Ciúmes? escrita por Rosa Raqmu


Capítulo 1
Ciúmes?!


Notas iniciais do capítulo

A one-shot foi baseada num pequeno prólogo especial de um dating sim(parecido com visuais novels), onde personagens de contos de fada tentam dizer a João e Maria o que significa a palavra "ciúmes"
Tenham uma boa história ♥



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O relógio fazia tic-tac incansavelmente, fazendo Dan Cahill mais impaciente. Será que eles não sairiam nunca da sala? Ele se sentia como a grande fênix que enfeitava o aparelho preso à parede, parado, indisposto por toda a eternidade.

–Argh! Isso já está me cansando. Quanto tempo pode demorar para uns nerds conversarem sobre algum líquido qualquer?

A ruiva do outro lado da sala olhou para ele, ajeitando a postura. Ela estava sentada de forma esparramada na cadeira, mas sem fazer uma reclamação.

–Esse “líquido qualquer” é procurado a mais de 20 anos, Dan. Se eles tiverem êxito hoje, talvez possam ajudar na cura da leucemia. É algo importante o suficiente para podermos esperar.

Dan fixou o olhar em Sinead. Ia dizer algo, mas desistiu. Exasperado, colocou sua cabeça apoiada na cadeira.

–Todas as salas estão ocupadas?

–Sim- Respondeu Amy, sem olhar para o moreno sentado a seu lado. – Pelo menos todas que são usadas para reuniões.

– Se tivéssemos seguido meu conselho e tido esse encontro na base dos Lucian, não estaríamos esperando assim- Disse Ian.

–Por favor, parem de reclamar. Ninguém aqui está gostando de esperar. Mas não é grande coisa.

Os integrantes continuaram sentados esperando. Hamilton e Jonah jogavam alguma coisa no tablet do cantor, enquanto os outros estavam calados. Nem parecia que tinham destruído a maior ameaça da família juntos. O tempo tinha levado cada um para um lado.

Amy e Dan ficaram muito ocupados ajudando Nellie e seu tio a se recuperar, além das tarefas do dia a dia, como escola, faculdade e atividades do clã. Enquanto Sinead, depois de ser severamente castigada pela traição*, gastava todo o seu tempo com os ekat, para provar que estava do lado deles. Ian, por sua vez... Quando não estava na base Lucian, estava trancado em sua mansão totalmente fechada, encarando fotos de sua irmã.

Devia ter se passado uns 30 minutos, quando um casal entrou no cômodo. A mulher era alta, esbelta e tinha longos cabelos loiros. Seus olhos azuis encaravam furiosamente o homem ao seu lado.

– Não devíamos conversar sobre isso aqui. Sua atitude é ridícula!

– Ridícula é essa sua cara de pau. Mandy, iremos mesmo passar nossa vida toda com essa conduta? Eu não aguento mais.

O homem tinha um forte sotaque francês e a olhava de forma firme.

– “Essa conduta”? Pois fique sabendo... - A mulher parou de falar quando notou os presentes na sala. Eles encaravam o casal, porém quando ela olhou, desviaram o rosto.

– ...Os senhores estão esperando a reunião semestral? São os representantes dos cinco clãs?

Os jovens adultos voltaram a encará-la, sem dizer nada. Amy então levantou e apertou a mão da loira.

–Sim, somos nós. Você seria...?

–Uma simples secretária - ela respondeu com um sorriso- Vim aqui avisar os senhores que a reunião começará em 30 minutos, na sala ao lado. Mas podem esperar aqui.

– O que? 30 minutos?!

Ian pisou no pé de Daniel.

–Claro... Obrigada por informar... Mandy.

A loira corou. De repente, fez uma cara de surpresa, e olhando para a porta, disse:

–Alice. Leo. Venham aqui.

Duas crianças de mais ou menos sete anos apareceram timidamente na porta. Eles eram praticamente iguais, com cabelos loiros e olhos castanho-escuros. Mandy se virou para Amy.

