Episódio V

"Conjuntivite é a máscara de gás dos olhos"

"... quem é você?..."

Reptilia

[Tomada V]

–O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! ESSA BAGUNÇA NÃO É TRABALHO!

–Relaxa ABNT, estamos todos fazendo isso para o bem maior.

–O que é ABNT? Meu codinome?

–A- Aluno, B- bagunça, N- não, T- trabalho.

–Pior nome.

–Fala isso pro Jay-Jay.

–Se meu trabalho fosse estourar bolhas de sabão seria mais normal que isso.

–Mas bolhas não vão te incluir num projeto revolucionário contra a sociedade.

–É, um ponto positivo para as bolhas.

–Pet trouxe pizza.

–Tá, ok, me compraram.

–Ótimo.

–Acho que estou sofrendo uma pequena crise existencial.

–Relaxa, se entope de queijo cheddar e resolve tudo.

–Ótima dica.

[Tomada IV]

–E esse aqui é Jay-Jay novamente, o avião mais rápido entre todos da face da Terra!

–Nhééééééééuuuu... Nhéééééééuuuu!

–Eu preciso arrumar esse foco?

–PETER, TÁ TUDO EMBAÇADO!

–Ah.

–Que sorte Remus ter todo esse equipamento de filmagem guardado aqui em cima.

–É verdade.

–Quem quer buscar pizza?

–Vegetariana?

–Peter, eu tenho muitos sonhos, e em alguns deles você está com a cabeça substituída por uma abóbora gigante.

–Tá, eu já entendi.

[Tomada III]

–E esse aqui é Pet Maravilha, surgindo das trevas de onde não deveria ter voltado! Um dos maiores degustadores de queijo e o cara que fica atrás da câmera até conseguirmos contratar alguém decente!

–Eu coloco as png de confete ou não?

–NÃO! ISSO É PARA O “GRAND FINALE”!

–Quê Grand Finale?

–Quando eu pego majestosamente esse macaco de pelúcia e digo que na verdade ele é o apresentador do programa... AH, DROGA! ESTRAGOU O MISTÉRIO!

–E é por isso que eu não confio em câmeras-man fãs de banana amassada.

[Tomada II]

–Sério, eu não estou gostando de ficarmos sem música de fundo.

–Que tal... Algo moderno?

–Tipo o quê?

–Katy Perry.

–Peter eu...

–Você já ouviu Katy Perry?

–Não.

–Então não a julgue.

–Me fala um sucesso dela.

–Roar.

–...

–...

–...

–Tá okay, desisto.

–Obrigado.

[Tomada I]

–Olá pessoal! Eu sou Six, seu apresentador e o sexto colocado na cidade de Seattle na competição de patos à distância, sejam bem-vindos! Esse é o nosso programa chamado ‘Connecting... Virus! Virus!’ por que temos um Wi-fi revoltado... MAS ESQUEÇAM! ESSA É A NOITE EM QUE O MUNDO VERÁ A COISA MAIS EXTREMA DE TODOS OS TEMPOS: JAY-JAY, O JATINHO!

–Isso já não existe?

–Cala boca, Pet.

–OLÁ!

–Jay-Jay, conte para o público o que você mais gosta de fazer.

–Eu gosto de aterrissar em torres e causar a destruí...

–E ESSE FOI O JAY-JAY! Pet, toca a música de festa.

–Ah... Essa aqui...?

–Música de casamento, chegou bem perto. TOMADA II!

–PERA! PERA! Eu tenho um talento!

–Qual?

–Eu consigo construir frases com palavras aleatórias e mesmo assim fazer sentido. Me fale uma palavra!

–Isso se chama palavras homônimas, qualquer um pode fazer isso...

–Cale a boca! Deixa eu ver... A palavra batata!

–Bata-também.

–Sabe que isso foi ridículo e as pessoas desistiram de nos ver, não sabe?

–AI!

–Peter malvado! Pare de desperdiçar salgadinho!

–Tem razão.

–Ok, eu estou oficialmente me demitindo!

