Conspiração escrita por Lura


Capítulo 36
Signum Sectionis


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, olá! Sempre me surpreendo, mas fico extremamente feliz, em ver que ainda há pessoas que acompanham a fic aqui pelo Nyah.
Sem enrolação, agradeço aos leitores Gutor, LVUzumaki, BabyCool, Ba, Vivi Pearl e Renna Martins por terem comentado o último capítulo. Também agradeço aos que leram e favoritaram desde então.
Sobre este capítulo: teremos a aparição de um personagem que ainda não havia dado as caras em Conspiração. Vocês imaginam qual seja? Mas o principal, é que boa parte dos mistérios serão esclarecidos.
É isso. Espero que gostem.



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Magnólia – 7 de junho de X792

— E então? — Lucy perguntou ansiosamente a Hibiki, mas o mago da Blue Pegasus balançou a cabeça, frustrado.

— Nada relevante ainda — respondeu, e ao ver o desânimo da outra, consolou: — É um símbolo que demarca parágrafos, Lucy, utilizado em inúmeros textos, especialmente legais, o que faz com que minha magia arquivo apresente milhões de resultados. Não quer dizer que o que precisamos não está aqui, mas apenas que talvez demoremos a encontrar — lembrou.

— Eu sei. Perdão pela impaciência — desculpou-se, olhando para a folha de papel jogada na mesa mais próxima, que continha o desenho que representava o símbolo que pesquisavam:

 

Estava tão estressada com o tempo e a energia que vinham gastando na pesquisa, que as linhas retorcidas pareciam até mesmo zombar dela.

— Não há o que desculpar. Se eu estivesse na situação de vocês, não sei se teria tanta calma — Hibiki comentou, com um sorriso complacente, chamando a atenção da maga estelar de volta para si.

Lucy sorriu, sentindo-se grata. Nas duas últimas semanas, eles haviam coordenado as missões do “Time mais Forte”, com sessões intensas de pesquisa a respeito do símbolo que Romeo havia desenhado para eles, na tentativa de desvendarem o culpado da série de homicídios de magos usuários de magia tipo fogo, mas pouco haviam avançado. Livros e notícias de jornais não foram nem um pouco úteis, e as pesquisas de seu espírito Crux somente apresentaram milhões de resultados de obras em que o símbolo demarcador de parágrafos aparecia. 

Foi então que Lucy lembrou-se da magia de Hibiki, e a esperança reviveu em seu interior. Se alguém tinha chance de encontrar informações sobre qualquer assunto, era um usuário da magia arquivo.

Por sorte, o mago da Blue Pegasus aceitou ajudar com facilidade, assim que soube o quanto aquela pesquisa era relevante não apenas para a segurança de Lucy, mas de todos os demais usuários de magia de fogo espalhados pelo reino, e apareceu na sede da guilda tão logo pôde, o que os levou a uma sessão de estudos quase imediata na biblioteca, com o auxílio de Levy e Mystogan.

— E você? Teve mais sorte? — Hibiki indagou. 

— A mesma coisa que você. São milhões de resultados. Crux está revisando-os com cuidado, mas se fosse algo relevante em relação aos homicídios, ele provavelmente já teria encontrado — explicou. 

— Acho que o jeito é continuarmos procurando, Lu-chan — Levy incentivou, de trás da barricada de livros que havia se formado na mesa em que estava acomodada.

— Ou podemos filtrar o resultado — Mystogan divagou de sua própria mesa, onde também estava cercado de livros.

— Que tipo de filtro? — Hibiki questionou, interessado.

— Temos procurado pelo símbolo em si. E se buscarmos por sua origem? Ou ainda, pelo nome? — ponderou. — Ele tem um nome? — indagou, voltando-se para Levy.

Não demorou para que a pequena maga, especialista em linguagem, puxasse um livro específico da pilha que havia montado e o folheasse, os olhos verdes por trás dos óculos de leitura de vento percorrendo as páginas avidamente.

— Aqui está — Levy anunciou. — Chama-se “Signum sectionis”, que em tradução literal significa “sinal de corte” — recitou.

