POV ALISON

Não precisa ligar pro seu pai, hoje você vai comigo.

Fiquei muda por alguns segundos... Não fazia ideia de onde Emily havia aparecido, mas posso garantir que o susto não foi maior que a sensação de alívio que se instalou em mim ao saber que ela não tinha ‘fugido’.

Emily: Vai aceitar minha carona ou não?

Alison: Não achei que você havia feito uma pergunta. – juro que não tentei fazer piada, mas acabou soando como uma.

Emily: haha é verdade. Então deixa eu falar do jeito certo. Alison, você aceita uma carona pra casa?

Alison: Sim, aceito.

Emily: ótimo. – abriu um sorriso. – espera aqui só um pouquinho... 5 minutinhos. – fez sinal mostrando a palma da mão e saiu da sala.

Aproveitei o tempo pra enviar uma mensagem pro meu pai dizendo que estava tudo bem, mas que não ia precisar da carona dele. Quase que instantaneamente recebo uma mensagem dele perguntando se realmente estava tudo bem. Já estou vendo sua expressão facial... deve estar um misto de choque, surpresa e alegria, já que há 8 meses eu não saía sem a presença dele ou da minha mãe.

Respondi a mensagem dizendo que estava realmente tudo bem, guardei o celular no bolso me levantando da cadeira, pois já podia avistar Emily no corredor.

Emily: pronto, podemos ir.

Ela pegou suas coisas e nós descemos as escadas. Rapidamente chegamos ao estacionamento do prédio azul. Emily destrava o carro, um Audi hatch vermelho. Pelo jeito sua família tem dinheiro, pois esse modelo não é dos mais baratos.

Emily: Você avisou aos seus pais? – perguntou preocupada enquanto abriu a porta do carro pra mim.

Alison: Avisei sim. Obrigada.

Emily acenou com a cabeça e deu a volta, colocando sua bolsa no banco de trás para depois entrar no automóvel.

Emily: Você quer comer alguma coisa? A gente pode passar num drive thru. – Perguntou cautelosa.

Alison: Meu pai não me deixou dinheiro. – Respondi olhando pra baixo.

Emily: Mas fui eu que convidei, então eu pago. – Disse como se fosse óbvio. – Então, vamos?

Alison: Tudo bem, vamos.

Dez minutos haviam se passado, e ficamos em silêncio a maior parte do tempo. Não chegou a ser tão desconfortável quanto eu imaginei, pois eu podia sentir que a Emily não tinha problema nenhum com isso... meu silêncio. Eu estava bastante pensativa, sabia que ela claramente não iria comentar sobre meu pequeno depoimento na sessão de hoje... não até eu dar a ela o sinal de que queria conversar sobre isso.

Chegamos à lanchonete e Emily foi em direção ao drive thru. A voz mecânica soou através do aparelho na parede, perguntando o nosso pedido.

Emily: O que você quer? – olhou pra mim

Alison: ahm.. eu.. pode pedir o mesmo pra nós duas.

Emily: Oh, terei que acertar mais uma. – brincou. – Ok, se eu escolher algo errado por favor avise. Por favor, quero dois x-burgers de picanha grelhada, uma porção média de batata frita, uma porção grande de nuggets e dois sucos de laranja grandes, com gelo e açúcar. Ah, e duas tortinhas de chocolate.

Emily olhou mais uma vez pra mim, esperando que eu contestasse algo que ela tinha pedido, mas sinceramente não poderia ter sido melhor.

Emily: acertei? – perguntou enquanto se dirigia à outra parte do drive thru. – fiquei na dúvida entre a bebida, então escolhi o mais saudável, já que o resto não é nem um pouco. – disse divertida.

Alison: Acertou sim. E eu adoro suco de laranja. Mas, por que você pediu uma porção grande de nuggets, se pediu uma média de batata?

Emily: Simples, eu lembro de como você atacou o frango frito naquele dia em sua casa. – sorriu enquanto pegava o dinheiro na carteira. Ainda bem que ela estava distraída com isso, pois meu rubor está incontrolável.

Emily: Aqui. – entregou o pacote com o lanche. – Você quer parar em algum lugar ou eu devo ir direto pra sua casa?