Narrativa: Remus Lupin

Ação: Eu. Não. Tô. Bem.

James Potter usava uma fantasia de avião feita com papelão, Sirius Black estava com uma gravata e um terno de milho da minha fantasia da sétima série, Peter Pettigrew estava com uma echarpe cor-de-rosa da minha mãe, que veio junto com as minhas coisas, dizendo que ele não foi pago para aquilo e eu estava coberto de suco de uva e penas sintéticas de um cachecol que meus pais me mandaram de lembrança de quando foram ao Japão.

Como chegamos aqui? Vou te contar uma historinha.

[Sete Horas Antes]

Narrativa: Sirius Black

Ação: Ignorando os chiliques de Remus. De novo.

"Como a gravação ridícula de vocês foi para em um site de fofocas internéticas?!" Berrava Remus Lupin "E com mais de cinquenta mil visualizações! Ninguém tem o direito de publicar aquilo em qualquer mídia, é a quebra do código de privacidade!"

Nós quatro examinávamos a telinha do celular de Pet, incrédulos, no site que havia publicado o vídeo das imagens de segurança de Hogwarts:

"Escola. Um lugar para educação e qualificação humana.

Muitos dos pais gostariam de colocar seus filhos em boas escolas, pagar por elas em troca de conhecimento excepcional... Seus filhos e filhas se transformarem em grandes cidadãos no nosso país e serem bem integrados a ele.

Agora, quem não gostaria de estudar em Hogwarts? Uma das mais desenvolvidas escolas de Seattle, com centenas de indicações, estudo avançado e de excelente qualidade!

Infelizmente, não são todos que valorizam essa grande honra de estudar numa escola cara, como a que citamos.

Esses são uns exemplos de alunos que vemos atualmente, estudantes de Hogwarts W. S. S. denegrindo a imagem de figuras importantes para sociedade, os professores.

Segue o vídeo."

“Eles estão reclamando de manchar a imagem dos professores, mas colocaram o vídeo completo! Bando de hipócritas...” Irritou-se James.

Eu bufei, também olhando para o celular.

"Mais de quinhentos comentários concordando com a matéria, o site se chama ‘Circus Review’... Afinal, o que é isso?"

Lupin empalideceu.

"Circus Review é uma das maiores produtoras de conhecimento que Seattle abrange... Incluindo rádios, revistas, programas de televisão, web sites de comédia..."

"Web sites?" Perguntei.

"É, eles exibem o programa da porca Dot e As Cenouras do Barulho"

"Ah..."

"Fica ao lado da RadioAtivo..." Suspirou Pet.

"Beleza, onde isso fica?" Perguntou James.

"Vocês não podem estar falando sério!" Irritou-se Remus "Alguém ataca a privacidade de vocês e querem viajar para um ponto turístico da cidade?!"

"Mas pode..."

"E o que vão fazer? Pedirem para tirarem a sua matéria do ar?"

"Não, mas é uma pista!"

"Uma pista do quê?!" Remus perguntou irritado.

"Do que está acontecendo ao nosso redor!" Exclamou James.

"E pra falar a verdade, o que o Dippet faz com as gravações das câmeras de segurança?!" Perguntei.

"Provavelmente pratica arremesso da sua mesa pra janela" Ironizou James.

"I-isso que aconteceu foi uma grave violação de privacidade da imprensa, eles..." Começou Peter.

"Se você não percebeu, Peter, eles não dão a mínima pra isso" Disse eu.

Ficamos por um bom tempo quietos enquanto Remus conversava ao telefone com Dippet e perguntava que porra estava acontecendo - não, certamente, com essas palavras, claro. Peter estava tão nervoso que chegava a tremer uma das pernas, James fingia limpar a cada cinco minutos o seu óculos na blusa ou bagunçava os cabelos. Já eu, tentava terminar uma fase muito difícil de Kirby para celular. Que foi? Bolinhas cor-de-rosa também podem ter jogos android. Estava quase vencendo uma fase quando Remus desceu do andar de cima com uma pilha de livros.