— Sinal de corte — Jellal repetiu, incomodado, e a sua preocupação não passou despercebida aos demais, mesmo com toda a privacidade concedida pelas vestes habituais de  Mystogan, sua identidade assumida.

— Eu não gosto de como isso soa — Lucy reclamou, também inquieta, instintivamente levando ambas as mãos à barriga estufada, a lembrança de que Macao ainda encontrava-se em estado grave na enfermaria alguns andares acima apenas a deixando mais apreensiva.

— Vocês poderiam pesquisar por “signum sectionis” e “sinal de corte”, então? Acredito que podem acrescentar as palavras “guilda”, “organização”, “seita” e outras de significado semelhante — pediu o mago mascarado.

— Pesquisando — Hibiki anunciou, digitando freneticamente em seu teclado de luz, ao mesmo tempo que Lucy passava as novas instruções a Crux, que logo começou a cochilar para realizar a nova pesquisa.

Nem um minuto se passou, antes que o espírito da chave de prata tomasse a abrir os olhos e menear a cabeça, esmagando as novas esperanças que Lucy havia criado.

Felizmente, a desolação durou pouco, pois logo a voz de Hibiki anunciou:

— Signum sectionis. Parece que existiu uma seita com este nome. Não há muitas informações sobre ela, além ser uma das inúmeras organizações que foram criadas para combater o mago negro Zeref e seus demônios — informou. — Mas ela também tinha a missão específica de evitar a personificação do “fim” — concluiu sua leitura.

— Que fim? Da humanidade? Do mundo? — a maga estelar indagou, confusa.

— Eu realmente não sei dizer, a informação é bem genérica e a maioria dos dados sobre essa organização se perderam com o tempo — continuou Hibiki. — Por tudo que sabemos, sua existência pode muito bem ter sido uma lenda — emendou, antes que um suspiro desanimado coletivo ressoasse pela biblioteca. — A maneira que a palavra ”fim” está grafada é intrigante, no entanto… — ponderou, relendo as informações que havia angariado.

— Intrigante por quê? — Levy adiantou-se.

— Está em letras maiúsculas e separada por pontos: “E.N.D.”. Talvez seja uma sigla — sugeriu.

— E.N.D. — Crux repetiu, em timbre preocupado, fazendo com que o grupo se voltasse para ele.

— Você sabe o que significa, Crux? — a loura indagou, ansiosamente.

O espírito ancião suspirou, coçando o bigode.

— Sim, eu sei — admitiu. — Mas são informações que necessito de autorização para compartilhar, Lucy. Preciso falar com o rei dos espíritos primeiro — avisou, antes de sumir em uma nuvem de poeira dourada, que simbolizava o fechamento do portão.

A maga estelar suprimiu a vontade de gritar de frustração. Ela sabia o quanto os espíritos era cautelosos com informações restritas, o que apenas atiçou ainda mais a aflição que sentia com o que havia conseguido até então.

— Calma, Lu-chan. Pelo menos agora temos novos dados para pesquisar — Levy consolou. — É mais do que conseguimos nas últimas duas semanas — lembrou.

— Tem razão — a loira concordou, acalmando-se. — Bem, mãos a obra então — declarou, antes de voltar-se para as prateleiras para procurar quaisquer volumes que pudessem ajudá-los.

 



Uma última esfregada e Lucy terminou sua tarefa de lustrar todas as mesas da sede da Fairy Tail, imediatamente riscando-a de sua lista mental, ao mesmo tempo que revisava o que mais deveria fazer no restante do dia. 

Com um suspiro desanimado, sentou-se em uma das cadeiras da mesa que havia acabado de limpar, a qual ficava próxima à entrada do salão, o que lhe permitiu vislumbres do céu azul desvanescente. O sol começava a baixar no horizonte, o que apenas a deixava ainda mais ansiosa, já que até então, Crux não havia dado notícias. A maga sabia que Natsu e a maior parte de seu time chegariam em breve da última missão que saíram, e embora ela estivesse aliviada por ter mais informações para compartilhar do que quando eles partiram, não sentia-se exatamente satisfeita, já que ainda não haviam chegado a algum lugar relevante.