–Sei que é pedir muito, senhorita, mas eu preciso resolver um pequeno problema com meu... Marido– Disse, fazendo o homem revirar os olhos.

–Será que poderiam tomar conta dos meus filhos? É só por alguns minutos, voltamos antes da reunião.

Amy olhou hesitante para as crianças. Virou para olhar seus companheiros, Dan e Ian claramente diziam “não” entre dentes. Sinead sorria para os gêmeos, e Hamilton e Jonah simplesmente deram de ombros, em seguida voltando para o tablet. A ruiva virou o rosto novamente e acenou com a cabeça timidamente.

–Claro... Por que não?

Mandy sorriu e começou a andar, puxando seu marido. Ele soltou um “Se comportem” para os filhos e foi embora.

Amy, Dan e Ian ficaram olhando as crianças. Elas os olharam de volta. Ficaram se encarando até que Amy disse:

–Por que vocês não brincam um pouco? Ali no canto tem bonecos e uns livros para colorir.

As crianças olharam para os brinquedos e foram até lá. Ficaram pintando os livros e conversando algo, parecendo muito sérios. Quando viu que estavam totalmente distraídas, Ian soltou o ar totalmente exasperado.

–Por Luke. Eu pensei que elas nunca iriam embora.

Dan deu uma risadinha.

–Só você para mexer com armas, produção de venenos, lidar com as pessoas mais poderosas do mundo, e ter medo de criancinhas.

Ian bufou, meio corado.

–Eu não tenho medo. Só não gosto delas. Aqueles olhos grandes e brilhosos, narizes escorrendo sem parar, os bracinhos e pernas desproporcionais ao corpo, sem um único senso de equilíbrio... Além do fato de serem mimadas e escandalosas.

–Você é mimado e escandaloso, mesmo assim te aturamos.

Ian olhou para Dan com uma cara feia.

–Você não entenderia mesmo, Daniel.

Antes que Dan pudesse dizer algo, Amy o cortou.

Enfim. São apenas crianças. Não são nenhum monstro de sete cabeças.

Dan foi jogar com Hammer e Jonah em seguida, deixando Amy e Ian sozinhos. Eles ficaram olhando as crianças brincar, enquanto conversavam.

–Então... Como vão as coisas na sua casa?

–Estão indo bem. Nellie alegre como sempre, nem parece que ficou totalmente traumatizada a quatro anos atrás. Fiske continua um pouco mais reservado, mas pelo menos está realizando tudo como sempre fez. Afinal, relativamente falando, quatro anos é bastante tempo.

Ian assentiu.

–É... Bastante tempo.

Ele ficou olhando para o nada durante alguns segundos, quando Amy tocou seu ombro gentilmente.

–Mas e você, Ian? Soube que ia ter uma conversa com o primeiro-ministro britânico. Uau, isso é... Grande.

Amy sabia que Ian ainda estava sofrendo com a morte da irmã. Às vezes sentia uma grande vontade de ajudá-lo a superar, mas sabia que nada poderia ser feito quanto a isso. Ele deu um meio sorriso.

–Pois é. Foi semana passada, na verdade. Modéstia a parte, devo dizer que foi excelente. Ele dará aos lucian uma grande quantia para investimento.

–O que exatamente vocês tentarão fazer?

–Basicamente, iremos construir novos tanques e armamentos com a ajuda dos ekaterina. Mas isso é algo planejado para falar na reunião, não agora.

Ele olhou nos olhos dela, parecendo totalmente exausto.

–Sabe, Amy... Eu estava pensando... Nesses quatro anos que se seguiram depois dos Vespers, nós nunca...

Antes que Ian pudesse dizer algo, Leo puxou a barra de sua camisa.

–Ei.

–Ahn?

–Queremos saber uma coisa.

– ...O que?

Os gêmeos olhavam para ele com seus olhos azuis, exalando inocência e beleza.

