Cicatrizes escrita por AuroraEverlark


Capítulo 2
Capítulo 1 - Traidores


Notas iniciais do capítulo

Hey! I come back.
Eu tive sérios problemas essa semana, onde um deles foi o meu notebook que parou de funcionar.
Porém tentarei recompensar o tempo que fiquei sem postar...
Espero que gostem! ♥



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Isso é um fato. Odeio casamentos.

Os corredores do castelo estavam cheios e agitados, os funcionários estavam finalizando os últimos detalhes da cerimônia, além de recepcionar as famílias reais que haviam chegado.

Eu estava andando, lê-se correndo, despreocupadamente pelos corredores usando meu jeans rasgado. Até que para minha alegria, esbarrei em uma muralha. Na verdade era apenas o Bryan fazendo ronda.

— Você deveria ter mais cuidado, uma princesa não fica correndo por aí assim. – Falou enquanto me ajudava a levantar. – Mas você não age como uma princesa mesmo, então...

— Exatamente, meu caro amigo. Eu apenas tenho o título de princesa.

Ele balançou a cabeça em forma de negação e colocou um sorriso singelo no rosto.

— Você não vai trocar de roupa?  -Perguntou analisando a calça cheia de buracos. – Colocar um vestido pomposo e uma maquiagem de palhaço.

Esse é um dos motivos para eu gostar tanto do Bryan, ele é alheio às extravagâncias da realeza.

— Eu estava justamente indo me arrumar, mas você brotou no meio do caminho.

— Então vai logo, pirralha. - Fiz uma careta e voltei a correr em direção do quarto da minha mãe. Infelizmente, ela fez questão de ver minha preparação para o casamento. Tudo por culpa do último evento que teve no castelo, digamos que minhas roupas foram "diferentes do usual". Afinal, qual o problema de usar pantufas e moletom em uma coroação?

“O castelo é bastante aconchegante.”

“Eu prefiro o da França.”

Vozes se aproximavam no fim do corredor.

— Merda. — Praguejei baixinho

Eu continuei andando pelo corredor. Eram duas mulheres. A de cara enjoada me parou no meio do caminho.

— Com licença, você é uma criada? - Criada? Ok. Já me confundiram com coisa pior. 

— O que você quer? 

— Você poderia nos dizer onde fica o salão principal?

Deveria deixa-las perdidas, por serem enxeridas. Mas fui uma garota muito boazinha e indiquei o caminho do salão para elas. Quando finalmente foram embora, voltei para o caminho do quarto de minha mãe. 

— Será que está tudo pronto? - Keith andava de um lado para o outro, mas parou quando me viu entrando no quarto. – Onde você estava? E por que ainda não trocou de roupa?

Mamma insistiu em ver minha arrumação para o casamento, acho que ela tem medo que eu vá de pijamas ou algo assim. Por isso minha roupa está aqui. – Meu irmão já estava de paletó e com o cabelo alinhado. O idiota conseguia ficar bonito sem fazer nenhum esforço. – E você? Não deveria estar fazendo votos ou algo assim?

— Os votos já estão prontos desde ontem, estou aqui esperando a mamma trazer as alianças. 

— Você deve estar mais nervoso do que a própria noiva.

Revirei os olhos e ri da sua tentativa de enxugar as mãos suadas na calça.

— Apenas quero que tudo fique perfeito. 

— Relaxa, irmãozinho. O máximo que pode acontecer hoje é você levar um não na frente de várias nações. Ou a sua noiva fugir antes de iniciar o casamento.

Eu já falei como sou sensível com as pessoas?

— Nicole! Pare de perturbar seu irmão. - Minha amada mãe entrou no quarto. Ela estava bonita naquele vestido vermelho. Na verdade, a Rainha Nicoletta ficaria ótima até usando saco de batatas. As pessoas falam que eu sou uma versão mais jovem dela (e talvez como uma menor quantidade de beleza). – Não perca as alianças. 

Ela entregou a caixinha de veludo ao meu irmão. 

— Obrigado, mamma! - Ele deu um beijo estalado na bochecha de nossa mãe e foi em direção da saída. – Vou conferir o movimento no salão, vejo vocês depois.

Ele se retirou e minha mãe chamou uma criada.

— Pedi para que separassem um vestido para você. 

— Não posso mesmo usar uma calça? - Falei com os olhos implorando.

— Lamento, querida. Mas você terá que usar um vestido.

Bufei, mas acabei cedendo.

A criada entrou timidamente no quarto com o vestido. 

Não era rosa, não tinha brilho e nem era com várias camadas. 

Ótimo. Fiquei um pouco satisfeita.

A criada me entregou o vestido e fui me trocar. Odeio usar vestidos, eles me deixam desconfortável. Além de que não consigo usa-los sem tropeçar. Mas iria fazer esse esforço pelo meu irmão.

Fiquei olhando o meu reflexo no espelho. O tecido azul do vestido cobriu as minhas cicatrizes. Ele era simples e totalmente liso.

Ao sair do provador, minha mãe aprovou rapidamente o vestido e pegou uma caixa que me deixou levemente intrigada.

Fui obrigada a usar aqueles sapatos do mal. Saltos. Por que alguém gostaria de usar algo que machuca o próprio pé? 

Emburrada, calcei aquele objeto de dor.

A criada fez um coque simples e bagunçado em meu cabelo.

Finalmente eu estava ao nível da realeza. Ou quase isso.

— Você está linda, querida. - Rainha Nicoletta falou me analisando com um sorriso sereno.

— Obrigada, mamma. 

Para a nossa surpresa, a porta do quarto abriu e Marilyn, a criada mais jovem do castelo,  entrou.