Um súbito tremor fez com que seu suspiro resignado se transformasse em um ofego assustado e, demorou um pouco para que a loira percebesse que as sirenes que ecoavam não indicavam um terremoto, e sim a realocação das placas da cidade em um corredor direto para a Fairy Tail.

— Hei Cana! Chamou a atenção da maga que bebia num canto afastado. — Seu pai comentou que voltaria? — indagou.

A morena sorveu um longo gole de seu barril antes de responder:

— Ele comentou em uma carta ou outra, mas Gildarts dizer que vai voltar é tão genérico que eu não acreditava que o veria tão cedo — esclareceu, enquanto as duas miravam a silhueta do Mago corpulento que já aparecia ao longe.

— Aw! Ele voltou rápido por você! — Lucy exclamou, abraçando a amiga.

— Argh! Como se eu me importasse com o que ele faz! — Cana retrucou, tentando se desvencilhar do aperto da loira.

— Vamos! Vamos receber seu pai! — a maga estelar chamou, puxando-a.

— Nem pensar! — Cana tentava escapar, agitando os braços.

No fim, as duas magas permaneceram empenhadas na tarefa de se puxarem em direções diferentes, enquanto Mirajane caminhou calmamente até a entrada. 

— Okaeri, Gildarts — saudou, sorrindo com a gritaria das outras duas ao fundo.

— Tadaima, Mira-chan — o mago ruivo respondeu, antes de desviar os olhos para a comoção. — Caninha!!! — Não demorou a gritar e correr em direção à filha, ao ver que era ela metida na confusão. — Papai sentiu tanto a sua falta! — exclamou, envolvendo-a em um abraço de urso.

— Para com isso! Você vai acabar me fragmentando acidentalmente! — reclamou a cartomante. 

— Eu nunca faria isso com a minha filhinha! — afirmou, em voz afetada que contrastava totalmente com seu porte sombrio e grandalhão. 

— Mas você poderia fazer com outras pessoas! Você quase atropelou a Lucy, seu idiota! E se algo tivesse acontecido com ela? — ralhou, tentando descer, sem sucesso, uma vez que o maior a mantinha no colo.

Gildarts piscou, levemente constrangido.

— Oh Lucy, me desculpa, eu não tinha visto você… — começou, voltando-se para a maga estelar mas interrompendo-se assim que colocou os olhos nela. — AÍ!??? — gritou em complemento, ao perceber a barriga estufada. — Você tá grávida? Mas você é tão nova quanto a Cana!!! — exclamou, finalmente soltando a filha em atordoamento.

Se ele tivesse prestado mais atenção, teria visto a diversão que percorreu a expressão da loira, antes que ela fingisse um biquinho magoado.

— Que cruel, Guildarts! Eu sei que ganhei um pouco de peso, mas dizer que eu pareço grávida??? — choramingou, enfiando o rosto nas mãos enquanto fingia prantear.

Pelas frestas entre seus dedos, a maga estelar percebeu o modo que o mago ruivo empalideceu e começou a gaguejar, sem saber como reagir à suposta gafe, enquanto Cana se dobrava contra o balcão de tanto gargalhar.

— Eu… Me desculpa, eu achei… — desolado, Gildarts tentava consertar a situação.

— É brincadeira. Eu estou grávida mesmo — Lucy desmentiu, antes de saltar alegremente para trás do balcão, de onde pôde assistir o modo que o mago mais velho se jogou contra uma cadeira, abalado com a brincadeira, ao passo que os olhos de Cana soltavam lágrimas de diversão.

— Sua… — Gildarts começou, sem saber ao certo o que dizer.

— Desculpa, Gildarts. Eu não resisti — Lucy justificou. — Eu apenas senti que precisava aliviar um pouco o estresse e você acabou sendo a vítima — acrescentou, enquanto passava a lustrar as garrafas de bebida dispostas no balcão.

— Se te serve de consolo, isso não supera a maneira que nós descobrimos como ela está grávida — Cana contou para o pai. — Foi hilário, embora o contexto fosse horrível — explicou, seu ânimo tornando-se repentinamente taciturno, o que não passou desapercebido por Gildarts.

