LIFE escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 2
Ou é apenas fantasia?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Sei que demorei um pouquinho para atualizar, mas escrever sobre médicos requer estudo e eu passei alguns desses bons dias lendo livros de medicina. E eu ainda acho que não está muito aprofundado. Comentem aqui se querem mais detalhes!
Espero que gostem!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/620434/chapter/2

O sol agraciava a cidade com seus raios quentes. O hospital se encontrava num lugar onde o sol, quando aparecia, durava poucos minutos pelo meio da tarde. Mesmo assim, ninguém na sala de cirurgia poderia sentir ou ver os fenômenos naturais exteriores. Ainda mais na sala de observação, que ficava alguns metros acima.
–Ele já fechou o abdome dele? -perguntou um dos internos para o outro. A sala estava um pouco cheia, mas era possível ver todo o procedimento sem intervenções.
–Ele está tirando bolas de papel do intestino do paciente e você pergunta se ele já fechou seu abdome? -O homem calou o outro. O doutor Stanley, que retirava bola de papel do intestino, levantou uma pequena figura marrom aos olhos de todos os presentes naquela sala de observação. Era uma das bolas de papel.
–Eu tenho que ir ver como está o senhor Carter. -informou Quinn. Ela disse para o grupo que se sentava perto dela. -Ele deve estar em preparação, vejo vocês na hora do transplante?
As três (Santana, Lizzie e Charlotte) assentiram apenas com a cabeça balançando, sem muita noção, estavam atentas a qualquer detalhe que poderia sair daquele intestino. Brittany olhou para Quinn e assentiu com a cabeça, as mãos no colo brincavam com as unhas. Quinn deixou a sala de observação pronta para desinchar a cabeça do senhor Carter, literalmente.
Charlotte olhou para a porta e suspirou baixinho, voltou seu campo de visão para as bolas sendo retiradas, contudo não prestava mais tanta atenção. Ela se levantou e deixou a sala de observação. Santana parecia ter acordado da imagem e a seguiu, deixando as duas ainda na sala.
–Charlotte! -chamou Santana. A outra continuou correndo até ultrapassar a linha vermelha onde pessoas não autorizadas, no caso pacientes e acompanhantes, não deveriam cruzar. Ela correu até as escadas internas e se sentou no mármore frio. -Charlotte! O que aconteceu?
–Você devia ter ficado lá. Estão tirando bolas de papel do intestino de um homem.
–Não é bem a minha área. -comentou Santana. Se sentou ao lado de Charlotte. -O que aconteceu com vocês? Estão tão diferentes.
–É muita coisa acontecendo, Santana. Pressão, hospital, pacientes, mães bisbilhoteiras, internos, hipoteca, trabalho, filhos! A Quinn quer ter filhos agora!
–Se existisse hora certa de ser mãe, ninguém seria mãe. -disse Santana. Batia os calcanhares um no outro. -Ela havia me dito que concordava com você. Que não queria ter filhos agora.
–Eu não a culpo. -disse Charlotte. -E se essa fase for a lenta? E se nunca conseguirmos parar?
–Isso é o que você tem medo?
Charlotte assentiu. Santana sorriu. -Dizem que ter filhos significa desistir da carreira profissional. Mentira, história para crianças. Ter filhos significa conciliar as duas coisas, é se esforçar mais, é verdade, mas qualquer coisa que você faça agora exigirá da sua energia. Mas nenhuma criança ficará feliz numa casa onde as duas mães maravilhosas delas estão brigando sobre o tempo que essa criança deveria estar ali.
–Eu li sobre planejamentos. Eu sei que devemos ter um muito bom.
–É verdade, planejamentos funcionam apenas no papel. -disse Santana. -É claro que por vocês esperarem mais tempo, é indiscutível que façam planos.
–Tudo bem, acho melhor procurar a Quinn para conversar. -disse Charlotte se levantando. Prendeu os cabelos ruivos num monte a amarrou com o elástico colorido.
–Ela está fazendo uma cirurgia, mas por favor me tire daqui. Estou começando a falar como a médica de vocês. -disse Santana rindo. Charlotte começou a rir também.
Quando Quinn saiu da cirurgia, o senhor Carter está bem, ela se sentou na cafeteria externa do hospital ao lado de Charlotte. Ela ainda usava sua toca rosa com verde.
