A escolhida da paz escrita por one of the Dumas girls


Capítulo 4
Nico di Ângelo


Notas iniciais do capítulo

Queridos leitores, eu amo vocês e espero que gostem desse capítulo. Boa leitura!



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Percorremos todo o acampamento, o bosque, a praia e todos os entulhos e por fim fomos encontrar a barraca dele. Ela estava em um canto isolado, perto das colinas, ele havia dormido sozinho. A barraca estava toda rasgada, provavelmente por uma espada, e havia marcas de sangue no saco por toda parte.

Ele havia sumido.

No mesmo instante meus olhos se encheram de lágrimas, meu peito ficou apertado e eu não conseguia respirar. Isso não podia ter acontecido, simplesmente não podia.

As meninas tentaram me abraçar, porém eu não queria seu afeto. Por isso me sentei no chão, Peter se sentou ao meu lado junto do colchão negro com manchas escuras e rosas esmagadas. Queria ficar sozinha, mas não sabia do que era capaz de fazer se Peter fosse embora.

“Vai ficar tudo bem... Não chora.” o filho de Ares repetia para mim. Ele era doce demais para ser de Ares.

Vi minhas lágrimas se juntarem às gotas de sangue ainda fresco e às flores. Sentia a dor de ter perdido alguém que nunca havia sido meu. Parecia que corria ácido em minhas veias. Meus músculos latejavam como se tivesse corrido uma maratona.

Não conseguia acreditar que isso havia acontecido. O tal assassino não sequestrava, apenas matava, por isso era um ASSASSINO. Eu pelo menos ainda tinha a esperança de encontrá-lo novamente. Eu tinha que fazer algo. E para começar: parar de chorar igual um bebê.

Quando me levantei e abri a cortina que fechava a barraca, algo brilhou e a luz prendeu o meu olhar. Um colar de pedras preciosas estava estraçalhado e jogado no chão próximo a pedaços de um leve tecido preto. Peguei os restos de uma joia com pequenos rubis brilhantes e esses pedaços de pano e saí, junto com Peter. Deixando minha tristeza e perda de lado, decidida a fazer algo.

...

“Eu já vi esse tipo de pedras em algum lugar…”

“É óbvio que já, Cabeça-de-alga. São rubis muito parecidos com os plantados no Mundo Inferior.” respondeu Annabeth, toda melosa, porém curiosa.

“Isso faz um total sentido, minha corujinha esperta.” Percy parecia meio distraído, mesmo com o sumiço de Nico.

“Onde está o di Ângelo?!” Will Solace estava conosco enquanto discutíamos o que fazer.

“Não sabemos, Will.” respondi em voz baixa. “Isso não deveria estar com ele, não é?”

“Acho que não.” Percy parecia fazer um esforço imenso “Por que o Nico di Ângelo estaria com uma joia feminina? Parece mais que ele destruiu essa coisa.”

“Exato!” Annabeth exclamou enquanto abria o laptop de Dédalo “Se pegarmos os cortes feitos no metal e a lâmina de ferro estígio de Nico, podemos ver isso…” ela nos mostrava um simulador de ataques ou alguma coisa do tipo “Nico deveria estar ainda deitado quando puxou a espada para atacar o assassino ou talvez... A assassina.”

“Espera um pouco… Uma mulher?!” Percy parecia intrigado.

“Acho que sim…” respondi “Então… tipo assim, nossa melhor pista é procurar no Mundo Inferior?”

“Provavelmente sim.” respondeu alguém.

“Você vai atrás dele?” Peter perguntou meio preocupado.

“Alguém tem que fazer alguma coisa, não?”

Quando eu e Peter nos encontramos a sós, ele parecia irritado, talvez até meio bravo.

“Você não pode ir atrás dele! E se acontecer alguma coisa? Você não tem preparo nem treino pra brigar com alguém como essa assassina.”

“E você tem? Nenhum de nós sabe nada sobre isso e alguém tem que fazer alguma coisa. E se o próximo a morrer for Mika, Constance, você ou mesmo a pequena Amy. Eu não vou deixar que uma coisa dessas ocorra, não vou deixar que mais pessoas morram por isso. Eu preciso fazer alguma coisa.”

Peter me olhava triste.

“Se cuida tá?”

“Eu vou, prometo.”

E então ele me puxou para um abraço e novamente eu me sentia sufocada por seus músculos, mas ao mesmo tempo segura.

“Cuida da Constance, por favor. Não deixa a Mika ficar enchendo o saco dela com toda aquela coisa típica de Afrodite.” falei rindo antes de me distanciar de seu abraço.

...

Quíron me mandou em missão com as outras escolhidas. Argos nos levou para Manhattan na manhã seguinte logo cedo. Todos concordaram que a porta de Orfeu era um caminho melhor para o mundo dos mortos do que ir até Los Angeles.