— E Natsu? Como reagiu à… — amago começou reticente, como se temesse dizer a próxima palavra, após a vergonha que passou. — …Gravidez? — acrescentou, por fim.

A maga loura arqueou as sobrancelhas.

— Bem, ele ficou perturbado no início, mas acabou se acostumando com a ideia, apesar de todo o resto — respondeu.

— Todo o resto? — o mago ruivo sentiu a preocupação crescer, especialmente ao perceber que a atmosfera pesada havia alcançado Lucy, que já não estava tão sorridente.

 — Pensando bem, você precisa ser atualizado em muita coisa — Cana avisou.

— Bem, eu tenho bastante tempo agora — declarou o homem, antes de sentar-se em uma das banquetas do balcão, sendo acompanhado por Cana.

— Bom, porque a história é longa — avisou a cartomante.

O ruivo aguardou pacientemente enquanto a filha sorvia mais de sua bebida, percebendo logo que Lucy não estava disposta a falar muito, entretanto não pôde evitar de pensar em Natsu novamente,  sua mente se desviando em preocupação para outros aspectos daquela situação.

Mesmo que Lucy dissesse que ele havia se acostumado com a ideia, Gildarts não tinha tanta certeza que o dragon slayer havia reagido tão bem assim, especialmente porque, a conexão que ele viu entre ele e a maga estelar, era muito mais profunda e intensa que aquela que tivera com Lisanna, uma vez. Tanto que o ruivo reconsiderou seu palpite inicial que o relacionamento entre mago de cabelos rosas e a albina mais nova evoluiria para algo romântico um dia.

— Bem, talvez eu estivesse certo afinal, e o destino dele esteja mesmo com Lisanna — pensou, enquanto bebia da caneca recém servida por Lucy, enquanto Cana preparava-se para começar a narrativa.

As palavras da morena, contudo, foram cortadas pelo estrondo vindo da entrada da guilda.

— Tadaima! — Natsu gritou, a perna ainda levantada pelo chute desferido contra a porta principal, enquanto Happy ecoava suas palavras.

Atrás dele, Erza, Meldy, Juvia e Charle apenas menearam a cabeça, em contrariedade. 

Não que Natsu tenha reparado, de qualquer maneira, porque logo ele correu em direção ao fundo da guilda e saltou o balcão com facilidade. Gildarts percebeu, estupefato, que a sua presença sequer havia sido reconhecida, enquanto o mago do fogo abraçava Lucy rapidamente, antes de cair de joelhos diante dela, para colar um de seus ouvidos no ventre expandido, suspirando aliviado em seguida.

— Nós estamos bem, Natsu. Nada estranho ou perigoso aconteceu na sua ausência. E eu estive acompanhada por Mirajane ou Mystogan o tempo todo — tranquilizou-o.

— Eu sei que eles protegem você, de outra maneira eu não teria ido — respondeu. — Mas ainda assim é impossível permanecer despreocupado, com toda essa história dos ataques aos magos do fogo — lembrou.

— Eu passo pelo mesmo, quando você parte — Lucy comentou, angustiada, e o dragon slayer abriu um sorriso confiante, enquanto se levantava. 

— Foi tudo bem, Lucy. Nada de estranho na missão — garantiu.

— Não se preocupe, durante os trabalhos, ele não vai sair das minhas vistas — Erza prometeu, alcançando o balcão.

— Obrigada, Erza — a maga estelar agradeceu, reparando que Meldy e Juvia não haviam se juntado ao grupo, mas deixavam a guilda.

— Gildarts! Bom te ver! — a maga ruiva saldou e, só então, Natsu pareceu notá-lo ali.

— Gildarts!!! — gritou, saltando novamente sobre o balcão para bombardear o mago mais velho com perguntas e chamá-lo para uma luta.

— Espera Natsu, eu estou confuso com a situação — o ruivo admitiu. — Cana estava prestes a me atualizar dos últimos acontecimentos e então você chegou e… — interrompeu-se, ao perceber que o mago do fogo estava mais confortável com os eventos recentes do que ele esperava.