"O que é isso?!" James perguntou.

"Bem, 'isso' é nosso material de estudo, portanto, podem tratar de abrirem na página 394 das três cópias do meu livro de 'Religião e Política Atual' ” Respondeu Remus “Vamos começar pelo vigésimo quarto capítulo onde citam as partes que vocês deveriam ter aprendido"

Ele devia gostar muito de ensinar, pois estava mais animado que a tia Sally depois de ganhar um pacote de sopa de presunto no bingo.

"Mas o que aconteceu? Dippet disse algo sobre ter perdido nossa gravação para um blog ridículo?"

"Não, ele não sabe o que aconteceu"

"Mas não pode ficar assim!" Exclamou Pet.

"Óbvio que não. Mas lembrem-se, se processarem a escola eu estou na rua" Falou Remus, fingindo organizar os seus livros.

"A culpa não é sua por sermos tão estúpidos" Disse James.

"É sim. Eu estraguei tudo. Vocês teriam uns dois meses de detenção comigo e depois seriam 'libertados'! Mas não, achei que podia deixar tudo sob controle e agora vocês tem detenções e aulas extras desnecessárias até o final do ano"

Ficamos em silêncio. Não sabia do que ele estava falando, afinal, não era culpa dele termos feito aquilo, mas talvez houvesse acontecido outra coisa entre Remus e Dippet.

"Dippet não ligaria pra mim e nem olharia pra trás depois de ter me mandado embora” Continuou ele “Sou só mais uma abelha-operária da sua grande colmeia. É por isso que pretendo me demitir antes"

"Você não pode fazer isso, cara!” Indignou-se James.

“Você vai ir embora por causa de três retardados que mal conhece?" Eu perguntei.

"E além do mais, nós não vamos processar Hogwarts, não é? Deve ter outro jeito de fazê-la, não sei, pagar pelos seus atos...” Disse um Peter positivo.

“Bom, eu ainda tenho que pensar nesse assunto” Começou Remus “Até vocês decidirem meu futuro cruel eu ainda posso passar muita lição para vocês. Página 394!”

Narrativa: James Potter

Ação: Estudan... z z z Z Z Z

Depois que Remus falou por umas duas horas, ele nos “liberou” para ler vinte e cinco páginas de texto e fazer um resumo do que entendeu no final. Ahã. Remus explicava muito, muito bem, mas fala sério, escutar alguém por tanto tempo já me faz trabalhar mais que um funcionário de autoajuda telefônica.

Além disso, ele, meio que depois do tédio todo, acabou por dormir no sofá - e nós também -, até que Sirius Black atirou uma bolinha de papel na minha cara.

Primeiro eu achei que ele me confundira com um saco de lixo - a casa de Remus está repleta deles -, mas logo percebi que havia algo escrito no papel:

“Foi mal, achei que seus óculos protegeriam sua cara inteira.

Eu tive uma ideia, e você não vai gostar.”

É, eu realmente não havia gostado.

O mundo e o universo... Coisa estranha. Uma hora, fazem você achar que é apenas uma migalhinha nele todo... Indefesa migalhinha. Em outra, ele te presenteia com coisas legais. Queria eu, entender toda essa bipolaridade. Pra quê temos de viver toda essa montanha-russa? Pra quê temos de sentir dor? Crescer?

E ao mesmo tempo eu penso: Será que eu realmente mereço os presentes que você está me dando? Será que eu devo aceitar? Por que não estou a fim de devolver. E ponto.

Sirius havia tido a ideia mais retardada e mais revolucionária que eu podia ter pensado. Se nós não podemos combater a sociedade apagando o seu fogo com água, por que não se usar fogo também? São como os segredos. Se uma pessoa te chantageia com um segredo seu, simplesmente conte-o pra todo mundo. E aí eles perdem o seu poder. Estou lendo Yes Teen demais, sei disso. Minha mãe podia parar de comprar um monte de revistas e fingir que ama a literatura. Meu Deus, isso é tão errado.

