Bolo de Aniversário escrita por Ana Oliveira


Capítulo 1
O aniversário




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Joan estava aborrecida. Emily tinha ligado às 8:00 da manhã, gritando feliz aniversário, e praticamente obrigando a sair para almoçar junto com seus velhos amigos.

Joan pensou em dizer não, porque, pela primeira vez em muito anos, ela queria ficar em casa e não fazer absolutamente nada. Ou, provavelmente, a razão era que ela queria ficar na Brownstone e passar o dia com Sherlock, mas ela não falaria isso para sua eufórica amiga.

De qualquer maneira, ela disse que sim, Emily poderia ser muito persistente e ela parecia muito animada.

- Sherlock. – Joan chamou.

A casa estava muito tranquila para seu gosto, mas ela estava certa de que ele ainda estava lá. Dois minutos mais tarde e, pelo menos, cinco vezes chamando seu nome, ele saiu de seu quarto.

- Watson, estava chamando meu nome? – Sherlock perguntou com seu sarcasmos habitual.

- Sim, eu queria avisa-lo que ficarei ausente por algumas horas. Emily me convidou para almoçar.

- Claro, vá em frente, divirta-se. – Sherlock falou rapidamente.

Joan estranho, normalmente Sherlock falaria que a chamaria caso ocorre-se um crime, desta vez ele não fez, mas isso não iria afeta-la, assim como fato de que ele tinha esquecido completamente seu aniversário. Não a deixaria triste, talvez um pouco.



[....]

Ele não era assim. Não inteiramente. Ele não era romântico, não era um doce e ele não era bom. Joan tentou convencê-lo que era necessário mudar, mas ele deixou bem claro que nunca mudaria.

Ele mentiu.

Várias vezes.

Ele poderia realmente ser bom, também poderia ser romântico e muito doce, pelo menos foi isso que Emily praticamente gritou pelo telefone, quando ele a chamou a alguns dias. Ele precisava de um conselho, e por isso telefonou para ela, em primeiro lugar, porque era o aniversário de Joan e ele é um completo burro quando se trata de romance. Em outras palavras ele não tinha a mínima ideia do que dar de presenta a Joan.

Ele queria dar a ela algo que dissesse: “você é uma boa amiga e eu me preocupo com você”, em vez de: “eu te amo”. Sherlock a ama, isso era uma verdade. Mais do que ele poderia descrever, mas ele não ia dizer a ela, ainda, não. Ele aprecia sua amizade demais para arruiná-la com uma confissão de amor.

E por isso que Sherlock está na cozinha, entre tachos e ingredientes para criar o presente perfeito. Um bolo de aniversário.

Foi a única coisa que ele conseguiu pensar, até porque Emily não tinha sido exatamente útil. Depois que ela gritou: - Oh meu Deus você é tão fofo! – ela sugeriu que ele escreve uma carta de amor. Ele não iria escrever uma carta. Emily não tinha entendido quando ele disse: - Eu não bom nessas coisa de romance. – Uma carta de amor era uma confissão, e ele não podia fazer isso. No fim o jeito era fazer um bolo de aniversário. Ele era bom na cozinha, Joan já havia mencionado que gostava quando ele fazia Chelsea Bun.

E como Emily não tinha sido de muita ajuda, Sherlock a convenceu manter Watson fora de casa por algumas horas. Ela assim o fez, ligou para Joan e a convidou para almoçar, e então força-la a ficar um par de horas fora, para que Sherlock pudesse trabalhar no seu presente.

Emily parecia muito animada. Estranho, mas não muito surpreendente. Watson tinha mencionado, não uma, mas duas vezes, que Emily pensava neles como um belo casal. Isso explicava a euforia da mulher.

Sherlock se concentrou, ele tinha todos os ingredientes, tempo e energia. Ele estava meio preocupada com o fato de que era a primeira vez que tentava fazer um bolo de chocolate. Ele era bom em assar algumas coisas, mas não era um especialista. Claro que não falharia, ele tinha a incrível habilidade de aprender. Até porque valia pena arriscar, tudo isso era para ver Joan sorrir, e ele aprenderia qualquer coisa por ela.

Holmes sorriu. Ele realmente estava muito apaixonado por Joan Watson, a amava o suficiente para tentar fazer algo que nunca fizera antes, e com possibilidade de falhar miseravelmente. E ele não gostou da sensação do fracasso, mas gostou da sensação de “eu tentei, portanto, você não pode me julgar.”