— Ah, foi confuso para nós também — Erza contou. — Na verdade, acho que metade da guilda ainda estaria em negação com o fato de Natsu ser pai, se ele não estivesse se mostrando tão sério é responsável sobre isso.

A expressão do mago mais velho ficou totalmente em branco.

— Gildarts? — Erza chamou, confusa, após vários segundos em completo silêncio.

— Você quer dizer que o Natsu é o pai do filho da Lucy??? — o ruivo gritou, saltando para longe de sua cadeira, como se estivesse em chamas.

— Espere, você não tinha percebido isso? — Lucy indagou. — Então quando perguntou como ele havia reagido à notícia é porque pensou que eu estava grávida de outra pessoa? — seguiu perguntando, levemente ofendida.

— É claro que sim! É do Natsu que estamos falando!!! — exclamou Gildarts, apontando para o mago do fogo, que proferiu um “hei!” irritado. 

— Todos ficamos assim no começo — Cana comentou, com indiferença. — Mas sim, a “sementinha” do Natsu descobriu o caminho da barriga da Lucy — completou, em timbre sacana, satisfeita ao ver a amiga loira corar profusamente. 

— Cana! — Lucy exclamou, horrorizada.

Gildarts, por sua vez, puxou os cabelos ruivos.

— Eu imaginava que você não tinha ouvido nada do que eu te ensinei quando era mais novo, mas ainda assim pensei que poderia ficar despreocupado com esse tipo de situação porque você… Bem, é você! — ralhou, apontando para o dragon slayer com as duas mãos.

— Hei! — Natsu tornou a exclamar, ofendido. — Eu ouvi a primeira parte, ok? — argumentou.

— Por primeira parte, você quer dizer…? — Cana antecipou-se.

— A parte que eu tenho que enfiar o meu… — o mago de cabelos róseos começou, sem constrangimento.

— Natsu! — Lucy interrompeu, desesperada.

— …Para colocar o bebê lá dentro — completou, tranquilamente, enquanto a loira espalmava a própria testa.

— Ah, isso justifica como você sabia dessas coisas. — Erza foi atingida pela compreensão. 

— Gildarts deveria ter garantido que Natsu aprenderia toda a lição — Happy foi quem observou, já que até então ele apenas assistia a cena com diversão. 

— Com licença, podemos parar de falar sobre isso agora? — uma Lucy completamente vermelha e mortificada perguntou.

— Independente do que eu devesse ter feito, nós temos uma filha agora. Eu estou bem com isso — Natsu comentou, sentando-se, enquanto Lucy corava ainda mais, apesar do pequeno sorriso que cresceu em sua face.

— Uma menina, heim? Suponho que só me reste desejar os parabéns e boa sorte — um Gildarts ainda atordoado alegou, dessa vez, imaginando como Lisanna havia reagido à notícia.

— Eles vão precisar — Cana afirmou, seu humor tornando-se sombrio novamente.

— Imagino que isso tenha a ver com a história que estava prestes a me contar? — o ruivo perguntou, antes que os presentes lhe fizessem um resumo dos eventos dos últimos meses.

 

 

— Eu já disse, não vai ser “Happy Segunda” — Lucy declarou, ao passo que o exceed cruzou os bracinhos, em contrariedade.

— Lucy não aceita nenhum dos nomes que eu sugiro, Natsu — reclamou o gato azul, voltando-se para o mago do fogo.

— Isso é porque você só sugere nomes absurdos — a loira explicou.

— Que tal Hanami? Como o evento do desabrochar das cerejeiras. Vai combinar se ela herdar os cabelos do Natsu — Levy sugeriu.

— Hanami… Erza repetiu. — Eu gosto como soa.

— Hana-chan é fofo — Mira opinou.

— Realmente — Lucy concordou, pensando a respeito.