–Acabei de perceber que preciso muito ir ao banheiro. -disse Quinn mirando o nada. Charlotte se levantou e beijou os lábios de Quinn.
–Precisamos conversar. -disse Charlotte.
–Eu não gosto do som dessa frase. -disse Quinn piscando forte os olhos.
–Não, nós realmente precisamos conversar. -disse Charlotte colocando o cabelo de Quinn atrás da orelha.
–Tudo bem, então. -disse Quinn e quando fez menção de se levantar, Lizzie corria na direção dela. Novamente.
–Meninas! -chamou Lizzie. As três olharam para ela. Quinn arrancou a toca colorida da cabeça. -Thomas não vai fazer o transplante.
–O que? -exclamou Quinn. Os braços caindo ao lado do corpo.
–Desistiram de tentar? -perguntou Charlotte. Ela estava irredutível com a ideia de que um homem que fumava fosse receber um coração saudável não deveria nem entrar para a lista de transplantes, quiçá ganhar o coração. Quinn a olhou com a sobrancelha erguida, ela não falou mais nada.
–Não, na verdade o transplante vai acontecer. -disse Lizzie. -O chefe acabou de colocar o nome no quadro e vocês não vão acreditar em quem...
As três começaram a andar rapidamente até o quadro de horário. Lizzie levou as mãos na cabeça e tentou acompanha-las. Alguns médicos olhavam para saber onde estariam em doze horas, se ficariam de plantão surpresa. Santana olhou para a segunda coluna que ficava com os nomes dos médicos nos horários noturnos e desceu em direção ao novo horário do transplante.

–Você vai fazer o transplante? -perguntou Santana entrando no banheiro. Brittany estava olhando seu reflexo no espelho e segurava seu celular com força. Ela olhou para Santana e colocou o celular no bolso. Algumas enfermeiras saíram sussurrando, deixando as duas sozinhas.
–Algum problema? -perguntou Brittany virando seu corpo, deixando as costas viradas para o espelho.
–Nenhum, apenas o fato de você ter chegado no hospital hoje. -Santana andou até a cabine que ficava de frente para onde Brittany estava e se encostou.
–Eu posso ser nova aqui, mas já fiz mais transplantes do que imagina.
–Eu sei, me desculpa. -disse Santana, enfiou as mãos nos bolsos do jaleco. -Apenas...
Brittany fechou os ombros se sentindo pouco confortável. -Apenas o que?
Santana caminhou até ao lado dela e se apoiou na pia. -Isso é impressionante!
Ela relaxou os ombros e sorriu minimamente. -Obrigada.
–Quero dizer, me desculpa de verdade. -disse Santana, desencostou da pia e andou pelo banheiro. -Eu geralmente não sou assim.
–Perdão? -indagou Brittany, os olhos abriram um pouco. Santana apontou para si própria.
–Nervosa, isso que eu quero dizer. Eu sou mais calma. -Santana encostou numa das cabines da ponta, fazendo Brittany virar o corpo.
–Pelo menos você apenas me encontrou no banheiro, já aconteceu de jogarem pizza em mim por conseguir uma cirurgia nas válvulas.
–Nossa! -disse Santana. A imagem de Brittany com um pedaço de pizza na cabeça a fez rir. -Você deve ser muito boa, então.
–Eu não entendo isso, eu sofro porque sou boa em algo? -comentou Brittany, tirou as mãos do bolso para gestual, sem perceber. -Não deveria ser exatamente o contrário?
–Bem, geralmente é. Mas existem pessoas que esquecem a fase do primário e acham que podem jogar coisas, no seu caso um pedaço de pizza, nos outros por inveja.
–Isso explicaria bastante na minha vida. -disse Brittany rindo. O seu bolso começou a brilhar e seu celular a expulsar o barulho usual. Ela tirou o celular e leu o nome e puxou a faixa vermelha. -Eu tenho que ir.
–Tudo bem. -disse Santana. Ela desencostou da cabine e saiu do banheiro, com a porta voltando ela entrou novamente no banheiro. -Me desculpe pela pizza.
Brittany riu e assentiu com a cabeça. Caminhou até a porta e deixaram o banheiro juntas. -Eu te vejo mais tarde.
Santana assentiu e foi em direção ao elevador. A porta se fechou e Santana seguiu o elevador. Ele parou no andar seguinte e Anne entrou, ainda levava prontuários nas mãos.