Ao encontrarmos um grande amontoado de pedras começamos a cantar uma canção que um dos sátiros havia nos ensinado na tarde anterior para abrirmos a porta. Desse modo, as rochas se abriram revelando degraus que desciam para a escuridão. O túnel fedia a mofo e, pior que isso, havia um cheiro deplorável de morte no ar. Mesmo assim, descemos.

“O que faremos quando chegarmos lá embaixo?” Perguntou Ginny com a voz trêmula.

“Acho melhor conversarmos com Hades primeiro… Vai que ele nos ajuda.” MC disse.

Confirmei com a cabeça, tentando não deixar meus dentes baterem de frio e medo.

...

Por algum motivo Cérbero e todos os mortos nos deixaram passar. No entanto, eu sentia que era observada, isso não me deixava feliz. Sentia o peso do meu Guia definitivo de Percy Jackson e os olimpianos no bolso interno do meu casaco. O grito das fúrias acima de mim me deixava alerta, porém minhas pernas pesavam como chumbo.

Fomos falar com Hades. Caso conseguíssemos sua ajuda, seria tudo mais fácil. Mas não foi isso o que aconteceu.

Hades foi a pessoa, ou melhor, o ser mais chato, insensível e desalmado que eu já encontrei. Eu sei que os deuses não curtem ficar atrás de seus filhos semideuses, mas talvez o desaparecimento de Nico envolva-os e ele não deu a mínima.

“O que mortais estúpidas como vocês estão fazendo aqui?” perguntou Hades.

“Desculpe o incomodo, senhor.” respondi tentando ser eloquente “Estamos procurando por seu filho, Nico. Somos as escolhidas do oráculo de Apolo e fomos designadas por Quíron para encontrá-lo e também solucionar o mistério do assassino das sombras. Por isso pedimos sua ajuda, senhor…”

“HAHAHAHAHA! Ajudar?! Vocês estão de sacanagem comigo. Só pode.” o deus ria orgulhoso “O Nico sumir? Ele deve estar dormindo em algum lugar por ai. Ele é uma piada de semideus, não sei como pude ter um filho assim. Aquele viado. Hitler, Napoleão, todos eram incríveis, até Bianca era mais relevante que Nico. Ele é uma vergonha para minha linhagem.”

Eu juro! Quase espanquei o deus que eu queria que me ajudasse. Ginger me segurou bem a tempo e, por sorte, Marie falou por mim.

“Mas, senhor,” ela disse fazendo uma breve reverência “por que o senhor não nos ajuda? O que está acontecendo no acampamento meio-sangue pode, muito bem, interferir no Olimpo e, provavelmente, no SEU mundo, afinal foi o SEU filho que sumiu.”

“Eu já tenho problemas demais, não tenho que ficar pensando onde ele mete o próprio nariz.” Hades respondeu irritado demonstrando certa melancolia.

As meninas e eu nos olhamos por apenas um segundo e entendemos tudo. Algo estava chateando Hades e talvez isso nos ajudasse...

“O senhor está bem?” perguntou Ginny no exato momento em que o deus se virava de costas para nós e olhava fixamente para as chamas dançando na lareira de pedra negra.

Me aproximei devagar tomando cuidado para caso ele explodir e me atacar. Pus minha mão em seu ombro assustada por todos os milhares de rostos das almas na roupa do deus. E vi de relance uma lágrima escorrendo por sua bochecha pálida e, sob a luz do fogo, Hades se parecia muito com Nico durante o tsunami. Ele estava com os mesmos olhos desesperados, a pele pálida e os lábios azuis de frio. Se parecia muito com Nico só que mais velho, aparentava ter um milhão de anos. Segurei o impulso de abraçar aquele ser ancestral e apenas perguntei se podíamos fazer alguma coisa por ele, qualquer coisa.

O rosto do deus iluminou-se quando algo passou por sua mente. O sorriso e a risada malignos que surgiram em sua boca eram amedrontadores, mas talvez esse seja apenas o modo como o deus do Mundo Inferior sorri.

Não acreditava que isso estava acontecendo. Hades nos mandou para morrer nas mãos das fúrias apenas para divertimento pessoal dele. Eu sentia como se caminhasse em direção ao Coliseu na Roma Antiga para ser torturada, caçada e morta por animais selvagens e gladiadores. Se eu me sentia péssima, estava pensando como Marie Claire se sentia, afinal ele é o patrono dela, deveria ajuda-la. Mas não tivemos nem tempo de pensar antes de sermos presas por mãos ossudas em crescente degradação.