Seu time havia se reunido com Hibiki e Jellal na biblioteca, uma vez que Crux havia concordado em conceder algumas informações. Bom, ao menos parte de seu time, já que Juvia e Meldy optaram por não participar, confiantes que Erza compartilharia quaisquer informações relevantes. No fundo, Lucy sabia que, o real motivo, era que Juvia ainda evitava a presença de Gray, o que seria preocupante por si só, mas tornava-se pior considerando a internação recente do rapaz. Fosse algum tempo antes, Juvia ainda estaria grudada no pé de Gray um mês após sua melhora.

Por outro lado, o mago do gelo e o mestre também não haviam chegado. Lucy não estava totalmente inteirada da situação do discípulo de Ur, além do fato de ele ter tido uma crise de dor durante o ataque a Macao e Romeo. Aparentemente, o mestre havia restringido a ida dele às missões, até que compreendessem o que exatamente havia acontecido, especialmente porque existia a possibilidade de Natsu ser atacado e, por tabela, Gray sofrer da estranha reação de novo.

E por isso que, enquanto aguardavam, acabaram se envolvendo em conversas de tópicos leves, que de alguma maneira acabaram conduzindo à nomeação do bebê.

— E se misturarmos seu nome e o do Natsu? — Happy sugeriu à maga estelar, sem querer ficar para trás. Afinal, aquele bebê era sua família também.

— Oh! Luna soa bem — Lucy expressou, olhando para Natsu ansiosamente, o qual parecia ponderar.

— Nasha também — continuou o gatinho.

— Isso não é a mistura dos nossos nomes — a loira franziu o cenho.

— Nashi então — continuou Happy, rolando os olhinhos.

— Isso também não —  a maga estelar seguiu contestando.

— Como não? Lu-shy! — recitou, pausadamente e em tom didático. 

Dessa vez, foi Lucy quem revirou os olhos.

— Você sabe que meu nome não se pronuncia assim — reclamou.

— Nasha é legal — Natsu limitou-se a comentar.

— Sério? — Lucy parecia incrédula, mas considerou a opinião. Afinal, era o primeiro nome sobre o qual Natsu opinava desde o início da conversa.

— Tem um bom significado — Levy pretendia discorrer a respeito, mas naquele instante, a porta da biblioteca abriu e Makarov passou por ela, com Gray em seu encalço. 

Como se sentisse que todas as pessoas necessárias já haviam chegado, Crux escolheu aquele momento para se materializar, e Lucy mal conseguiu conter a onda de gratidão que a acometeu com seu retorno. Era incrível que apesar de estar proibida de usar magia, seus espíritos ainda aparecessem regularmente para  checá-la sempre que estava sozinha, o que podiam sentir graças ao colar que recebera deles e sempre usava.

— Soube que descobriram algumas informações nas pesquisas da manhã — Makarov alegou, sem perda de tempo, e Levy passou a explicar sobre tudo que encontraram a respeito do símbolo “Signum Sectionis”, sendo seguida por Hibiki, que relatou a seita de mesmo nome, que possivelmente existira.

— Inimigos de Zeref que tinham por missão evitar a personificação do fim. E.N.D. — Makarov repetiu.  — Realmente, não acredito que se referiam ao conceito de fim dos tempos e semelhantes — opinou.

— Eu não sei ao certo sobre o objetivo dessa seita — Crux decidiu se manifestar. — Mas eu sei sobre E.N.D., porque isso é um livro. E não há nada sobre livros que eu não saiba. Mesmo que seja um dos livros de Zeref — revelou.

Praticamente todos os presentes ofegaram em espanto.

— Você quer dizer que E.N.D. é um dos demônios de Zeref? — Mystogan adiantou-se a perguntar.

— Sim. Especificamente, um dos demônios que integram o que chamamos de “a biblioteca de Zeref” — o espírito da constelação do cruzeiro sulista explicou. — A lenda diz que das criações de Zeref, E.N.D. é o único demônio que supostamente teria o poder de matá-lo, pois contém a maior fraqueza dele, embora ninguém tenha ideia de qual seja. 

— Isso não faz muito sentido — Lucy divagou. — Se essa seita, “Signum Sectionis”, foi criada para combater Zeref, por que eles caçariam um demônio que supostamente pode destruí-lo? — indagou.