Só se sabia uma coisa, Dippet estava ferrado.

[Cinco Horas Antes]

Como nosso querido Remus ainda estava dormindo, resolvemos dar uma olhadinha pela sua casa até que ele acordasse, afinal, não iríamos atrapalhar seu doce sono! Acabamos por encontrar uma caixa, no andar em que Remus não tinha nada além de um guarda-roupa que a guardava.

"AH! EU NÃO ACREDITO! NÓS VAMOS PARA NÁRNIA!"

Mas no fim, só havia um monte de câmeras, luzes, equipamentos de filmagem aparelhos para programa ao vivo e um monte de tralha estrangeira. Apenas some dois mais dois. A ideia de Sirius seria colocada em prática.

Eu seria Jay-Jay, para combinar com minha fantasia de papelão ultramoderna, Sirius seria Six por que ele gosta do número seis - vá se saber o por quê - e Peter já tinha seu apelido carinhoso e “nada” fofinho, Pet.

Como eu seria o jatinho e Six o apresentador, só havia uma pessoa no recinto que não queria ser visto e sabia alguma coisa sobre programas on-line. Peter Pettigrew era nosso câmera-man.

Em primeiro lugar, nós precisávamos de um nome genial e brilhante, nada genérico ou comum.

“Eu já disse! ‘team detonation 123’ já existem!” Gritava Pet, tentando cadastrar o nosso nick de registro no site pela milésima vez.

“Que tal... ‘laranjas mutantes 12345’?”

“Bah, existe”

“Ahá! Tive uma ideia!” Iluminou-se Sirius “Que tal... ‘the marauder's’?”

“Incrível!”

“Genial!”

Peter digitou o nome. O site carregava: Con²ecting...

VIRUS! VIRUS! ALERTA DE VIRUS! VOCÊ QUER PAGAR 1,99 TODOS OS DIAS PARA VERIFICAR O SEU COMPUTADOR? ANTIVIRUS! 100 % DE VIRUS! 100% DE VIRUS!

E... o Wi-fi caiu.

Narrativa: Peter Pettigrew

Ação: EU NÃO SOU DA FRANÇA!

Depois de James e Sirius xingarem o computador de “filho de uma máquina com um cabo USB mal introduzido” e outras coisas constrangedoras, eles finalmente desistiram de tentar mudar o nome - “cOn²ectiNg... VIruS! viRUS!”, totalmente bugado - no site, e pulamos para parte em que gravamos algo.

Sinceramente, eu não sei a diferença entre um gif de confete e confete de verdade da Hello Kitty que o Remus já tinha guardado - nada estranho - na sua caixa, mas James insistiu que colocássemos o confete do programa para não sujarmos o quarto do nosso monitor- mas todo mundo sabe que é por que ele não gosta da Hello Kitty.

Fala sério... Quem no mundo não gosta da Hello Kitty?

Eu estava quase fazendo a contagem regressiva para a filmagem, quando Sirius apareceu com um terno curto de milho sintético e uma gravata de palha.

“Eu não vou perguntar onde você arranjou isso” James dizia, cético.

“Falou a pessoa com a roupa de papelão...” Sirius murmura.

“Pelo menos eu voô!” Grita o outro, indignado.

“Tudo bem, transformer da China, você voa... Mas pelo eu sou delicioso e todos me amam com manteiga”

Um pedaço da armadura de papelão de James voou na cabeça de Sirius.

“Na-na-ni-na-não! Não é assim que amigos se tratam!” Eu disse, me intervendo no meio “Eu quero que vocês deem as mãos agora e façam as pazes!”

“Mas ele começou!”

“Ele me chamou de transformer da China!”

“Quero ouvir as desculpas!” Os repreendi.

“Tá... Desculpa, milho é realmente muito bom” Falou James brevemente.

“Desculpa, a China é maneira” Disse Sirius com contragosto.

“Ótimo, deem as mãos e...” Eu comecei a rir.

“Você estava gravando isso, não é?”

“Nunca faria isso com vocês...!” Eu ri, me delatando.

