POV Marlene Mckinnon

Estamos no começo de dezembro, faz um mês que eu machuquei o tornozelo e duas semanas que tirei aquela bota chata. Ainda bem, porque não aguentava ela.

O inverno chegou com tudo e tá frio pra caramba. O Natal está se aproximando e a neve não para de cair. Eu sai do frio que estava do lado de fora e entrei no corredor do colégio. Limpei meus ombros que estavam cheios de flocos de neve e sai andando.

Dei de cara com o Sirius prensando um garoto no armário. Meu sangue ferveu e eu andei até ele, batendo os pés.

– O que você tá fazendo Sirius? – esbravejei.

– Nada – ele falou, nervoso e continuou prensando o garoto.

– Solta ele Sirius.

Confesso que eu não esperava que ele fosse reagir desse jeito, mas assim ele o fez:

– Não é da sua conta Mckinnon, sai do meu pé – ele falou duramente, olhando pra mim com raiva.

As palavras dele me atingiram como um soco e eu fiquei sem reação por alguns instantes. Não consegui segurar a decepção que crescia dentro de mim e sai correndo pelo mesmo lugar que entrei.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, não pude controlar. A verdade é que eu me apeguei ao Sirius e o ver fazendo aquilo e me tratando de forma tão indiferente quebrou meu coração.

Eu estava chegando ao meu dormitório e já não corria mais. Ouvi Sirius me chamar, mas ignorei, apertando o passo. Ele correu até mim e me puxou pelo braço fazendo eu me virar pra ele.

– Lene... – ele ia dizer alguma coisa, mas parou assim que viu minhas lágrimas – Você tá chorando?

POV Sirius Black

– Você queria o que? É isso que eu faço quando to frustrada – ela respondeu, olhando para o chão.

Suspirei e puxei-a pra mim, passei os braços ao redor dela e a abracei. Ela encostou seu rosto no meu ombro e deixou que as lágrimas caíssem. Eu beijei sua cabeça e disse junto aos seus cabelos:

– Me desculpa Lene.

Apertei-a contra mim e esperei que seu choro cessasse. Quando ela parou de chorar eu a afastei de mim e levantei seu rosto para que me olhasse. Uma lágrima teimosa caiu de seus olhos azuis e escorreu pelo rosto.

Foi naquele momento que eu entendi tudo que eu sentia por ela. Foi vendo aquela lágrima cair que eu entendi que estava completamente apaixonado por ela.

– Lene... – sussurrei, limpando a lágrima – não chora, por favor.

O que eu senti quando a vi chorando não tem como descrever. E saber que eu sou o motivo dessas lágrimas me fez querer bater intensamente em mim mesmo até aprender a não ser mais babaca.

– Por que você fez aquilo Sirius? Por que falou comigo daquele jeito? – a voz dela saiu fraca e as lágrimas voltaram a cair.

– Lene, não faz isso comigo, não chora, você não tem noção de como isso quebra meu coração – ela apenas deu um sorriso forçado e tentou limpar o rosto – Eu sou um idiota Lene, você sabe disso, eu não quis falar com você daquele jeito, eu tava nervoso.

– Porque nervoso? O que aquele menino te fez?

Eu não podia explicar pra ela, eu sou um idiota instável, não posso explicar que sou um babaca completo.

– Nada, ele não fez nada. Eu que sou um imbecil. Falei que perdi a noção de certo e errado faz tempo – olhei pra parede e passei a mão pelos cabelos.

– Você gosta de mim Sirius?

Que tipo de pergunta é essa?

– Claro que gosto de você Lene... – gosto de verdade, eu pensei, mas não falei.

– Então por que falou aquilo pra mim? Daquele jeito tão indiferente? – outra lágrima caiu de seu olho.

– Eu não sei, mas nunca mais quero que aconteça – falei, limpando a lágrima – Nunca mais quero ver você chorar.

– Você me confunde Sirius, um dia você é todo fofo e no outro me chama de Mckinnon.

– Nem eu me entendo Lene, nem eu me entendo.

Passei o braço pelo seu ombro e a abracei novamente. Senti a respiração quente dela no meu pescoço e me senti aqueles caras super sortudos que sempre estragam tudo.

– Por favor, só esquece que isso um dia aconteceu ok? Por favor.

Ela assentiu e passou o braço pela minha cintura, ficando do meu lado. Passei o braço pelos ombros dela e fui andando com ela até o dormitório.

– Onde você vai passar o Natal? – perguntei, tentando mudar de assunto.

– Aqui – ela respondeu.

– Por quê?

– Meus pais estão viajando e eu prefiro ficar aqui do que vagando pela casa dos parentes – ela disse, dando de ombros - E você, vai passar o Natal onde?

– Aqui também.

– Desde quando? – ela perguntou surpresa.

– Desde agora.

– Para com isso Sirius, vai pra casa.

– Não vou deixar você passar o Natal sozinha, vai ter que me aguentar.