–Sabe... -Disse Alice- É que nossos pais vivem brigando. E a gente queria saber o porquê.

–Aí nós perguntamos para eles.

–E eles disseram que era por causa de “ciúmes”.

Ian e os outros continuaram encarando as crianças.

–E...?- Disse o moreno.

–Nós não sabemos o que é isso.

–Podem nos explicar?

Os Cahill se olharam.

–Nem pensem que eu vou explicar- Disse Dan

–Nem eu- Respondeu Jonah, dando uma risadinha. Hamilton simplesmente fez “não” com um dedo, sem tirar os olhos da tela.

Amy corou.

–Por que não diz para eles, Ian?

Ian bufou. Como ia falar isso?

– Ahn... Bem...

Ele ficou pensando, e olhou em volta.

–Na verdade, vocês são muito pequenos para saberem mesmo. Não é algo que eu precise explicar.

Os gêmeos fizeram careta. Dan, que estava ouvindo tudo, deu uma risada.

Sinead riu com ele e chegou mais perto das crianças. Ela se ajoelhou e tocou nos ombros delas, um com cada mão. Sorrindo, disse:

–Ian diz isso pois não sabe como falar. Eu explico.

Ela fechou os olhos e coçou o queixo, pensativa.

–Bem, é simples. O ciúme é o estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa de que se pretende o amor exclusivo.

–O que?

Alice e Leo fizeram uma cara confusa.

–Nós... Eu não entendi muito bem.

–Nem eu.

Amy deu uma risadinha. Dan parou de jogar por um instante e olhou para eles.

–Claro que não entenderam. Nem eu entendi. Sinead, será que você poderia parar de falar como se fosse um dicionário ambulante pelo menos uma vez na vida?!

A ruiva fez uma careta.

–Já que não está satisfeito com minha explicação, Dan, por que não explica você mesmo?

–Para começo de conversa...

–Gideon! Vocês não calam a boca. Não consigo jogar assim. Querem saber o que é ciúme?Eu conto.

Hamilton entregou o tablet para seu primo e começou a falar:

–Então, crianças. O ciúme é assim: Imaginem uma quadra, cheia de bolas de basquete.

–Ok- Disseram os gêmeos.

–Uma dessas bolas, tem a assinatura do seu jogador de basquete favorito. Até aí estão entendendo?

–Acho que sim...

–Ótimo. Então, nessa mesma quadra, suas irmãs pentelhas entram e pegam a bola de basquete assinada. Elas começam a jogar, mas no meio da partida acabam estourando a bola. Viu? Ciúmes é isso.

Hamilton estava de olhos fechados, sorrindo de forma orgulhosa. Ian deu um tapa em sua própria testa e Dan bufou.

–Hamilton, você não disse nada com nada!- Ian falou.

–Esqueçam - Disse o loiro de olhos verdes- Eu mesmo faço isso.

Ele se levantou e foi até o outro lado da sala. Enquanto isso, Amy, que estivera esse tempo todo só observando, resolveu se pronunciar.

–Deixa que eu explico,ok?- Disse- Vocês não tem jeito mesmo. Ciúmes nada mais é quando você se sente irritado com alguém que...Bom, você gosta de uma pessoa e...Aí, ela...Ahn, outra pessoa vem e...E...Eu não sei explicar isso!

Ian deu uma risada.

–Pois é, amor**, estamos no mesmo barco.

Amy sentou ao lado dele, frustrada.

–Acho que tem... Espera, amor?

Ian olhou para ela surpreso.

– Vocês namoram?- Perguntou Jonah. Pela primeira vez na noite, ele olhava para algo que não era seu tablet.

–O que?!

–Eu não diria namorar.

Hamilton arqueou as sobrancelhas.

–“Não diria”?

–“Não diria”? – Repetiu Amy. Até onde ela sabia, não tinha relacionamento amoroso algum com qualquer pessoa daquela sala.