“James, apagou o arquivo?” Perguntou Sirius, para um James que já estava no computador, apagando meu vídeo maravilhoso.

“Yeah”

“Droga” Resmunguei.

“Isso é a magia da amizade!” Dissera James.

“Você citou My Little Pony?”

“Não é história para hoje. Peter, comece a contagem regressiva...”

“Ok... 5, 4, 3, 2...”

“I know, you see, somehow the world will change for me...” Cantarolou James.

“Olá pessoal! Eu sou Six, seu apresentador e o sexto colocado na cidade de Seattle na competição de patos à distância, sejam bem-vindos!" Iniciou Sirius "Esse é o nosso programa chamado ‘Connecting... Virus! Virus!’ por que temos um Wi-fi revoltado... MAS ESQUEÇAM! ESSA É A NOITE EM QUE O MUNDO VERÁ A COISA MAIS EXTREMA DE TODOS OS TEMPOS: JAY-JAY, O JATINHO!

“Isso já não existe?” Sussurrei, ao lado da câmera;

“Cala boca, Pet” Murmurou Sirius.

“OLÁ!” Apareceu James, com sua fantasia.

“Jay-Jay, conte para o público o que você mais gosta de fazer!”

“Eu gosto de aterrissar em torres duplas e causar a destruí...”

“E ESSE FOI O JAY-JAY!” Cortou Sirius desesperado e em seguida, murmurou “Pet, toca a música de festa”

“Ah... Essa aqui...?” Toquei a música.

“Música de casamento, chegou bem perto. TOMADA II!”

“PERA! PERA! Eu tenho um talento!” Gritou James.

“Qual?”

“Eu consigo construir frases com palavras aleatórias e mesmo assim fazer sentido. Me fale uma palavra”

“Isso se chama palavras homônimas, qualquer um pode fazer isso...” Eu fui dizendo.

“Cale a boca, Pet!" Cortou Sirius "Deixa eu ver... Batata!”

“Bata também!” Disse um Jay-Jay bem esquisito.

“Sabe que isso foi ridículo e as pessoas desistiram de nos ver, não sabe?”

Infelizmente, meu momento “telespectador-raivoso” atirou batatas fritas em James, para demonstrar minha raiva interior. Pobre Ruffles.

“AI!” Protestou Jay-Jay.

“Peter malvado! Pare de desperdiçar salgadinho!” Repreendeu-me Sirius.

“Tem razão” Resmunguei “Ok, eu estou oficialmente me demitindo!”

“Pet, acho que você não está com muita cara de ‘câmera-man’, só está com cara de ‘Hey, eu sou um otário’, precisamos de algo que mostre quem você é.” Dissera James, vingativo.

“É... Você tem que usar uma echarpe!” Inventou Sirius “Você tem cara de francês”

“Não, não tenho” Digo, olhando meu reflexo um pouco mal exercitado e meu cabelo cor de batata-frita no computador em tela de descanço. “E além de eu não aparecer para o público inexistente, nós não temos uma echarpe.

“Remus tem uma, o que é estranho, mas incrivelmente conveniente" Sirius exibiu-a ali, dentro da caixa.

E sempre sobra para o gordo.

Narrativa: Sirius Black

Ação: Quanto será que custa sequestrar as The Barden Bellas ?!

[Seis horas antes]

Remus ainda dormia. Bom, quem somos nós, meros hóspedes, para acordá-lo?

Assim, continuamos com o show.

James insistia que sua fantasia deveria ter um bigode falso como complemento, e eu, como uma ótima pessoa, o deixei usar a lã do fundo da caixa de Remus. O bigode falso do Gandalf é meu.

Mesmo com o bigode, ainda me sinto vazio por dentro.

“Sério, eu não estou gostando de ficarmos sem música de fundo” Digo, percebendo o que era.

“Que tal... Algo moderno?” Pergunta Pet.

“Tipo o quê?”

“Katy Perry.”

Revirei os olhos.

“Peter eu...”

“Você já prestou atenção nas letras dela?”