–Doutora Lopez. -disse Anne, buscou nas pastas cinza que levava o que deveria entregar a Santana. -Doutor Boole pediu que você checasse essa paciente.
–Jessica Young? -perguntou Santana. Passou os olhos pelo prontuário. Anne encolheu os ombros. -Algo grave?
–Nada que não esteja no prontuário. -disse Anne, ela olhou para os número em cima da porta do elevador.
–Ela foi checada à uma hora. -comentou Santana, parecia falar sozinha. -Ela não devia estar em trabalho de parto?
–Talvez seja esse o problema. -A porta se abriu e Anne saiu com os prontuários.
Santana apertou o botão do andar e desceu. Caminhou até o quarto de Jessica Young desviando dos enfermeiros e médicos. Ela ouviu um grito no quarto da frente e desejou que aquele grito não tivesse vindo de Jessica.
–Ela não para de gritar faz três horas. -informou uma outra enfermeira, era mais velha. -Tentamos convence-la, mas ela não quer escutar ninguém.
–Mas o que ela está fazendo aqui? -perguntou Santana colocando o prontuário de baixo do braço e pegando um bloco de notas e uma caneta. -Ela devia estar na ala norte, ela vai ter um bebê!
–Mas ela não quer ter o bebê. -disse a enfermeira. Santana a olhou e entendeu porque ela estava naquela área. Caso uma mulher se negasse a dar a luz nos oitenta por cento de dilatação ou nem chegasse a conseguir, seria obrigatório uma cesária ou algum dos dois morreria. -Estou levando a epidural.
–Obrigada, Grace. -agradeceu Santana. Ela buscou luvas nos carrinhos que ficam no corredor e uma toca para amarrar os cabelos. Pendurou seu jaleco antes de entrar e entrou. Jessica berrou assim que Santana deixou que a porta batesse. Ela andava pelo quarto e agarrando qualquer coisa de metal. -Jessica?
–Você deve ser a minha nova médica. -disse Jessica respirando profundamente. Não devia ter mais que vinte e cinco anos. -Bem vinda ao clube, você já a terceira hoje.
–Isso será bem divertido. -sussurrou Santana. -Você sabe quanto está de dilatação agora?
–Na ultima hora disseram que estou com nove centímetros. -Santana assentiu. Jessica gritou novamente e agarrou a borda da cama. -Contrações ficando em curtos períodos.
–Isso quer dizer um bom sinal. Você poderia ter o bebê agora. -comunicou Santana. Jessica negou com a cabeça. -Algum motivo para deixa-lo aí dentro?
–Meu marido ainda não chegou. Ele disse que estaria aqui. -disse Jessica com dificuldades. -Eu posso esperar um dez, talvez doze centímetros.
–Você poderia, mas não pode. -informou Santana. -Você tem que se lembrar que a vida desse bebê está em risco.
–Como? -indagou Jessica. -Ele pode esperar nove meses para ficar aqui dentro e quando eu peço para que fique mais alguns minutos, ele me ignora? Que belo jeito de vir ao mundo, Ben!
–Tudo bem. -disse Santana, ela caminhou até Jessica e segurou sua mão. -Eu sei o quanto é importante que alguém esteja com você, eu já vi coisas ruins acontecerem em salas de parto, acredite em mim. Mas eu já vi mulheres que priorizaram a agenda do marido e nada acabou bem. Eu não posso te forçar a fazer nada, é a sua escolha! Mas eu posso orienta-la no que é melhor para você, está bem?
–Qual foi a pior coisa que você já viu numa sala de parto? -perguntou Jessica, seus olhos brilhavam na dor que sentia pelo corpo. -Eu vou ouvi-la se você me contar.
–Foi a cinco anos atrás. -começou Santana, olhos já começavam a ficar turvos. -O pai da criança arrancou o bisturi de uma interna e rasgou a própria garganta. No exato momento em que a filha deles havia chorado, ele havia dado seu último suspiro.
Jessica olhou para Santana. -Não deixei que meu marido chegue perto de um desses, por favor. -Jessica apertou a mão de Santana e outra contração percorria pelo seu corpo e podia ser ouvida pelo hospital.
–Quero que você se concentre no que eu vou falar agora. -pediu Santana. Jessica estava suando e Santana retirou mechas do cabelo se sua face. -Suas contrações estão boas, mas podem ficar mais apertadas. Ande pelo quarto e use a gravidade a seu favor. Respirações profundas e compassadas. E quando eu pedir para empurrar, quero que empurre!
