–Não! - Ela gritou em prantos.
Todos começaram a correr. Todo menos ela. Júlia se escorou em um dos muros não demolidos e abraçou seus joelhos em estado de choque. Ela chorava tanto que a qualquer momento poderia sair sangue em vez de água.
Mason sorria vitorioso por finalmente ter matado seu maior inimigo desde que ele tinha seus 17 anos. Aquela pobre menina ainda era um bebê. E se ela começasse a causar problemas seria a próxima.
E no meio da correria Mason se lembrou. Onde aquela imbecil foi parar?
Desesperadamente ele começou a procurá-la como se dependesse disso pra viver, e por um momento ele escutou. Baixinho e sereno; o choro da anja tola.
Ele se abaixou sorrateiramente até ela e tocou seus ombros. Ela se encolheu tanto que por apenas um segundo ele sentiu pena de uma anjinha tão desprotegida e tola.

–Vem. - Ele disse apenas uma vez.
A anjinha não esboçou nem um tipo de reação diferente. Então ele foi esnobe mais uma vez e apegou pelo braço fazendo com ela desse um gritinho de susto. Seus corpos estavam tão colado que eles até podiam sentir o coração um do outro batendo.
–Vou proteger você. - Ele disse sem pensar. Mas acabou soando mais verdadeiro do que deveria.

Ela o olhou espantada e assentiu e logo sentiu os braços de Marcos passando por de baixo de seu corpo a pegando no colo. Eles se olharam um última e vez e saíram do lugar que já estava começando a desabar.

–Meu filho! Meu filho ainda está lá dentro! Alguém pelo amor de Deus! - Phill gritou e nem demorou muito para Marcos sair das fumaças carregando uma linda anja tola que havia desmaiado durando o caminho.

Os bombeiros logo se apressaram em pegar a menina e não demorou muito para que Mason caísse desmaiado por intoxicação pulmonar.
Quando a anjinha acordou, estava em um quarto branco. Tinha um lenço umidecido em sua testa e quando ela se sentou pôde sentir um pouco de dor de cabeça.

–Ele era meu único motivo de orgulho. Eu não vou amar uma filha desonrada. - A voz grave de Gabriel Devine perfurou os ouvidos da menina fazendo que ela sentisse um leve arrepio. Então é verdade? Não foi um sonho? Meu irmão está morto? Marcos me salvou? Mas... Como?
–Pai? - Ela o chamou pondo a cabeça pra fora de seu quarto fazendo com que Gabriel e Phill a olhassem. - É verdade? Dave está morto? - Ela disse deixando um lágrima cair de seus olhinhos inchados e vermelhos. Gabriel assentiu frio e então soltou a bomba.
–Você está banida de minha família. E não terá o mínimo direito de ir ao enterro de seu irmão. Você não é bem vinda lá, e nem em qualquer lugar que eu esteja presente ouviu bem? De hoje em diante você é órfã. - Júlia simplesmente ofegou e correu. Mas pôde ouvir longe seu nome sendo gritado. Ela correu mais do que tudo. Mas não fazia a mínima idéia de pra onde ela estaria indo.
Ela saiu do hospital com nenhum sinal de lucidez.
Após correr meia hora, as lágrimas não a deixavam enxergar então ela esbarrava nas pessoas com tanta facilidade. Mas infelizmente deu o azar de esbarrar em um do militares que estavam combatendo um protesto logo a frente. Com cães, armas e cassetetes. Um desses cassetetes parou imediatamente em seu rosto o deixando vermelho e sangrento.
–Você vem comigo sua louca. - Disse o militar pegando ela pelo braço em quanto a menina tentava explicar que foi sem querer. Mas nenhum som saia de sua boca. Exatamente nenhum som. Ela só conseguia chorar desesperadamente. Até que...

–Esperem?! - Uma voz rouca e desesperada fez com que o militar e anjinha tola e agora completamente imbecil o vissem.
–Hó meu Deus eu achei você meu amor! - Disse Mason na maior cara de pau.
–Amor? - Ela sussurrou mas ainda sim tinha dado para ser ouvida pela militar.
–Sim né meu amor?! - Ele disse serrando os dentes e depois se voltou risonho para o militar. - Desculpa Major Emerson, minha queria namorada não sabe o que faz. Ela estava em casa tomando sol e resolveu correr. - Ele disse olhando com o canto dos olhos para a garota.
–Ela estava andando nua por aí Mason pelo amor do santo Deus! - Disse o militar fazendo Marcos mandar um olhar ameaçador para a anjinha tola.
–Eu sei Emerson. Mas tenha dó. Só desta fez. Prometo que essa garotinha não vai mais arranjar confusão. E obrigado por fazer ela entender isso. - Ele disse apontando para o rosto ensangüentado da garota que abaixou a cabeça logo em seguida. O Major assentiu, e jogou a garota agora trêmula e gelada nos braços de Mason.
Sem perder muito tempo Mason levou a anjinha em direção ao seu carro. A pôs no banco do carona e logo depois entrou no carro fechando as janelas.

–Porra garota você sabe o que faz?! - Ele gritou inesperadamente fazendo a garotinha medrosa dar um saltinho de susto.
–Desculpa. - Ela sussurrou e ele bufou se recostando com força no banco do carro. Não conseguia entender. Por mais que tentasse não conseguia ficar com raiva da anjinha. Desde a primeira vez que a viu sentiu vontade de protegê-la e isso fez com ele surtasse. Tirando dela a única coisa que ainda a supria. E agora estava lá de novo bancando o herói com aquele peso morto.

–Eu vou te levar pra casa e depois disso não quero precisar ter que olhar na sua cara nunca mais. - Ele disse frio e a menina abaixou a cabeça mastigando os lábios.
–Eu... Ham... Bom eu fui expulsa de casa. Não tenho onde ficar. - Ela disse e ele a olhou indignado. - Sei que é muita... Insolência minha te pedir isso mas por favor me ajuda. - Ela disse deixando escapar um soluço e uma lágrima.

ELA SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! - Pensou.

O rapaz bufou em quanto cobria seu rosto com as mão e depois disse entre múrmuros.

–Ta legal.