Pov. Jazmyn

Eu nunca percebi como minha vida era boa e calma até conhecer o verdadeiro James. Eu acho que ficaria mais feliz com o príncipe encantado James do que com essa criança. O loiro era muito, muito, mas muito irritante. Agora que ele está sendo ele mesmo e eu estou sendo eu mesma, ele não para de tagarelar por ai.
– Cansei. - James fala se jogando ao meu lado no sofá.
Eu quase nunca via seus pais agora. Provavelmente eles querem nos dar privacidade e acham que ainda estamos em nossa lua de mel. Isso não é um problema para mim. Posso assaltar a geladeira e assistir a televisão a hora que eu quiser. Sim, eles têm TV. Também fiquei surpresa.
– Que novidade. - respondo revirando os olhos enquanto trocava de canal.
– Não tem nada para fazer nessa casa. - ele continua reclamando.
– É sua casa, arrume algo para fazer. - respondo entediada.
– O que você faz para passar o tempo?
– Leio, escuto música, aguento você, olho TV, me perco no castelo, converso com os guardas, aguento você, como, procuro coisas que eu perco, aguento você, arrumo minhas coisas, me perco de novo... Mencionei que eu aguento você? Isso toma bastante parte do meu tempo.
– Eu sou um anjo. - ele responde revirando os olhos.
– Claro que é. - balanço minha cabeça sem nunca tirar os olhos da televisão.
– Vamos sair! - ele fala de repente.
– Não.
– Mas...
– Não.
– Você é muito irritante, Lovebird. - ele fala revirando os olhos.
– Do que me chamou?
– Lovebird.*
– Você está me chamando tagarela? - eu pergunto levantando uma sobrancelha.
– Não, acho que é só porque tem love mesmo. - ele responde dando de ombros.
– Não me chame assim.
– Porque, Lovebird? - ele pergunta sorrindo maroto.
– Porque se não eu vou quebrar seu 'fuço'. - eu respondo irritada.
– Você faz bem o papel de ruiva. - ele comenta rindo.
– Cala a boca. - murmuro irritada.
– Sabe... Eu preciso de algo.
– Uh.
– Faz um tempinho já que eu não faço...
– Você está insinuando que quer ter sexo comigo? - pergunto cortando-o.
– Bem...
– Não insinue que você quer ter sexo comigo a não ser que você queira que eu quebre o seu instrumento de uso pessoal. - eu respondo olhando para TV.
– Ótimo então. - ele fala engolindo em seco. - Eu não insinuei isso.
– Uhum. - murmuro.
– Vamos fazer um trato. - ele fala desligando a TV.
– Uh.
– Você não fala mais? - ele pergunta irritado. - 'Tá, tanto faz. Assim, nós somos casados, mas nós não nos gostamos então... Basicamente o trato era cada um de nos podermos sair e fazer o que quisermos.
– Sério? - pergunto olhando-o curiosa.
– Eu preciso transar. - ele fala aflito me fazendo rir.
– Certo. - respondo apertando sua mão.
– Eu vou dar o fora daqui. - ele fala no mesmo instante correndo até a porta.
– Espera! Eu posso simplesmente sair?
– Sempre pôde. - ele responde meio confuso saindo do castelo.
Eu achava que estava trancada aqui enquanto eu poderia ter ido fazer compras? É muita maldade não contar a uma garota isso. Subi para meu quarto para trocar de roupa e ir ao Starbucks. Em cima de minha mesa vejo a última carta de meus pais. Eles estão orgulhosos de mim, e só isso que importa para eles. Não perguntaram se eu estou feliz ou não. Apenas estão aproveitando que eu não estraguei nada para eles.
Vesti uma roupa qualquer e sai do castelo andando sem rumo pelas ruas. Logo eu estava no que parecia ser o centro da cidade. Era razoavelmente movimentada e havia diferentes lojas. Entrei no primeiro Starbucks que achei. Eu precisava de café. Sentei-me no balcão e pedi o que sempre pedia em todos os Starbucks que eu ia. Logo meu pedido estava a minha frente.
Um garoto entrou na loja e ficou caminhando por ela. Eu sentia seu olhar sobre mim e já estava começando a ficar nervosa quando, de repente, ele vem e senta-se ao meu lado. E ele era lindo. Quem sabe não tão lindo quanto James, mas ele era lindo. Olhos azuis e cabelos negros, pele morena e físico atlético. Algumas pessoas poderiam dizer até que ele era, de fato, mais bonito que James. Mas eu sempre tive uma queda por tatuagens.
– Olá. - ele me cumprimenta com um sorriso de lado.
– Olá. - respondo contendo um sorriso.
– Meu nome é George, e o seu? - ele pergunta sorrindo mais ainda.
– Jazmyn. - respondo dando-lhe um sorriso de lado.
– Mora por aqui?
– Acabei de me mudar. - respondo olhando-o cuidadosamente. Ele parecia gentil.
– Oh, é casada? - ele pergunta olhando para minha mão, onde o anel dourado reluzia.
– Viúva. - respondo a primeira coisa que me vem na cabeça. - Só nunca me dei trabalho de tira-la, sabe.
– Oh, perdão. - ele fala. - Você parece ser nova.
– Pode-se dizer que sim.
– Quantos anos a senhorita tem? - ele pergunta educadamente.
– Oh, não é adequado que alguém pergunte a idade de uma dama. - falo em tom de brincadeira.
– Mas é claro, perdão milady. - ele responde rindo. - Mas, e ai? Quer sair comigo amanhã? Jogar golfe, quem sabe.
– Adoraria. - respondo rindo.
– Passo na sua casa ou...?
– Ah, podemos nos encontrar no local. Moro um pouco longe. - E em um castelo também. Alias, sou princesa desse país!
George abriu um grande sorriso e concordou. Nos encontraríamos em um pequeno parque de golfe as 16 horas amanhã. James teve uma ótima ideia com esse trato. George parece ser uma pessoa muito legal. Imagino que agora meu marido deve estar transando com uma qualquer na rua mesmo. Qualquer mulher casada em seu perfeito juízo iria ficar louca só com a ideia de ser traída, porém eu não me importava. James não é tão ruim quanto eu achei que seria. Ele pode ser chato pra caramba, mas, além disso, é convivível. Ele nunca seria como aqueles idiotas que depois do casamento acham que a mulher vai ter que transar com eles todos os dias. James sabe que eu nunca faria isso, pois não o amo. E ele não me ama. Ele é apenas outro louco, como eu.