Sherlock não era o tipo de homem que amaldiçoava, ou usava palavras extremamente chulas para expressar sua frustração. Na verdade ele nunca fizera, porém, mas agora ele amaldiçoou, gritou, amaldiçoou e gritou repetidamente. Fazia mais de três hora e duas tentativas falhas de fazer um simples bolo de chocolate.

Ele já deveria estar feito. O bolo deveria estar descansando em cima da mesa da cozinha, decorado com “Happy Birthday Joan e velas de aniversário. Em vez disso, o bolo estava na lata de lixo, completamente queimado. E Sherlock estava furioso e completamente e totalmente decepcionado.

Ele não estava desapontado porque havia falhado em fazer um bolo, pois poderia tentar de novo em uma outra oportunidade e provavelmente teria sucesso. Ele estava desapontado porque sentiu que tinha falhado com ela, ele estava fazendo algo especial, porque ela merecia. E agora não havia nada. Exceto uma cozinha malcheirosa, um homem frustrado e muitos utensílios sujos que ele nem sabia por onde começar.

- Sherlock estou em casa. – no minuto em que ouviu seu nome e a voz dela, seu coração parou.

- Cacete! – ralhou ele.

[...]

A primeira coisa Joan notou ao entrar no sobrado, foi um cheiro de queimado. Seu pensamento inicial foi que Sherlock estava fazendo um experimento, mas o cheiro estranhamente se assemelhava a comida queimada.

Ele tinha cozinhado? Provavelmente, mas Sherlock era um bom cozinheiro, ele nunca queimou nada, pelo menos não intencionalmente. A segunda coisa que notou, na verdade ouviu, era um xingamento muito alto vindo da cozinha.

Ela caminhou até a cozinha e que ela viu a chocou, mas não de uma maneira muito boa. O lugar estava sujo, fedorento e desorganizado. Havia utensílios sujos, cascas de ovos, embalagens de papel, colheres e farinha em todos os lugares. E em seguida Sherlock parado no meio, parecendo muito frustrado e irritado. Ele estava vestindo um avental branco e segurava uma colher de pau na mão, enquanto a outra estava cerrada.

- Sherlock. – chamou o nome dele enquanto lentamente se aproximava. Ele levantou a cabeça o suficiente para olhar para ela e bufar. – Você está bem?

- Não.

- Você estava tentando cozinhar algo? – perguntou ela, embora a resposta fosse meio óbvia.

- Um bolo de chocolate. – ele respondeu.

- Acho que não saiu como você esperava. – comentou ela.

A única resposta que obteve foi Sherlock apontando diretamente para a lixeira. Foi quando ela percebeu o bolo queimado.

- Você poderia tentar novamente um outro dia.

Sherlock olhou para seu avental machado de chocolate e suspirou decepcionado.

- Certo. – disse ele. – Eu precisava dele para hoje, pois deveria ser seu presente de aniversário. Então feliz aniversário.

- Você fez isso para mim? – ela perguntou espantada.

- Sim, mas não funcionou.

- Mas, você tentou é isso que importa. – Joan deu alguns passos na direção dele. Ela segurou rosto dele entre as mãos e o beijo carinhoso, deixando os lábios permanecem por alguns segundos.

O coração dele começou a bater mais rápido ao sentir os lábios dela contra os dele. Seguramente ele nunca pensou que este evento especial acabaria como um beijo. Quando ela se afastou, ele não podia evitar que um sorriso que apareceu em seu rosto.

- Acho que é a coisa mais doce que você já fez. – ela disse. As mãos dela deixaram o rosto dele cuidadosamente e agora repousava sobre o peito.

- Não sou doce. – ele respondeu rapidamente, balançando a cabeça em sinal de negativa.

- Sim, você é.

- Não.

- Isto. É algo que ninguém jamais fez por mim, nunca. E eu não importo quantas vezes você diga ao contrário. Você é um doce, e o homem mais maravilhoso que já conheci.

- Eu sou maravilhoso.... – ele sussurrou, e Joan lhe deu um tapinha de brincadeira no peito.

- De qualquer forma, obrigada por tudo.

- Mesmo não dando certo?

- Sim. – ela respondeu. – Esse foi o melhor presente de aniversário que já tive.

- Então, se você está feliz com este desfecho desastroso, isso significa que você vai me ajudar a limpar essa bagunça?

- Não. Continua sendo meu aniversário e você ainda me deve um bolo, então meu caro Sherlock, você está por conta própria. – ela saiu da cozinha, mas não antes de beija-lo novamente.

Com certeza Sherlock deve começar a ser romântico e encantador a partir de agora.

FIM!


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