— Vossa Alteza e Vossa Majestade. – a loira estava ofegante e tentou fazer uma reverência desajeitada.

Marilyn tinha quase a minha idade, sendo mais velha apenas alguns meses. A mãe da mesma, dona Chiara, também é criada do castelo, justamente por causa disso nós crescemos, praticamente, juntas. 

— Aconteceu alguma coisa, senhorita Marilyn? 

Minha mãe perguntou atenciosamente. 

— O Rei Niklaus deseja a vossa presença. - Eu arqueei uma das sobrancelhas. – E a da princesa Nicole também.

— Ele falou sobre o que queria? - Perguntei. Aquilo era estranho. Meu pai raramente me chamava para conversar em seu escritório.

— Não, apenas disse que era urgente.

Eu e minha mãe trocamos olhares. Algo estranho estava acontecendo.

Nós duas seguimos para o escritório do meu pai, deixando Marilyn e a outra criada arrumando o quarto.

Fiquei torcendo para não pisar na barra do vestido e bater com a cara no chão.

Ao chegar na frente do escritório, abri a porta sem me importar em bater e minha mãe me recriminou com o olhar.

— Vocês chegaram. - Meu pai se levantou e fez um gesto para as cadeiras vazias.

— O que aconteceu? - perguntei na lata, sem enrolações.

Ele lançou um olhar apreensivo para a minha mãe, no qual a mesma retribuiu.

Ok. Aquilo era estranho.

Sentei na cadeira e aguardei alguém falar alguma coisa.

— Você precisa prometer que não ficará brava e que será compreensiva. - Ele estava mais sério do que o normal.

— Isso não ajuda muito. – Cruzei os braços. – O que aconteceu?

Antes que ele me respondesse, Keith entrou na sala.

— Você já falou para ela? - Keith perguntou se sentando ao meu lado. – Nicole já sabe que vai ser casar?

Eu comecei a tossir loucamente.

— Agora ela sabe. - Meu pai lançou um olhar furioso para Keith.

Casamento? Eu não acredito que ele fez isso.

— Mas que merda... – Eu estava começando a me exaltar. – Como você ousou fazer isso comigo?

— Querida, fique calma. - Minha mãe pediu. – Seu pai vai lhe explicar tudo.

— É impossível ficar CALMA nesse momento. - Eles haviam me traído. Planejaram tudo em segredo. 

— Esse casamento será bastante benéfico para a Itália. É uma grande oportunidade para ambas nações. - Keith falou me encarando.

Controlei minha vontade de bater naquele rostinho. Esse traidor. Ele fala isso, mas o próprio casamento não foi arranjado.

 

— Com quem eu vou me casar? -Minha pergunta foi como um sussurro.

— Com o príncipe Ahren Schreave, de Illéa.

Eu estava sem chão. Ahren era o príncipe mais cobiçado da geração, além de ser um egocêntrico e mesquinho. Ele conseguia conquistar as garotas com apenas um sorriso, felizmente eu sou vacinada contra esse tipo de galanteador e nunca dei bola para o mesmo.

— Eu não vou me casar com aquele mimado. 

— Você vai casar, o acordo já foi assinado. - Meu pai falou me encarando.

Minha própria família tinha me traído.

— Por que fizeram isso sem o meu consentimento? — Escolheria me casar com um sapo do que com esse idiota.

— Você não é mais uma criança, tem dezoito anos, mas rejeitou todos os outros príncipes quando teve oportunidade de escolher. – Minha mãe era a mais calma na sala. – Precisamos de alianças com outras nações, é para sua própria segurança. 

— Por que Illéa? - Falei revirando os olhos.

— Porque é o país que mais temos contato. – Infelizmente era verdade. 

— Mesmo assim, essa é a MINHA vida. – Me levantei da cadeira. – E não vou deixar a minha liberdade por um casamento forjado.

— Essa não é a pior coisa do mundo, Nicole. - Keith retrucou. 

— Então se case no meu lugar.

— Não posso. O meu casamento é daqui a pouco.

Argh. Que raiva.

Uma criada entrou envergonhada no escritório. Eu acho que os funcionários ouviram meu escândalo. Fico feliz por eles verem que minha vida é uma droga.

— Já está tudo em ordem para o casamento. - Falou cabisbaixa. 

— Já estamos indo. - Meu pai respondeu e a moça se retirou. – Depois nós terminamos essa conversa.

— Eu quero morrer. - Choraminguei

Eu estava saindo do escritório quando meu irmão abriu a porta para minha passagem.

— Espero que você leve uma queda dentro do salão. - Sussurrei e ele abriu um sorriso.

— Eu também te amo.

Saí do escritório apressadamente. Não esperei ninguém da minha "família". Estava com tanta raiva que nem prestei atenção no que estava acontecendo.

Sou a pessoa mais azarada do mundo ou o destino está de sacanagem com a minha cara. Esbarrei na última pessoa que eu queria encontrar.

— Você continua a mesma desorientada de sempre. - Reconheci a voz imediatamente.

Ele continuava o mesmo. Os olhos azuis claros, cabelos cor de bronze e um sorriso sacana no rosto. Simplesmente, odiava tudo nele.

— E você continua o desagradável de sempre.

“Ahren Schreave, eu serei seu pior pesadelo.”


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Notas finais do capítulo

Estou de olho Dona Nicole ( ͡° ͜ʖ ͡°)
UHSUHASUHSUHAASHSA
Tenho um recadinho para os leitores fantasma.
Eu não mordo. Okay? Okay.
A última vez que eu mordi alguém foi a minha irmã, quinze anos atrás, quando ela quebrou a minha boneca.
Por isso, fique a vontade para comentar ou favoritar a Fic.
Beijos e até a próxima! ♥