A lembrança dói. Meu coração ainda tenta descobrir como suportar tanta dor, mas logo desiste, dói demais. Dói tudo. Eu tento esquecer, mas não me ensinaram como.

Lá fora o sol brilha bem forte. Como quem zomba da minha dor, como se eu não tivesse perdido nada...

Mas eu perdi muito.

As pessoas me olham, com pena e receio. Esperando pelo primeiro sinal de fraqueza. Aguardando que eu desabe em mim mesma.

Estou cansada.

Cansada de me manter firme, quando já me despedacei por dentro. Cansada de sussurrar um não quando quero gritar um sim... Cansada de fazer o que esperam de mim e não o que eu realmente quero.

Estou cansada de viver como se fosse adulta e madura.

Gostaria de poder gritar.
Chorar livremente e sem vergonha. Gostaria de fazer pirraça, bater o pé e fazer careta quando a vida me desse um não. Gostaria de fazer cara de choro e correr para casa, onde minha mãe me abraçaria, e me consolaria dizendo que não doeria pra sempre. Queria simplesmente voltar a ser criança – uma garotinha que se apaixonou pela primeira vez.

Gostaria que tivessem me dito que crescer pode machucar, que amar e não expressar isso pode trazer grandes magoas, e não importa o quanto você chore, há sempre mais lágrimas.
Queria que tivessem me dito como lidar com dores que não passam com um simples beijo.

Queria que tivessem dito, que você tem que estar muito certa quando toma qualquer decisão, porque o tempo não volta atrás e talvez não haja tempo para uma segunda chance.
Gostaria que tivessem me explicado todas as regras antes que me lançassem no jogo.

A lembrança dói. Mas agora é tudo que tenho.