Um breve adeus escrita por Vitória Dixon


Capítulo 1
Capítulo 1




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Nós éramos jovens. Estávamos apaixonadas.

Duas garotas, um mundo totalmente contra e uma família fazendo de tudo pra nos separar.

Quando vivemos numa sociedade, é impossível não ter que lidar com criticas ou discórdia. As pessoas sempre vão dar a opinião sobre algo. Elas devem ser assim, é o que o tornam diferentes. Mas, muitas querem ser ouvidas e atendidas, como se o fato de não gostarem e a maioria for contra, aquilo se torne a verdade universal, e foda-se a opinião da minoria!

As pessoas querem que duas pessoas do mesmo sexo não fiquem juntas porque acham errado.

Minha família fica contra mim, usando o nome de Deus para minha infelicidade. Acham que Deus vai me dar uma cura. Mas se o amor for uma doença, eu prefiro queimar no inferno! Me sinto horrível ao dizer isso, mas se Deus fosse como minha família, que me faz pressão para que eu siga seus passos, sendo apenas o que ela quer que eu seja, não vale a pena!

Eles gostam de aumentar a importância sobre aquilo que elas pensam.

Nós nos apegamos a ideias e valores que nos confortam. São apenas ideologias que são consideradas sagradas. Só isso! O problema é quando querem que todos sigam, porque acredita que é o certo.

Nem eu me aceitei como gay. Foi uma fase difícil pra mim também! Contar para minha família foi após muito tempo, eu não sabia o que eles pensavam exatamente, mas fui la e contei pra minha mãe. É incrível como as pessoas que eu transo ou deixo de transar afetaram nisso.

Naquele dia, todo o amor da minha mãe parecia ter se transformado em ódio!

Ele encheu os olhos de lágrimas e gritou muito comigo. E, no mesmo dia todo mundo já estava sabendo, ela espalhou pra todas as tias e primas possíveis, como se fizesse questão de me humilhar!

A partir daquele dia meus irmãos me olhavam torto. E eu percebi que minha irmã, que sempre foi muito intima comigo, evitava até trocar de blusa na minha frente. Ela tinha uma mentalidade doente que me fazia me sentir incrivelmente mal.

Se eu comia na mesa com a família, minha mãe agora resolvia conversar sobre o quanto ser homossexual era errado, que iriamos queimar no inferno e que precisa vamos de tratamento. Eu sequer conseguia comer. Minha garganta sempre fechava nessas horas e eu tinha que ficar calada.

Meu pai chegou a me prender no quarto.

A pior parte dessas pessoas quererem que os filhos sejam perfeitos, é que eles não são!

As pessoas da gerações passadas não lhe contariam que são gays, porque naquele tempo, aparências eram muito importantes. Tem muitas histórias podres que acabam com essas imagens em minha família, mas apenas nos mesmos sabemos.. Minha mãe pulava a janela pra foder no mato! Ela colava na escola! Ela fez coisas erradas e virou apenas uma pessoa ignorante querendo que os filhos sejam a perfeição que ela não foi. Que nenhum filho nunca é.

Mas eu permanecia ali, porque ela estava comigo.

E eu passaria qualquer coisa pra ficar com a pessoa que amo.

Naqueles tempos, meu estado emocional estava um caco. Porque o fato de eu amar uma pessoa, deixar aquilo claro e mesmo assim eles insistirem em me dizer o quanto aquilo é errado. Isso me deixa louca.

Jesus deve ter se sentido perdido como eu espalhando a palavra de Deus.

Por onde eu passava, meu nome não existia mais. Eu só era uma lésbica.

"Não quero que meu filho veja isso"

Ainda bem que sua ignorância não está presente em seu filho.

"Ela é lésbica!"

Realmente. Mas não saio por aí falando pra as pessoas qual o sexo da pessoa que elas gostam.

A sociedade é tão podre. É triste saber disso. E mais triste descobrir isso sozinho. Saber que não basta um "Não gosto de gays, não vou ser gay", mas eles querem um "Não gosto de gays, eles tem que ser proibidos".

Porque as pessoas fazem isso? Eu não sei!

Minha mãe conseguiu descobrir minha namorada, e nos proibiu de se vermos. Eu consegui odiá-la de uma hora pra outra. Da água pro vinho. Assim como ela me odiava agora. Mas a diferença era que meu ódio era momentâneo, era porque ela queria me tirar a pessoa que eu gostava por não me apoiar como lésbica. Esse ódio passou a virar pena. Pena da pessoa miserável que ela era.

Eu já estava me afogando nas próprias lágrimas.

E eu entendi finalmente.

A família tradicional era uma mentira.

Porque tínhamos que seguir coisas que nem as gerações anteriores seguiram? É apenas uma falsa imagem que consideram certo.

Eu espero que daqui a anos, as pessoas consigam ser o que elas são em paz. Que ninguém seja um erro.

Nesses tempos, eu descobri que ser gay não se trata apenas de quem você gosta. Ser gay é ter que lutar por uma liberdade que vão fazer de tudo pra tira-la de você.

E acima de tudo, eu não quero mudar.

Na próxima encarnação(não sei como essas coisa funcionam) vou descobrir se conseguimos finalmente só amar, não importa como.

Adeus, querida família.


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Notas finais do capítulo

Não sou lésbica, apenas imagino.



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