— June! June! JUNE! – Ikki aumentava o tom de voz para que ela escutasse.

— Oi? Desculpa… pode falar. – disse sem graça.

— A Esmeralda acabou de me ligar e falou que era para enrolarmos mais uns vinte minutinhos.

— Tudo bem.

— Quer ir dar uma volta ou prefere esperar aqui mesmo?

— Podemos esperar aqui.

— Só vou dar uma volta no quarteirão para ficarmos um pouco longe da entrada da igreja.

— Tudo bem.

Enquanto Ikki dava a volta pelo quarteirão, June olhava pela janela a noite estrelada de lua cheia, suspirou pesadamente, naquele dia que era para ser diferente, no dia que ela estaria começando uma nova vida, tudo estava fazendo lembrar ele, assim como aquele céu que ela não conseguia para de olhar.

Flash Back

— Shun está tudo bem? – perguntou June olhando para o namorado.

— Sim. – Shun lhe beijou a testa.

— Você está pálido e seus lábios estão gelados. – colocando a mão na testa dele.

— Estou bem. – se sentindo tonto. – Que tal nos sentarmos ali e ficar olhando as estrelas.

— Vamos. – sorriu. – Está sujo esse lado pra sentar.

— Senta no meu colo, amor. – quando ela senta, ele a abraça. – Olha como a lua cheia está linda.

— E as estrelas também.

— Sim, parece que as nuvens fugiram e quiseram que elas dessem seu maior brilho.

June voltou a olhar o céu que naquela noite estava lindo, mas percebeu que o namorado não estava olhando para o céu e sim para ela.

— O que tanto olha?

— A minha estrela. – sorri.

— Adora me deixar sem graça, né amor?

— Não, você que fica com vergonha da verdade. – colocando uma mexa de cabelo dela atrás da orelha. – Tudo que eu falo é o que eu vejo.

— Mas eu não sou perfeita como você me pinta.

— Para meus olhos, meu coração e meus sentimentos, você é perfeita.

— E quando eu ficar velha, enrugada e feia?

— Velha e enrugada pode até ficar por causa da idade, mas nunca ficará feia, porque você tem uma beleza muito grande além da exterior. E ela está aqui. – colocando o dedo sobre o coração dela.

— Te amo tanto. – emocionada.

— E eu amo mais. – começando um beijo lento e romântico, quando lhe faltaram ar foi finalizado com selinhos. – Amor?!

— Sim… – lhe fazendo carinho.

— Quando você ver um céu tão iluminado de estrelas e com a lua cheia, promete lembrar de mim quando não estiver mais aqui.

— Ai amor, para de falar besteira, iremos ver esse céu até quando estivermos velhinhos.

— Sim, mas se caso não estivermos mais juntos, quando eu olhar vou me lembra de você e quero que você se lembre de mim.

— Do jeito que você fala parece que nosso amor não vai durar.

— O meu vai durar até quando eu morrer, nunca amei outra mulher, sem ser você. – selinho.

— Você também é meu amor, meu único amor.

— Mas promete que se caso não estivermos junto, quando o céu estiver assim lembrará de mim.

— Shun, para com isso.

— Promete?

— Prometo, mas vou olhar esse céu contigo.

— Te amo… – a abraçando forte.

Fim Flash Back

Ikki tinha parado o carro e June estava sufocada, eram muitas lembranças, eram momentos que queria ter esquecido, um amor que dizia ser para sempre e a abandonou sem nenhuma explicação. Não podia estar pensado nele, estava para casar com outro, esse que a ajudara a amenizar a dor de seu coração partido, era grata por Seiya estar em sua vida, mas sabia que o que sentia por ele não seria nem metade do que Shun a vez sentir, porém Seiya não a faria sofrer assim como Shun um dia a fez.

Flash Back

June tinha resolvido sair um pouco mais cedo do SPA e voltar para casa para almoçar com Shun, ele sempre comia no apartamento, queria fazer uma surpresa para ele já que fazia uma semana que não se viam, ele sempre estava ocupado e as ligações eram tão rápidas. Mas em vez de fazer uma surpresa quem foi surpreendia foi June ao ver todas as coisas de Shun empacotadas, entrou no quarto e o encontrou de costas pegando suas roupas no guarda-roupa e uma mala em cima da cama. June apenas observava a cena, vendo Shun colocar suas roupas de qualquer jeito na mala.