Minhas mãos estavam amarradas às costas com MC na minha frente e Ginger atrás. Ouvia o marchar dos soldados mortos ao meu redor e o bater das asas das fúrias enquanto tentava raciocinar e descobrir um jeito de fugir. Eu sabia que as meninas faziam a mesma coisa, mas nossas armas haviam sido confiscadas, no entanto o deus e seus homens não perceberam as minhas luvas e botas.

Marie Claire esfregou a corda que prendia seus pulsos como se tentando amenizar o desconforto, mas eu entendi. Tencionei a mão fazendo surgir uma das garras da minha luva. Ginny rapidamente se aproximou mais de mim de modo que cobrisse a visão dos guardas zumbi. Fiz um corte na minha corda e permaneci segurando-a. Eu sabia que teria que esperar o momento certo de agir. Só teríamos uma chance, não podíamos fracassar.

Andávamos lentamente, de cabeça baixa, adiando o momento de nossa morte ou apenas esperando a hora exata de fugir. Levantei a cabeça ao ouvir o som de passos irregulares e o ofegar de um cão, só que, mais rápido do que havia começado, o barulho silenciou-se. Algo parecido com uma pedra acertou a cabeça do oficial morto a nosso frente assim que olhei para o chão pedregoso abaixo de mim. Cerca de metade dos soldados ao nosso redor correram na direção de onde a pedra havia sido lançada.

Esse era o momento.

Pulei no zumbi ao meu lado enfiando as garras da minha mão direita em seu peito e as do pé esquerdo no rosto semidecomposto de outro que tentava me segurar, fazendo-os sangrar piche. Avistei uma porta nos fundos do palácio de Hades e corri. Sentia a presença das meninas e ouvia seus passos atrás de mim. Ouvia o som de espadas, gritos desesperados, rosnados e latidos, mas apenas me concentrei na porta negra. Na maçaneta adornada de ferro estígio. Em achar Nico.

Desci na segunda escada, virei na quarta porta à direita e desci outra escada. Algo me puxava naquela direção. Meu coração batia forte no peito e meu abdome pulsava no ritmo dos meus passos. Sentia como se Cendyl pudesse pular de mim a qualquer momento. Corri até que o ar saísse totalmente de meus pulmões. Corri até que dei de cara com uma parede cinza polida e parei ofegante. Não sentia mais aquela força me puxando para mais perto.

“Alice! Você está bem?!” Ginger veio correndo atrás de mim e olhou nos meus olhos me segurando pelos braços como se eu fosse uma criança.

“Você é burra ou o que?” sussurrou MC enquanto vinha na minha direção mancando só para me dar um tapa no rosto de brincadeira.

“Eu não sei. Meu instinto disse para vir para cá e eu sou extremamente impulsiva.” respondi preocupada com a perna de Marie Claire que sangrava e por não saber onde estávamos.

Sentamos encostadas na parede. Ginny fazia um curativo no corte da perna de MC enquanto eu pensava se minha intuição estaria errada. Só que não estava. Alguma coisa gemia atrás daquela parede baixo demais para distinguirmos do que era. Levantamos rápido e por algum motivo um vão se abriu na parede, quase como uma porta e, dando-nos as mãos, entramos na parede.

“O que é isso?” Marie Claire perguntou reparando no líquido escuro presente no chão de pedras.

Agachei ao seu lado, passei a mão na substância e o cheiro de sangue invadiu meu cérebro.

“É sangue. Ginny, você ainda tem aquela lanterna, certo?” perguntei.

Ginger acendeu a lanterna, apontando para a minha mão, encharcada de sangue vermelho escuro. Logo olhávamos para o rastro de sangue que se seguia pelo túnel. Alguém muito machucado passou por ali, talvez até já tivesse morrido de hemorragia.

Não sabíamos o que pensar. Será que estaríamos indo em direção à morte certa? Estávamos discutindo a situação, no entanto o som de vozes vindas de onde viemos nos pôs em alerta e o de garras se arrastando, nos fez correr. Esses sons se afastando e os gemidos de dor e sofrimento a nossa frente apenas ficando mais altos.

Paramos em uma sala ampla tão escura quanto o corredor que nos levou até lá. A única luz era a lanterna de Ginger.

O feixe de luz percorria o espaço e, por um instante, atravessou um corpo. Quase gritei de susto ao perceber o garoto deitado de costas para a entrada com o tórax nu exibindo suas feridas recentemente abertas. Sua respiração era fraca, ofegante e descompassada.

Ele estava vivo.


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Notas finais do capítulo

Não queiram me matar por o que estou fazendo... Se quiserem deixem escrito nos comentários. Respondam também a uma pergunta: O que vocês acham que aconteceu? Quem fez isso ao pobre garoto?
Olha pessoal, eu sou meio lerda para escrever e publicar, mas aconteça o que acontecer eu não vou abandonar essa fic.



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