“Não”

“Então não a julgue”

“Me fala um sucesso dela”

“Roar” Disse Peter como se fosse perfeitamente normal e estivesse comentando sobre o tempo, mas depois de uns segundos em silêncio, ele disse:

“Tá okay, desisto”

“Obrigado”

[Cinco horas antes]

Narrativa: Peter Pettigrew

Ação: Foi mal...

As gravações, até agora, foram bem divertidas. Sinceramente, não sei se isso vai me levar pra Harvard, ou no mínimo entrar no meu currículo, mas ser câmera-man era legal e um trabalho fácil.

"E esse aqui é Pet Maravilha novamente!" dizia Sirius, com aquela voz irritante de apresentador de T.V, que provavelmente, sua avó ainda assiste "...Um dos maiores degustadores de queijo e o cara que fica atrás da câmera até conseguirmos contratar alguém decente!"

Sentimentos, aqui!

"Eu coloco as png de confete ou não?" perguntei irritado.

"NÃO! ISSO É PARA O 'GRAND FINALE'!"

"Qual?" revirei os olhos.

"Quando eu pego majestosamente esse macaco de pelúcia e digo que na verdade ele é o apresentador do programa... AH, DROGA! ESTRAGOU O MISTÉRIO!"

"E é por isso que eu não confio em apresentadores fãs de banana amassada" James disse, cético.

Eita. É mesmo um complô.

[Quatro horas antes]

Narrativa: James Potter

Ação: I BELIEVE, I CAN FLY!

Era coisa de retardado? Com certeza.

Eu parecia um imbecil? Até minha avó mais carinhosa poderia confirmar.

Mas... Quem se importa?

"E esse aqui é Jay-Jay novamente," Sirius ria "o avião mais rápido entre todos da face da Terra!

"Nhééééééééuuuu... Nhéééééééuuuu!" Dizia eu, querendo manter o realismo, com efeitos sonoros, e fazendo com que minha fantasia de papelão parecesse mais autêntica.

"Eu preciso arrumar esse foco?" Perguntou Pet.

"PETER, TÁ TUDO EMBAÇADO!" Eu disse, calmamente.

"Ah"

"Que sorte Remus ter todo esse equipamento de filmagem guardado aqui em cima" Disse. Até agora, tudo tem sido bem conveniente para nós.

"É verdade"

"Quem quer buscar pizza?" Sirius perguntou.

"Vegetariana?" Pet se ofereceu.

"Peter, eu tenho muitos sonhos, e em alguns deles você está com a cabeça substituída por uma abóbora gigante"

"Tá, eu já entendi" Peter suspirou.

[Sete Horas Depois]

Narrativa: Remus Lupin

Ação: E cá voltamos, para minha infelicidade.

Bom, depois de ter dormido por sete horas, o que obviamente é o que eu não dormi na semana toda, com a minha estadia mais agitada em Hogwarts, me vi sozinho na sala do meu apartamento. Em primeiro lugar, achei que eles haviam ido embora. Yey! Tomara que eles tenha feito o trabalho!

Em segundo, eu ouvi um barulho vindo do andar de cima do apartamento. Meu. Senhor. Merlin.

Subi correndo, com minhas pernas magricelas, quase tropecei na escada e quando meu deparei com o terceiro andar, um local que eu nunca uso, quase tive um troço.

Escancarei a porta e vi: Potter, Black e Pettigrew, sentados em puff's e uma pilha de tralha que eu jurei esconder do mundo e de Merlin. Era o meu equipamento que usava para... Fazer vídeos on-line. Sim! Pode me julgar! Mas quero dizer, quem nunca fez um vídeo reclamando da vida e chorando, se perguntando a razão para a vida ser tão ruim?!

"O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!" Gritei "ESSA BAGUNÇA NÃO É TRABALHO!"

"Relaxa ABNT" Disse Sirius, apertando play nos vídeos que eles haviam gravado "estamos todos fazendo isso para o bem maior"

"O que é ABNT? Meu codinome?" Pergunto, deixando o stress passar. Ufa, eles não viram os vídeos.