–Como a música?
–Exatamente. -disse Santana sorrindo. -Eu acredito que você possa fazer isso. E você vai.
–Obrigada. -Jessica gemia, não parecia ter mais a necessidade de gritar. -Será que eu poderia te-lo aqui?
–É claro, aqui é mais apresentável do que as salas lá de baixo. -disse Santana. Jessica apertou sua mão novamente e gemeu. -Continue a respirar profundamente. Eu já volto!
–Onde você vai? -perguntou Jessica, apertou nas barras da cama novamente. -Preciso de você aqui!
–Eu vou trazer esse bebê ao mundo. -disse Santana baixinho. Jessica se levantou e começou a balançar o corpo para baixo. Santana foi até a porta. -ONDE ESTÁ A EPIDURAL? TRAGAM PELO MENOS UM INTERNO AQUI! ELA VAI ENTRAR EM TRABALHO DE PARTO!
–Muito funcional. -comentou Jessica rindo. -Você deveria ter sido a primeira médica.
Ben nasceu as três e vinte e seis da tarde quando o sol se afastava do hospital. Jessica o olhou e riu do modo como as mãozinhas balançavam. Santana tirou a toca e as luvas e as jogou no lixo perto da cama.
–Olhe só para esse bebê. -disse Santana sorrindo.
–Eu posso segurar ele mais um pouco antes de levarem ele para fazerem o que quer que tenham que fazer?
–Claro que sim. -confirmou Santana. Jessica parecia mais calma.
–Eu sempre me perguntei porque tudo fica silencioso quando um bebê acaba de nascer. -disse Jessica com seu filho no colo. Santana sorriu para ela. -É como se nada mais importasse, quase como se fosse um dever negar qualquer outra coisa que se mova ou faça barulho. Como se fosse preciso que o silêncio estivesse presente para ouvir seu pequeno coração bater, apenas para ter a certeza de que está batendo. Eu também não pensei que fosse me tornar essas mães que ficam sentimentais com tudo.
–Você acabou de dar a luz, hormônios são o que preenchem seu corpo agora.
–Obrigada, doutora Lopez. -agradeceu Jessica. -Por me fazer pensar no momento mais maluco da minha vida.
–Disponha. -disse Santana rindo. A porta do quarto se abriu e entrou um homem alto e moreno, ele tinha remendos na mão. -Você deve ser Tyler, eu sou Doutora Lopez.
–Prazer. -disse Tyler sorrindo. Sua face congelou por um segundo e ele olhou para o pequeno bebê nos braços de sua esposa. A partir desse um segundo, seu rosto se iluminou e lágrimas rolaram por sua face. -Olá, Ben! Papai veio assim que soube.
–Esse é o meu marido com seu coração mole. -comentou Jessica. -Foi por esse motivo que casei com ele.
Tyler se abaixou e beijou os lábios de Jessica e depois a testa macia de Ben. Santana acenou com a mão e deixou o quarto. Ela havia dito que já viu coisas muito ruins acontecerem em salas de parto ou de as próprias de cirurgias, mas não se cansava de ver a felicidade nascer nos olhos daquelas pessoas. Essas eram as melhores coisas que aconteciam em salas de parto, ou em qualquer outro lugar. Era unicamente belo.

–Eu não acredito que vocês trouxeram pipoca. -disse Santana se sentando atrás de Quinn ao lado de Lizzie.
–É a primeira vez que iremos ver a doutora Pierce nessa sala. -respondeu Lizzie passando um pacote de pipoca de micro-ondas para Santana que negou. -E se ela tiver um jeito próprio? Ou se ela deixar cair o coração como o Michel no ano passado?
–Nossa, aquilo foi doloroso de ver. -disse Quinn rindo. -Num segundo o coração estava pronto e no segundo seguinte esparramado no chão com bilhões de pedacinhos.
Brittany entrou no CC vestindo o traje adequado e os enfermeiros colocavam os finais. Ela parecia estar falando com sua equipe de internos e enfermeiros e o som que saía na sala de observação era abafado. Ela abriu o peito do senhor fumante, como Charlotte o chamava, e continuou o processo delicadamente, como se cada bisturi fosse um pincel. Ela tratou como verdadeira arte. Houve uma parada, quando o coração novo entrou. Ele estava branco, ou parecia estar, e não batia. A linha reta nos aparelhos já indicava morte e tentaram ressuscita-lo mas não havia respondido.
