June ficou sem saber o que fazer, não queria piorar a saúde dele, mas não queria dizer não ao pedido dele que lembrava tanto os dois, uma noite estrelada de lua cheia, olhou para Shun que sorria para ela e sorriu de volta, foi atrás dele e começou a guiar a cadeira, Shun falou para que fossem até o jardim do hospital que era muito bonito com árvores e flores.

— Agora podemos conversar. – disse Shun sorrindo.

— Então… – June respirou fundo. – Eu ia me casar, porém a algumas horas do casamento quando eu já estava pronta, a Saori achou a tiara que você me deu de presente.

— Você a guardou? – surpreso. – Pensei que tivesse vendido ou jogado fora, assim como fez com tudo que eu tinha te dado.

— Foi o único presente que eu não me desfiz. Então me veio à lembrança de quando você me deu de presente, isso foi só o escape para que várias recordações nossas viessem a minha mente, eu estava a horas de casar e tudo que me vinha na cabeça era nós dois. Então eu vi a Esmeralda indo para porta da igreja e vi você.

— Não era para você ter me visto, tinha combinado com a Esmeralda para eu ficar lá no fundo e sair antes do final do casamento, apenas para poder te ver e saber que você estava feliz.

— O Ikki e a Esmerando sabiam o tempo todo... – foi interrompida.

— Na verdade eles não souberam desde o começo. Meu irmão só soube quando precisei de um familiar para a primeira internação. Já Esmeralda, um dia seguiu Ikki e me encontrou, ela me estapeou furiosa pelo modo como você tinha chego na casa dela, depois do que eu fiz com você. – disse rindo ao lembrar-se da cena. – Mas o Ikki explicou os meus motivos, ela não concordou, mas os respeitou.

— Mas eles nunca me disseram nada.

— Eu os fiz prometer que eles nunca contariam onde eu estava, nem o que eu tinha, também pedi para que Ikki cuidasse de você, queria saber que você estava bem.

— Por que você me deixou quando ficou doente? Eu ficaria ao seu lado sempre.

June ajoelhou e segurou as mãos de Shun que estavam apoiadas nas pernas dele, Shun entrelaçou suas mãos e beijou as duas mãos dela.

— Eu sei que ficaria, por isso que te deixei, não queria que você passasse por essa dor de me ver chegar a este estado.

— Mas você sofreu sozinho, passou por tudo isso sozinho.

— Eu sofreria muito mais vendo você sofrer por mim. Quando eu via nos olhos do Ikki a tristeza depois de uma crise forte que eu tinha, eu agradecia por você não estar lá. – June já não conseguia segurar o seu choro. – Eu sei que te fiz sofrer quando terminei, mas sabia que iria passar e que ficaria em sua memoria nossos dias felizes, não dias tristes por uma doença que cada dia para mim é um milagre.

— Não diga isso Shun, você irá sair dessa.

— Não se preocupe comigo, minha pequena. Eu já me conformei. Estou na fila para doação faz anos e não acham alguém compatível. – enxugando as lágrimas dela. – O que me faz ficar feliz é saber que agora você sabe o porque que eu te deixei e não terá mais ódio de mim.

— Eu nunca te odiei. – olhando nos olhos dele. – Por mais que eu quisesse, por mais que eu tentasse te odiar, nunca consegui, o que eu fiz foi guardar meu sentimento e seguir em frente.

— Que bom, minha pequena. – sorriu. – Saiba que eu sempre irei te amar, vem. – a puxando para seu colo. – Quero sentir você perto de mim.

— Eu te amo, Shun. – o abraçando.

— Eu também, mas quero que você seja feliz e continue sua vida.

— Continuaremos juntos. – segurando o rosto dele.

— Sinto muito, pequena, mas isso não será possível. – beijando a testa dela. – Aceita ficar aqui no meu colo e vermos o sol nascer?

June lhe deu um selinho e afirmou com a cabeça. Ficaram abraçados sem dizer mais nada, trocavam carinhos e olhares, não era necessário palavras, o amor que emanava dos dois era as palavras não ditas. O nascer do sol foi lindo, iluminando e aquecendo os dois, assim que o astro rei fez seu show, June virou para Shun que sorria, não resistiu e lhe beijou, um beijo cheio de saudade, sofrimento e o mais puro e lindo amor.

— Vamos pra dentro. – disse Shun com a voz rouca por ter ficado muito tempo sem falar.

June foi com Shun até o quarto, chegando ao quarto o ajudou a deitar na cama que a puxou para que ela deitasse em seu peito.

— Não sabe o quanto eu senti falta de estar assim com você, como estamos. – disse Shun a abraçando mais forte. – Muito obrigado.

— Não precisa agradecer. – June beijou o pescoço dele. – Queria estar assim pra sempre.

— June, por favor… – ele pediu suplicante.

— Mas como farei sem você? Você disse que sempre me amaria.

— E sempre vou amar. Nem a morte vai mudar o que eu sinto por você. – lhe dando um selinho.

— E saiba que seguirei sempre te amando. – lhe beijando, porém o beijo foi calmo e rápido.

— Te amo, pequena. – lhe dando um selinho e a soltando. – Estou com sono. – se deitou melhor para dormir – Vou aproveitar para dormir um pouco, não acha melhor ir para casa e descansar também, você não dormiu.

— Não estou com sono.

— Mas seria bom tomar um banho e trocar de roupa.

— Está bem, vou para casa tomar um banho e trocar de roupa, mas volto para ficar te ninando.

— Te amo.

June deu um selinho nele e saiu. Chegando em casa tomou um banho relaxante, comeu alguma coisa e colocou uma roupa confortável. Pegou seu carro e foi a caminho do hospital, apesar do dia ainda permanecer claro, caia uma garoa fina, June sentiu uma vontade de chegar rápido ao hospital, ao chegar encontrou Esmeralda chorando abraçada a Ikki.

— Ele teve uma crise, June. Foi horrível… – voltando a chorar.

— Mas como ele está? – perguntou angustiada.

— Muito mal... – respondeu Ikki num fio de voz. – O médico falou que se ele não fizer o transplante de medula óssea vai ser fatal, há anos na luta contra a leucemia, entre muitas internações, quimioterapias, efeitos colaterais, mas não achamos um doador. – uma lágrima escorreu. – E pelo que o médico falou ele pode mo... – foi interrompido.

— Ele NÃO vai morrer, Ikki. – disse June. – Ele NÃO VAI! – disse June correndo para falar com o médico em lágrimas.