"A- Aluno, B- bagunça, N- não, T- trabalho"

"Pior nome" Suspirei, me jogando num puff também.

"Fala isso pro Jay-Jay" Pettigrew sussurrou, apontando para Potter.

"Se meu trabalho fosse estourar bolhas de sabão seria mais normal que isso" Resmunguei, massageando as têmporas.

"Mas bolhas não vão te incluir num projeto revolucionário contra a sociedade" Potter disse, comendo uma fatia de pizza.

"É, um ponto positivo para as bolhas" Disse.

"Pet trouxe pizza" Sirius argumentou.

"Tá, ok, me compraram"

"Ótimo" Pettigrew sorriu.

"Acho que estou sofrendo uma pequena crise existencial" Disse, os encarando.

"Relaxa, se entope de queijo cheddar e resolve tudo"

"Ótima dica"

E foi exatamente nesse instante em que tudo começou. Eles me explicaram o que estavam tentando fazer - o quê eu achei uma tremenda de uma bobagem -, mas quando me vi ali, pronto para fazer parte de algo, nem que fosse algo tão babaca, eu aceitei.

O meu terceiro andar estava lotado de coisas que eu havia esquecido no guarda-roupa, eu operava a câmera, já que Peter Pettigrew se recusou a fazer isso todas as semanas, o que combinamos, e James Potter e Sirius Black faziam mais ou menos aquilo que eu não entendia muito bem. Às vezes, eles falavam sobre como era estranho a natureza ser verde e não roxa ou as beterrabas serem roxas e não verdes, às vezes sobre como o Papai Noel não fazia uma dieta, se tinha que passar por tantas chaminés. Agora, era sobre a escola. Peter ficava vestido de hamster , com a echarpe da minha mãe, no fundo, fazendo não ou sim pra quando discordava ou concordava do que eles falavam.

"Então" continuava James, no seu ponto de raciocínio "A escola quer formar grandes pensadores no futuro?" dizia ele, lendo o lema do panfleto de Hogwarts "Então nos deixe pensar! Como vocês querem que pensemos sobre a filosofia da nossa vida se estudar plantas e a história dos dinossauros é mais importante? Quer dizer, isso é o oposto de nos fazer pensar!"

"É como nos transformar em robôs automatizados e colocar nos comandos: Lição de casa. Lição de casa. Estude. Estude. Estude. Siga a lista de tarefas que daremos e outros darão para o resto da sua vida!" dizia Sirius "Bom, acho que definitivamente nós precisamos de uma aula nova! O 'vivencialismo'. Quem sabe nele, alguém ensine algo útil, como viver ao invés de a droga de uma molécula! Pois, falando sério, sempre vão haver novas pesquisas científicas, desmentindo e errando sobre algo valioso na ciência e as moléculas vão continuar eternamente lá, para serem estudadas! Mas e as nossas vidas? A estimativa de vida na Swaziland, por exemplo, é de 31 ou 32 anos! Temos que saber um pouco da vida mais cedo!

Peter se levanta num impulso:

"Não queremos virar adultos preocupados com a droga do nosso trabalho eternamente! Queremos pensar em coisa de verdade, também!"

Desliguei a gravação, salvando tudo. Eu estava preocupado.

"Vocês querem mesmo postar isso?"

James gritou:

"QUE SE DANE DIPPET E A DROGA DA SUA ESCOLA!"

E eu apertei. Enviar.

"Comemorar?" Peter perguntou.

E cada um com suas fantasias horrendas, jogaram todo o suco de uva e plumas do cachecol em mim. Filhos da mãe.

Enquanto eles guardavam as coisas, eu desci para o meu quarto e encarei as fotos do meu pai e minha mãe, no Havaí. Eu tenho tanta sorte.

"Eu não quero me preocupar só com o nada" eu sussurrei "Eu vou ser como vocês"

Será que desperdicei minha vida inteira? Me perguntava, mal sabendo que eu estava apenas no início dela toda.