No Obscuro Dos Teus Olhos.

Todos temos algo a esconder...Algo obscuro dentro de nós, que não queremos que o mundo veja. Então fingimos que está tudo bem...

“Eu estou cansada. Cansada de muitas coisas que me rondam. Derrotada por palavras ditas ao vento, como se isso não me machucasse. E acredite, pequenas coisas me quebram, e fazem com que meu ego se diminuía, se é que tenho algum.

Me chamo Clara Fernandes, sofro de vários problemas. Não tenho vida social, muito menos sei o que é ter amigos. Vivo trancafiada num quarto, na frente da tela de um celular ou tablete. São os únicos que me entendem, não os aparelhos em sí, mas sim as coisas acessíveis para ler. Poemas, trechos, textos, pequenas palavras. Gosto de ler tudo aquilo que me identifique, em personalidade e sentimentalmente.

Pode parecer frescura ou mimos de uma garota mal amada.

Infelizmente é assim que me sinto.

Ouço coisas do tipo: “Você sofre, porquê quer”

Todos dizem essas palavras infelizes, pelo simples fato de conseguirem reprimir as coisas que sentem. Essas pessoas são hipócritas, mesquinhas, e egoístas. Sabe por que? porque sofrem caladamente, e ouvem os gritos de socorro em sua mente. E como sei disso?

Sou uma dessas pessoas.

Aquela gritando desesperadamente por ajuda, apoio. Qualquer droga, na tentativa de salvar minha sanidade. Minha vida.

Odeio lembrar da minha época escolar, e ver os fragmentos das humilhações. Odeio ter amado tanto uma pessoa, e depois ter sido trocada, como uma mercadoria. Detesto mais ainda, esperar palavras de compreensão, e ouvir coisas imundas como: “existem problemas maiores que os seus”.

Repugno qualquer egoismo sentimental.

Mentes de pessoas doentes. Sim, somos doentes. Falo em coletivo, por ter certeza, de que se estiver lendo esse desabafo, ira se identificar com ou mais palavras, ditas por mim.

Nossas cabeças estão doentes, enfermas em lidar com opressões, cobranças e milhares de coisas pequenas, que se tornam enormes gigantes, a quem as enxergam mais além.

Eu não me importo se acharem isso tudo um melodrama. Dane-se, de qualquer forma, vou continuar só, sem as palavras confortáveis ansiadas pelos meus ouvidos. Uma hora tudo vai sumir, eu, as coisas ruins. Afinal estou quase morrendo por completo.

Por dentro já morri...e faz tempo. As incontáveis vezes, em que sofri, e fui perdendo partes de mim mesma por ai.

Meu nome é Clara Fernandes, e cansei de viver na mais obsoleta solidão. Me despeço daqui de minha sacada, e se você quiser me encontrar. Feche os olhos, e vá bem no seu obscuro, pois estarei lá.”