Não leiam isso, por favor.

Eu não sei como você chegou aqui mas, para o seu próprio bem, volte agora mesmo. Ela está pedindo para você ficar, mas ouça-me, vá embora. O que você verá aqui não é pior que as outras coisas existentes na Terra, Céu ou Inferno mas ainda é...

"Ora, ora, ora. Acha que é corajoso demais para ler até aqui? Que bonitinho!"

Cale a boca, sua cretina! Deixe-me terminar. Isso ainda é assustador para mim. Essa é apenas uma história, provavelmente real ou não. Só sei que aconteceu comigo inesperadamente.

Meu nome é Kate Marshall, não irei revelar a minha idade mas tenho entre dez e dezoito anos. Tenho depressão há cinco meses e odeio a minha vida. Eu achei que eu fosse morrer naquela noite. Não sei por quê ela me deixou viver, mas minha vontade era de ir até a cozinha e cortado o meu pescoço com uma faca. A dor que ela me causou foi agonizante e horrível. Acho que depois disso vou até me matar...

Vamos acabar logo com isso de uma vez.

Eram 03:00 da manhã, eu tinha ficado acordada mais uma vez por causa da minha insônia e depressão. De repente ouvi alguns barulhos vindo do meu guarda roupa e da minha janela, os dois estavam em sincronia. Achei que podia ser apenas a minha mente me pregando uma peça e tentei dormir, desta vez colocando o cobertor em minha cabeça.

Quando os barulhos pararam, pude ouvir sussurros vindo do lado de fora, no quintal. Não me importei pensando que era apenas minha mãe conversando com alguém ao celular ou os vizinhos que sempre chegam tarde em casa. Mas aí, percebi que era apenas uma voz conversando com o nada. Fui até a janela para confirmar mas não havia ninguém.

"Talvez eu esteja ficando louca", pensei, me deitando novamente. Depois de um tempo, ouvi um som agudo, como se fossem unhas afiadas arranhando alguma coisa. Tirei o cobertor do rosto e vi uma figura escura, com a aparência de uma mulher. Pude ver que seu cabelo ia até a cintura e estava solto, ela arranhava a minha janela como se fosse uma lousa e seus olhos eram vermelhos. Eles me lembraram o Inferno, que era para onde eu iria futuramente. Pisquei e ela sumiu. Acho que foi apenas ilusão... Tentei dormir de novo.

De repente, meus olhos abriram sem o meu comando. Pude ver ao meu lado a mesma figura de olhos vermelhos da janela. Minha visão escureceu e lâminas prateadas pareciam voar em minha direção mas nunca chegavam. A figura falava algo em meu ouvido, mas eu não conseguia entender. Era como se fosse uma língua diferente. Eu me sentia presa, como se ela tivesse me amarrado em minha própria cama. Tentei fechar os olhos mas não dava, eu não os controlava mais. Pude identificar o mesmo barulho que eu ouvi antes do guarda roupa e da janela em seu tom de voz. Aquilo era um pesadelo. Eu iria acordar.

A tortura durou um bom tempo até parar. Acordei no dia seguinte com alguns arranhões em meus braços e em minhas pernas. Tudo estava ardendo. Minha mãe disse que eu gritei muito na noite passada e que ela não conseguia me acordar. Acho que ela acha que eu estava louca.

Quando fui seguir meu dia como todos os outros, parecia que estava faltando algo em mim, mas eu não sabia o que era. Foi quando eu vi a figura da mulher dentro de lojas, carros e até mesmo entre as árvores. Também haviam sombras e vultos estranhos ao meu redor. Naquele momento, descobri o que estava faltando em mim.

Era minha sanidade. Ela tirou a minha sanidade.