POV EMILY

– Eu te escolhi porque eu te amo.

Como se respira depois de ouvir uma coisa dessas?

Eu travei, emudeci. Provavelmente estava com uma cara de tonta, porém senti o enorme sorriso em meu rosto, e não era pra menos... Ela disse que me amava!!

Alison: Pode até haver 7, 8... 10 bilhões de pessoas no mundo. Mas nenhuma outra delas é você. Nenhuma outra delas significa o que você é pra mim. – disse emocionada, ainda com os nossos narizes se tocando. – Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado você na minha vida.

Emily: Alison eu...

Alison: Shhh... não fala nada. – me interrompeu. – Só me abraça.

Atendi seu pedido de imediato, trazendo-a pros meus braços mais uma vez. Meu coração ainda dando cambalhotas dentro do peito, e uma vontade imensa de sair gritando aos quatro ventos que a garota que eu amo me ama de volta.

Emily: Eu também te amo Ali. Nunca duvide disso.

…

Decidi faltar aula e passar o dia deitada na cama com a Alison. Após assistirmos os dois primeiros filmes, pedi comida chinesa para o almoço. Comíamos no meu quarto mesmo, enquanto assistíamos Sherlock Holmes.

Alison: Se existisse versão feminina do detetive mais inteligente e sagaz da história, ela se chamaria Emily Rose Fields! – disse com a boca cheia de macarrão.

Emily: Menos Alison, menos. – sorri. – Eu só presto atenção nas coisas, e nem sempre tenho êxito nas minhas ‘investigações’ – riu quando eu fiz aspas. - Mas esse cara aí é um gênio!

Alison: Tá, ele é o mestre dos mestres. Mas você é uma excelente aprendiz. – deu um tapinha de ‘incentivo’ no meu ombro, causando ainda mais risadas.

…

O filme acabou e Alison se espreguiçava na cama, olhei no relógio e putz! Quase cinco da tarde. O dia passou voando.

Emily: Dia cansativo ein? – toquei a ponta do seu nariz.

Alison: Demais... To exausta! – fez bico.

O dia estava maravilhoso, regado a várias risadas, beijinhos e muito carinho. Mas tínhamos que voltar a realidade. Infelizmente.

Emily: Ali... e seus pais? Faz mais de 24 horas que você saiu de casa, eles devem estar preocupados. – apontei para seu celular que estava em cima da mesinha.

Alison: Eles sabem que eu estou aqui. E se não liguei até agora, é porque está tudo bem. – disse simplesmente.

Emily: Mesmo assim, Ninha. Você deveria ligar... só pra dizer que está tudo bem. – pedi.

Alison: Você me chamou de quê? – virou-se de repente, olhando pra mim.

Emily: Ninha. – repeti. – Meu avô chamava minha avó assim, ele dizia que tem o significado de amor… não sei porque, mas acabei lembrando disso e de repente saiu. – Comentei meio envergonhada. – Não gostou?

Alison: Eu adorei. – abriu um grande sorriso. – É muito doce. – Se aproximou da mesa, pegando seu celular. – Vou ligar pra minha mãe. Mas eu posso dormir aqui de novo? – pediu sem jeito.

Emily: É claro que pode, Ninha. – repeti o apelido, e recebi de presente o mais belo dos sorrisos. – Mas eu tenho um pedido a fazer. – completei.

Alison: Sou toda ouvidos.

Emily: Preciso conversar com eles... você sabe. Só vou sossegar quando eles souberem. – suspirei.

Alison: Já disse pra você relaxar... eles te adoram Em. – disse carinhosamente. - Mas tudo bem. Vou combinar um jantar no final de semana, e você terá a prova.

…

Sexta-feira! Final de semana!

Hoje é o dia do jantar na casa dos Montgomery Dilaurentis, e minha ansiedade e preocupação já extrapolou todos os níveis conhecidos e desconhecidos.

Estava na faculdade... era intervalo e quase todos da minha turma estavam nos banquinhos pedra, do lado de fora da sala de aula. Conversavam sobre algo, mas eu realmente não estava prestando atenção…

Xx: Emily, você tá me ouvindo? EMILY!

Emily: O quê? – sacudi a cabeça, buscando me situar. – Desculpa, tava pensando alto. – encolhi os ombros.

Xx: Tava comentando que temos que nos encontrar para estudar para a prova de cinesiologia quarta-feira… Além disso, na quinta teremos a primeira etapa da seleção. – explicou. – Vai ser pesado!

Emily: Ah... é verdade. Foco total nos estudos. – comentei, e todos concordaram.

Eu estava muito bem em todas as disciplinas, minhas notas estavam entre as melhores da turma, e eu era favorita para conquistar uma das vagas nessa seleção. Só que não tinha como focar nos estudos na reta final. Parece contraditório, mas a verdade é que eu nunca consegui estudar em véspera de prova. Nem que ela fosse tão importante quanto essa que está por vir.

Vimos a professora de primeiros-socorros entrar no prédio e encerramos o papo, nos dirigindo pra sala de aula. Mais duas horas e eu iria pra casa, e à noite... finalmente... O jantar.

…

Estava na porta da casa de Alison, toquei a campainha e respirei fundo. Estava uma pilha de nervos, mas seus pais não precisavam saber. Toquei a campainha mais uma vez, e segundos depois a porta foi aberta e para a minha surpresa não foram os pais de Alison que me atenderam..

