante perto de você. - Ele apertou minha bochecha.

– Não se preocupe, eu vou te lembrar sempre do que eu sou capaz. - Eu sei um sorriso, ele retribuiu. - Agora, vou dormir, boa noite.

– Mas antes, uma coisa. - O fitei, esperando que dissesse algo, mas ao invés disso, ele me puxou para mais perto e me beijou com a mesma intensidade do beijo anterior, só que desta vez, ele acabou o beijo em repetidos selinhos. - Boa noite. Dorme bem.

Eu andava cada vez mais rápido a medida que ia chegando ao meu quarto, até que na porta tinha um bilhete, o peguei e olhei mais de perto. De: Nicolau Machiavelli --- Para: Giorgia Machiavelli. E pela primeira vez em dias, o sorriso saiu quase que como espontaneamente, a carta era de meu pai!

Querida filha,
Amanhã é o seu aniversário, e por conta disso, amanhã bem cedo estarei aí para desfrutar essa data tão querida ao seu lado e nos aposentos papais. Quem diria, não? Minha filha tão bela e prestes a fazer quinze anos!
Não vou mentir, você faz vários homens delirarem, e também, por conta disso, irei falar com Cesare Borgia amanhã, irei averiguar se ele conseguiu um noivo que chegasse á sua altura. Todos em Florença sentem saudade de você minha criança!
Bernardo está á caminho, e por conta dos enjoos e dores de cabeças de Cecília, ela não poderá estar presente conosco, mas, para que você não diga que ela se esqueceu de você por conta do nosso homenzinho, eu vou levar um presente que ela comprou especialmente para você.
Ela á ama muito. As vezes me pego pensando se ela poderia ser mais amorosa --- do que já é --- se fosse sua mãe de sangue.
Cecília e eu a amamos muito, e queremos o seu bem.
Que os anjos olhem por você.
A amo imensamente, do tamanho incomparável do imenso céu azul.
Nicolau di Bernardo Machiavelli *


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