POV EMILY

Abri os olhos lentamente... nossa, eles pesavam tanto. A claridade incomodava e ao mesmo tempo me deixava confusa… eu tinha certeza que havia fechado as cortinas ontem. Curioso. A breve chateação acabou quando me dei conta de quem estava comigo, mais precisamente repousando em meus braços. Olhei para o relógio na mesinha e me espantei, 10:58! Putz, tá muito tarde! Me mexi um pouco, tentando encontrar meu celular e acabei despertando Alison.

Emily: Hey,.. bom dia. – minha voz soou mais rouca que o normal.

Alison: Bom dia. – murmurou, bocejando.

Virei de lado, ficando de frente pra ela. Seus olhos estavam tão pequenininhos... seus lábios formando um bico adorável. Nossa, que vontade de morder essas bochechas. Ok Emily, menos.

Emily: Você é linda sabia? – fitei seus olhos

Alison: Você que é – sussurrou, desviando o olhar

Emily: Não. – toquei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim. – Eu não sou nada perto de você. – Inclinei-me, selando nossos lábios.

Passei um dos braços ao redor de sua cintura, trazendo seu corpo mais próximo do meu, e surpreendentemente, Alison aprofundou o beijo, deslizando sua língua pra dentro da minha boca. Mal tive tempo de reagir, a porta do quarto foi aberta e separamos o contato rapidamente.

Xx: O que significa isso? – Ella estava com a expressão dura.

Emily: Sra Montgomery, eu...

Alison: A culpa foi minha. – me interrompeu

Ella: Levante-se Alison. Vou te levar pra casa. Agora! – ordenou

Emily: Ali... Sra Montgomery... – eu parecia uma barata tonta, não sabia o que fazer, com quem falar.

Emily: Emily, nem comece. Eu achava que você era uma boa garota, que estava ajudando minha filha a superar seus medos, suas limitações... e o tempo todo você estava se aproveitando dela? – Subiu o tom de voz. – Você é um monstro! Isso é desumano!

Engoli em seco. Mesmo tendo em minha consciência e em meu coração que nunca tinha me aproveitado da Alison, as palavras de sua mãe foram tão pesadas que me feriram muito.
Elas literalmente me deixaram quebrada.

Alison: Mãe, não diga isso, por favor. Emily está me ajudando. – Tentou argumentar

Ella: Filha, você não entende... – falou terna. – É muito inocente e não se dá conta de que há muitas pessoas aproveitadoras nesse mundo, e essa garota é uma delas. – apontou pra mim.

Emily: Eu nunca me aproveitei da Ali, eu gosto dela de verdade e me preocupo com ela. – me defendi, já com lágrimas nos olhos. Olhei pra Alison e ela já chorava também.

Ella: Vou te colocar na cadeia, Emily. – Disse duramente. - Isso não vai ficar impune. – Me encarou. – Agora vamos Alison, você nunca mais pisa nessa casa... e nunca... nunca mais vai chegar perto dessa predadora! – sua voz era carregada de ódio.

Eu continuava na mesma posição. Estava em choque, quase que mortificada. Alison também não esboçou nenhuma reação, apenas chorava em silêncio… até que Ella se aproximou e agarrou o braço da filha, literalmente arrastando-a pra fora do quarto.

Meu peito começou a doer, a queimar. Mas eu não me movia, simplesmente não conseguia. Eu conhecia bem essa sensação, a dor de perder alguém... O ar me faltava... e parecia que eu estava sendo esfaqueada... uma... duas... dez... trinta vezes, e a cada vez a dor só aumentava..

O som de um carro arrancando me despertou... ela havia ido embora... pra sempre. Foi aí que eu caí na real e gritei seu nome...

– ALISON!!!

Saltei da cama como se ela estivesse pegando fogo. E ao julgar pela minha camiseta úmida e o resto do meu corpo molhado de suor parecia haver um incêndio mesmo. Analisei o ambiente e dessa vez as janelas estavam fechadas, e o relógio marcava 7:31. Voltei meu olhar para a cama e suspirei aliviada ao ver Alison ali, deitada... dormindo serenamente.

Foi só um pesadelo...

E que pesadelo.

Sentei na beirada da cama, ainda respirando pesadamente... com aquela sensação ruim no peito e uma imensa vontade de chorar.

Só de imaginar em perder Alison era uma sensação horrível, e sentir aquilo acontecer... era extremamente doloroso. Não sei se conseguiria suportar tamanha dor... não dessa vez.

Continuei sentada por alguns minutos, esperando minha respiração normalizar... depois fui até o banheiro e tomei um banho gelado. Dessa vez coloquei uma camiseta regata e nem me preocupei em vestir shorts, pois a camiseta era bem comprida. Na minha cabeça não se passava outra coisa a não ser as duras palavras direcionadas a mim pela mãe da Alison, e claro a possibilidade disso vir a ser real, porque eu não faço ideia de qual será a reação dos seus pais ao saber do nosso envolvimento.


Tentei não pensar muito nisso e voltei para o quarto... reparei que Ali continuava na mesma posição... dormindo como um anjo. Deitei na cama, e envolvi meus braços em volta dela, trazendo seu corpo pra junto do meu... bem colado mesmo. Diante do que me aconteceu há poucos minutos, só vou conseguir relaxar de novo tendo a certeza de que ela está em meus braços e que não vai sair de jeito nenhum.

Alison: Você... tá... me aper...tando demais – falou com dificuldade

Emily: OH MEU DEUS! – soltei-a imediatamente. – Me desculpa Ali... eu te machuquei?

Alison se virou, ficando de frente pra mim... sua face estava um pouco preocupada. Acho que dessa vez ela que leu meus sinais.

Alison: Não, você nunca vai me machucar. – disse terna. – O que aconteceu?

Emily: Ali... o que você acha que vai acontecer quando seus pais souberem sobre a gente?

Alison: Não sei... – suspirou. – Mas eu acho que minha mãe meio que já sabe. – confessou timidamente.

Emily: COMO ASSIM? – perguntei assustada. – O que ela te disse? Ela parece chateada?

Alison: Calma Em... não precisa ficar nervosa. Minha mãe quer o melhor pra mim, e com certeza ela já percebeu que você traz o meu melhor. – sorriu de canto.

Meu coração errou a batida. Ela disse mesmo o que eu acabei de ouvir? Que eu trago o melhor dela? E ainda por cima me chamou de Em? Eu acho que estou nas nuvens.

Emily: Fico muito feliz... e aliviada em ouvir isso. – devolvi o sorriso. – E... adorei você me chamando de Em.

Alison: Foi ideia da Aria. Eu também gostei muito desse nome. – colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - É adorável... assim como você.

Emily: Obrigada. – disse sem jeito. Nunca sei como reagir a elogios, principalmente aos da Ali.

Alison: Por nada. Agora podemos dormir mais um pouco? – virou-se ficando na posição de antes, comigo atrás dela... como numa conchinha. – Ainda to com sono. – Pegou meu braço e envolveu em sua cintura.

Emily: Podemos sim. – respondi sorrindo, boba com sua ação.