Aria: Em, você chegou!! – disse animada

Emily: Cheguei sim, pequena. – Agachei para poder abraçá-la. – Você está muito linda... Uma verdadeira princesinha! – apertei seu nariz.

Aria usava um vestidinho rosa claro, sapatos brancos, e nos cabelos uma tiara prateada. Estava mais do que adorável.

Aria: Brigada! – sorriu. – Você também está linda, seu vestido é muito lindo!

Xx: Ela tem razão. - A voz era bastante conhecida, mas eu tive que ficar de pé e encará-la. – Você está linda!

Alison estava maravilhosa. Usava uma saia azul clara, de cintura alta… uma blusa branca e uma sapatilha. As marcas nos pulsos estavam imperceptíveis, o que me deixou feliz. Nos cabelos uma tiara de lacinho, e sua maquiagem era bem suave. Pra quê exageros quando se é a garota mais bonita do mundo?!

Ela estava perfeita, simplesmente perfeita.

Aria: Em, você está com cara de idiota. – comentou, recebendo um leve beliscão da irmã mais velha.

Emily: É que a sua irmã está muito bonita. – disse, ainda abobalhada.

Aria: Você também disse que eu era bonita.. mas nem ficou com essa cara de bobona. – fez bico. E agora, o que eu faço?

Alison: Aria, a mamãe tá chamando você lá na cozinha, anda. – deu um tapinha no bumbum da irmã. Suspirei aliviada. Ufa, fui salva.

Emily: Obrigada por essa. – ficamos uma de frente pra outra, ainda na porta de sua casa. – Posso entrar?

Alison: Pode... assim que me cumprimentar direito. – sorriu de canto.

Emily: Ah, me desculpe. – devolvi o sorriso. – Boa noite, namorada. – sussurrei, dando-lhe um beijinho na bochecha.

Alison: Boa noite, amor.

…

O jantar transcorria bem. Ella e Byron me tratavam com extrema simpatia, Alison segurava minha mão por baixo da mesa, e Aria só perguntava quando era a hora da sobremesa.

Ella: Ali, vá até a cozinha e pegue um pouco de mousse e dê a sua irmã senão ela acaba infartando na frente da nossa convidada. – pediu rindo. Eu adorava quando seus pais a chamavam assim.

Alison: Sim mamãe. – levantou-se.

Pouco tempo depois Alison voltou, trazendo consigo uma taça cheia de mousse de morango. Aria abriu um sorriso de orelha a orelha, fazendo com que todos sorrissem também.

Byron: Emily, não repare... é que Aria adora mousse de morango. Se pudesse ela comeria apenas isso pro resto da vida. – Comentou, recebendo um aceno da pequena, que agora já estava toda lambuzada.

Emily: Eu também adoro mousse de morango. Você tem bom gosto, princesa. – disse olhando pra Aria.

…

Estávamos na sala, eu e Alison no sofá menor e Ella em uma das poltronas, bebericando seu chá.

Byron: Ela dormiu. – disse, referindo-se a Sofia. Logo depois, sentou na poltrona ao lado da esposa.

Emily: Então... – comecei. – Alison propôs esse jantar à pedido meu. – me ajeitei no sofá.

– Gostaria de dizer que eu respeito muito vocês, e mais que isso... eu tenho a mais absoluta certeza do que vou dizer agora.

Ambos pareciam bastante atentos as minhas palavras. Alison, sentindo meu nervosismo, pôs a mão na minha coxa, e ficou acariciando de leve... numa tentativa de me tranquilizar.

Emily: Eu estou verdadeiramente apaixonada por sua filha. – disse e fitei as expressões de ambos. Sérias. Resolvi continuar... eu tinha que continuar.

– Não sei exatamente quando aconteceu, mas o fato é que hoje... eu não consigo mais ficar sem ela. – suspirei. – Eu só quero cuidar dela, protegê-la... amá-la. É mais forte que eu. – disse com todo o coração. - Parece demais, eu sei. Mas acreditem, é tudo verdade.

Os dois se olharam, mas não falaram nada entre si. Byron apenas acenou para a esposa, que acenou de volta.

Ella: Emily, desde o primeiro dia que eu te vi… aqui nesse mesmo sofá, com minha filha no colo eu sabia que você era a pessoa que iria trazer minha Ali de volta. – olhou pra Alison. – A forma que você conseguiu chegar até ela, o jeito que ela ficava quando estava com você. Eu só... - fez uma pausa.

– Os dias se passavam e as mudanças em Alison eram cada vez mais evidentes. Todas pra melhor. – completou. – O grupo de apoio ajudava e ajuda bastante, eu sei. Mas o grande motivo dela estar melhorando é você. Eu sei que é você. – olhou no fundo dos meus olhos.

– Nunca fui uma pessoa preconceituosa, muito menos meu marido. – A mão esquerda do homem segurou a direita dela - Sou a favor do amor, e da felicidade. E se minha filha encontra a felicidade dela em você, eu apoiarei as duas. – sorriu. – Vocês têm a nossa benção.

Mal pude processar a última frase dita por Ella, quando me dei conta já estava com o rosto enterrado no pescoço de Alison, que havia me agarrado.

Alison: Eu disse que ia dar tudo certo. Eu disse, Em. – Beijou o topo da minha cabeça.

Emily: Você tinha razão. – separamos o abraço. – Obrigada por ter feito isso por mim. – disse baixinho, encarando seu rosto... e só agora percebi que os pais de Alison não estavam mais na sala.

Alison: Não por isso. – me deu um selinho. - Obrigada você. Por existir.