Não quero que me peçam por favor!
Nem que venham com desculpas desesperadas,
E obrigados, e concessões de licensa.
Não quero a boa educação.

Não quero que sejam cultos.
Nem bonitos.
Nem simpáticos.
Quero que mostrem a sua cara como se é.

Não quero conselhos de moral.
Nem que me peçam para ser gentil,
Pois não serei.
E já que já o sabem,
Melhor que não temam minha truculência.

Não quero acordar no sábado e ver que está tudo bem.
Nem acordar no tédio de um domingo chuvoso.
Quero o gozo das diversões
E dentre elas a entropia.

Não quero não ser controversa.
Não quero a politíca da boa vizinhança.
Não quero sexo seguro.
Não quero o lado bom da moeda.
Não quero o ying, me apresente o yang e está ótimo.

Quero que durmam em paz,
para que eu possa ter insônia em paz.
Quero que sejam egoístas,
para que eu não tenha que ser generosa com vocês.

Quero que o mundo me invada,
Mas sem se deixar ser invadido por mim,
Porque de mim, basta eu.

Quero os vícios e as doenças da alma.
Quero ser anoréxica, aidética e avarenta sozinha.

E antes que fechem a porta e falem mal de mim,
Saibam que eu também já falei de vocês.
E que eu já cuspi em vocês.
E que também já os lambi por medo de ir pro inferno.

Só me mostre em vocês o que for ruim,
E talvez eu também goste do bom.

Mas lembrem-se só de uma coisa,
Eu não quero ser agradada.