Alison: Vamos pra minha casa, podemos lanchar lá na varanda.

Emily: Ótimo. Então vamos.

…

Mais 15 minutos e nós estávamos na rua da minha casa. Não havia nenhum carro na garagem então supus que meus pais ainda não tinham chegado. Emily estacionou em uma das vagas e fomos pra varanda. Abri a porta da sala pra ter certeza de que não havia ninguém e realmente estava certa.

Finalmente fomos comer, Emily abocanhou o hambúrguer com tanta vontade que eu não consegui controlar uma pequena risada. Pequena, mas que a fez parar de comer e me encarar.

Emily: Seu sorriso é lindo, assim como o som da sua gargalhada. – falou séria. – espero que daqui pra frente eu possa presenciar mais momentos como esse.

Alison: obrigada. – disse sem jeito.

Sorrir antes era algo tão fácil... tão natural. Mas hoje em dia é extremamente difícil, como se o mundo tivesse perdido a graça... como se as coisas não fizessem mais sentido. E há um minuto atrás eu sorri. Um sorriso genuíno, natural... simples. E lá se foi mais uma barreira quebrada pela Emily.

Emily: Não queria entrar no assunto de hoje cedo, mas já entrando... eu quero que você saiba que eu vou me esforçar muito pra aquela essa pessoa pra você, te ajudar a superar o seu passado... – Emily perdeu o raciocínio quando o carro da minha mãe estacionou na nossa garagem.

Emily: Bem.. depois a gente conversa sobre isso.

Aria saiu correndo do carro, e veio na minha direção. Percebi seu pequeno rosto franzido ao ver Emily ao meu lado... apesar de ser muito nova ela sabia que nos últimos meses eu não falava com outras pessoas, muito menos as trazia pra minha casa.

Aria: Ali, quem é essa?

Alison: Essa é Emily, uma nova amiga. – respondi olhando pra Emily que estava sorrindo pra minha irmãzinha.

Aria: Seus olhos são de verdade?. – Perguntou olhando diretamente pra Emily, que fez sinal para a garotinha se aproximar, colocando-a de frente pra ela entre suas pernas, para que Aria visse seus olhos mais de perto.

Emily: São de verdade sim. É que quando eu estava na barriga da minha mãe eles sofreram uma mutação e ficaram meio puxados desse jeito.

Aria: Você é uma mutante? – Perguntou espantada e ao mesmo tempo fascinada.

Emily: Não... eu sou humana, prometo. A mutação aconteceu apenas nos meus olhos. – explicou de uma maneira fofa.

Eu estava tão distraída e maravilhada com a conversa da minha irmã com a Emily que nem percebi que minha mãe também estava assistindo a tudo. Só notei a sua presença quando Emily acenou pra ela.

Emily: Boa tarde Srª Montgomery

Ella: Boa tarde Emily. E eu já disse pra você me chamar de Ella. – respondeu simpática

Emily: Me desculpe desregular o horário de alimentação da Alison, sei que ela deveria estar almoçando e comendo algo mais... saudável, mas é que ..

Ella: Não há problema algum querida. Obrigado por trazê-la em casa.

Emily: Não foi nada.

Ella: Vem Aria, hora do banho. – chamou a pequena que continuava imersa nos olhos da Emily.

Aria: Espera mãe... – fez bico. – eu quero conversar mais com a mutante. – Nós 3 rimos. Não sei se foi pela Aria chamar a Emily de mutante, ou se foi pelo jeito que ela falou, que foi muito fofo.

Ella: Filha, o nome dela é Emily. – tentou repreendê-la, mas continuou rindo.

Aria: Eu sei, mas mutante é muuuuuito mais legal! – explicou e eu ri de novo.

Emily: Eu gostei, pode me chamar assim. Mas só se você deixar eu te dar um apelido.

Aria: Combinado! – beijou a bochecha da Emily, e falou algo em seu ouvido. Emily sorriu e fez sinal de positivo enquanto Aria entrava em casa com minha mãe.

Alison: O que ela te disse? – não aguentei de curiosidade.

Emily: Só digo com uma condição.

Alison: O que?

Emily: Quero te levar a um lugar amanhã. Você aceita?