— O que está fazendo aqui? – perguntou Shun num tom rude.

— Vim almoçar com meu namorado.

— Não vou almoçar. – continuou a colocar suas coisas na mala.

— O que está fazendo?

— Arrumando minhas coisas.

— E por quê?

— Vendi o apartamento.

— E vai pra onde?

— Pra longe.

— Pra onde Shun?

— Já disse pra longe.

— Para com isso! – arrancando as roupas das mãos dele.

— Por que fez isso?

— Olhe pra mim, por que está fazendo isso? – segurando o rosto dele.

— Porque eu tenho que fazer. – se soltando dela e voltando a fazer a mala.

— Ok! – rindo nervosamente. – Você está se mudando e não me contou.

— Não é do seu interesse.

— Não é? Pelo que eu saiba sou sua namorada. – com os olhos cheios de lágrimas. – Acho que no mínimo mereço alguma explicação.

— Você já sabe o que deve, eu vou me mudar para longe.

— E como fica nós dois?

— Não terá mais nós dois, sinto muito. – fechando a mala

— Sente muito? – se aproximando dele. – Você sente muito? – começando a chorar e mexer nos cabelos desesperada. – VOCÊ NÃO SENTE NADA! – gritou batendo o indicador no peito dele.

— Não queria que fosse assim.

— Se não queria então por que está fazendo? Quando ia me contar? – ele apenas a olhava. – ME RESPONDA!

— Eu ia escrever uma carta dizendo que tinha ido embora – sentiu a mão dela num tapa estalado sobre seu rosto.

— Covarde! Seu estupido covarde. – Shun mantinha a cabeça baixa. – Me diga por que, por que está fazendo isso?

— Porque tenho que fazer. – uma lágrima solitária percorria o rosto dele. – Eu te amo, mas não… – foi interrompido.

— Me ama? – rindo sarcasticamente. – Você está me abandonando e diz que me ama.

— Não quero que você sofra.

— E o que acha que você está fazendo agora, Shun? Você acha que essas lágrimas são de felicidade? VOCÊ ACHA QUE ESSAS MALDITAS LÁGRIMAS SÃO DE QUE?

— Vai ser melhor assim.

— Vai ser melhor assim pra quem? Pra você?

Shun não respondeu ficou ali parado olhando June chorar desesperada, enquanto as lágrimas também deslizavam por seu rosto silenciosamente, assim que percebeu que June estava mais calma a abraçou, a mesma ao sentir os braços do amado começou um choro mais sofrido, seu mundo estava desabando e o seu porto seguro estava indo embora e ela não sabia nem o motivo.

— Por que está fazendo isso? – disse June num fio de voz.

— Porque assim é melhor, pequena. – lhe beijando a testa. – Essa dor irá passar e você vai encontrar alguém que te faça muito feliz.

— Eu encontrei. – olhando nos olhos dele. – Eu vejo em seus olhos o nosso amor. – enxugando as lágrimas dele. – Se nos amamos por que tem que acabar?

— Porque vai ser melhor.

— Melhor pra quem?

— Olhe pra gente como uma lembrança, um amor lindo que ficou na lembrança e busque sua felicidade.

— Como buscar minha felicidade, se ela está me abandonando.

— Coloco tudo no carro? – entrou um rapaz e Shun soltou June.

— Pode sim. Obrigado por me ajudar, já vou descendo. – voltou à atenção a June. – Vou te levar sempre dentro do meu coração.

— Então você simplesmente vai embora e acabou?

— Tenho que fazer isso.

— Está bem Shun, vou fazer de tudo para te arrancar do meu coração e nem lembrar que um dia você fez parte da minha vida. Você morreu pra mim. – Shun fechou os olhos sentindo com tudo as palavras amargas dela.

— Se isso te fizer feliz, me arranque do seu coração e saiba que o meu está contigo.

— Cala a boca! – disse enxugando inutilmente as lágrimas. – Seu coração nunca esteve comigo, pois se estivesse você não estaria me fazendo isso, não estaria me machucando.

— June, eu… – foi interrompido.

— Nunca mais me procure, não queira saber de mim e nunca esqueça que pra mim você morreu.

June saiu quase derrubando o rapaz que estava ajudando Shun, olhou pra trás e viu Shun ajoelhado no chão chorando e pensou que ele teria que chorar muito, sofrer e pagar tudo o que ela estava sentindo.

Fim Flash Back