— Não sei exatamente, mas há uma profecia que diz que o terror do domínio de E.N.D. poderia superar o do próprio Zeref — revelou Crux.

Um arrepio percorreu a espinha dos presentes. Nem todos eles haviam se encontrado com o mago negro em Tenroujima, mas a grandiosidade e letalidade dos poderes dele tornaram-se facilmente conhecidas. Logo, imaginar que uma criatura poderia superá-lo em poder? 

No mínimo, aterrorizante.

— Faz sentido, até aí — Erza foi quem retomou a palavra e quebrou a tensão geral. — Mas supondo que as pessoas que atacaram Romeo, Macao e mataram todos esses magos do fogo, estejam ligadas à Signum Sectionis, por que estão fazendo isso afinal? O que as vítimas tem a ver com a missão de derrotar E.N.D.? 

Novamente, Crux manifestou-se para esclarecer:

— A única característica conhecida a respeito de E.N.D., é que ele é um demônio do fogo. 

— Isso quer dizer que se a missão deles é combater a “personificação do fim”… —  Levy começou, sinalizando aspas com os dedos.

— Pode ser que eles acreditem que E.N.D. se manifestará ou ressuscitará através do corpo de um mago do fogo — Mystogan foi quem concluiu.

— Se eles existem a tanto tempo, por que agir apenas agora? — Mirajane seguiu com os questionamentos. — Já que é uma missão tão antiga, eles deveriam caçar magos do fogo a séculos. Mas nunca antes ocorreu uma caçada assim, ao menos não em Fiore, ou saberíamos. Seria um massacre — argumentou.

— Quando descobrimos sobre os homicídios em série, estabelecemos que os culpados provavelmente contam com um vidente — Makarov lembrou. — O vidente que foi capaz de prever que Lucy estava grávida de um mago do fogo — acrescentou.

— Possivelmente a idosa que me atacou — Lucy seguiu o raciocínio.

— Se foi recentemente que ela previu um possível renascimento do E.N.D., não é estranho que tenham passado a agir apenas agora, especialmente porque organizações religiosas esperam séculos, até mesmo milênios, pelo cumprimento das profecias em que acreditam. 

— E o fato de atacarem um bebê não nascido, reforça o fato de que eles acreditam que E.N.D. possa renascer de alguma forma — Jellal complementou. — Embora por terem assassinado tantos outros magos, eles realmente não devem saber em que corpo E.N.D. vai se manifestar. Acreditam apenas que vai se manifestar e ponto. Por isso os homicídios em cadeia.

Lucy suspirou, antes de apoiar a bochecha no tampo da mesa em que estava acomodada.

— Agora nós sabemos o que eles são e o que eles querem, mas não estamos mais perto de pegá-los — lamentou.

— Não se esqueça que o primeiro fato para derrotar seu inimigo, é conhecê-lo — Makarov ressaltou.

— Também não sabemos qual a relação do ataque deles e a reação que o Gray teve — Erza lembrou.

— Sobre isso, talvez eu possa ajudar — Hibiki tomou a palavra, surpreendendo os demais. — Quando Crux mencionou que E.N.D. é um demônio, eu me lembrei que, na verdade, muitas guildas ancestrais existiam para caçar determinadas criaturas, e com isso, magias específicas surgiram para caças específicas. Semelhante ao que ocorreu com as magias “Dragon Slayer” e “God Slayer” — explicou.

— Onde quer chegar? — Gray manifestou-se pela primeira vez.

— Eu usei minha magia arquivo para pesquisar se há uma magia específica para caçar demônios do fogo, e vejam o que eu encontrei: — anunciou e, após alguns comandos em seu teclado luminoso, projetou uma imagem específica para que todos vissem, que se assemelhava a um desenho humanoide, com marcas tribais negras desenhadas em seu braço direito. — Chama-se magia Devil Slayer, e Assim como as outras magias tipo “Slayer”, pode se manifestar em elementos, como o gelo.

— Isso explica a estaca com que Romeo viu Macao ser atacado — Lucy lembrou, erguendo o torso. — Era realmente uma estaca de gelo. É por isso que nunca há pistas das armas do crime. Gelo derrete e como o sangue humano é constituído por 90% de água, ninguém percebeu — concluiu.

