Canção de Inverno - Olhares escrita por João Gabriel


Capítulo 1
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Mais um desafio de escrever sobre sentimentos



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“Sob o som de Inverno de Vivaldi, o último movimento de As quatro estações”

Katara tinhas as pernas doloridas pela caminhada durante a nevasca que assolava aquela região. Ainda sim, gostava de sentir o frio familiar daquela região, o vento cortante que cora as maçãs do rosto. Kya, sua filha, lhe fez companhia até chegar a uma pequena casa de alvenaria. Trocou olhares com a companhia antes de bater na porta.

–- Entre, por favor - disse Tonraq com sorriso no rosto.

Katara adentrou a humilde residência. A lareira estalava, o fogo tinha que trabalhar dobrado para garantir o aquecimento daquela chopana. Estava ansiosa, as mãos suavam dentro das luvas de couro.

–- Só um instante, já lhe trago o bebê para que possa vê - lá - falou o anfitrião.

Katara sentou no pequeno sofá agradecendo com a cabeça o assento que lhe foi oferecido. Decidiu ir até ali porque teve uma intuição - na verdade, um pensamento que deve ter sido colocado pelo marido nas suas lembranças. Em seus sonhos ainda poderia sentir a presença de Aang. Teria chorado se não fosse forte emocionalmente para aguentar. Evitava fazer na frente dos filhos. “Espero que esteja certo, meu querido” pensou e sorriu sozinha.

A casa comum tinha uma decoração de segunda mão, uma mesa de madeira, tapetes de pelo de cachorro polar. Na estante haviam poucas fotos do casal. Tonraq aparecia em uma delas ao lado de um penguins-leão marinho. Lhe veio a mente outra lembrança, do garoto do iceberg, que a convidou para fazer aqueles animais de trenó. Dessa vez a lágrima foi mais forte. Enxugou antes que Kya percebesse. Já sentia saudades.

Em poucos minutos se levantou, Tonraq estava acompanhado de sua esposa. A mulher trazia no colo um bebê. Uma menina com semanas de vida. Katara estava a semanas de luto. A visão daquela vida, no seus primeiros dias, confortou aquela senhora.

–- Nossas condolências - falou a esposa. Katara usava uma echarpe preta sobre o casaco grosso de esquimó.

Percebeu que estava de capuz e então retirou, revelando os cabelos brancos, envelhecidos com o tempo, porém ainda tinham as tirinhas de cabelo presas na lateral da cabeça por uma jóia azul clarinha.

Se aproximou do casal.

–- Mãe, a senhora está bem? - a filha do meio de Aang e Katara estava preocupada. Sua mãe não havia dito uma palavra desde saíram para esse encontro.

–- Não se preocupe - respondeu Katara.

Katara então fez menção de pegar a menina no colo. O casal concordou. A esposa ainda se recuperava do parto, tinha uma expressão de cansaço. Colocou a neném que estava dormindo nos braços da visitante. Ela retirou as luvas antes de receber a criança enrolada em um cobertor quente.

–- Como é o nome dela? - Katara não tirava os olhos da menina de pele morena, ainda não tinha muitos cabelos.

–- Korra - falou Tonraq.

Os olhos da menina se abriram.

“A música aumenta o volume, o momento mais conhecido de Inverno”

Katara então os encarou. Mergulhou no azul cristalino daqueles pequenos par de olhos. Os pensamentos voltaram para anos atrás, quando caminhando por essa Tribo, encontrou um garoto, com vestes diferentes, dentro de um iceberg. Aquilo mudou sua vida e a sensação era a mesma daqule momento.

Pode sentir Aang ao seu lado. Passando a mão em volta de seus ombros. “Sou eu, meu amor.” ouviu a voz do último Mestre do Ar. A pequena criança parecia a vontade, como se estivesse no colo de um parente. Sorriu. Suas mãozinhas tentavam puxar a echarpe.

Passou os dedos pela bochecha, pela testa, e a neném sorrindo tentava interceptar com pequenas mãos os gigantes dedos daquela senhora que estava admirada com os gracejos. Soltava uns risinhos, uns gemidos como se quisesse falar com Katara.

Depois longos minutos fitando Korra. Katara devolveu para esposa e disse se retirando:

–- Sua filha é muito especial, não só para vocês, mas para o equilíbrio do mundo.

Fez um sinal para Kya, calçou as luvas e saiu. Estava feliz. Aang estava de volta, para viver uma outra vida, enfrentar outros perigos, porém com o mesmo propósito. Lembrou dos outros filhos, Bumi e Tenzin e se sentiu orgulhosa por ter feito parte da vida do Avatar.

A neve parecia cair devagar. O vento tocava suavemente a pele de Katara, a lendária dominadora de Água que ajudou o Avatar a salvar o mundo.


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