–Nós ainda não entendemos. Afinal, o que é ciúme?!

–É. Só queríamos uma resposta.

–E vocês vão ter.

Dan voltava para sua cadeira, com um celular na mão. Chamou os gêmeos e pediu para esperarem.

–Não se preocupem, apaixonados. Amy não namora Ian.

–É claro que... “Apaixonados”?- Amy agora estava de pé- Eu não estou entendendo nada.

Hamilton e Jonah estavam corados.

–E-Eu não estou apaixonado, pare de dizer besteiras, Dan!

–Idem! Ficou louco?

Dan deu de ombros.

–Ok, ok. O coração de vocês não é de meu interesse.

Ele jogou o celular para sua irmã, que pegou por pouco.

–Amy, Jake te ligou. Ele estava perguntando que dia vocês sairiam novamente.

Nesse momento, Ian fez uma cara zangada.

–O que?! Você está saindo com o Rosembloom?

Hamilton ficou mais vermelho, se era possível.

–Mas você disse que estava solteira quando eu te perguntei! Você mentiu?

–Por que raios você perguntaria para a Amy uma coisa dessas, mano?- Disse Jonah, olhando acusadoramente para Hammer.

Ian riu.

–Por favor. Vocês estão patéticos assim. Agem como se fossem vocês o primeiro amor da minha garota... Adorável.

–Você é apaixonada pelo Ian, Amy?!

–Você é apaixonada pelo Ian e ainda namora o Jake?

–Por Madeleine, parem de fazer tantas acusações! Eu não estou namorando ninguém!

–E o que foi essa ligação, hein?

–Calem a boca, vocês quatro! Vão incomodar os cientistas da sala ao lado!

–Sinead, fica na sua! Estamos resolvendo uma questão antiga aqui.

–Como assim antiga, Ian?

–Até onde eu saiba, você nunca sequer beijou a Amy.

–Acertou, meu querido primo desprovido de conhecimento. Até onde você sabe.

–Amy, você já beijou o Ian?

–Amy, por que nunca me contou que estava namorando o Jake e o Ian?Achei que fossemos próximos.

–Mas eu NÃO estou namorando ninguém!

–Nossa história é antiga sim, Wizard.Desde nossos 14 anos.

–CALEM A BOCA!

Enquanto a confusão continuava, Dan ria em sua cadeira. Apoiou o corpo nos ombros dos gêmeos enquanto sorria de forma marota.

–Viram?Isso é sentir ciúmes.

Os gêmeos sorriram para ele.

–Ah. Agora eu entendi.

–Eu também. Obrigada por explicar. Então é isso que meu pai sente.

–Por isso vivem brigando.

Depois de uns poucos minutos, o pai de Leo e Alice chegou, e andando de fininho pelo canto da sala, pegou seus filhos.

–Obrigado por cuidar dos dois.

–Eu que agradeço. A presença dos dois deixou as coisas muito mais divertidas por aqui.

O homem deu um meio sorriso.

–Fico feliz que não tenham sido um estorvo. Agradeço novamente. E... Se me permite perguntar, o que houve aqui? Consigo ouvir a discussão do outro lado do corredor.

Dan sorriu. Olhou para as crianças e deu uma piscadela.

Ciúmes- Elas responderam.

Ciúmes.


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Notas finais do capítulo

* Para os que não leram ou não terminaram de ler Não Confie em Ninguém(Alerta de spoiler aqui), é descoberto que Sinead é a traidora, não Ian. Do mesmo jeito eu ainda sou apaixonada por ela e nunca conseguiria tirá-la das minhas histórias haha

**Nos livros originais(Em inglês) Ian chama Amy de Amor(love), que foi traduzido como "querida" para nós brasileiros. Como amor é uma palavra,digamos, mais forte, você percebe que essa tecla é batida nos EUA tanto quanto o "adorável".
Espero que tenham gostado, qualquer ideia construtiva é bem vinda nos comentários.



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