Embora a maioria dos presentes ostentasse surpresa, o mago do gelo parecia apavorado.

Dessa vez, Makarov suspirou, antes de dizer:

— Acho que isso confirma suas suspeitas, Gray. Por que não as compartilha conosco?

O moreno hesitou por mais alguns momentos, diante dos olhares questionadores de seus companheiros de guilda, antes de responder: 

— Meu braço direito começou a queimar ocasionalmente, uns meses atrás. Foi apenas quando Mattan Ginger da Twilight Ogre morreu, que eu reparei que as queimaduras coincidiram com o ataque, o que eu confirmei com a morte de Totomaru. 

— E você não nos disse isso por quê? — Erza gritou, nitidamente furiosa. 

— Porque eu realmente achava que era coincidência, ok? — respondeu. — Eu não sabia de todas as mortes para poder estabelecer um padrão, e assim como vocês não fazia a menor ideia que elas estavam relacionadas aos magos do fogo — sustentou. — Além disso, mesmo que eu soubesse, eu ainda não entenderia, como na verdade não entendo, porque essas reações estão ocorrendo em mim!!! — desabafou.

— O fato é que após a última crise, o seu braço direito assumiu padrões enegrecidos. Padrões que se assemelham a esses da imagem — Makarov revelou, surpreendendo aos demais. — Não falamos antes porque não tínhamos certeza do que era. Acreditávamos que podia ser uma reação ao que quer que tivesse atingido Macao, por compatibilidade de magia.

— Na verdade, vocês não deveriam descartar que isso se trata apenas de uma reação — Hibiki opinou. — Pelas minhas pesquisas, ao contrário das outras magias “slayers”, que podem ser aprendidas, a magia Devil Slayer só é transmitida hereditariamente. Isso quer dizer que um mago não será um Devil Slayer a menos que seu pai tenha sido. Além disso, a magia só se ativa com a morte do antecessor — explanou.

— Meu pai não era um mago — Gray apressou-se em dizer, parcialmente aliviado.

— E considerando o tempo decorrido desde a morte dele, mesmo que ele fosse um Devil Slayer, você deveria ter herdado a magia anos atrás — Erza acrescentou. 

— Bom, aparentemente, nós conseguimos mais do que esperávamos — Mystogan observou, sorrindo em direção à Lucy. — Se essa seita usa mesmo magia Devil Slayer para caçar magos do fogo, temos que descobrir como ela funciona para combatê-la.

— Mais pesquisa — comentou a maga estelar, desanimada.

— E o fato de Gray estar reagindo à magia deles, embora evidentemente não seja bom, ao menos nos dá uma vantagem por enquanto — continuou o mago mascarado. — É uma maneira de saber quando eles estão atacando e nos prepararmos para isso.

— Bom, parabéns. Vocês desvendaram o homicídio de Olivia Blauth — Hibiki congratulou.

— Não falei como se não tivesse participado disso — Lucy franziu o cenho, levantando-se.

— Considerando que os responsáveis são uma seita milenar responsável por assassinatos em série, eu vou passar os créditos — comentou o membro da Blue Pegasus, provocando uma onda de risadas. — Vocês deveriam aceitar a missão oficialmente. Eles já estão atrás de vocês mesmo — brincou, fazendo com que as risadas ao redor se intensificassem.

— Deixe que venham — Natsu declarou, manifestando-se pela primeira vez desde que as provas começaram a ser debatidas. — Não vão ser os únicos a se darem mal por mexerem com os magos da Fairy Tail, mas serão os primeiros a descobrir o que acontece por ameaçarem a vida da Lucy e da nossa filha — garantiu, com os punhos em chamas e um sorriso sombrio.


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Notas finais do capítulo

É isso galera! E.N.D. e a magia Devil Slayer entraram na parada. Quem esperava por essa? E quem agora consegue dizer o que de fato está acontecendo com o Gray e o proquê?
Espero que tenham gostado do capítulo.
Até o próximo!



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