–Esperem! -disse Brittany nervosa. A luz focava o coração e apenas o coração. -Apenas, esperem.
O coração deu sua primeira batida. A ovação na sala de espera fez todos no CC olharem para lá. Brittany olhou para Santana e sorriu, mesmo que seu sorriso estivesse debaixo da máscara. Com os olhos ela apontou para sua toca e Santana percebeu que haviam pizzas nela. Ela riu e levantou a mão num aceno. Brittany voltou sua visão para o paciente e Santana deixou a sala. Ela correu para o primeiro lugar que lembrou.
–Eu vi você saindo de lá, Sant. -disse Quinn entrando no quarto. -O que aconteceu?
–Nada, eu... -começou Santana. Ela se virou no beliche e olhou para baixo, Quinn estava em pé olhando para ela. -Pensei que se estivesse o cansada o bastante, não poderia ir para a casa e se eu não fosse para casa, eu poderia pensar sobre tudo que está acontecendo.
–Então, você quer dormir aqui? -perguntou Quinn. Ela subiu as escadas de metal e deitou ao lado de Santana. -Você tem certeza que tudo está bem?
–É uma reposta meio vaga, não é? Mas ela acaba saindo da minha boca antes mesmo de eu pensar.
–O que está acontecendo? -perguntou Quinn. -Sobre o que você tem que pensar?
–Sobre tudo, Quinn. Em nenhum momento eu paro e penso sobre como o dia está lindo ou se chove ou se faz sol, eu não paro para olhar o óbvio. Eu penso apenas no meu paciente que está totalmente desligado do corpo enquanto eu mexo em seus pequenos órgãos. E sobre as mães prontas para darem a luz . E sobre as altas que tenho que dar. E todas as respostas que tenho que responder. E sobre todas as dúvidas que ainda tenho. E sobre como vou contar para os próximos pais que seu filho não conseguiu.
–Assim vive um médico, Sant. -disse Quinn. -Mas isso não é o que te incomoda. O que está acontecendo de verdade?
–Eu não faço ideia. -respondeu Santana com toda a sinceridade. -E não saber é pior. Primeiro, tem essa oferta de voltar para cá.
–Você ainda estava pensando sobre isso? -questionou Quinn. -Olhe, eu não sei onde você deve estar em cinco anos, mas aqui é onde você deve estar agora. Eu sinto isso e eu sei que você também. Você se sente pronta para voltar?
–Engraçado, me fizeram essa pergunta hoje de manhã. E eu não sabia a resposta, de verdade. Mas agora. Depois de tudo que vi hoje e fiz hoje, não sei porque não voltei antes.
Quinn abraçou Santana rindo. Elas se soltaram e olharam para o teto, deitadas lado a lado.
–Você não vai para casa? -perguntou Santana depois de um tempo.
–Não, eu e Char estamos de plantão. -disse Quinn. -Tenho que checar os dados do senhor Carter em cinco horas, então.
–Então, vai pra baixo! -disse Santana empurrando Quinn. -Preciso respirar um ar sozinha. Mas alguns dias na minha casa e juro que dormiria no sofá.
Quinn desceu a escada de metal e deitou em baixo de Santana. -É bom ter você aqui de novo, Sant.
–Também senti saudades, Quinn.
Contudo, mal dormiram. Ficaram a maior parte da noite conversando quando Charlotte apareceu cansada e se deitou ao lado de Quinn e continuaram a conversa. Lizzie havia ido embora assim que o transplante terminou. Brittany se sentou na cafeteria interna com um copo de café e seu celular voltou a tocar, puxou a faixa verde e atendeu.
–Nick, desculpa não ter te atendido, fiquei meio ocupada. -disse Brittany, os dedos passavam ao redor da borda do copo de isopor. -Eu sei, eu sei. Acho que não vou conseguir ir para casa. Tudo bem, não precisa. Também te amo.
Brittany desligou o telefone e tomou o café enquanto alguns enfermeiros transitavam pelo hospital e ela encostou a cabeça na cadeira e fechou os olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Espero que tenham gostado! Comentem o que vocês acharam!!
Beijos e até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "LIFE" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.